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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Eta Linnemann – Um testemunho da graça de Deus

25.07.2016
Do blog POR UMA NOVA REFORMA,15.07.2013
Postado por Fernando Paiva

Se pensássemos em termos de lógica humana, a teóloga alemã Eta Linnemann (1926 – 2009) jamais se tornaria uma crente autêntica, tampouco uma defensora da inerrância bíblica. Nascida e criada no seio da Igreja Luterana da Alemanha, durante a infância frequentava uma pequena comunidade, precariamente atendida por jovens pastores iniciantes, e na adolescência teve aulas de confirmação com um ministro o qual, segundo a própria Eta, “não era nascido de novo”. Ao final da Segunda Guerra Mundial, profundamente insatisfeita com a frieza na igreja da qual era membro, a jovem Eta Linnemann teve seu primeiro contato com um pastor verdadeiramente crente, que lhe falou sobre conversão. Aquele ensino a despertou para o Evangelho, levando-a a ler a Bíblia diariamente, e logo sentiu desejo de estudar Teologia. Com isso, matriculou-se na Universidade de Marburg, onde vivenciou experiências que afetariam radicalmente a sua vida.
 
Marburg significava Rudolf Bultmann”, conforme ela mais tarde sintetizou. O pensamento de Bultmann, famoso teólogo da neo-ortodoxia (na verdade, neoliberalismo) que rompera com Karl Barth, imperava naquela Universidade, como em muitas na Alemanha. Ou, em outros termos, ali reinava o método histórico-crítico de interpretação bíblica, e naquele ambiente Eta Linnemann teve sua formação teológica, sendo aluna dos mais renomados teólogos adeptos desta corrente interpretativa, notavelmente liberal. Um momento marcante para a jovem aluna foi a aula em que o próprio Rudolf Bultmann, comentando 1Coríntios 15:3-4 (“que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”), afirmou: “aqui, Paulo não está no normal de sua teologia, porque está falando da ressurreição de Jesus Cristo como se fosse um fato histórico”. Com tais palavras, o mestre procurava retirar do coração de Eta e demais alunos a crença na ressurreição do Senhor Jesus! Nos anos seguintes, os teólogos de Marburg, incluindo Bultmann, desconstituíram o ensino sobre vários outros pontos cruciais das Escrituras, afirmando claramente que diversas passagens eram mitos, ou adições indevidas de homens motivados por questões particulares de sua época e circunstância histórica. O lema era “ler a Bíblia como se Deus não existisse”!
 
Eta Linnemann foi aluna brilhante, concluindo seu doutorado sob a orientação de Rudolf Bultmann, tendo como tema uma crítica no Evangelho de Marcos, e em seguida tornou-se professora de Teologia, vindo a ser admitida na seleta Sociedade para Estudos do Novo Testamento, organização composta por destacados teólogos de orientação liberal. Porém, diante de um aparente sucesso, a teóloga Eta vivia em crescente frustração, convencida de que todo o seu estudo não a conduzira ao Senhor, nem sequer tinha utilidade na pregação do Evangelho. Então, ainda em Marburg, orientando alunos nas dissertações de conclusão de curso, teve o coração novamente aquecido ao ler a tese de um aluno que relatava milagres recentes acontecidos em igrejas na África. Como foi estarrecedora aquela notícia, para uma mulher que já não acreditava em milagres!
 
Alguns meses depois, ministrando em uma turma na qual alguns realmente demonstravam evidências de conversão, a professora Eta foi surpreendida com a notícia de que um pequeno grupo de alunos começara a orar por ela. Pouco depois, diante de insistentes convites de alunos para que participasse de reuniões de oração, Eta Linnemann compareceu a um desses encontros, onde percebeu um claro mover de Deus, que ela reconheceu como sendo a realidade da justificação pela fé em Cristo. Ela continuou frequentando reuniões como aquela, cada vez mais tocada pela mensagem da graça de Deus, até que, numa delas, diante do apelo feito pelo ministrante, para que, se alguém desejasse entregar a vida a Jesus, erguesse a mão, Eta percebendo a voz do Senhor, converteu-se ali mesmo. E, sinceramente arrependida de toda a sua experiência como teóloga bultmanniana adepta do método histórico-crítico, uma Eta Linnemann já convertida e totalmente transformada passou a frequentar a Escola Bíblica Dominical de uma igreja cristã, como aluna, com outros crentes de dezesseis a setenta anos de idade, disposta a aprender as verdades fundamentais do Evangelho!
 
Eta Linnemann foi expulsa da Sociedade para Estudos do Novo Testamento, o grupo de intelectuais de cunho liberal da Alemanha. Mas não deixou de ser professora universitária de Teologia. Desde sua conversão, a teóloga Eta, crente em Cristo Jesus, passou a defender a veracidade, confiabilidade e inerrância das Escrituras, tendo como um de seus alunos de doutorado o Rev. Augustus Nicodemus Lopes, pastor, professor e teólogo brasileiro igualmente defensor da supremacia bíblica. Além disso, Eta Linnemann escreveu livros nos quais reafirma a inerrância da Bíblia e contesta o método histórico-crítico. Duas de suas obras foram lançadas em português pela Editora Cultura Cristã: “A crítica bíblica em julgamento” e “Crítica histórica da Bíblia”.
 
A história de Eta Linnemann é um poderoso testemunho da graça de Deus e do poder do Evangelho para a salvação de pecadores. Desde a infância, frequentando uma denominação fria, burocrática, onde se vivia um cristianismo meramente formal, passando por uma escola de Teologia que, sem exagero, poderia ser descrita como um cemitério da fé cristã, esta mulher de Deus trilhou caminhos errantes, mesmo em um meio teoricamente cristão. Foi tentada em seu ego, o que é uma das mais formas de tentação mais perigosas e difíceis de se resistir. Tudo indicava que seria mais uma famosa e arrogante teóloga liberal, cercada por admiradores, aplaudida entre os intelectuais alemães e destinada à condenação eterna. Mas, pela sublime bondade do Senhor, tornou-se crente e fervorosa defensora da Palavra de Deus. Glórias sejam dadas ao Todo-Poderoso, que nos surpreende com Sua maravilhosa graça!
 
“Testemunho de Eta Linnemann”.
disponível em: http://mcapologetico.blogspot.com.br/2010/08/testemunho-de-eta-linnemann.html. 

“Augustus Nicodemus - O dilema do método histórico-crítico”. 
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Fonte:http://novomanifestoreformado.blogspot.com.br/2013/07/eta-linnemann-um-testemunho-da-graca-de.html

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

DERVAL DASÍLIO: Oração e aflição

16.10.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO
Por Derval Dasílio*

As imagens que refletem a vida interior funcionam como uma corrente de lava incandescente, fugindo da concepção do mundo do nosso tempo. O fluxo líquido e incandescente terminou por cristalizar-se, engendrando a pedra a ser lapidada, ou seja, a observação do inconsciente, como diria Carl G. Jung. Memórias ancestrais estão engavetadas no inconsciente profundo. A compreensão da oração seria cega, se não levasse em conta as pulsões interiores que nos comandam: indignação, conflitos, revolta, inconformismo, medo do desconhecido, raiva, ódio, impotência , para nos enganar e desorientar.

“Toda oração começa com uma aflição” (Karl Barth). E também uma disposição de topar com percepções profundas e empolgantes, retendo-se muitas vezes, com assombro, em descobertas sobre a interioridade profunda. Vivemos à beira de abismos. A oração ensina sobre a necessidade de estar pronto para ouvir a voz de Deus, e não as vozes interiores de nossa alma. Somente com a oração nos aproximamos da obra de Deus em favor de nossa humanidade desnorteada e combalida. Cada um de nós, se nos aproximamos do empenho de Deus em salvar, percebe que uma primeira coisa é necessária: precisamos que Deus nos salve de nós mesmos.

Porque somos escravos da razão, e isso nos condena a caminhar entre dificuldades aparentemente insuperáveis, ou a continuamente escalar montanhas sucessivas. Quando chegamos ao pico de uma, adiante veremos outra para ser escalada. Quando chegamos ao pico da outra, à frente haverá mais outra. Uma montanha mais alta sempre nos chamará e nos convidará a chegar ao cume. “Pois é assim que vivemos, escalando montanhas e sempre procurando subir aos montes mais elevados” (Larrañaga). Somos condenados à aflição, transtornos e inquietude permanentes, porque oramos em favor de nós mesmos, e nunca conseguimos satisfazer anseios mais profundos sem Deus.

Destinados a caminhar por toda a vida, “porque a cada caminho percorrido surge outro para percorrer” (Agostinho), não podemos parar, nem nos abster, porque um imperativo categórico empurra sempre para a frente, não nos deixando em paz, empurrando-nos para uma odisseia que não vai acabar nunca. Enquanto não há um ato libertador, o Espírito é um vento bravo que não cessa, na direção de uma "terra prometida" que parece nunca chegar. Um ser humano é um arco retesado com a flecha apontando para estrelas inatingíveis.

O desconhecido seduz, por isso o ser humano rompe barreiras e irrompe em regiões ignotas. Gosta de decifrar enigmas, e de preencher espaços vazios, sem saber porque. Sempre atormentado, vive na inquietude, nunca se acalma. Forças incompreensíveis o arrastam para o infinito, enquanto busca o absoluto, completo, acabado em definitivo. Por isso, pensa sobre si mesmo, e sobre as razões de sua existência, sempre procurando respostas para as perguntas de um questionário que nunca chega ao fim. É preciso orar, e descansar na espera de Deus.
*Derval Dasilio. É pastor da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor do livro “O Dragão que Habita em Nós” (2010).

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/oracao-e-aflicao