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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Suportando a Perseguição

25.12.2013
Do blog UNIÃO DE BLOGUEIROS EVANGÉLICOS, 24.12.13

Uniao de Blogueiros EvangelicosSaiamos, pois, a ele [Jesus] fora do arraial, levando o seu vitupério." (Hb 13-1)

TODAS as exortações que nos são dadas para padecer-mos pacientemente pelo nome de Jesus Cristo e em defesa do Evangelho não terão efeito, se não nos sen­tirmos seguros da causa pela qual lutamos. Quando somos chamados a nos desfazer da vida, é absolutamente necessário saber em que base. Não podemos possuir a firmeza necessária, a menos que esteja fundamentada na certeza da fé.

É verdade que há pessoas que se expõem tolamente à morte, na defesa de algumas opiniões absurdas e devaneios concebidos pelo próprio cérebro, mas tal impetuosidade deve ser considerada mais como frenesi do que zelo cristão; e, de fato, não há firmeza nem bom senso naqueles que, em certo tipo de casualidade, se empolgam des­sa maneira. Mas embora isso ocorra, é somente numa boa causa que Deus nos reconhece como seus mártires. A morte é comum a todos, e os filhos de Deus são condenados à ignomínia c torturas exatamente como os criminosos o são; mas Deus faz a distinção entre eles, já que Ele não pode negar sua verdade. De nossa parte, exige-se que tenha­mos provas firmes e infalíveis da doutrina que defendemos; e, por conseguinte, como eu disse, não podemos ser racionalmente impres­sionados pela exortação-que recebemos para sofrer perseguição pelo Evangelho, se nenhuma certeza verdadeira de fé foi impressa em nosso coração. Arriscar a vida numa incerteza não é natural, e ainda que o fizéssemos, seria só precipitação e não coragem cristã. Numa palavra, nada que fazemos será aprovado por Deus, se não estiver­mos completamente persuadidos de que é para Ele e sua causa que sofremos perseguição e o mundo é nosso inimigo.

Quando falo de tal persuasão, não quero dizer meramente que temos de saber distinguir entre a verdadeira religião e os abusos ou loucuras dos homens, mas também que devemos estar inteira­mente persuadidos da vida divina e da coroa, que nos é prometida nos céus, depois que tivermos lutado aqui na terra. Entendamos que estes requisitos são necessários e não podem ser separados um do outro.

Por conseguinte, os pontos com os quais devemos começar são estes: Temos de saber bem qual é o nosso cristianismo, qual é a fé que temos de defender e seguir — qual é a regra que Deus nos deu; e, assim, temos de estar bem inteirados de tal instrução para que sejamos capazes de condenar com ousadia todas as falsidades, erros e superstições que Satanás introduziu para corromper a pura simplici­dade da doutrina de Deus.

Veremos agora o verdadeiro método de nos preparar para sofrer pelo Evangelho. Primeiramente, devemos estar nos beneficiando até aqui na escola de Deus quanto a estarmos decididos com relação à verdadeira religião e à doutrina que vamos defender. Temos de me­nosprezar todos os artifícios e imposturas de Satanás e todas as inven­ções humanas como coisas frívolas e carnais, já que corrompem a pureza cristã; nesse particular diferindo, como verdadeiros mártires de Cristo, das pessoas irracionais que sofrem por meras absurdidades. Em segundo lugar, assegurando-nos da boa causa, conseqüentemen­te, temos de ser inflamados para seguir a Deus aonde quer formos por Ele chamados. Sua Palavra tem de ter tal autoridade para conosco como ela merece, e, havendo-nos retirado deste mundo, temos de nos sentir arrebatados na busca da vida santificada.

Porém, é mais que estranho que, embora a luz de Deus esteja brilhando mais radiantemente que nunca, haja uma lamentável' falta de zelo. Em resumo, é impossível negar que é para nossa grande vergonha, para não dizer temível condenação, que conhecemos tão bem a verdade de Deus e temos tão pouca coragem em defendê-la.

Acima de tudo, quando olhamos para os mártires do passado, nos envergonhamos de nossa covardia! Em sua maioria não eram pessoas muito versadas nas Santas Escrituras para poderem disputar cm todos os assuntos. Eles sabiam que havia um Deus, a quem convinham adorar e servir; que haviam sido remidos pelo sangue de Jesus Cristo a fim de colocarem a confiança de salvação nEle e em sua graça; e que todas as invenções dos homens, sendo mera inutilidade e lixo. eles deviam condenar todas as idolatrias e superstições. Numa pala­vra, sua teologia era, em substância, esta: Há um Deus que criou todo o mundo e nos declarou sua vontade por Moisés e pelos profetas, e, finalmente, por Jesus Cristo e seus apóstolos; e temos um Redentor exclusivo, que nos comprou por seu sangue e por cuja graça espera­mos ser salvos. Todos os ídolos do mundo são amaldiçoados e mere­cem abominação.

Com um sistema abarcando nenhum outro ponto que não esses, eles foram corajosamente às chamas ou a qualquer outro tipo de morte. Não entravam de dois em dois ou de três em três, mas em tamanhos grupos, cujo número dos que caíram pelas mãos dos tira­nos é quase infinito.

O que então deve ser feito para inspirar nosso peito com a verda­deira coragem? Temos, em primeiro lugar, de considerar quão precio­sa é a confissão de nossa fé aos olhos de Deus. Pouco sabemos o quanto Deus preza isso, se nossa vida, que não é nada, é estimada mais altamente por nós. Quando isso se dá, manifestamos maravilho­so grau de estupidez. Não podemos salvar nossa vida às custas de nossa confissão sem reconhecermos que a mantemos em mais alta estima que a honra de Deus e a salvação de nossa alma.

Um pagão poderia dizer: "Foi coisa miserável salvar a vida dei­xando as únicas coisas que tornavam a vida desejável!" E, não obstante, tal indivíduo e outros como ele nunca souberam por que propósito os homens são colocados no mundo, e por que vivem aqui. Sabemos muito bem qual deve ser a principal meta de vida, isto é, glorificar a Deus, para que Ele seja nossa glória. Quando isso não é feito, ai de nós! Não podemos continuar vivendo por um único momento na terra sem amontoarmos outras maldições sobre nossas cabeças. Con­tudo, não estamos envergonhados de obter alguns dias para nos enlanguescer aqui embaixo, renunciando o Reino eterno ao nos se­pararmos dEle, por cuja energia somos sustentados em vida.

Mas como a perseguição sempre é severa e amarga, considere­mos: Como e por quais meios os cristãos podem se fortalecer com paciência, para resolutamente exporem a vida pela verdade de Deus. O texto que lemos em voz alta, quando corretamente compreendido, é suficiente para nos induzir a agirmos assim. O apóstolo diz: ''Saia­mos da cidade para o Senhor Jesus, levando seu vitupério". Em pri­meiro lugar, Ele nos lembra que, embora as espadas não sejam desembainhadas contra nós, nem o fogo aceso para nos queimar, não podemos ser verdadeiramente unidos ao Filho de Deus, enquanto estamos arraigados neste mundo. Portanto, um cristão, mesmo em repouso, sempre tem de ter um pé pronto a marchar para a batalha, e não só isso, mas tem de ter seus afetos retirados do mundo, ainda que o corpo esteja habitando aqui.

Enquanto isso, para consolar nossas enfermidades e mitigar a vexação e tristeza que a perseguição nos causa, é-nos oferecida uma boa recompensa. Sofrendo pela causa de Deus, estamos caminhando passo a passo após o Filho de Deus e o temos por nosso Guia. Fosse dito simplesmente que para sermos cristãos tivéssemos de corajosa­mente passar por todos os insultos do mundo, encontrar a morte em todo momento e da maneira que Deus se agradasse designar, tería­mos aparentemente algum pretexto para replicar. É um caminho des­conhecido para irmos na dúvida. Mas quando somos ordenados a seguir o Senhor Jesus, sua direção é muito boa e honrada para ser recusada.

Somos tão melindrosos quanto à disposição de suportar qualquer coisa? Então temos de renunciar a graça de Deus pela qual Ele nos chamou à esperança de salvação. Há duas coisas que não podem ser separadas — ser membro de Cristo e ser provado por muitas aflições.

Quem dera fosse realmente fácil, mesmo para Deus, nos coroar imediatamente sem exigir que sustentássemos qualquer combate. Mas assim como é seu prazer que Cristo reine em meio aos seus inimigos, assim também é sua vontade que nós, sendo colocados no meio de­les, soframos a opressão e violência que nos infligem até que "Ele nos liberte. Sei, de fato, que a carne esperneia quando deve ser levada a este ponto, mas não obstante a vontade de Deus tem de sobrepor-se.

Em tempos passados, muitas pessoas, para obter simples coroas de folhas, não recusavam o trabalho duro, a dor e a dificuldade. Até mesmo a morte não lhes era grande preço, e, ainda assim, cada um deles disputava uma corrida, não sabendo se iria ganhar ou perder o prêmio. Deus nos oferece a coroa imortal pela qual nos tornarmos participantes da sua glória. Ele não quer dizer que devemos lutar a esmo, mas todos temos a promessa do prêmio pelo qual nos empe­nhamos. Temos algum motivo para nos recusarmos a lutar? Achamos que foi dito em vão: "Se morremos com Jesus, também com ele vive­remos"? Nosso triunfo está preparado, e contudo fazemos tudo o que podemos para evitar o combate.

para não deixar meios sem serem empregados que sejam adequa­dos para nos estimular, Deus coloca diante de nós Promessas, de um lado, e Ameaças, do outro. Sentindo que as promessas não têm influ­ência suficiente, fortaleçamo-nos acrescentando as ameaças. É verda­de que devemos ser obstinados no extremo de não pôr mais fé nas promessas de Deus, quando o Senhor Jesus diz que Ele nos confessa­rá como seus diante de seu Pai, contanto que o confessemos diante dos homens.

Mas se Deus não pode nos alcançar por meios gentis, não deve­mos ser meros obstáculos se suas ameaças também falham? Jesus convoca todos aqueles que, por medo da morte temporal, negam a verdade, a comparecerem no tribunal de seu Pai, e diz que então o corpo e a alma serão entregues à perdição. Em outra passagem, Ele afirma que negará todos o que o tiverem negado diante dos homens. Estas palavras, se não somos completamente impérvios para sentir, bem que podem fazer nossos cabelos se levantarem enfim!

É em vão alegarmos que piedade deve nos ser mostrada, já que nossas naturezas são tão delicadas; pois é dito, pelo contrário, que Moisés, tendo buscado a Deus pela fé, foi fortalecido para não se entregar sob tentação. Portanto, quando somos flexíveis e fáceis de dobrar, é sinal manifesto. Não estou dizendo que não temos zelo, nem firmeza, mas que não sabemos nada de Deus ou de seu Reino.

Há dois pontos a considerar. O primeiro é que todo o Corpo da Igreja em geral sempre esteve, e até ao fim estará, sujeito a ser afligido pelos ímpios. Vendo como a Igreja de Deus é pisoteada nos dias atuais pelos orgulhosos indivíduos mundanos, como um late e outro morde, como torturam, como conspiram contra ela. como ela é assaltada inces­santemente por cães raivosos e bestas selvagens, não nos esqueçamos de que a mesma coisa foi feita em todos os tempos passados.

Enquanto isso, o assunto de suas aflições sempre foi afortunado. Em todos os eventos, Deus fez com que, embora fosse oprimida por muitas calamidades, ela nunca tenha sido completamente esmagada; como está escrito: "Os ímpios com todos os seus esforços não tiveram sucesso no que intentaram". O apóstolo Paulo se gloria no fato e mostra que este é o curso que Deus, em misericórdia, sempre toma. Ele diz:

"Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos" (2 Co 4.8-10).

Só menciono brevemente neste sermão para ir ao segundo ponto, que está mais a nosso propósito, que devemos tirar vantagem dos exemplos particulares dos mártires que foram antes de nós. Não são limitados a dois ou três, mas são, como diz o apóstolo, "uma tão grande nuvem". Com esta expressão, ele intima que o número é tão grande que deve ocupar toda nossa visão. Para não ser tedioso, men­cionarei somente os judeus, que foram perseguidos pela verdadeira religião, não apenas sob a tirania do rei Antioco, mas também um pouco depois da sua morte. Não podemos alegar que o número dos sofredores foi pequeno, pois formava um grande exército de márti­res. Não podemos dizer que consistia em profetas a quem Deus tinha separado das pessoas comuns, pois mulheres e criancinhas faziam parte do grupo. Não podemos dizer que eles escaparam por pouca coisa, porque foram torturados tão cruelmente quanto possível. Por conseguinte, ouvimos o que o apóstolo diz: "Uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressur­reição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos a fio de espa­da; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra (Hb 11.35-38).

Comparemos agora o caso deles com o nosso. Se eles suportaram tais coisas pela verdade, que naquela época era tão obscura, o que devemos fazer com a luz que agora brilha? Deus nos fala claramente; a grande porta do Reino dos céus foi aberta, c Jesus Cristo nos chama para si mesmo, depois de ter descido até nós para que pudéssemos tê-lo presente diante dos olhos. Que repreensão nos seria suficiente para termos menos zelo para sofrer pelo Evangelho do que eles, que só tinham saudado as promessas de longe, que só tinham um peque­no postigo aberto para entrar no Reino de Deus e que só tinham um memorial e símbolo de Jesus Cristo? Estas coisas não podem ser ex­pressas em palavras como merecem, e, então, deixo cada um a pon­derar sobre elas consigo mesmo.

Em primeiro lugar, onde quer que esteja, o cristão tem de resol­ver, apesar dos perigos ou ameaças, andar em simplicidade como Deus ordenou. Que ele se guarde tanto quanto possa contra a voraci­dade dos lobos, mas que não seja com astúcia carnal. Acima de tudo, que ele coloque a vida nas mãos de Deus. Ele fez assim? Então, se acaso vier a cair nas mãos do inimigo, que ele saiba que Deus, tendo arranjado as coisas deste modo, se agrada de tê-lo como testemunha de seu Filho. Portanto, ele não tem meios de recuar sem quebrar a fé em Deus, a quem prometemos todo o dever na vida e na morte; Ele de quem somos e a quem pertencemos, ainda que não tenhamos feito nenhuma promessa.

Que seja mantido como ponto fixo entre todos os cristãos, que eles não devem considerar a vida mais preciosa do que o testemunho da verdade, já que Deus deseja ser glorificado assim. É em vão que Ele dá o nome de testemunhas (pois este é o significado da palavra mártir) a todos os que têm de responder perante os inimigos da fé? Aqui cada um não deve olhar para seu companheiro, pois Deus não honra a todos igualmente com a chamada. E como somos inclinados a olhar, devemos estar muito mais em guarda contra isso. Pedro, ten­do ouvido dos lábios de Jesus que na velhice seria levado para onde não quereria ir. perguntou o que aconteceria com seu companheiro João. Não há nenhum de nós que não teria prontamente feito a mes­ma pergunta, pois o pensamento que imediatamente nos vem é: Por que sofro em lugar dos outros? Pelo contrário. Jesus Cristo nos exorta — não só a todos em geral, mas a cada um em particular — a nos mantermos "'prontos", a fim de que conforme Ele for chamando este ou aquele, marchemos avante por nossa vez.

Expliquei acima quão pouco preparados estaremos para sofrer martírio, se não estivermos armados com as promessas divinas. Agora resta mostrar um pouco mais completamente quais são o propósito e o alvo destas promessas — não para especificar todos em detalhes, mas para mostrar o que Deus deseja que esperemos dEle a fim de que nos consolemos em nossas aflições. Considerando-se sumariamente, podemos citar três coisas. A primeira, é que já que nossa vida e morte estão em suas mãos, Ele nos preservará por seu poder, de modo que nem um fio de cabelo será arrancado de nossa cabeça sem a sua permissão. Portanto, os crentes devem se sentir seguros em quaisquer mãos que venham a cair, pois Deus não está despojado da tutela que Ele exerce sobre seu povo. Estivesse tal persuasão bem impressa em nosso coração, ficaríamos livres da maior parte das dúvidas e perple­xidades que nos atormentam e nos obstruem em nossos deveres.

Vemos tiranos livres; a esse respeito, parece-nos que Deus já não possui meio de nos salvar, e somos tentados a cuidar de nossos própri­os interesses, como se nada mais se esperasse dEle. Pelo contrário, sua providência, à medida que Ele a revela, deve ser considerada por nós como fortaleza inconquistável. Trabalhemos, então, para nos conscientizarmos da plena importância da expressão que nosso corpo está em suas mãos, que o criaram. Por isso. às vezes Ele libertou seu povo de maneira milagrosa e além de toda expectativa humana, como se deu a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na fornalha ardente; a Daniel, na cova dos leões; a Pedro, na prisão de Herodes, onde estava preso, acorrentado e rigorosamente guardado. Por estes exemplos, Ele quis testificar que Ele mantém nossos inimigos sob controle, embora possa não parecer, e que. quando quer, tem o poder de nos tirar dos grilhões da morte. Não que Ele sempre o faça, mas reservando a auto­ridade para si de dispor de nós para a vida e para a morte, Ele quer que nos sintamos completamente seguros de que Ele nos tem sob seu cui­dado. Qualquer tirano que nos tente e com qualquer fúria que se arroje contra nós. pertence a Ele somente ordenar nossa vida.

Se Ele permite que tiranos nos matem, não é porque nossa vida não lhe é querida, é em maior honra cem vezes mais do que merece. Sendo esse o caso, tendo declarado pela boca de Davi que a morte dos santos é preciosa aos seus olhos, Ele também diz pela boca de Isaías que a terra descobrirá o sangue que parece estar oculto. Que os inimigos do Evangelho, então, sejam tão pródigos quanto serão do sangue dos mártires, pois terão de prestar contas dele ate a última gota. Nos dias atuais, eles se viciam em derrisão orgulhosa, enquanto entregam os crentes às chamas; e depois de terem se banhado no sangue deles, ficam tão intoxicados desse sangue que consideram todos os assassinatos que cometem como mero esporte festivo. Mas se temos paciência para esperar, por fim Deus mostrará que não é em vão que Ele estimou nossa vida em tão alto valor. Nesse entretempo. não nos ofendamos por parecer confirmar o Evangelho, que em valor ultrapassa o céu e a terra.

Para ficarmos mais seguros de que Deus não nos abandona nas mãos dos tiranos, lembremo-nos da declaração de Jesus Cristo, quan­do disse que Ele mesmo é perseguido nos seus membros. Deus de fato tinha dito antes por Zacarias: "Aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho" (Zc 2.8). Mas aqui é dito com muito mais expressividade que. se sofrermos pelo Evangelho, é tanto quanto se o Filho de Deus estivesse sofrendo pessoalmente. Que saibamos que Jesus Cristo tem de se esquecer de si mesmo antes de deixar de pen­sar em nós, quando estamos em prisão ou em perigo de morte por sua causa. Que saibamos que Deus tomará no coração todas as afron­tas que os tiranos cometem contra nós, da mesma maneira como se tivessem cometido contra o próprio Filho.

Vamos agora ao segundo ponto que Deus nos declara em sua promessa para nossa consolação. É que Ele nos sustentará assim pelo poder do seu Espírito para que nossos inimigos, façam o que fizerem, mesmo com Satanás à cabeça, não obtenham vantagem sobre nós. E vemos como Ele mostra seus dons em tal emergência; pois a constân­cia invencível que encontramos nos mártires mostra abundante e for­mosamente que Deus trabalha poderosamente neles. Na perseguição. há duas coisas revoltantes para a carne: a vituperação c insulto dos homens e as torturas que o corpo sofre. Deus promete nos oferecer sua mão tão efetivamente, que superaremos ambas pela paciência. O que Ele nos diz. Ele confirma por fato. Tomemos este escudo para nos precaver de todos os medos pelos quais somos assaltados, e não restrinjamos a operação do Espírito Santo dentro de tais limites estrei­tos, como a supor que Ele não sobrepujará facilmente todas as cruel­dades dos homens. Disto tivemos, entre outros exemplos, um que é particularmente memorável. Um jovem que certa vez viveu aqui conosco, tendo sido preso na cidade de Tournay, seria condenado à guilhotina, desde que se retratasse, e se continuasse firme em seu propósito, seria queimado vivo! Quando perguntado o que pretendia fazer, simplesmente respondeu: "Aquele que me dará graça para mor­rer pacientemente por seu nome, sem dúvida me dará graça para suportar o fogo!"

Devemos tomar esta expressão, não como a de um homem mor­tal, mas como do Espírito Santo, para nos assegurarmos que Deus não é menos poderoso para nos fortalecer e nos tornar vitoriosos sobre as torturas, do que nos fazer submeter de boa vontade a uma morte mais suave. Além disso, vemos muitas vezes que firmeza Ele dá a malfeitores infelizes que sofrem por seus crimes. Não falo dos en­durecidos, mas dos que obtêm consolação da graça de Jesus Cristo, e, por esse meio, com corações tranqüilos, sofrem os castigos mais cru­éis que podem ser infligidos. Um belo exemplo é visto no ladrão que foi convertido à morte de nosso Senhor. Será que Deus, que assim ajuda poderosamente pobres criminosos quando suportam o castigo de suas más ações, estará tão ausente do seu povo, enquanto lutam pela causa santa, quanto a não lhes dar coragem invencível?

O terceiro ponto a considerar acerca das promessas de Deus aos seus mártires é o fruto que eles devem esperar por seus sofrimentos, e no fim, se for necessário, por suas mortes. Este fruto se manifestará depois de terem glorificado o seu nome, depois de terem edificado a Igreja pela constância, quando serão reunidos com o Senhor Jesus na sua glória eterna. Mas como falamos acima brevemente, é bastante aqui apenas lembrar. Que os crentes aprendam a erguer a cabeça para as coroas de glória e imortalidade para as quais Deus os convi­da, a fim de que assim eles não se sintam relutantes em deixar a vida presente por tal recompensa. Para que se sintam bem seguros desta bênção inestimável, que sempre tenham diante dos olhos a conformi­dade que eles têm a nosso Senhor Jesus Cristo. E exatamente como Ele que, pela repreensão da cruz, chegou à ressurreição gloriosa, vejam que a morte consiste em toda a nossa felicidade, alegria e triunfo!

 João Calvino
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Fonte:http://www.ubeblogs.com.br/profiles/blogs/suportando-a-persegui-o

sábado, 21 de dezembro de 2013

Não há inconstitucionalidade na exibição de programas religiosos. Ou: a censura e a ditadura da opinião.

21.12.2013
Do portal GOSPEL PRIME
Por Michael Caceres*
Não há inconstitucionalidade na exibição de programas religiosos. Ou: a censura e a ditadura da opinião.
 Não há inconstitucionalidade na exibição de programas religiosos. Ou: a censura e a ditadura da opinião.
As vezes confundo CFP com partido político. Não a sigla, mas o Conselho Federal de Psicologia. Às vezes acho estranho demais às motivações da entidade. Por vezes, confesso, penso até que o CFP representa a política demagoga. Sim, caros leitores, é o que há por lá: demagogia e estupidez. Afinal, quando se apela aos sentimentos, quando defende supostamente o interesse do povo, quando se apresenta uma questão moral, então fica obscurecida a verdadeira essência da causa.
O CFP é aquele órgão que proíbe os psicólogos de atenderem homossexuais que busquem por ajuda, que com o apoio da mídia militante conseguiu impedir a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo 234/11 que tornaria sem efeito o trecho do Artigo 3º e todo o Artigo 4º da Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia. O projeto foi apelidado vulgarmente de “Cura Gay”. Bem, mas este é outro assunto.
Os integrantes de um tal “Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)” – ou o que quer que isso represente – querem censurar a participação das igrejas cristãs na rádio e televisão abertaalegando inconstitucionalidade. Isso mesmo! Os ditos cujos afirmam que a transmissão de programas religiosos nas rádios e TVs do país fere a Constituição Federal.
Ao menos foi o que disse a psicóloga e integrante da executiva do FNDC, Roseli Goffman, que é também membro do Conselho Federal de Psicologia, durante uma audiência pública organizada pelo Ministério Público Federal (MPF) no Rio, sobre intolerância religiosa nos meios de comunicação.
Os movimentos e sindicatos que compõem o tal FNDC querem aprovar uma “Lei da Mídia Democrática”. Não sei o que entendem por democracia, mas alegam que as concessões de rádio e TV para igrejas é inconstitucional e citam o Artigo 19 da Constituição Federal.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II – recusar fé aos documentos públicos;
III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Entenderam? A Constituição estabelece no artigo 19 como será a relação, nada mais, com as religiões. Reafirma que não haverá vínculo, faz a ressalva sobre o interesse público e afirma que NÃO se recusará a fé aos documentos públicos, além de NÃO criar distinções entre brasileiros ou preferências. Nada com a comunicação, mas mais uma garantia da liberdade de expressão e culto sem qualquer benefício ou vínculo entre religiões e Estado, sempre respeitando a possibilidade de contribuição com a fé.
Não sei como a tal psicóloga interpretou o texto, nem como ela conseguiu encontrar inconstitucionalidade na transmissão de programas religiosos em rádios e TV, mas o fato é o fato, e o fato é que inconstitucional seria a forma de censura proposta por esta turma. Leiam um pequeno trecho da proposta apresentada por eles:
“O FNDC propõe inclusão, na estrutura das empresas de Rádio e TV, de mecanismos que estimulem e permitam o controle público sobre a programação, como conselhos com participação da sociedade, conselhos editorais e serviços de ouvidoria.”
Explico: eles querem que as estruturas de empresas privadas incluam um mecanismo de censura para que eles controlem e usem como bem entender estes mecanismos em benefício da “sociedade”. Eles também sugerem regulamentação dos artigos 21, 220, 221, 222 e 223 da Constituição Federal.
Veja bem, caros leitores, as rádios e TVs brasileiras trabalham com concessões públicas. Ou seja, como as transmissões de rádio e TVs trafegam pelo ar, no chamado espectro eletromagnético, torna-se um bem público. As empresas que recebem estas concessões e que investem na transmissão da programação abriram espaços, devido o crescimento das igrejas e pelo interesse público, para as igrejas transmitirem seus cultos e programas, mas o órgão não concorda, acha um absurdo às igrejas poderem transmitir seus cultos.
Qual o problema? Não sei! Justamente entidades como o CFP, que, diga-se de passagem, tem uma sanha contra os cristãos e que tem seu dinheiro garantido em razão das taxas obrigatórias cobradas nas regulamentações e atividades sindicalizadas no Brasil, resolve que se deve criar censura contra as igrejas, não só as evangélicas, mas também as católicas.
Tendo a achar que existe um interesse obscuro por trás deste arrepio do grupo em fazer uma lei que censure os sistemas de comunicação. Eles são exemplo – sem tirar nem por – de militância sindical e partidária. Sim, pois em março o PT já havia mostrado interesse em aprovar os projetos do FNDC.
Segundo Roseli o problema não são os cristãos, mas a exclusão das cerca de 140 religiões brasileiras entre aquelas que têm programas de TV. Não sei o que as impede, talvez queiram que o Estado banque suas programações. Isso sim seria inconstitucionalidade!
Não podemos deixar que apenas o poder econômico defina como vai ser ocupado um espaço que é seu, meu, dele, é público”, disse a especialista.
Para começo de conversa, é importante ressaltar que todas as religiões são de interesse do povo, sendo assim não existe inconstitucionalidade na presença de cristãos, católicos, espiritas, ou quem quer que possam, nas televisões e rádios brasileiras. Já disse, mas repito: as igrejas não são beneficiadas pelo Estado, mas seus fiéis contribuem para que exista a possibilidade de termos nossas programações transmitidas no país.
Mas não me deixo enganar, o que o grupinho quer é se impor, controlar a cultura e estabelecer padrões junto a sociedade. Falar de igualdade e ao mesmo tempo promover a intolerância religiosa? Pensam que enganam a quem? Leia o que comentou o “representantes das religiões”, o babalaô Ivanir do Santos, depois sigo para a conclusão:
“A intolerância ocorre pela ausência ou pela negação [da cultura de matriz africana]. Tem uma emissora que não fala da gente nem amarrado, nem quando fazemos grandes manifestações. Outras dão espaço para que nos ataquem”, declarou.
Ou seja, o problema não está na presença das igrejas evangélicas e católicas nas transmissões de rádio e TV, mas na ausência das religiões de origem africanas.
O responsável pela audiência, o procurador da República Sergio Suiama ainda fala algo que preste: lembra que há uma legislação que limita em 25% de faixa destinada legalmente à publicidade, onde entram os programas religiosos.
Ainda assim, ele afirma que os alugueis ultrapassam esta faixa e diz que as emissoras tem vendido tapete e religião – o que quer que isso signifique, ele também pretende “assegurar a pluralidade”.
“Essas emissoras, em seus quadros, não refletem a diversidade brasileira, em relação a representantes de mulheres e negros, tampouco têm ombudsman. Tratar isso é mais difícil que tratar as ofensas às religiões afro-brasileiras, por exemplo, em programas evangélicos de emissoras”, acrescentou.
Ora, caro Sergio, que tome partido por quem quiser, mas afirmar que as igrejas usam suas transmissões para ofender religiões de matriz africana é no mínimo um argumento pretencioso. Agora me responda: a participação das diversas religiões em novelas, programas de entrevistas, auditório, etc, com exceção dos evangélicos não te perturbava?
Quanta hipocrisia! Não existe, de fato, isenção absoluta, mas querer que as igrejas evangélicas preguem as doutrinas de matriz africana? Talvez o contraditório seja o verdadeiro problema na questão. Mas se não existe demonstração de contraditório no debate a intenção é unicamente a da ditadura de opinião.
Poucas coisas são tão detestáveis quanto à ditadura de opinião. No caso em questão, o discurso é ainda mais agressivo: exige a suspensão da exibição de missas católicas e programas evangélicos.
“O Artigo 19 da Constituição proíbe qualquer favorecimento a uma religião, em detrimento das outras, e consagra o princípio do Estado laico. Então, há uma irregularidade na veiculação de uma missa católica e um culto evangélico na TV Brasil”, disse Sergio Suiama que recomendou a emissora a suspensão imediata dos programas “Reencontro”, da Igreja Batista, exibido aos sábados e do programa “Santa Missa”, exibido aos domingos pela TV Brasil.
*Michael Caceres é conferencista, palestrante, escritor, contemplador, aprendiz e examinador de questões teológicas.
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