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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Por que devemos ser gratos a Deus?

17.12.2014
Do portal GOSPEL PRIME
Por Alessandro Brito

Por que devemos ser gratos a Deus?
Você conhece alguém que sempre reconhece o bem oferecido ou a ajuda concedida? Se sim, então você conhece uma pessoa grata, pois a gratidão é o ato de reconhecer um beneficio recebido sem nada dar em troca.
Existe, por outro lado, pessoas ingratas, que chegam ao ponto de serem contrarias a comemoração até de aniversários. Dizem que a celebração do aniversário é uma especie de contagem regressiva. Como ser grato pela morte que se aproxima?
Charles Plumb era uma pessoal assim. Piloto de um bombardeiro na guerra do Vietnã teve seu avião derrubado por um míssil. Depois de saltar de paraquedas, foi capturado pelo inimigo, passando seis anos numa prisão sem motivo para celebrar a vida. Solto, retornou aos Estados Unidos, e passou a dar palestras relatando sua odisseia, mas continuava ingrato com a vida.
Certo dia, num restaurante, foi saudado por um homem: “Olá, você é Charles Plumb? Era piloto no Vietnã e foi derrubado, não é mesmo? Eu quem dobrava o seu paraquedas. Parece que funcionou bem, não é verdade?”. Plumb quase se afogou de surpresa e com muita gratidão respondeu: “Claro que funcionou, caso contrário eu não estaria aqui hoje. Muito obrigado!”.
Ao ficar sozinho naquela noite, Plumb não conseguia dormir, lembrando-se de quantas vezes havia passado por aquele homem no porta-aviões e nunca lhe disse nem um “bom dia”. Nunca agradeceu aquele que tinha em suas mãos a sua própria vida. Depois disso, Plumb passou a iniciar suas palestras perguntando à sua plateia: “Quem dobrou seu paraquedas?”.
O piloto entendeu que não podemos ser contrários a celebração da vida ou mesmo de aniversários, pois celebrar a vida é olhar para trás em gratidão e para frente com fé. Mas quais são os motivos que nos levam a olhar para frente com fé e para trás em gratidão? Os motivos se encontram na passagem de Lucas 17.11-19 que nos relata a cura de dez leprosos.
Deus atende aquele que clama (Vs. 11-13)
No texto de Lucas 9.22 Jesus anuncia a seus discípulos que morreria e ressuscitaria após três dias. No verso 44 ele volta a falar sobre sua morte a seus discípulos e já no verso 51 inicia uma longa jornada até Jerusalém. O texto de Lucas 17.11 nos diz que Jesus continuava a sua viagem até Jerusalém, local onde cumpriria a sua missão, ou seja morte na cruz (Lucas 20.46). Pelo meio do caminho, entre Samaria e Galiléia, Jesus entra em uma aldeia cujo o nome não é mencionado. Talvez porque o que realmente importa aqui são os moradores desta aldeia. Mas quem são estes moradores?
Tudo indica que era um grupo de pessoas que possuíam uma doença de pele conhecida hoje por hanseníase. Essas pessoas viviam em uma espécie de comunidade, pois segundo a lei[1] eram considerados impuros e assim deveriam ficar separadas da população em geral.[2]
A alimentação era regrada, a condições de higiene precárias, e a aparição de doenças e até depressão era algo presente nestes locais.
Davis, um comentarista, diz que: “O leproso não podia manter relações com as pessoas sãs…e devia gritar de longe: ‘imundo, sujo’, sempre que alguém se aproximava…”.[3] Este era um alerta ao desavisados que não podiam se aproximar da aldeia. Todo esse sofrimento e a humilhação constante alimentava somente a esperança de receber uma única visita, a da morte.[4]
Algo, porém, me chama atenção, pois no verso 13, os leprosos gritaram: “Jesus, Mestre, tem piedade de nós!” ao invés de gritar: “imundo, sujo”. Diferente do que era comumente realizado, os leprosos pediram por piedade, ou seja, por ajuda. Alguns dirão que eles quebraram os “protocolos” por estarem carentes ou desesperados por alimento. Mas não concordo, porque antes de pedirem por auxilio disseram: “Mestre”.
Isto deixa claro que reconheceram Jesus. Provavelmente já tinham ouvido falar sobre a sua grande compaixão pelos necessitados, por aqueles que sofrem e pelo enfermos. Sabiam que Jesus tinha poder para curar. Assim, se antes os leprosos depositavam a esperança na morte, para alivio da dor e sofrimento, agora tinha em Jesus a esperança.
Você está vivendo um momento difícil em sua vida? Está enfrentando problemas financeiros, familiares ou até mesmo de saúde como enfrentavam os leprosos? É a morte a sua esperança hoje? Se sua resposta foi sim, clame a Deus, pois ele atende aquele que o clama com humildade. A dor, vazio interior, doenças ou qualquer outro tipo de sofrimento faz com que deixemos de lado todo orgulho e soberba para clamarmos por ajuda a Deus. Reconheço a minha necessidade e já clamei por ajuda, mas ainda não fui auxiliado. Por que? Porque Deus atende aquele que obedece.
Deus atende aquele que obedece (Vs. 14-16)
Era procedimento normal, depois da cura de um leproso, a sua apresentação aos sacerdotes como observamos em Levítico 14.2-3: “Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote, E o sacerdote sairá fora do arraial, e o examinará…”. Porem estes homens foram ordenados da seguinte forma por Jesus: “Vão mostrar-se aos sacerdotes” e só foram curados no caminho. Não deveriam aguardar a cura antes de procurarem os sacerdotes? Será que eles não conheciam eles a lei?
Claro que conheciam a lei, os leprosos eram verdadeiros especialistas no assunto. Por que então se dirigiram ao encontro dos sacerdotes antes da cura? Simples, já tinham ouvido falar das curas realizadas por Jesus e sabiam que seriam atendidos, bastava obedecer. A questão é que um deles não obedece, e assim volta para a aldeia. No verso 16, Lucas diz que ele era um samaritano.
A fama que existia na época era a de que os samaritanos era considerados impuros, por não obedecerem a Deus como os judeus.[5] Nos parece que é verdade, pois os outros nove, provavelmente judeus, seguiram até o sacerdote a fim de obedecer a lei. Mas no verso seguintes observamos claramente que Jesus não o repreendeu, pelo contrário, perguntou porque os outros não fizeram o mesmo.
O samaritano não era judeu, mas diferente dos outros leprosos voltou para agradecer, não por ser desobediente. Ele deixou para ver os sacerdotes um pouco mais tarde, pois deveria cumprir o grande mandamento: “Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças” (Dt 6.5).
Sabemos que muitos judeus obedeciam a lei, mas de forma exterior, pois não entendiam que a lei foi criada para o homem e não o homem para a lei. Os judeus eram como aquela criança que come espinafre porque querem ser obediente aos seus pais, mas que na verdade detesta espinafre. Come resmungado e se queixando e no fim pensa, “fui obediente”.[6]
A obediência dos leprosos foi a chave para a cura, porém, Deus jamais considera as nossas boas ações como obediência, a não ser que isso seja realizada com alegria. A obediência nasce internamente, ou seja, procede do coração.
Muitos clamam no momento de precisão e dor clamam a Deus por ajuda, mas assim que atendidos deixam de obedecer a Deus. Você é obediente a Deus de todo coração? Na desobediência não é certo e nem mesmo didático agradar um filho desobediente. Se presenteamos os nossos filhos quando se comportam de forma incorreta ensinamos paralelamente que aquilo é o certo. Só presenteamos os nossos filhos quando merecem, mas esta obediência deve ser interior e não exterior, ou seja, deve ser espontânea e não religiosa. Existe outro motivo para a minha gratidão a Deus? Sim, pois Deus atende aquele que reconhece o seu filho como salvador.
Deus atende aquele que reconhece o seu filho como salvador (Vs. 17-19)
Observamos anteriormente que todos os leprosos estavam dispostos a implorar por ajuda, mas nem todos estavam dispostos agradecer. Isso não quer dizer que os outros não estivessem gratos pela cura recebida, pelo contrário, aquilo era o que mais queriam que acontecesse. A questão é que mesmo curados da doença de suas peles, ainda não estavam curados da cegueira espiritual.
Certo homem encontrou-se com um amigo, que era um grande e reconhecido poeta, e pediu-lhe: “Olá, meu amigo! Que bom encontrá-lo. Estava pensando justamente em você. Vou vender o meu sítio, que você conhece tão bem. Poderia redigir para mim o anúncio do jornal?”.
O poeta, prontamente, apanhou o papel e escreveu: “Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeiro. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda”. O homem então disse: “Ficou ótimo, meu amigo. Eu sabia que ninguém poderia fazer um anúncio melhor que você. Obrigado!”.
Meses depois, os dois se reencontraram e o poeta perguntou ao homem se já havia conseguido vender o sítio. Ele então respondeu: “Nem pense mais nisso, meu amigo. Quando cheguei em casa e li o anúncio para a minha esposa, descobrimos que somos donos de um pequeno paraíso”.
Este homem só reconheceu que morava em um paraíso depois que seu olhos foram abertos pela poesia.
Assim também aconteceu com o samaritano que ao perceber que estava curado “Prostrou-se aos pés de Jesus”. Esta expressão quer dizer “encurvar-se com rosto em terra” e normalmente é associada à adoração a Deus. A atitude do samaritano expressa mais do que uma demonstração de amor, respeito ou gratidão por alguém, pois só agimos assim diante de Deus.
Amo minha esposa, mas nem por isso me curvo com o rosto no chão para demostrar isso. Tenho respeito pelo meu chefe, mas não me lanço no chão quando estou diante dele. Sou grato por tudo que meus pais fizeram por mim durante toda minha vida, mas nunca me prostrei diante deles.
Hendriksen diz que Jesus realizou perguntas retóricas então por estar: “…profundamente preocupado com o fato de que seu pai celestial não recebeu o louvor que lhe correspondia”.[7] Todos criam em Deus e na possibilidade de uma cura miraculosa, “…pois do contrário, não teriam atendido às instruções de Jesus”.[8]Porem “A fé precisa constar algo mais do que crença no poder de Deus, para operar milagres”.[9] O samaritano reconheceu Jesus como sendo algo maior do que um “mestre”. A sua ação significava reconhecer Jesus como senhor e salvador. Fui justamente por isso que Jesus disse: “Levante-se e vá; a sua fé o salvou”.
Por causa da compaixão de Deus, seu único filho nos foi enviado a este mundo para pagar a nossa dívida. Para nos limpar da lepra chamada pecado. A morte de Jesus Cristo na cruz é o motivo que leva a ser grato, pois não merecíamos este favor de Deus. Por isso devemos ser gratos a Deus, pois Ele nos dá tudo o que precisamos.
Você já reconheceu a sua necessidade de receber o perdão? Já clamou a Deus por salvação? Muitos reconhecem Jesus como Senhor de suas vidas. Reconhecem Jesus como o filho de Deus que veio ao mundo para resgatar os pecadores das mãos de Satanás. Mas esse reconhecimento deve ser mais do que palavras.
Observamos isso claramente em Isaías 29.13: “Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens”. Você tem vivido em gratidão e adoração? Tem demonstrado isso através de sua própria vida?
Conclusão
Devemos ser gratos a Deus, pois Ele nos deu o maior motivo de nossa fé e gratidão. Nada pior do que uma pessoa ingrata. Você talvez conheça alguém assim. Você talvez até seja uma pessoa ingrata. Mas observamos que temos muitos motivos para sermos gratos. Você pode ter entendido quais são os três maiores motivos que alimenta a nossa gratidão a Deus, mas se não reconhecê-los, não passará de uma pessoa ingrata. Para que isso aconteça siga três orientações simples.
Reconheça que esta doente: Muitos acham que não precisam de Deus por terem saúde plena, um família estruturada ou por ter muitos bens materiais. Mas na verdade todos nós somos como leprosos para Deus. Como assim, leprosos? Bem a Bíblia diz que que todos nós somos pecadores e para Deus o pecado é como uma doença que contamina todo a alma do individuo.
Reconheça que precisa de Deus: Os leprosos estavam afastados de todos e de tudo, vivendo como lixos humanos. Isso porque o leproso era considerado como morto. O homem anda afastado de Deus por conta do pecado vivendo uma vida pobre e miserável. Para Deus o pecador pode até estar vivo fisicamente, mas morto espiritualmente.
Reconheça que Jesus é a única ajuda: Somente o humilde pede por ajuda. Os leprosos clamaram por compaixão, pois tinham a plena noção de que precisavam de ajuda. Você já pediu a ajuda de Deus ou ainda acha que não precisa de auxilio? Tiago 4.10 nos dá a seguinte certeza sobre a humildade: “Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará”.
Notas
[1] Levítico 13.14
[2] “A lepra se tornou um tipo de pecado, asqueroso, propagador e incurável” Ver em: CHAMPLIN, R.N., O Novo Testamento Interpretado: Lucas & João. São Paulo, SP: Hagnos, 2002. p. 167
[3] DAVIS, John D., Dicionário da Bíblia. Rio de Janeiro, RJ: JUERP, 1980, p.358
[4] “A morte era a visitante e libertadora mais constante, pois ali havia doenças que seguiam seus cursos fatais”Ver em: CHAMPLIN, R.N., O Antigo Testamento Interpretado: Gênesis, Êxodo, Levíticos & Números. São Paulo, SP: Hagnos, 2002. p. 524
[5] Quando o Reino do Norte foi derrotado de vez pelos assírios, em 721 a.C., vários judeus foram levados ao exílio e vários estrangeiros trazidos a Samaria (2 Reis 17.24). Consequentemente estes estrangeiros se casaram com os israelitas dando origem aos samaritanos. Esta mistura ia além do âmbito físico, pois religiosamente estes samaritanos possuíam características semelhantes, mas não as mesmas dos judeus. Um bom exemplo disso era o templo que possuíam que não se situava em Jerusalém, pois o Monte Gerizim era para eles o verdadeiro local de adoração e não Jerusalém.
[6] Ryle diz que: “… quando somos obedientes, obtemos auxílio… Sempre faremos bem em obedecer, como dóceis crianças, ao preceitos de Cristo” diz Ryle em seu comentário. Ver em: Ibid, p. 260
[7] HENDRIKSEN, Willian. Comentário do Novo Testamento: Lucas. São Paulo. Editora Cultura Cristã, 2001, p.356
[8] BROADMAN – Comentário Bíblico Broadman: Lucas, Volume 10. Rio de Janeiro: JUERP, 1987, p.166
[9]Ibid, p. 166
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Fonte:http://artigos.gospelprime.com.br/devo-ser-grato-deus/

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Nossa necessidade mais profunda, nossa maior recompensa

13.12.2013
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Gary Henry

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).

Deus recompensa aqueles que o procuram diligentemente. Para chegarmos a Deus, devemos acreditar nesta grande verdade. Agindo confiantemente na fé e procurando-o com paixão, encontraremos o Deus que fomos criados para apreciar. Ele nos prometeu que não só lhe alcancaríamos, mas que nele encontraríamos tudo o que os nossos corações verdadeiramente desejam. Nas horas de conforto, como também nas horas de dor, devemos sempre buscar a Deus. Devemos procurá-lo com diligência e determinação, e também com amor, confiando que no fim de nossa busca ele mesmo, e somente ele, será a nossa recompensa.

Duas coisas são necessárias. Devemos observar que a nossa mais profunda necessidade é de Deus e devemos então procurar suprir essa necessidade somente em Deus. A primeira delas é talvez a mais difícil de se fazer. Superficialmente, parece que desejamos tantas coisas mais visíveis e mais imediatas que é difícil enxergar como precisamos de Deus. Maior do que todos os nossos desejos, este é o principal: nosso anseio por Deus. Desejamos Deus porque fomos criados para ele; quando reconhecermos honesta e humildemente a importância dessa necessidade, então estaremos prontos a buscar a Deus. Precisamos nos devotar com todo o coração à procura dele, sendo a nossa esperança maior a de entrar em sua presença e gozar de sua comunhão.

Tendemos a não procurar por Deus quando nossas vidas estão confortáveis. Se nossas necessidades temporais estão sendo supridas, imaginamos que podemos cuidar de nós mesmos e acabamos nos esquecendo de Deus. Por este motivo, ele deixa cada um de nós sofrer alguma privação. As necessidades que não são supridas podem ser diferentes para cada pessoa, mas cada um de nós tem o seu coração partido de alguma maneira. Seremos ensinados a permanecer sem algumas das coisas das quais necessitamos profundamente, para aprendermos que fomos criados para apreciar algo que não está totalmente disponível neste mundo. Somente Deus pode satisfazer inteiramente a nossa fome e sede, e sempre nos levar em direção à satisfação nele. Deus está nos ensinando que, se temos corações para aprender, ele é a única coisa sem a qual não podemos viver.

Acima de tudo, estou convencido da necessidade irrevogável e sem fuga, de cada coração humano, por Deus.

Não importa como tentamos escapar, ou nos perder em buscas agitadas, não podemos nos separar da nossa origem divina.

Não há substituto para Deus. (A.J. Cronin)
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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

De misericórdia em misericórdia

23.10.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO

“A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração”. (Lc 1.50)

A vida cristã é uma experiência de pura misericórdia. Misericórdia que podemos alargar a sua compreensão quase que exponencialmente. Não se trata apenas daquela bênção de Deus em lidar com os nossos pecados, com os sofrimentos que deles decorrem, de tratar com brandura a nossa rebeldia e derramar perdão sobre as nossas vidas. Misericórdia tem a ver com todos os recursos dados por Deus para fazermos a travessia desta vida em meio às muitas contradições, paradoxos e contingências de nossa experiência humana que escapam por completo de nosso controle. Gostaria de apresentar nesta pastoral pelo menos quatro grandes aspectos da presença da misericórdia em nossas vidas que podemos e devemos desfrutar e repousar confiantemente nela.

1. Ansiedade e medo do futuro. A misericórdia de Deus nos ensina que as necessidades de hoje serão supridas com as respostas para hoje. Que devemos ocupar-nos com um dia de cada vez: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal" (Mt 6.36). Misericórdia aqui significa que podemos contar com o auxílio de Deus assim como os israelitas contaram com o maná no deserto para sua porção diária de suprimentos numa terra inóspita: Lv 19.6; Dt 8.16.

2. Medo de sucumbir às provações. Aprendemos da misericórdia do Senhor que Ele mesmo não tenta, não induz a nossa ruína: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: ‘Estou sendo tentado por Deus’. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tg 1.13), mas Deus nos prova e permite a provação, a citação de Deuteronômio acima fala disso: “para humilhá-los e prová-los, a fim de que tudo fosse bem com vocês” (Dt 8.16). Contudo, a misericórdia diz que o mesmo Deus que prova ou permite a provação, providencia a força para a suportarmos e o livramento dela: “Não sobreveio a vocês provação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam provados além do que podem suportar. Mas, quando forem provados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar” (1Co 10.13).

3. Tempos de necessidades espirituais. A misericórdia nos ensina que em tempos de sequidão da alma, frieza espiritual ou de qualquer outra necessidade, ela estará sempre à disposição para suprir nossas carências com a Graça: “Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4.16).

4. Há misericórdia suficiente e para sempre. Esta é uma notícia maravilhosa. A misericórdia de hoje é para os fardos de hoje, para as tentações de hoje, para as necessidades espirituais de hoje. Todavia, elas não se esgotam. Quanto mais nos recorremos a ela, quanto mais dela confessamos ter necessidade, quanto mais nela depositamos a nossa confiança, tanto mais ela abunda sobre as nossas vidas. E mais, colecionar misericórdias, tê-las todas na memória agradecida do coração é grande fonte de paz e consolação: “Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança” (Lm 3.21). Esta sentença foi proferida por um homem que conheceu abundância de tormentos, decepções e tristezas: o profeta Jeremias. Contudo, ele não se deixou consumir por suas tristezas e aflições. Antes, trazia na memória as misericórdias do passado, se fiava nelas, cria inarredavelmente que Deus não muda, não sofre variações, é imutável em seu amor, logo, suas misericórdias também não mudam, não diminuem, não desaparecem, eis o que ele nos ensina: “Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se a cada manhã” (Lm 3.22,23). Misericórdia nova para um novo dia. Misericórdia adequada para cada circunstância. Misericórdia em tempo, sem demora, para cada estação da vida.

Quero convidá-lo a tornar-se conscientemente um dependente visceral da misericórdia de Deus. Busque-a, deseje-a, conte com ela e também use em suas relações, afinal de contas o Senhor Jesus a requer também de nós: “Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores" (Mt 9.13).

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Por amor (Rubem Amorese) 


*Luiz Fernando Dos Santos. É pastor-mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira (SP)

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