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sábado, 4 de abril de 2015

Creio no Filho: O Ministério Terreno de Cristo #páscoafiel

04.04.2015
Do portal VOLTEMOS AO EVANGELHO, 03.04.15
Por  Hermisten Maia

CreioNoFilho

INTRODUÇÃO:

Quando pensamos no Ministério terreno de Jesus Cristo, somos muitas vezes levados a polarizar (concentrar) os seus feitos; na sua encarnação e, na sua “paixão” e morte. Esquecemo-nos com certa freqüência das demonstrações evidentes que os Evangelhos registram, a amplitude do seu ministério que culminou aqui na Terra com a sua morte em favor de seu povo. Estudemos agora, apenas algumas das muitas facetas do ministério terreno de Cristo.

MINISTÉRIO DOCENTE:

Jesus Cristo é o mestre perfeito. Em todos os seus feitos e pronunciamentos, encontramos um modelo a ser imitado, um exemplo a ser seguido. Não era sem razão que os seus discípulos e mesmo aqueles que não se enfileiravam entre os seus, assim se dirigiam a ele, reconhecendo-o como Mestre (Ver: Mt 19.16; Jo 3.2, etc.).

Quando Jesus terminou de proferir o “Sermão do Monte”, registra Mateus: “Estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas” (Mt 7.28-29).

Vejamos alguns aspectos da docência de Cristo:

1) Autoridade: Jesus ensinava com a autoridade própria de quem conhecia, vivia e, mais ainda, era a própria encarnação da verdade. A autoridade de Jesus Cristo era derivada da sua própria Pessoa: ele é o Deus encarnado. Entretanto, essa autoridade ôntica (própria do ser) se harmonizava perfeitamente com a sua vida e os seus ensinamentos. (Vd. Mt 7.28,29; 22.16; Mc 1.22; Jo 14.6; Jo 8.46).

2) Sabedoria e Poder: O povo se admirava da sua sabedoria e poder (Mt 13.54).

3) Incansável: Jesus era incansável em seu labor, no ensino da verdade. Esta é uma característica daquele que crê naquilo que ensina e, também, acredita nos efeitos do ensino (Mt 4.23; 9.35; 11.1; 26.55; Mc 1.21; 2.13; 4.1,2; Lc 19.47).

4) Coragem e determinação: Apesar da incredulidade de muitos, inclusive por parte de seus irmãos e, as autoridades judaicas quererem matá-lo, Jesus continuava a ensinar, dando testemunho da verdade (Mc 6.6; Lc 19.47,48; Jo 7.1-9).

5) Discernimento: Ao lado da sua coragem, estava também o seu discernimento para saber a hora certa de agir (Mt 10.16; Jo 7.1-9; 8.58-59; 10.39-42; 12.23; 16.32; 17.1).

6) Realista e sincera: Jesus ensinava, não apenas mostrando as delícias do Reino; ele apresentava a verdade, mesmo que isto em algumas ocasiões decepcionasse os seus ouvintes. Jesus não queria e ainda não quer discípulos enganados, iludidos, que foram convencidos por falsas promessas… Ele deseja discípulos que mesmo conscientes das dificuldades o seguem. Por isso, com freqüência, Jesus falava do seu martírio e das perseguições vindouras. Ele não enganou ninguém e nós, também não temos o direito de fazê-lo; não podemos apresentar um Evangelho esvaziado do seu sentido real e bíblico (Mt 5.11,12; 10.16-22; Mc 8.31,35; 9.31,32; Jo 16.32,33).

7) Sensível às necessidades de seus ouvintes: Jesus Cristo não estava simplesmente disposto a dar o que o povo queria; mas, sim, o que os seus ouvintes necessitavam. Ele era sensível não apenas às suas petições mas, às suas reais necessidades (Mc 6.30-44; Lc 11.1-4; Jo 6.22-40).

8) Fiel à vontade do Pai: Jesus ensinava a verdade que o Pai Lhe confiara a ensinar (Jo 7.14-18). O conteúdo da sua mensagem era o Evangelho do Reino (Lc 4.42-44; 8.1), o qual tinha como centro a figura do Rei eterno, que é o próprio Cristo (Mt 13.41; 16.28; 20.21; 25.31-40).

9) Atenta à perpetuação de seus ensinamentos: Jesus demonstrou claramente a sua atenção para com a transmissão fiel dos seus ensinamentos por parte dos discípulos. Para tanto, a sua Palavra e feitos foram registrados (Jo 20.30-31; Rm 15.4); ele mandou que os seus discípulos ensinassem todas as coisas que lhes havia ordenado (Mt 28.18-20; At 20.27) e, enviou juntamente com o Pai, o Espírito Santo, o qual anunciaria a sua Palavra, guiando os seus à toda verdade (Jo 14.26; 16.7-15).

LEIA MAIS:

Creio no Filho: Jesus Cristo, o Único Salvador #páscoafiel

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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2015/04/creio-no-filho-o-ministerio-terreno-de-cristo-pascoa/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+voltemosaoevangelho+%28Voltemos+ao+Evangelho%29

Membresia de Igreja e Contextualização

04.04.2015
Do portal da EDITORA FIEL, 31.03.15


Fazer teologia envolve expressar constantes bíblicas universais de maneiras que sejam significativas a um contexto particular. Havendo passado a maior parte das duas últimas décadas plantando igrejas em outras culturas, eu não poderia ter recusado essa lição mesmo que quisesse fazê-lo. Plantadores de igrejas transculturais são continuamente desafiados pela necessidade de ensinar a doutrina cristã e, ao mesmo tempo, incitar aplicações contextualmente significativas e apropriadas daquela doutrina.
Como, então, formulamos uma doutrina da membresia da igreja local sensível ao contexto? Essa é a pergunta que este artigo buscará responder. Nossa doutrina da membresia de igreja deve nos aproximar de uma constante bíblica universal, mas formular como essa doutrina é vivida de modo cultural e contextual nos leva a uma variedade de expressões particulares dessa constante universal.
Uma doutrina bíblica universal da membresia de igreja
Plantadores de igreja em contextos estrangeiros hão de desejar, junto com os crentes locais, examinar a Escritura e tentar expressar uma doutrina simples da igreja local em linguagem apropriada. Isso há de envolver não apenas olhar para textos em que a palavra “igreja” (ekklesia) é utilizada, mas também a leitura de livros inteiros do Novo Testamento. O objetivo, aqui, é extrair o que o Novo Testamento diz sobre a igreja local, a comunidade identificável dos que crêem. Como se estabelece a linha entre os de dentro e os de fora? Entre os associados e os descrentes? Será importante considerar o que o texto bíblico assume e implica acerca da “membresia” em livros como Romanos, Hebreus, 1 João e 1 Pedro, assim como os códigos domésticos ao final das cartas de Paulo.
Por exemplo, deixe-me tentar expor, para um contexto pioneiro, a doutrina (constante bíblica universal) da membresia de igreja, do modo como poderia ser explicada a uma igreja local de primeira geração:
Uma igreja local tem uma membresia identificável de pessoas batizadas, segundo as Escrituras, com base em uma profissão crível de fé em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, considerando-se uma profissão crível aquela que é acompanhada por contínuo arrependimento e fé no evangelho. Esses membros são intencionais quanto a serem uma (ou a) assembléia local naquele determinado lugar. A participação nos benefícios do evangelho ordinariamente está vinculada a associar-se e estabelecer um pacto com uma igreja local, na qual os crentes buscam desenvolver todos os seus relacionamentos com humildade à luz do evangelho, como aqueles cujo verdadeiro lar é em outro lugar.
Certamente, muito mais poderia ser dito acerca da membresia de igreja, como a prática regular de tomar a Ceia do Senhor como um benefício do evangelho. Mas essa é apenas uma expressão simples da doutrina da membresia da igreja local para um contexto novo ao cristianismo, um contexto no qual o evangelho era desconhecido por pelo menos algumas gerações.
Terminologia da membresia: Associados? Membros? Participantes?
A Bíblia presume algum tipo de membresia na igreja local, mas não nos dá uma palavra específica para “membresia”. Como então nós podemos falar ou escrever acerca da “membresia” de uma maneira que seja significativamente compreendida na cultura? A resposta depende em parte das palavras que estão disponíveis a nós no idioma local. Um plantador de igreja transcultural precisa considerar que tipos de membresia já existem a fim de compará-las com o ideal bíblico – especialmente se escolhermos uma palavra mais genérica para membresia.
A membresia de igreja bíblica é de um tipo diferente da participação ou membresia em um monastério hindu, um templo budista, uma mesquita islâmica ou uma ordem sufi. Um plantador de igreja precisa estar cônscio dessas diferenças.
A vida doméstica e familiar pode oferecer alguns conceitos úteis de “pertencimento”. Mas a linguagem de “pertencimento” não necessariamente captura a idéia de “associar-se”, exceto talvez no contexto do casamento. Contudo, mesmo aqui, muitas culturas perderam de vista o que Gênesis diz acerca de deixar a própria família e tornar-se outra – uma nova unidade familiar.
Em resumo, a doutrina bíblica não muda, mas é preciso considerar cuidadosamente como as palavras relativas à membresia são traduzidas a um contexto particular. Em geral, o plantador provavelmente desejará usar a linguagem da “associação”, da “parceria” e da “irmandade” a fim de expressar a idéia bíblica da membresia de igreja.
Aplicação contextual: membresia e cartas escritas?
Nas sociedades móveis e difusas do Ocidente, os crentes são livres para se reunirem sem interferência oficial ou perseguição. Em tal cenário, listas escritas de membresia constituem uma aplicação apropriada das constantes bíblicas. Elas podem até mesmo ser necessárias a fim de permitir à congregação e seus líderes manterem registro de quem é e quem não é membro da igreja. O objetivo de tais listas é distinguir os membros da igreja de pessoas que professam a fé, mas não prestam contas, e manter registro daqueles que recebem a disciplina corretiva.
Mas em um contexto pioneiro, restritivo ou hostil, os poucos crentes provavelmente conhecerão todos uns aos outros. Pode ser que haja apenas uma opção de igreja local, uma reunião “não tão pública” em uma casa ou apartamento local. Ou pode haver uma rede de igrejas locais em apartamento. Aqui, manter listas de membros pode não ser sábio, uma vez que cria riscos desnecessários para o corpo local quando casas são vasculhadas e livros e papéis, confiscados. Além disso, não há crentes desconectados e as fronteiras da igreja local estão muito claras a todos. A perseguição esclarece as fronteiras ainda mais. Quando uma pessoa é batizada em tal contexto, é muito claro (para os de dentro e alguns de fora) que ela afora pertence a Cristo e à sua assembléia local. O desejo pelo batismo, em tais contextos, é uma profissão de fé inerentemente crível. Quando um crente é expulso de sua cidade natal e precisa se identificar com outra igreja subterrânea local, ele geralmente já é conhecido pela igreja que o recebe. As notícias de perseguição correm rápido. Geralmente não há necessidade de uma carta escrita de recomendação. Insistir nessa prática é simplesmente desnecessário.
Em uma sociedade mais complexa e diversificada, na qual o cristianismo é aceito e as igrejas locais desfrutam de permissão legal, listas de membresia e cartas de transferência escritas são aplicações sábias da membresia identificável.
A constante universal é que a igreja local deve saber quem é um participante e quem ainda está de fora. Preocupações culturais guiam o modo como essa constante é aplicada localmente.
Aplicação contextual: pactos escritos e seu conteúdo?
Associar-se a uma igreja local é concordar em viver junto a outros crentes de um modo que seja digno do chamado de Deus de viver como um povo eleito, sacerdócio real e nação santa. É concordar em demonstrar a glória de Deus por meio de uma vida centrada no evangelho e de relacionamentos centrados no evangelho. Em outras palavras, a igreja local é uma comunidade de fé em um mundo hostil, na qual nossos relacionamentos com Deus, uns com os outros e com os de fora são singularmente centrados no evangelho e visam à honra de Deus.
A fim de esclarecer essas responsabilidades relacionais com um conteúdo particular, muitas igrejas na história do cristianismo se beneficiaram do uso de um pacto congregacional escrito.
A tendência geral do ensino do Novo Testamento acerca da igreja aponta para o quão importante é ser claro a respeito de nossos propósitos ao nos congregarmos e a respeito da fronteira entre os de dentro (membros) e os de fora (não membros). Em um sentido, podemos dizer que a Bíblia inteira, e o Novo Testamento em particular, fornece à igreja uma lista completa de “regras pactuais” (propósitos e expectativas para a igreja). Ao mesmo tempo, um pacto escrito serve como um tipo de sumário recitável das expectativas relacionais para a igreja local.
Quanto mais intencionalmente bíblica for a linguagem de um pacto congregacional, melhor. Igrejas nos lares, por exemplo, podem reunir uma série de frases do Novo Testamento que descrevam os deveres e privilégios dos membros com apenas pequenos ajustes de linguagem (ou talvez nenhum) para o seu pacto congregacional.
Um pacto congregacional pode ser longo ou curto, mas deve enfatizar as expectativas relacionais para os membros da igreja. Ele pode ser escrito e regularmente recitado, ou memorizado, até mesmo cantado ou entoado, a depender da cultura e do nível literário. Pode ser cantado, recitado ou lido sempre que as ordenanças do batismo ou da Ceia do Senhor forem observadas. As famílias podem usar o pacto como um meio de ensinar as crianças o que significa associar-se à igreja e como o evangelho muda as vidas e capacita os seguidores de Jesus a viver de modo distinto neste mundo.
Um pacto congregacional deve incluir tanto afirmações ou versículos que seriam incluídos em quaisquer pactos como afirmações que dependem de considerações culturais. Assim, todos os bons pactos descreverão os deveres relacionais da vida familiar, da vida congregacional e da vida no mundo. Mas uma igreja estabelecida numa cultura abertamente hostil ao cristianismo pode precisar de um pacto que seja mais explícito acerca do amor pelos nossos inimigos ou do chamado a suportar perseguição. Pactos em todos os cenários culturais podem exortar a um compromisso diligente com a ousadia no evangelismo e no fazer discípulos, mas apenas alguns cenários podem demandar ser explícito acerca de exigir que os membros renunciem à adoração ancestral e a práticas supersticiosas. Em sociedades marcadas por guerra e uma mentalidade combatente, um compromisso com a pacificação e a reconciliação provavelmente devem ser inclusos. Se um pacto fosse escrito aos cretenses, que a si mesmo chamavam mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos, ela deveria incluir um compromisso com a verdade no falar, a bondade, boas obras, sobriedade e domínio próprio. Em culturas nas quais os relacionamentos são rotineiramente sexualizados, os pactos podem enfatizar a vida casta, a modéstia e a rejeição da pornografia.
Seja qual for o conteúdo, um pacto deve enfatizar a ética relacional universal do evangelho, bem como deve ser apropriadamente particularizada. Deve fazer sentido para uma igreja local, tendo em vista seus pecados relacionais particularmente prevalecentes. Esse equilíbrio entre universalidade e particularidade ajuda os membros da igreja a “disciplinarem” uns aos outros nas áreas em que isso é mais necessário.
Aplicação contextual: unindo-se à igreja local
Na definição acima acerca das constantes bíblicas universais da membresia da igreja local, eu não descrevi como as pessoas devem associar-se a uma igreja local. Isso foi intencional.
Eu de fato mencionei o batismo bíblico, uma profissão crível de fé e uma vida que exibe contínuo arrependimento e fé em Cristo. Mas o modo exato como as igrejas locais em contextos diversos devem examinar associados em potencial, provavelmente, será variável.
Entrevistas de membresia conduzidas por presbíteros podem fazer muito sentido em sociedades complexas e anônimas. Mas onde as igrejas são muito pequenas, talvez a igreja toda deva entrevistar os candidatos. Havendo toda a igreja ouvido o testemunho de conversão do indivíduo e sua explicação do evangelho é um procedimento cauteloso adequado e muito encorajador para a igreja local.
Em conclusão, plantadores de igreja transculturais, assim como todo líder de igreja fiel, devem trabalhar duro para expressar as constantes bíblicas universais em expressões doutrinárias significativas, mesmo quando buscamos distinguir a doutrina das aplicações particulares e culturais dessa doutrina. Em todo tempo, voltamos à Palavra em oração para recebermos instrução e correção.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/791/Membresia_de_Igreja_e_Contextualizacao

Famosos que se tornaram evangélicos são tema do SuperPop

04.04.2015
Do portal GOSPEL PRIME, 03.04.15
Por Leiliane Roberta Lopes

O programa tratou da conversão de Andressa Urach que após passar por problemas de saúde se tornou fiel da Igreja Universal  

Famosos que se tornaram evangélicos são tema do SuperPopFamosos que se tornaram evangélicos são tema do SuperPop
O programa da Rede TV! conversou com algumas celebridades que se converteram e resolveram mudar de vida. O tema da atração apresentada por Luciana Gimenez foi inspirado na conversão da modelo Andressa Urach que se tornou evangélica após passar por um problema de saúde que quase a levou à morte.
Os convidados do programa foram a cantora Mara Maravilha, a ex-Paquita Ana Paula Almeida, o cantor Rafael Ilha e o ex-ator pornô Giuliano Ferreira. A história de vida de cada um foi contada e eles debateram sobre a escolha de seguir a religião.
Mara revelou que se converteu pela dor, assim como Andressa, e confessou que fez muita coisa errada. “Onde teve o pecado superabundou a graça”, disse a cantora.
Giuliano Ferreira teve uma experiência parecida com a de Andressa, ele extraiu um dente e acabou sofrendo de infecção generalizada. Antes de se tornar ator de filmes adultos ele chegou a frequentar igrejas com sua família e a doença o fez se reaproximar da fé.
O cantor Rafael Ilha também se converteu em um momento difícil, viciado em drogas ele tentou suicídio e buscou ajuda em diversas religiões. “Eu tinha repugnância de evangélicos”, confessou. Ele foi internado em uma clínica de reabilitação evangélica e ali se converteu.
“O Rafael e a Urach são provas do milagre de Deus”, disse Mara Maravilha emocionada por se lembrar dos problemas que o cantor teve com as drogas e das vezes que ela tentou falar de Jesus Cristo para ele.
A ex-paquita Pituxita já era evangélica quando trabalhou com a Xuxa e não teve um problema como os outros participantes, mas sempre se comportou como evangélica. “Eu nunca me envergonhei”, disse ela que chegou a negar propostas para posar nua.
O pastor Antonio Silva estava no programa e explicou a diferença de pessoas oportunistas que se aproximam dos evangélicos para tirar vantagem depois de fracassarem no meio artístico, mas asseverou que há outras pessoas que realmente tiveram um encontro com Deus.
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Fonte:http://noticias.gospelprime.com.br/video-superpop-famosos-convertidos/

É um desperdício não acreditar na ressurreição

04.04.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 02.04.15
PorElben M. Lenz César

http://www.freeimages.com/photo/980736Em 2010 éramos o segundo país do mundo com a maior quantidade de cristãos. Tínhamos 177,3 milhões de brasileiros que eram ou se declaravam cristãos. Continuaremos assim até 2020, de acordo com as previsões. 

Quantos de nós cremos na ressurreição do corpo, como ensinam as Escrituras Sagradas e o Credo Apostólico? Quantos têm essa esperança e dela se beneficiam hoje? Quantos enfrentam o luto com o auxílio dessa promessa? Quantos têm como absoluta certeza a sua própria ressurreição?

O assunto não é de somenos importância. A negação da ressurreição tem implicações seríssimas. Na lógica de Paulo, “se não há ressurreição, Cristo não está vivo [e] se Cristo não ressuscitou, tudo o que ensinamos a vocês está errado e vocês investiram a vida em uma ilusão” (1 Coríntios 15.13-14, AM). A ressurreição de Cristo na madrugada do primeiro dia da semana está cimentada com a nossa ressurreição no derradeiro dia. E vice-versa. Negar uma ou outra faz ruir por completo o edifício cristão.

É um desperdício enorme não acreditar na ressurreição do corpo. Essa loucura dá grande causa à morte, torna-a eternamente implacável e vitoriosa. O cristão desprovido dessa certeza não pode zombar da morte: “Onde está, ó morte a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu poder de ferir?” (1 Coríntios 15.55).

No final do capítulo da Bíblia mais longo e eloquente sobre a ressurreição (1 Coríntios 15), Paulo não consegue se conter e faz uma algazarra enorme a propósito da vitória de Cristo sobre a morte, afirmando:

“A morte está destruída! A vitória é completa” (verso 54)

Em outras palavras e fazendo uso de outras versões, o apóstolo está gritando:

A vida triunfou sobre a morte!

A morte está morta!

Tragada (ou engolida ou devorada) foi a morte pela vitória!

A morte foi absorvida, afogada, aniquilada, destruída, esmagada pela vitória!

Tudo isso expressa a verdade. Mas há uma afirmação adicional de extrema importância: tudo isso tornou-se viável, veio a se concretizar “por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” (verso 57).

A expressão “por meio de Jesus” é corriqueira nas Cartas de Paulo e no resto no Novo Testamento. Ao todo são 76 referências. Quase todas remontam aos acontecimentos da primeira “semana santa”: por meio do sacrifício do corpo de Jesus, por meio dos ferimentos de Jesus, por meio da cruz de Jesus, por meio da morte de Jesus e por meio da ressurreição de Jesus. Isso quer dizer que todos os atos de salvação tornaram-se possíveis por causa do sacrifício vicário de Jesus e de sua ressurreição. Inclusive a ressurreição do corpo.

Pela exposição de Paulo, percebe-se que a ressurreição é muito mais do que tornar a viver. Embora os mortos não percam sua identidade (Maria será sempre Maria, João será sempre João), na ressurreição eles terão corpos novos, não pecaminosos, não mortais, não adâmicos. Quanto mais nos aprofundamos no assunto, mais impressionados ficamos com a doutrina cristã da ressurreição dos mortos.

Em seu excelente artigo sobre luto, publicado na Folha de S. Paulo, de 21 de março, o médico Dráuzio Varella deixa a descoberto o peso do luto:

“A perda de um ente querido é das experiências mais dolorosas... Estar de luto abala a integridade do psiquismo e provoca sintomas fisiológicos que evoluem com o passar do tempo... No período que se segue ao falecimento, aumenta o risco de infarto do miocárdio, das cardiopatias, de estresse, de distúrbios de humor e ansiedade e também do abuso de drogas, lícitas ou não”. Etc.

Aí está um bom motivo para os 177,3 milhões de cristãos brasileiros ou os 2,2 bilhões de cristãos de todos os continentes deixarem de ser incrédulos e crer na ressurreição do corpo – do corpo de seus familiares e de seu próprio corpo!

Leia também
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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/e-um-desperdicio-nao-acreditar-na-ressurreicao

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Clame ao Senhor

01.04.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 29.03.15
Por Martinho Lutero

domingo

Na minha angústia clamei ao Senhor; e o Senhor me respondeu, dando-me ampla liberdade. [Salmos 118.5]
Você precisa aprender a clamar ao Senhor. Não fique sozinho, nem deite no sofá balançando a cabeça e permitindo que seus pensamentos o torturem. Não se preocupe em como sair da situação em que se encontra nem fique meditando sobre a sua vida terrível, sobre quão miserável você se sente e quão mau você é. Em vez disso, diga: “Controle-se, seu preguiçoso! Dobre seus joelhos e levante suas mãos e olhos para o céu. Leia um salmo. Diga a oração do Pai-Nosso e diga a Deus, em lágrimas, o que você necessita”. Essa passagem nos ensina a clamar a ele. Semelhantemente, Davi disse: “Derramo diante dele o meu lamento; a ele apresento a minha angústia” (Sl 142.2). Deus deseja que você conte a ele os seus problemas.
Ele não quer que você os guarde para si. Ele não quer que você lute com eles sozinho e se torture. Fazer isso só multiplicará os seus problemas.
Deus sabe que você é muito fraco para vencer os seus problemas por si mesmo. Ele deseja que você cresça se tornando forte nele. Então ele será aquele que recebe a glória. Das experiências difíceis é que emergem os verdadeiros cristãos. Sem problemas, as pessoas falam muito sobre fé e sobre o Espírito, mas não sabem realmente o que essas coisas são ou o que estão dizendo.
Você nunca deve duvidar que Deus conhece os seus problemas e ouve as suas orações. Você não deve orar casualmente ou como se estivesse falando ao vento. Isso é um deboche à oração e coloca Deus à prova. Nesse caso, seria melhor nem orar. Você deve aprender a regozijar-se na parte da passagem que diz: “o Senhor me respondeu, dando-me ampla liberdade”. O salmista reconhece que o Senhor o ouviu e o livrou dos seus problemas.
>> Retirado de Somente a Fé – Um Ano com Lutero. Editora Ultimato.
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Fonte:http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2015/03/29/autor/martinho-lutero/clame-ao-senhor/

Cristãos e muçulmanos: uma longa história de conflitos

01.04.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 11.2001
Por Alderi Souza de Matos*

Estamos acostumados a ouvir notícias sobre o relacionamento hostil entre palestinos e judeus em Israel. Vez por outra, também tomamos conhecimento de violentos choques entre muçulmanos e adeptos do hinduísmo e de outras religiões na Índia e em outros países asiáticos. Todavia, mais antigo e mais pleno de conseqüências para o mundo tem sido o relacionamento tenso — por vezes abertamente belicoso — entre cristãos e muçulmanos há quase 1.400 anos. Os recentes atentados terroristas nos Estados Unidos, as ações militares norte-americanas no Afeganistão e as iradas manifestações de muçulmanos em muitos países constituem mais um capítulo dessa longa história de conflitos.

O advento do islamismo

O islamismo, ou islã, foi fundado pelo mercador árabe Maomé (Muhammad, c.570-632) no início do século 7º da era cristã. Essa que é a mais recente das grandes religiões mundiais sofreu influências tanto do judaísmo quanto do cristianismo, mas ao mesmo tempo opôs-se firmemente a ambos, alegando ser a revelação final de Deus (Alá). O livro sagrado do islamismo, o Corão (Qur‘an), teria sido revelado pelo próprio Deus a Maomé, o último e maior dos profetas. A idéia básica do islamismo está contida no seu nome — islã significa “submissão” plena à vontade de Alá e “muçulmano” é aquele que se submete. Os preceitos centrais dessa religião incluem a recitação diária de uma confissão (“Não existe deus senão Alá e Maomé é o seu profeta”), bem como a prática da caridade e do jejum, sendo este último especialmente importante durante o dia no mês sagrado de Ramadã. O culto é regulado de maneira estrita. Os fiéis devem orar cinco vezes ao dia, de preferência em uma mesquita ou então sobre um tapete, sempre voltados para Meca, a cidade sagrada do islã, na Arábia Saudita. Nas sextas-feiras realizam-se cerimônias especiais. A peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida também é uma prática altamente valorizada.

Desde o início o islamismo foi uma religião aguerrida e militante, marcada por intenso fervor missionário. Um conceito importante é o de jihad, ou seja, o esforço em prol da expansão do islã por todo o mundo. Esse esforço muitas vezes adquiriu a conotação de guerra santa, como aconteceu de maneira especial no primeiro século após a morte de Maomé, em 632. Movidos por um profundo zelo pela nova fé, os exércitos muçulmanos conquistaram sucessivamente a península da Arábia, a Síria, a Palestina, o Império Persa, o Egito e todo o norte da África. Nesse processo, o cristianismo foi enfraque-cido ou aniquilado em muitas regiões onde havia sido extrema-mente próspero nos primeiros séculos. Lugares como Antioquia, Jerusalém, Alexandria e Cartago, onde viveram os pais da igreja Orígenes, Cipriano, Tertuliano e Agostinho, foram permanentemente perdidos pelos cristãos. Em 674, os muçulmanos lançaram os seus primeiros ataques contra Constantinopla, a grande capital cristã do Império Bizantino.

No ano 711, os mouros atravessaram o estreito de Gibraltar sob o comando de Tarik (daí Gibraltar, isto é, “a rocha de Tarik”) e invadiram a Península Ibérica, ocupando a maior parte do território espanhol. Em seguida, atravessaram os Pirineus e penetraram na França, mas foram finalmente derrotados por um exército cristão comandado por Carlos Martelo, o avô de Carlos Magno, na batalha de Tours, em Poitiers, no ano 732. É verdade que, tanto no Oriente Médio e no norte da África quanto na Península Ibérica, os sarracenos foram relativamente tolerantes com os cristãos e os judeus. Eles geralmente não eram forçados a se converterem ao islamismo, mas tinham de pagar um imposto caso não o fizessem. Em todas essas regiões, muitos acabaram aderindo à nova religião. Em diversas áreas que conquistaram, os seguidores de Maomé criaram grandes centros de civilização, como foi o caso de Bagdá, o Cairo e a Espanha. O Califado de Córdova foi marcado por notável prosperidade, destacando-se por sua belíssima arquitetura, seus elaborados arabescos, seus avanços nas ciências, literatura e filosofia. 

As cruzadas

O avanço islâmico teve profundas repercussões para o cristianismo. Como vimos, a igreja oriental ou bizantina foi seriamente enfraquecida, tendo perdido algumas de suas regiões mais prósperas. A igreja ocidental ou romana voltou-se mais para o norte da Europa. Com isso, o cristianismo tornou-se mais europeu e menos asiático ou africano. Também foi acelerado o processo de separação entre as igrejas grega e latina. Outro problema para os cristãos foi a mudança da sua postura com relação à guerra e ao uso da força. Desde o início, os cristãos tinham aprendido de Cristo e dos apóstolos a prática do amor e da tolerância no relacionamento com o próximo. Agora, num mundo cada vez mais hostil à sua fé, eles acabaram abandonando muitos de seus antigos valores e passaram a elaborar toda uma série de justificativas filosóficas e teológicas para legitimar a violência em certas situações. Esse processo havia se iniciado com a aproximação entre a Igreja e o Estado a partir do imperador Constantino, no quarto século, tendo se intensificado nos séculos seguintes. Num primeiro momento legitimou-se o uso da força contra grupos cristãos dissidentes ou heréticos, como os arianos e os donatistas. Séculos mais tarde, os cristãos haveriam de articular a sua própria versão de guerra santa, dirigindo-a principalmente contra os muçulmanos.

A maior, mais prolongada e mais sangrenta confrontação entre cristãos e islamitas foram as famosas Cruzadas, que se estenderam por quase duzentos anos (1096-1291). Antes disso, a cristandade já havia começado a lutar contra os muçulmanos na Espanha, o que ficou conhecido como a Reconquista, intensificada a partir de 1002 com a extinção do califado de Córdova. Desenvolveu-se, assim, a partir da Península Ibérica, uma forma de catolicismo agressivo e militante, que haveria de estender-se para outras partes do continente. As cruzadas foram um fenômeno complexo cuja causa inicial foi a impossibilidade de acesso dos peregrinos cristãos aos lugares sagrados do cristianismo na Palestina. Por vários séculos, os árabes haviam permitido, salvo em breves intervalos, as peregrinações cristãs a Jerusalém, e estas haviam crescido continuamente. Todavia, a situação mudou quando os turcos seljúcidas, a partir de 1071, conquistaram boa parte da Ásia Menor e, em 1079, a cidade de Jerusalém, fazendo cessar as peregrinações. Com isso surgiu na Europa um clamor pela libertação da Terra Santa das mãos dos “infiéis”.

A primeira cruzada foi pregada pelo papa Urbano II, em Clermont, na França, em 1095, sob o lema “Deus vult” (Deus o quer). Depois de uma horrível carnificina contra os habitantes muçulmanos, judeus e cristãos de Jerusalém, os cruzados implantaram naquela cidade e região um reino cristão que não chegou a durar um século (1099-1187). A quarta cruzada foi particularmente desastrosa em seus efeitos, porque se voltou contra a grande e antiga cidade cristã de Constantinopla, que foi brutalmente saqueada em 1204. A oitava cruzada encerrou essa série de campanhas militares que trouxe alguns benefícios, como o maior intercâmbio entre o Oriente e o Ocidente e a introdução de inventos e novas idéias na Europa, mas teve efeitos adversos ainda mais profundos, aumentando o fosso entre as igrejas latina e grega e gerando enorme ressentimento dos muçulmanos contra o Ocidente cristão, ressentimento esse que persiste até os nossos dias.

A reconquista

É verdade que alguns cristãos daquele período tiveram uma atitude mais construtiva em relação aos islamitas, procurando ir ao seu encontro com o evangelho, e não com a espada. Tal foi o caso de alguns dos primeiros membros das novas ordens religiosas surgidas no início do século 13, os franciscanos e os dominicanos. O mais célebre missionário aos muçulmanos foi o franciscano Raimundo Lull (c.1232-1315), de Palma de Majorca, que fez diversas viagens a Túnis e à Argélia. Todavia, o espírito predominante do período foi o de beligerância não só contra os muçulmanos, mas mesmo contra grupos cristãos dissidentes, como foi o caso dos cátaros ou albigenses, no sul da França, aniquilados por uma cruzada entre 1209 e 1229. Também data dessa época o estabelecimento da temida Inquisição. Na Espanha, a Reconquista tomou ímpeto no século 13 e a partir de 1248 os mouros somente controlaram o reino de Granada. Nos séculos 12 e 13, nesse contexto de luta contra os mouros, houve o surgimento de Portugal como um reino independente. 

O reino de Granada foi finalmente conquistado pelos reis católicos Fernando e Isabel em 1492, o mesmo ano do descobrimento da América. Após um período inicial de tolerância, foi lançada contra os mouros uma campanha de terror visando forçar a sua conversão e finalmente, em 1502, todos os muçulmanos acima de 14 anos que não aceitaram o batismo foram expulsos, assim como havia acontecido com os judeus dez anos antes. Sob a liderança de Tomás de Torquemada, a Inquisição espanhola, organizada em 1478, voltou-se de maneira especial contra os mouriscos e os marranos (muçulmanos e judeus convertidos ao cristianismo) acusados de conversão insincera. 

Ao mesmo tempo em que o islamismo sofria essas pesadas perdas na Península Ibérica, obtinha estrondosos sucessos no Oriente Médio e na Europa oriental. Um novo poder islâmico, os turcos otomanos vindos da Ásia Central, depois de se estabelecerem firmemente na Ásia Menor, invadiram em 1354 a parte européia do Império Bizantino, gradualmente estendendo o seu domínio sobre os Bálcãs, em regiões que estiveram ainda recentemente nos noticiários (Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Albânia). Em 1453, eles tomaram Constantinopla (hoje Istambul), selando o fim do antigo Império Romano oriental e impondo novas e pesadas perdas à Igreja Ortodoxa. Nos séculos 16 e 17, os exércitos turcos haveriam de cercar por duas vezes Viena, a capital da Áustria (1529 e 1683).

Os dois últimos séculos

Um período especialmente humilhante para os muçulmanos diante do Ocidente cristão foi o colonialismo dos séculos 19 e 20, em que virtualmente todas as regiões islâmicas do Oriente Médio e do norte da África ficaram sob o domínio de países europeus como a França, a Inglaterra, a Itália e a Espanha. Até o início do século 19, aquelas regiões haviam sido parte do vasto Império Otomano, com sua capital em Istambul. Com o colonialismo, chegaram os missionários, tanto católicos como protestantes, com suas igrejas, escolas e hospitais. Após a Primeira Guerra Mundial, à medida que as novas nações árabes foram alcançando a sua independência, houve o crescimento do sentimento nacionalista e a reafirmação dos valores islâmicos. Ao mesmo tempo, o islamismo há muito havia ultrapassado os limites do mundo árabe, tendo alcançado, além dos persas e dos turcos, muitos outros povos na África e na Ásia, chegando até a Indonésia, hoje a maior de todas as nações muçulmanas, com mais de 100 milhões de habitantes. Em muitas dessas nações, árabes ou não, a presença de populações cristãs tem produzido graves conflitos entre os dois grupos, como aconteceu ainda recentemente na Indonésia. Um acontecimento pouco divulgado foi o pavoroso genocídio promovido pelos turcos contra os armênios cristãos no início do século 20.

Outro evento que acabou por gerar nova animosidade entre os países muçulmanos e o Ocidente cristão foi a criação do Estado de Israel, em 1948, e a percepção de que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, apóia incondicionalmente o estado judeu em sua luta contra os palestinos e outros povos árabes. Dois novos ingredientes nessa luta foram o súbito enriquecimento de algumas nações árabes com a exploração do petróleo e o surgimento do fundamentalismo militante entre os xiitas, uma antiga facção islâmica minoritária ao lado da maioria sunita. A militância islâmica tem gerado várias revoluções e o surgimento de regimes islâmicos, como aconteceu há alguns anos no Irã. Além do apoio do Estados Unidos a Israel, os fundamentalistas se ressentem da presença de tropas americanas na Arábia Saudita, o berço do islã, e da influência cultural do Ocidente nos seus respectivos países, vista como danosa para a sua fé e seus valores tradicionais. 

Neste início do século 21, o islamismo representa o maior desafio para o cristianismo, em diversos sentidos. Como um dos “povos do livro” (expressão aplicada aos judeus e cristãos, visto serem mencionados no Corão), os cristãos precisam reconhecer os muitos erros cometidos contra os muçulmanos ao longo da história e renovar a sua determinação de contribuir para o bem-estar político, social e espiritual dos seguidores de Maomé.


*Alderi Souza de Matos, ministro presbiteriano, é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.
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Fonte:http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/273/cristaos-e-muculmanos-uma-longa-historia-de-conflitos

Desafiando o islamismo radical

01.04.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 11.03.15
Por John A. Azumah

O mundo está sendo sujeitado a imagens horrorosas de violência religiosa. O Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria registra suas decapitações. O Boko Haram na Nigéria desfila centenas de estudantes sequestradas. O Al-Shabaab na Somália ataca um shopping em Nairóbi. Esses atos bárbaros podem nos fazer sentir impotentes, amedrontados, irados e até culpados, porque nos parece muito pouco o que podemos fazer para contê-los. Enquanto isso, comentaristas correm de um canal de televisão para outro, apresentando suas análises. Alguns condenam o EI e o Boko Haram, mas garantem aos telespectadores que os atos deles não têm nenhuma relação com o verdadeiro islamismo. Outros são da opinião de que o EI e o Boko Haram representam, sim, a verdadeira face do islamismo. Nenhuma das duas perspectivas ajuda. Ambas distorcem a natureza do islamismo e sua relação com o terrorismo e a violência.


É compreensível que a opinião dos evangélicos em relação ao islamismo tenha recrudescido depois de 11 de setembro de 2001. Ted Haggard, ex-presidente da Associação Evangélica Nacional dos Estados Unidos, disse: “O Deus cristão incentiva a liberdade, o amor, o perdão, a prosperidade e a saúde. O deus muçulmano parece valorizar o contrário. A personalidade de cada Deus evidencia-se nas culturas, civilizações e atitudes dos povos que os servem”. Um destacado ativista evangélico britânico, Patrick Sookhdeo, expressa opinião semelhante: “A violência perpetrada por grupos [jihadistas] tem raízes tanto na ideologia dos grandes movimentos islamistas contemporâneos como na versão tradicional, ortodoxa e clássica do islamismo, especialmente suas doutrinas do “jihad”, “da’wa” e “dhimmitude”, bem como a lei da apostasia, apresentada nas escrituras e nos comentários islâmicos autorizados”.

Em outras palavras, para a maior parte dos evangélicos, o islamismo é o problema porque justifica a violência dos grupos jihadistas. A afirmação não é infundada. Contrariando as repetidas negações dos muçulmanos, aspectos chaves da ideologia de grupos muçulmanos radicais estão, de fato, fundamentados na história e nos textos islâmicos. A Al-Qaeda, o EI e o Boko Haram originam-se principalmente dos pensamentos “wahhabi” e “salafi”, que são tradições de interpretação fundamentalista islâmica de ampla influência no mundo muçulmano. Líderes fundadores de grupos jihadistas foram ou discípulos de importantes mestres “wahhabi-salafi” ou se inspiraram em suas obras.

O islamismo é semelhante ao judaísmo na importância que atribui à interpretação da lei. Conforme afirmou um estudioso muçulmano, “a ‘sharia’ instrui o homem quanto à maneira de se alimentar, receber visitas, comprar e vender, matar animais, lavar-se, dormir, ir ao banheiro, governar, praticar a justiça, orar e realizar outros atos [de culto]”. Diferente do cristianismo ocidental, onde debates divisionistas muitas vezes giram em torno a doutrinas teológicas, no islamismo as escolas de pensamento mais importantes refletem diferenças em jurisprudência. Há quatro escolas legais principais para os sunitas (escolas Hanafi, Maliki, Shafi’i e Hanbali) e uma para os xiitas (Jafari). As principais distinções entre essas escolas estão nas opiniões divergentes acerca de fontes autorizadas ou raízes da lei. Todas aceitam o Corão e a “suna” (exemplos de Maomé) como fundamentos, mas diferem quanto à importância do consenso na discussão acadêmica coletiva (“ijma”) e na discussão analógica individual (“qiyas”). A escola mais conservadora, Hanbali, tende a enfatizar o Corão e a “suna”, suspeitando da “ijma” e da “qiyas”, enquanto a mais liberal, Hanafi, tende a enfatizar a “qiyas” e a opinião individual.

Os pensamentos Wahhabi e Salafi em sua expressão moderna derivam dos juristas-teólogos islâmicos Ibn Taymiyyah (m. 1328) e Muhammad Abd al-Wahhab (m. 1792). Ambos foram estudiosos e mestres renomados da escola Hanbali de jurisprudência. O ensino Salafi defende as três primeiras gerações da história muçulmana (“salaf”), considerando-as sacrossantas, juntamente com o exemplo profético. Nem todos os “salafis” são “wahhabis”. Estes consideram inovação satânica (bida‘) qualquer prática ou ensino posterior ao terceiro século do islamismo (salaf). O wahhabismo é o ramo mais literalista e iconoclasta do hanbalismo que, por sua vez, é a mais conservadora das quatro escolas principais. Por exemplo, enquanto outros muçulmanos podem requerer a abstenção do álcool, os wahhabis também proíbem estimulantes, inclusive o tabaco. Não só se recomenda uma vestimenta modesta, como também o tipo de roupa que se deve usar, especialmente para mulheres (um “abaya” preto que cubra tudo, exceto olhos e mãos). A educação religiosa inclui treinamento no uso de armas. O wahhabismo enfatiza a importância de evitar práticas culturais não islâmicas e amizades não muçulmanas, tendo por base a ideia de que a suna (que outorga importância central ao exemplo de vida deixado por Maomé) proíbe imitar não muçulmanos. Estudiosos wahhabi têm alertado contra a ideia de muçulmanos terem não muçulmanos como amigos ou mesmo de sorrir e lhes desejar felicidades em suas datas religiosas.

Desde a alta do petróleo nas décadas de 70 e 80, a Arábia Saudita, cujo credo oficial é o islamismo wahhabi, vem exportando o wahhabismo para partes da África, Ásia e Ocidente por meio de bolsas de estudo e a fundação de mosteiros, pregadores e grupos radicais. A Al-Qaeda é um desdobramento direto do islamismo wahhabi e o EI, uma consequência da Al-Qaeda, enquanto as origens do Boko Haram estão numa rede de grupos wahhabi-salafi na Nigéria. Esse contexto religioso provê a estrutura para justificar a violência. Os jihadistas citam escrituras islâmicas, tradições proféticas e opiniões legais para justificar suas afirmações e atividades. A jihad contra não muçulmanos e o ultimato para que se convertam ao islamismo, paguem um imposto especial ou sejam mortos são, de fato, baseados na lei islâmica. Pode-se dizer o mesmo da tática de capturar mulheres e crianças como despojos de guerra e mantê-las ou vendê-las como escravas. O islamismo também promete recompensas e prazeres aos mártires. Portanto, é simplista, senão enganoso, alegar que grupos como o EI e o Boko Haram não têm relação alguma com o islamismo. 

Entretanto, é igualmente enganoso alegar que os grupos jihadistas representam a verdadeira face do islamismo. Ainda que os editos legais e doutrinários citados pelos jihadistas façam parte da lei islâmica, não há dúvida de que os jihadistas violam a lei ao impô-la com as próprias mãos. As falhas na avaliação das condições necessárias para declarar uma jihad, bem como na adoção de condutas apropriadas, fornecem exemplos óbvios disso. Questões sobre os grupos que podem ser visados e sobre a maneira de atacá-los e os fins que justificam esses ataques são complicadíssimas e minuciosamente especificadas nos textos legais autorizados. Por exemplo, todas as quatro escolas legais, inclusive a escola Hanbali, concordam que a declaração de jihad pode ser justificada para preservar ou estender o governo de um estado islâmico. Assim, como no caso da teoria da “guerra justa” dos cristãos, em que o poder de declarar guerra é cuidadosamente limitado a governos, na lei islâmica, só governos islâmicos legítimos podem declarar um jihad, não indivíduos ou atores não oficiais. Faz-se uma exceção quando uma terra muçulmana é atacada ou ocupada por uma força inimiga, o que faz com que a jihad ou resistência tornem-se responsabilidade individual. Entretanto, mesmo então, a jihad precisa ter sido declarado previamente pela autoridade legítima que represente de maneira adequada o povo da nação ocupada. Ao declarar e conduzir uma jihad por conta própria, a al-Qaeda, EI, Boko Haram e outros grupos desse tipo agem como usurpadores heréticos.

No que diz respeito à condução do jihad, os grupos terroristas islâmicos também estão contra todas as principais tradições do islamismo. Todas as quatro escolas ortodoxas de jurisprudência, inclusive a escola Hanbali, conservadora, declaram que mulheres, crianças, idosos, deficientes, sacerdotes, comerciantes, lavradores e todos os civis não combatentes não devem ser alvejados e mortos pelo jihad. Lugares de valor econômico como fazendas, mercados e lugares de culto — mesquitas, claro, mas também igrejas, mosteiros e conventos — não devem ser alvos de ataque. A lei islâmica permite que os lugares de culto sejam tomados como espólio de guerra, mas não devem ser destruídos. A Santa Sofia, por exemplo, era uma igreja e foi convertida para uso como mesquita (agora é museu) depois que Constantinopla, agora Istambul, caiu diante dos turcos otomanos em 1453. Os assaltos deliberados contra civis, a matança de religiosos, os atentados a bomba indiscriminados em mercados e prédios, os sequestros e lançamento de aviões cheios de civis contra edifícios ocupados por civis, os ataques a igrejas e mesquitas e a destruição delas — tudo perpetrado pelo al-Qaeda, o EI e o Boko Haram — violam os limites claros que a lei islâmica estabelece para a condução da jihad.

Outro aspecto importante da ideologia jihadista é a rejeição e, muitas vezes, a rebeldia em relação aos governos estabelecidos de países islâmicos. A al-Qaeda, o EI e o Boko Haram têm rejeitado governos muçulmanos em várias partes do mundo, considerando-os não islâmicos e ilegítimos, prometendo substituí-los por um califado islâmico. Para atingir seu objetivo, os grupos alvejam e matam oponentes muçulmanos e justificam seus atos invocando “takfir”, uma doutrina que remonta ao século VII, que especifica as condições sob as quais irmãos muçulmanos podem ser declarados incrédulos que podem ser mortos. Um grupo dissidente conhecido como os “Kharijitas” ensinava que era aceitável excomungar e legitimar jihad contra outros muçulmanos, inclusive governantes, se eles fossem julgados culpados de cometerem certos pecados. Essa ideia foi rejeitada pelo restante da comunidade muçulmana na época, e todas as quatro escolas ortodoxas, inclusive da escola Hambali, mantêm essa rejeição. Aliás, a tradição legal do islamismo inclui regras explícitas contra os “Kharijitas”, considerando-os incrédulos que devem ser combatidos e mortos.

A própria tradição islâmica, portanto, testifica contra o terrorismo islâmico de hoje. As quatro escolas de jurisprudência têm regras claras segundo as quais não há motivo algum que permita a um indivíduo ou grupo de muçulmanos tentar mudar o governo de um estado islâmico valendo-se de armas e da violência, porque essa possibilidade seria um convite a lutas civis, guerras internas e o abuso do islamismo por facções que usam a teologia para justificar suas rebeliões e usurpações por interesses próprios. As escolas também são unânimes em denunciar a matança de irmãos muçulmanos em nome da jihad. O princípio mestre sempre foi que a anarquia e a matança de irmãos muçulmanos são piores que viver sob um sistema injusto.

Dado o nítido consenso na tradição islâmica, não surpreende que líderes muçulmanos de todo o mundo venham denunciando de maneira pública e reiterada a al-Qaeda, o EI e o Boko Haram. Entre eles estão a Organização de Cooperação Islâmica, o grande mufti da Arábia Saudita, o Conselho Ulema da Indonésia, o grande Aiatolá Naser Makarem Shirazi do Irã, o grande imã da Universidade de Al-Azhar no Cairo e muitos outros. Dois estudiosos muçulmanos paquistaneses de destaque, Javed Ahmad Ghamidi e Muhammad Tahir ul-Qadri, ambos com consideráveis seguidores e influência, escreveram um livro e emitiram um regulamento legal abrangente (“fatwa”) sobre o significado e a condução da jihad. Tanto o livro como a “fatwa” proscrevem o terrorismo e a rebelião violenta, citando amplamente o Corão, as tradições proféticas e uma rede de luminares legais e teológicos através dos séculos e várias divisões sectárias. Eles declaram que grupos jihadistas como os Khajiritas são terroristas, rebeldes e heréticos. Recentemente, 126 líderes islâmicos de destaque no mundo assinaram e publicaram uma carta aberta questionando a base islâmica da ideologia do EI.

Ainda que essas renúncias públicas e fatwas possam ter pouco impacto sobre os líderes de grupos jihadistas, têm função importante na deslegitimação da ideologia jihadista, minando seu apelo aos jovens muçulmanos. Precisamos levar isso a sério e fazer o possível para ampliar sua influência. Infelizmente, críticos ocidentais de grupos jihadistas desconsideram essas vozes e às vezes até difamam o islamismo como um todo. Com muita frequência ouvimos: “Islamismo reformado não é islamismo!” Isso não só é uma opinião paternalista quanto ao que os muçulmanos podem ou não podem fazer dentro da própria tradição, é uma posição sem saída. Como disse certo colega meu, “Quando um muçulmano diz a um cristão: ‘O Corão me ensina a amá-lo’, por que o cristão deveria dizer-lhe: ‘Não, o Corão na realidade o ensina a matar-me’?”

Precisamos resistir fortemente à ideia de que o islamismo é o problema, que o Corão é o problema, que Maomé é o problema. Denunciar o islamismo como uma religião que ama a morte — ou o Corão e Maomé como, respectivamente, uma constituição e um exemplo para terroristas — fornece justificativas para zelotes distorcidos. Isso reforça a crença ilusória de que eles são os únicos muçulmanos verdadeiros. Além disso, inspira medo e suspeita entre a grande maioria dos muçulmanos, que não são jihadistas. Se o Corão e o islamismo são os problemas, qual a solução? Lançar bombas contra a Caaba em Meca? Banir o uso do Corão?

Os que afirmam que os grupos jihadistas representam a “essência” do islamismo refletem, na realidade, um modo de pensar bem ocidental. Querendo ou não, pressupõem uma interpretação escrituralista do islamismo, imaginando que podemos explicar o terrorismo islâmico traçando uma linha reta entre os textos autorizados e as ações dos jihadistas. Para provar sua tese, esses críticos que entendem que o islamismo é o problema, tendem a ligar atos específicos dos grupos jihadistas a uma sequência de referências extraídas de escrituras, tradições, textos legais islâmicos e opiniões de acadêmicos muçulmanos. Perversamente, essa abordagem “sola scriptura” não difere da abordagem “só pelo Corão e pela suna” dos próprios jihadistas.

A verdade acerca da vida religiosa não é tão simples. A vasta maioria dos cristãos e dos muçulmanos não vivem “sola scriptura” ou só pelo Corão e pela suna — e isso ocorre mesmo quando afirmam fazê-lo. Uma rede complexa e inconstante de realidades sociopolíticas, geopolíticas, raciais, étnicas, culturais, econômicas, históricas e existenciais afeta a maneira de todos nós vivenciarmos nossa fé. Minha opinião é que os textos islâmicos contêm sementes de violência. Na corrupção, analfabetismo, pobreza e governos opressivos que atormentam muitas sociedades muçulmanas, essas sementes encontram terreno fértil para lançar raízes, brotar e florescer — bem como em memórias históricas, políticas falhas de relações internacionais de governos ocidentais e na alienação sentida pelos jovens muçulmanos em sociedades ocidentais.

Não temos como entender a disposição mental dos jihadistas, muito menos preparar uma resposta crível e sustentável, sem levar a sério esse pano de fundo. Sem dúvida, a desorientação causada pela modernidade e pós-modernidade é crucial. O desenvolvimento econômico e o comércio global crescente em filmes, televisão e outras formas de cultura popular enfraquecem as instituições islâmicas, perturbando e desorientando muitos muçulmanos. É nesse contexto que grupos heréticos como o Boko Haram e o EI florescem. Eles são em parte zelotes, em parte arruaceiros, em parte ativistas políticos em sociedades que estão sofrendo transformações sociais profundas.

Que diremos, então, do islamismo e do terrorismo? Não há dúvidas de que os jihadistas citam textos islâmicos convencionais para justificar seus atos. Mas tenha em mente que, em si, o fato de alguém citar textos islâmicos não faz com que suas ideias e ações sejam necessariamente islâmicas. O Exército de Resistência do Senhor na Uganda cita a Bíblia, assim como faziam o Ramo Davidiano de David Koresh, o Templo do Povo de Jim Jones e muitos outros cultos excêntricos cristãos. Isso não faz com que suas ideias e ações sejam cristãs.

Li e encontrei comentaristas evangélicos que, apesar de todos os esforços para fazer distinção entre abusos jihadistas de tradições islâmicas do próprio islamismo, os desconsideram como nada mais que tentativas de nos impedir de responsabilizar o islamismo pelas ações de grupos jihadistas. Eles insistem que isso enfraqueceria a crítica que fazem ao islamismo e com isso ficariam impedidos de ajudar as vítimas do jihadismo. Mas não consigo ver como o julgamento do islamismo baseado em ações jihadistas possa ajudar suas vítimas. Muito pelo contrário, aliás. Se é correto julgar o islamismo como um todo, tendo por base o barbarismo de grupos jihadistas, como vamos explicar — e incentivar — as ações de muçulmanos curdos e muitos outros muçulmanos que estão enfrentando os jihadistas e pagando com a vida para proteger minorias cristãs e yazidis no Iraque? Eles leem o mesmo Corão, seguem o mesmo Maomé e fazem as mesmas orações diárias.

Quando destaco esse ponto, alguns alegam, de maneira esfarrapada, que as boas ações dos curdos são motivadas pelo nacionalismo, enquanto as más ações do EI são motivadas pelo islamismo. Mas isso não passa de uma conclusão mal amarrada a um argumento conveniente. E o argumento não convence. É absurdo imaginar uma separação entre religião e identidade étnica no Oriente Médio.

Se há um perigo de sermos levados a imaginar que podemos explicar os horrores do jihadismo simplesmente culpando o islamismo, há também as tentações da ideologia multicultural e do espírito de “inclusão”, que logo desculpam a violência jihadista. Vamos tratar os muçulmanos como adultos maduros e inteligentes que, de fato, são e chamá-los para uma conversa séria. Os muçulmanos não são escravos das tradições islâmicas, sem escape nem alternativas. Há escolas concorrentes e seitas entre os fiéis. Não deveríamos nos intimidar e deixar de expressar nossos julgamentos quanto às tradições que consideramos melhores ou piores. Se retivermos esses julgamentos, deixaremos de nos envolver com os muçulmanos como homens e mulheres capazes de agência moral. Eles também possuem consciência religiosa. Eles também se importam com a verdade, não só a respeito de Deus, mas também acerca dos deveres para com o próximo. A geração atual de muçulmanos tem o direito de interpretar suas tradições autorizadas à luz das realidades do século XXI. E nós, não muçulmanos, também temos o direito de interpretá-las e sermos francos ao falar de nossas conclusões com os muçulmanos. Nas atuais circunstâncias, eu diria que temos o dever de fazê-lo.

Como estudioso cristão do islamismo, ofereço uma pequena lista de pontos que requerem uma discussão franca com os muçulmanos. Primeiro, durante os estágios de formação de quase todos os grupos jihadistas, religiosos e líderes políticos locais muçulmanos fizeram vista grossa para eles ou apoiaram ativamente suas ações, que têm sido bancadas por governos, organizações e empresários islâmicos. Como é possível grupos que autoridades islâmicas condenam tão amplamente por considerarem heréticas receberem tanto apoio tácito da corrente principal do mundo muçulmano?

Segundo, os líderes muçulmanos têm tolerado os ensinos amplamente negativos e desumanos acerca dos não muçulmanos que encontramos em textos islâmicos autorizados. O mesmo ocorre com ensinos sobre jihad, apostasia, leis da blasfêmia e o lugar de cidadãos não muçulmanos numa sociedade islâmica. Embora os grupos jihadistas sejam heréticos em sua afirmação de que têm autoridade para interpretar e impor essas leis, a própria existência desses ensinos é um convite à rebelião e ao extremismo. Em outras palavras, ainda que não seja nem verdadeiro nem justo afirmar que o islamismo é o problema, não há dúvida de que o islamismo tem um problema. Quando disse que seríamos capazes de discernir a fidelidade dos seguidores dele pelos seus frutos, Jesus estava falando de uma verdade comum. Assim, não seria tempo de estudiosos e líderes islâmicos reexaminarem as doutrinas de que os extremistas abusam com tanta facilidade? Essa orgia de sangue que estamos testemunhando hoje não seria um sinal claro de que precisamos de reformas importantes e profundas?

Essas questões e outras não estão sendo ignoradas. Sopra um vento na casa de islã, e uma batalha pela alma do islamismo prossegue com firmeza. Jovens iranianos desiludidos estão deixando o islamismo em massa e rejeitando totalmente as religiões. Outros muçulmanos comuns estão deixando o islamismo por outras religiões, inclusive o cristianismo. Vemos também no islamismo uma tendência progressiva crescente de reinterpretação dos textos e da história islâmica. São sinais de que uma introspecção séria está ocorrendo no mundo muçulmano. Depois de 9/11, estudiosos muçulmanos progressistas declararam abertamente sua posição contra “aqueles cujo Deus é um monstro vingador no céu, decretando morte igualmente contra muçulmanos e não muçulmanos... aqueles cujo Deus é muito pequeno, muito mau, muito tribal e muito masculino”. A todos eles, declararam: “Não é em meu nome, não é em nome de meu Deus que vocês perpetram esse ódio, essa violência!”

Como alguém que cresceu no mundo muçulmano, quero concluir dizendo que nós também precisamos reformar nossos modos. Em décadas recentes, os evangélicos têm contribuído para tornar invisível a presença e o testemunho cristão em terras muçulmanas. Temos nos rendido a ameaças reais e imaginárias de grupos radicais. Em vez de questionar abertamente a criminalização de missões cristãs e da evangelização em contextos muçulmanos, temos nos empenhado em missões clandestinas e secretas. 

Como evangélicos, precisamos permanecer em vigília e oração, para que islamitas radicais não nos radicalizem, redefinindo nosso testemunho e valores por causa do medo e do ódio. A luta não é contra carne e sangue, mas contra principados e potestades, e não podemos vencer recorrendo às mesmas armas empunhadas pelo inimigo. Somos chamados para usar armas superiores, chamados para vestir o cinto da verdade, a couraça da justiça, o evangelho da paz, o escudo da fé e o capacete da salvação e para tomar a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (Efésios 6.14-17).

• John A. Azumah é professor associado de Cristianismo Global e Islamismo no Seminário Teológico de Columbia. Artigo originalmente publicado por First Things e traduzido com autorização do autor para o Portal Ultimato e o Centro de Reflexão Missiológica Martureo

Legenda: Cúpulas da mesquita Sabah State, em Kota Kinabalu, na Malásia. Imagem meramente ilustrativa.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/desafiando-o-islamismo-radical