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quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Sola Scriptura – Somente as Escrituras

 25.01.2023

Do portal ULTIMATO ON LINE

Sola Scriptura

A Escritura contra a ameaça da tradição e do autoritarismo

Texto Básico: 2 Timóteo 3.14-17

Leitura diária
D – Rm 15.1-4 – Escrito para o nosso ensino
S – Lc 16.19-31 – Ouçam Moisés e os profetas
T – Mt 5.17-20 – Até que tudo se cumpra
Q – At 17.10-11 – A nobreza dos bereanos
Q – Gl 1.10-17 – O evangelho de Paulo
S – Jo 5.39 – A Escritura testemunha de Jesus
S – 2Pe 1.20-21 – Da parte de Deus

Introdução

Nesta série, será apresentado um panorama geral da teologia reformada. Observaremos a situação teológica enfrentada pelos reformadores, no século 16: a teologia católica medieval, em oposição à qual foi desenvolvida a teologia reformada. Sempre que for relevante, serão citadas decisões do Concílio de Trento, para mostrar, com evidência documental, qual era a posição da teologia romana quando a teologia reformada começou a se desenvolver. Também será recorrente o uso da Confissão de Fé de Westminster (CFW), por ser esta uma obra-prima da teologia reformada. Deve-se observar, porém, que houve mudanças na teologia romana, especialmente depois do Concílio Vaticano II, quando a Igreja Católica passou a adotar uma postura menos tradicional e mais ecumênica. As lições trarão, também, uma abordagem atual, mostrando os desvios teológicos existentes hoje (especialmente entre os evangélicos) os quais seriam evitados, caso nos apegássemos com mais vigor à herança da Reforma.

O primeiro tema abordado é a Escritura. Os reformadores foram unânimes na apresentação do fundamento sobre o qual sua teologia seria elaborada: Sola Scriptura (Somente a Escritura).

I. O Papa não tem a palavra final

De acordo com a teologia católica ortodoxa, o papa é o grande líder da igreja e atua como vigário (isto é, substituto) de Cristo na terra. Para atuar como substituto de Cristo, o líder máximo da igreja precisa possuir infalibilidade, pois se Cristo não erra, seu substituto também não pode errar. A teologia romana definiu essa infalibilidade do papa, em linhas gerais, afirmando que, quando o papa fala ex cathedra, isto é, quando trata de assuntos doutrinários, em virtude do auxílio que recebe de Deus, é infalível.

Essa declaração, porém, não é suficiente para esclarecer a natureza e o caráter dessa infalibilidade. Os escritores bíblicos foram preservados do erro na composição de seus escritos porque foram inspirados pelo Espírito Santo. A infalibilidade papal não é assim. De acordo com a teologia católica, o papa é infalível não por inspiração, isto é, não pela mesma obra do Espírito, por meio da qual os escritores bíblicos foram preservados do erro. Sua infalibilidade não consiste no recebimento de novas revelações da parte de Deus e na elaboração do ensino divino, mas apenas no fato de que ele pode explicar fielmente a tradição da igreja e a doutrina dos apóstolos. Ainda de acordo com a teologia católica ortodoxa, a infalibilidade do papa também não significa que as palavras ditas pelo papa em assuntos religiosos sejam a Palavra de Deus, significa apenas que elas são infalíveis, isto é, isentas de erro.

O Concílio Vaticano I diz que o papa é infalível quando fala ex cathedra. Isso, na prática, é inútil como padrão, pois, pela própria natureza da questão, só quem pode dizer se o papa falou ex cathedra é o próprio papa. Assim, um papa é sempre livre para rejeitar seus próprios pronunciamentos ou os pronunciamentos de outros papas, dizendo que não foram feitos ex cathedra, ou declará-los válidos, dizendo que foram. Depois, ele pode até mesmo dizer que ele mesmo, ou um de seus predecessores, pensando que falava ex cathedra, realmente não falou.

Na Dogmática Reformada, o teólogo reformado Herman Bavinck afirma:

“Os teólogos católicos romanos se encarregaram de desenvolver em detalhes as áreas cobertas por essa infalibilidade. Segundo eles, o papa é infalível quando trata das verdades da revelação na Escritura, das verdades das instituições divinas, dos sacramentos, da igreja, de sua organização e governo e das verdades da revelação natural. No entanto, até mesmo com isso estamos longe de esgotar o alcance da infalibilidade papal. Para que o papa seja infalível em todas essas áreas, dizem os teólogos, ele também tem de ser infalível na avaliação das fontes das verdades da fé e na interpretação delas. Isso significa dizer que ele é infalível no estabelecimento da autoridade da Escritura, da tradição, dos concílios, dos papas, dos pais, dos teólogos; no uso e na aplicação de verdades naturais, imagens, conceitos e expressões; na avaliação e rejeição de erros e heresias, até mesmo no estabelecimento de fatos dogmáticos; na proibição de livros, em questões de disciplina, no endosso de ordens, na canonização de santos e assim por diante. Fé e moral abrangem quase tudo, e tudo o que o papa diz sobre isso seria, então, infalível. O termo ex cathedra, de fato, não traça nenhum limite em nenhum lugar”.

Mas afinal, se o verdadeiro fundamento inabalável da fé cristã não é o papa, qual é esse fundamento? Os reformadores foram unânimes em repudiar completamente essa doutrina por não encontrarem, na Escritura, nem uma só palavra que a sustente. Em oposição a ela, afirmaram vigorosamente: Sola Scriptura.

II. A tradição não tem a palavra final

Outra fonte de autoridade espiritual muito forte na teologia católica medieval (e ainda hoje) é a tradição. Deve ser dito que a tradição nunca foi rejeitada pelo simples fato de ser tradição. Na própria Escritura encontramos ênfase e crítica à tradição (Mt 15.2,3,6; Mc 7.3,5,8,9,13 2Ts 2.15). A questão básica é: a que tradição estamos nos referindo? A tradição é rejeitada todas as vezes que entra em choque com a Palavra de Deus. A Reforma revoltou-se quanto à suposta autoridade da tradição independente da Escritura e pretensamente nivelada com ela. Os reformadores sustentavam que a Escritura é a única autoridade infalível dentro da igreja. Deste modo, a autoridade dos Credos (Apostólico, Nicéia, Calcedônia) era indiscutivelmente considerada pelos reformadores, contudo, somente as Escrituras são incondicionalmente autoritativas.

III. A igreja não tem a palavra final

Outra expressão moderna desse ensino católico medieval é a crença de que a denominação religiosa a que pertencemos está sempre certa. Isso é um erro. Nenhuma denominação religiosa está isenta de erros neste mundo. Os concílios são compostos por pessoas e, por melhores que sejam as intenções dessas pessoas e por mais sólido que seja seu conhecimento teológico, elas continuam sendo sujeitas ao erro. Nossos concílios e denominações são falíveis.

É claro que quanto maior for o apego dos nossos líderes às doutrinas cristãs, quanto maior for o vigor de sua piedade cristã e quanto maior for sua capacidade de aplicar o ensinamento bíblico às circunstâncias da vida, mais nítida é a possibilidade de que tomem decisões sábias e governem bem a igreja de Cristo. Mas é importante termos sempre em mente que não há denominações cristãs perfeitas.

Isso é necessário não apenas para exercitar nossa humildade e despertar o interesse pelo estudo rigoroso da Escritura, mas também para nos permitir uma comunhão cristã mais saudável com nossos irmãos de outras denominações cristãs. Embora existam muitas denominações, a igreja de Cristo é composta por todos aqueles que professam sua fé em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal.

IV. A Escritura como única regra de fé e conduta

Mas afinal, se o papa não tem a palavra final, a tradição não tem a palavra final e a denominação cristã a que pertencemos não tem a palavra final, qual é a autoridade normativa segundo a qual a igreja deve moldar sua fé?

Os reformadores e seus herdeiros teológicos deram resposta a essa pergunta. O Catecismo Maior de Westminster afirma, na resposta à pergunta 3: “As Escrituras Sagradas – O Antigo e o Novo Testamentos – são a Palavra de Deus, a única regra de fé e obediência.”

Confissão de Fé de Westminster, por sua vez, afirma: “O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas, e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo, em cuja sentença nos devemos firmar, não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura” (I. 10).

Para os reformados, a autoridade fundamental segundo a qual a igreja deve moldar sua fé não é a opinião de pessoas, por mais ilustres que sejam, nem a história de instituições religiosas, por mais respeitáveis que sejam, nem as preferências dos cristãos, por mais adequadas que possam parecer, mas o “Espírito Santo, falando na Escritura”. “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8.20).

Conclusão

De acordo com a teologia reformada, nenhuma voz, na igreja de Cristo, pode se elevar acima da Escritura Sagrada, inspirada pelo Espírito Santo para conduzi-la a toda verdade. Cristo é o cabeça da igreja, e ele a governa segundo os preceitos estabelecidos na Escritura. Nenhum líder, nenhuma denominação cristã, nenhum concílio, nenhum costume, nenhuma tradição tem valor normativo para a igreja cristã. Só a Escritura.

Aplicação

Você já reparou como as pessoas, em geral, têm tratado a Escritura nos tempos pós-modernos em que vivemos? Quando a Escritura diz alguma coisa com a qual não concordam, as pessoas simplesmente dizem que os tempos mudaram. Com isso, abandonam o ensino bíblico e seguem seu próprio caminho. À luz da lição de hoje, como você deve reagir a essa tendência?

Boa leitura

A Inspiração e Autoridade da Bíblia, de Benjamin Warfield e A Inspiração e Inerrância das Escrituras, de Hermisten M. P. Costa. Ambos da Editora Cultura Cristã.

>> Autor do estudo: Vagner Barbosa
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, usado com permissão.

>> Conheça e baixe grátis o e-book Conversando sobre a Bíblia.

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Fonte:https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/apologetica/sola-scriptura/

terça-feira, 23 de junho de 2015

ESTUDO BÍBLICO:As heresias dos Livros apócrifos

23.06.2015
Do YouTube, 24.02.2014

 

MERECEM CONFIANÇA OS LIVROS APÓCRIFOS?

A Constituição Dogmática sobre Revelação Divina, o Concílio Vaticano II, declarou que "Ela (a igreja) sempre considerou as Escrituras junto com a tradição sagrada como a regra suprema de fé, e sempre as considerará assim".

Nós, cristãos evangélicos, rejeitamos a tradição como regra de fé. Quando a Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento inclui uma série de livros chamados "Apócrifos", os quais não aparecem nas versões evangélica e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que, na opinião popular dos católicos, existem duas Bíblias: uma católica e outra protestante. Mas semelhante asseveração não é certa. Só existe uma Bíblia, uma Palavra (escrita) de Deus.

Apócrifos, o que significa?


No grego clássico, a palavra apocrypha significava "oculto" ou "difícil de entender". 
Posteriormente, tomou o sentido de "esotérico" ou algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como "pseudepígrafos".

Há várias razões porque rejeitamos os apócrifos. Eis algumas delas:


Não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre Jesus e os judeus sobre a extensão do cânon. Jesus e os autores do Novo Testamento citam, mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer mencionam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivesse autoridade divina.

As heresias dos apócrifos

A seguir, a lista dos que se encontravam na Septuaginta:
1. 3 Esdras
2. 4 Esdras
3. Oração de Azarias
4. Tobias
5. Adições a Ester
6. A Sabedoria de Salomão
7. Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho de Siraque).
8. Baruque
9. A Carta de Jeremias
10. Os acréscimos de Daniel
11. A Oração de Manassés
12. 1 Macabeus
13. 2 Macabeus
14. Judite
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Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=HTQ2Mc9GyAY

terça-feira, 12 de novembro de 2013

EVANGELISMO:Bíblias falsas, palavra verdadeira

12.11.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO, 11.11.13
Por Lyndon De Araújo Santos*
 
A Sociedade Bíblica Britânica procedeu a uma significativa distribuição de Bíblias em Portugal no século 19. Esta ação provocou reações diversas e extremas por parte de segmentos da sociedade. Portugal foi um dos países onde o aparelho inquisitorial havia sido dos mais efetivos no período moderno, como na Espanha vizinha. E uma das funções da Inquisição era a vigilância, a captura, o julgamento e a punição de hereges de todo tipo, sobretudo os protestantes. Embora oficialmente a Inquisição portuguesa tivesse terminado em 1821, sua mentalidade permanecia.

O luso-catolicismo secular era arraigado nas tradições familiares, nos rituais, nas festas, nas procissões e nas romarias. O clero estava organizado sob o pensamento ultramontano conservador, contra os ventos da modernidade e do liberalismo. A sua força conflitava com as reformas liberais desde o Marquês de Pombal, a Revolução do Porto em 1820 e a retomada do poder por Dom Pedro IV - o nosso Pedro I - em 1834, com o exílio de seu irmão Dom Miguel.

Numa estratégia de mercado, e ao mesmo tempo amparada pelos acordos comerciais entre Inglaterra e Portugal, a Sociedade Bíblica Britânica introduziu suas Bíblias a partir das cidades de Lisboa e do Porto, espalhando-as por todo o país, com preços muito baratos. O crescimento de leitores de classe média favoreceu a expansão de um mercado editorial, possibilitando a impressão em maiores escalas de livros e de Bíblias. As camadas mais empobrecidas, na quase absoluta maioria, iletradas, tinham alguma chance de adquirir um exemplar, até mesmo de graça.

Na cidade de Braga, o jornal “O Primaz”, de postura liberal, crítico ao bispo da cidade, mas fiel às tradições católicas, noticiou e discutiu acerca das “Bíblias protestantes”. A veemente oposição se dava por causa da suposta ameaça à religião oficial que deveria ser protegida e garantida pelo governo. O periódico procurou deslegitimá-las usando os argumentos de que não tinham o número completo de livros e a tradução era suspeita. Ainda outro periódico, o jornal “O Bracarense”, publicou em 5 de maio de 1866 a seguinte nota:

"Biblias falsas. Circulam por ahi biblias falsas, sob a mais lisongeira apparencia. Muito ..., muito esmeradas, e muito bem encadernadas por um cruzado! Dizem no frontispício serem tradução do padre Antonio Pereira de Figueiredo, mas é uma tradução totalmente corrompida e viciada e faltam-lhe alguns livros essenciaes tanto do antigo como do N. T. A typographia é a Universal, da rua dos Calafates, de Lisboa. Este veneno, desenganem-se, não produz effeito algum. A população de Braga felizmente está bem prevenida contra os esforços do protestantismo. É porém do dever da auctoridade vigiar por isto, e do novo avisar os incautos para que se não deixem illudir."

O “veneno”, entretanto, havia se disseminado. O “O Primaz” dizia que alguns protestantes, “sinceros e miseráveis apóstatas”, “entre os quais se conta algum cônego e professores de seminários católicos”, “se venderam por um punhado de libras” (Edição de 8/1/1867). Um “passador de Bíblias” que percorreu as cidades de Porto, Braga e Guimarães, fora preso e impedido de atuar, vender e distribuir, depois de ver seu material apreendido. Certamente, era um colportor missionário protestante enviado por alguma igreja, agência missionária ou a própria Sociedade Bíblica.

Em mais uma estratégia, a Sociedade Bíblica de Londres utilizou a tradução do Padre Antonio Pereira de Figueiredo. Além disso, a sua distribuição estava protegida pela portaria de Antonio Bernardo da Costa Cabral, o Marquês de Tomar, de 17 de outubro de 1842. O Partido Liberal e alguns periódicos como o “Campeão das Províncias” e “O Portuguez” não reconheceram serem falsas as Bíblias, e condenaram a queima pública de Bíblias na cidade de Covilhã, num “auto de fé” semelhante aos tempos da Santa Inquisição.

Foram tempos de intolerância e de disputas pela Bíblia verdadeira. A Palavra de Deus, porém, era algo raro, com poucas Bíblias e pregadores. Hoje também são tempos de intolerâncias, as Bíblias e os pregadores são muitos, disputando fatias do mercado religioso. Mas a Palavra continua sendo rara (1 Sm 3.1).

Fontes:

SERRÃO, Joaquim Veríssimo. História de Portugal (1832-1851). 2 ed. Lisboa: Ed. Verbo, 1985.
Jornais: “O Bracarense” e “O Primaz”.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/biblias-falsas-palavra-verdadeira