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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fé que conduz à ação – Implicações da Doutrina da Justificação para nossa ação

27.12.2013
Do portal NAPEC- APOLOGIA CRISTÃ
Carlos A. Sintado inicia seu artigo sobre Ecologia Social com uma citação de Quintus Septimius Florens Tertullian “O que Atenas tem haver com Jerusalém (…) o que a academia tem haver com a Igreja?”.[2] Nossa pesquisa tem por objetivo buscar na Bíblia e na teologia evangélica luterana impulsos para uma prática eclesial e social que contribua para a manutenção da vida no planeta com a dignidade e o respeito que lhe são devidos.
As duas grandes tentações para as Igrejas cristãs em assuntos como política, economia e direito são o quietismo e o ativismo. O quietismo nega que a pessoa cristã tenha alguma responsabilidade em se envolver no debate que é chamado por alguns de “secular”. Esta tendência a separar a moral religiosa da moral pública, como se uma não tivesse algo a contribuir para a outra é uma herança do Iluminismo.[3] Já o ativismo representa uma solução de compromisso extremo que tem a tendência de equiparar as conquistas sociais à salvação eterna. O quietismo percebe a fé como algo que só tem a contribuir no âmbito da vida interna (espiritual). O ativismo percebe o comprometimento social como a razão última da sua fé.
Em Jesus Cristo, Deus nos justifica sem mérito ou obras nossas somente pela sua graça mediante a fé. A pessoa, tendo sido resgatada da sua justiça própria pela graça mediante a fé, é transportada para uma relação completamente nova com Deus, consigo mesma, e com o seu próximo. Por isto a justificação leva a pessoa cristã à obediência e consequentemente à ação concreta no mundo, pois a pessoa cristã não vive para mais si mesma (2Co 5.17, cf. tb. Confissão de Augsburgo, art. 4).
A fé em Jesus Cristo se expressa como discipulado, o seguimento ao Senhor que chama para um compromisso com seu amor. O discipulado exige a fé e a obediência, ao mesmo tempo em que a fé e a obediência são graça que levam ao discipulado.[4]
Nossas obras, como pessoas cristãs, não são tentativas de agradar a Deus para que com isto Ele se agrade de nós e por consequência nos conceda salvação (Confissão de Augsburgo, art. 6). Nossas obras são resultado da nova vida concedida por Cristo a nós gratuitamente (Ef 2.10). Temos plena liberdade para agir em favor do próximo, pois somos servos obedientes e em tudo sujeitos a Cristo.[5]
Assim como a fé é despertada pela promissio do Evangelho, da mesma forma a Igreja é criatura do evangelho.[6] Fé em Cristo cria comunidade, cria a comunhão daqueles que professam a fé no mesmo Deus Triuno, pois a essência do Deus Trindade é a comunhão das três pessoas. Na comunhão, o discipulado (seguimento) é alimentado, e evoca o testemunho concreto do amor ao próximo, não como lei (obrigação), mas como nova obediência motivada somente por gratidão a Deus pela graça nos concedida em Cristo (Confissão de Augsburgo, art. 5).
Um exemplo concreto encontra-se em Atos dos Apóstolos. A comunidade de Jerusalém reunia-se para celebrar sua fé em Cristo, para alimentar os laços de irmandade, com o objetivo de ser uma comunhão que vive na perspectiva da iminente volta de Cristo. Nesta esperança esta comunhão (comunidade) modifica as realidades onde se encontra e por este motivo também acaba por contar com apoio popular (At 2). A comunhão local em torno das dádivas de Deus (Pão e Vinho, Palavra, Oração) é fermento para ação coletiva e individual, porém também é chamada a lembrar-se que é juntamente com outras comunhões locais ao redor do globo o corpo universal de Cristo, e com isto chamada a um comprometimento maior com uma causa que é global, pois Jesus Cristo é Senhor sobre todo o cosmos. As Igrejas não devem estar sozinhas, mas lançar mão do diálogo para buscar consensos éticos amparados nas Escrituras que motivem a uma ação coletiva cristã no mundo.
Da mesma forma como a teologia latino-americana sempre buscou o diálogo com as ciências sociais, neste artigo continuamos nesta tradição dialogal, pois não há uma contradição inerente entre fé e a ciência. Lutero compreendia a razão como tendo “algo de divino em si”. É uma capacidade para gerenciar conhecimento humano. A razão produz ciência, e isto é fruto da graça criadora de Deus, que fez também a razão como imagem e semelhança do Criador.[7] Desta forma, o diálogo com as ciências sociais, em especial com a economia, poderá trazer bons frutos para nossa reflexão como Igreja. Não cabe a teologia se colocar arrogantemente acima das ciências como a verdade última. As propostas das ciências econômicas, do direito (especialmente na área de direitos humanos) e da filosofia serão refletidas em debate com os pressupostos teológicos aqui expostos. Nossa teologia quer em humildade, conhecendo suas limitações impostas pela razão, dialogar criticamente com as ciências, questionando seus compromissos com a vida e com o direito. Por sua vez as ciências nos questionarão até que ponto nosso compromisso com o discipulado de Cristo está sendo levado a sério na prática.[8] Nenhum saber, nem mesmo o teológico, poderá arrogantemente colocar-se como juíza absoluta de normas e valores, uma vez que sistemas políticos e econômicos são frutos de uma construção social permeada pelo pecado, ainda que na tentativa de sermos justos com todas as pessoas.
[1] Parte de um artigo publicado sob o título Igreja e Globalização: Perspectivas teológicas para a ação da Igreja no mundo globalizado in Azusa – Revista de Estudos Pentecostais, vol. 3, n.1, 2012. Disponível online:http://www.ceeduc.edu.br/pdf/6_revista_fevereiro_2012_alexander_de_bona.pdf
[2] SINTADO, C. A. (2011). “Social Ecology: A Hermeutical Framework for Reading Biblical Texts? A Latin American Perspective” In The Ecumenical Review  63.1. Genebra, WCC Publication.
[3] Schneewind, J.B. (2001). A invenção da Autonomia. São Leopoldo, Unisinos.
[4] Bonhoeffer, D. (1984). Discipulado. 2ª Ed. São Leopoldo, Sinodal.
[5] Lutero, M. (1998). Da Liberdade Cristã. 5ª Ed. São Leopoldo, Sinodal.
[6] Cf. Bayer, O. (2007). A Teologia de Martim Lutero. São Leopoldo: Sinodal, p. 31-32; 187.
[7] Lutero, apud Bayer, op cit., p.115.
[8] Westphal, E. R. (2010). “Teologia como fé inteligente: Aspectos Teológico-filosóficos” in Vox Scripturae 18:1. São Bento do Sul, FLT, p. 101-108; cf. também Tödt, H. E. (1988).“Versuch einer ‚Theorie der Urteilsfindung‘“, In: _____.Perspektiventheologischer Ethik. München, Chr. Kaiser,  p. 21-48.
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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Palavras frívolas

17.12.2013
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Jon W. Quinn

“Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (Mateus 12:36-37).

Então, isso não é bom. Quantas palavras frívolas falei durante a minha vida? Dezenas? Centenas? Milhares? Talvez eu falo demais.

Uma “palavra frívola” neste contexto é uma palavra precipitada ou negligentemente falada sem pensar se é ou não agradável ao Senhor. Pode ter sido falada na hora da raiva, da emoção ou da provocação, ou sob pressão ou por ignorância. As Escrituras avisam, “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tiago 1:19-20).

Então, foram muitas palavras assim que saíram das nossas bocas durante a vida, e Jesus disse que cada uma será considerada no julgamento e seremos justificados ou condenados por elas. Mas, o evangelho não é “as boas novas” à toa. É a resposta para nosso dilema. É o que vai nos tirar desta encrenca na qual nós nos metemos.


O acúmulo de caráter


Por que Deus é tão meticuloso sobre cada coisinha que possamos ter murmurado? Provavelmente há muitos motivos, inclusive sua santidade absoluta e justa. Mas também tem o fato de que a cada dia, com cada decisão e cada ação, estamos modelando um caráter. Nós temos livre arbítrio e somos responsáveis pelas decisões que tomamos e, consequentemente, somos responsáveis pelo caráter que desenvolvemos nas nossas decisões. Quantas palavras frívolas precisamos murmurar antes de virar hábito e se tornar uma característica do caráter?

É possível lidar com uma circunstância angustiante com graça e sabedoria, ou lidar mal com ela usando intemperança ou comportamento extremo. E como lidamos com crises grandes muitas vezes depende de como lidamos com as pequenas. O Senhor espera que nós construamos caráteres fortes, e permitir que “palavras frívolas” ou “pequenas falhas” dominem nossos dias não conquista isso.

Uma boa ilustração disso é a maneira que Saul e Davi lidaram com crises. Saul negligentemente desobedeceu os mandamentos do Senhor sobre sacrifícios, e foi por isso que ele perdeu seu reino. A Bíblia diz: “Então, disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor, teu Deus, te ordenou; pois teria, agora, o Senhor confirmado o teu reino sobre Israel para sempre. Já agora não subsistirá o teu reino. O Senhor buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou” (1 Samuel 13:13-14).

Mas Saul evidentemente ainda não fez a ligação entre sua falta de cuidado e a perca do reino. Em vez disso ele culpou Davi, o homem que Deus escolheu para ficar no lugar de Saul, pelos seus problemas. Durante o resto da vida de Saul, ele gastaria muita energia tentando matar Davi, e continuaria a exercer a imprudência em relação a sua vida e suas decisões. No entanto, Davi iria exercer grande cautela nas suas decisões, sabiamente buscando fazê-las com respeito a Deus e à sua vontade. Apesar de Saul estar tentando matar Davi, quando Davi teve a oportunidade de matar Saul ele não o fez porque Deus fez Saul rei. Deus daria o reino a Davi nos seus termos. Davi esperaria. Como Davi disse a Saul, “Os teus próprios olhos viram, hoje, que o Senhor te pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que eu te matasse; porém a minha mão te poupou; porque disse: Não estenderei a mão contra o meu senhor, pois é o ungido de Deus” (1 Samuel 24:10).
O contraste entre a imprudência de Saul e o muito respeito de Davi pela vontade de Deus é bem nítido. Era verdade naquela época, e é verdade hoje, que o julgamento consistirá de colher o que semeamos: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gálatas 6:7-8). Não seja frívolo na maneira que lida com a palavra de Deus!

Tudo não está perdido

Então, o que faremos? Tem momentos estranhos nas nossas vidas que não contamos a ninguém nos quais murmuramos uma palavra frívola que não deveríamos ter falado ou fizemos uma “coisinha” que não estava completamente correta. No julgamento, ouvirei citado todas essas coisas que fiz, a maioria das quais provavelmente já esqueci há muito tempo? Serei responsável por cada uma, e condenado por elas?

Sim. Ou não.Depende.

“Sim” se eu tiver que enfrentar as consequências das escolhas e decisões que fiz conforme desenvolvi um caráter sujeito a imprudência a respeito de Deus e da sua vontade, não colocando a obediência a ele como uma prioridade na minha vida. O resultado destas coisas é a morte espiritual eterna: “Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte” (Romanos 6:21).

Mas talvez você esteja mais interessado no lado “não” da questão. Podemos evitar o resultado desastroso e eterno destas coisas. Há uma maneira de evitar dar conta de toda e qualquer palavra frívola que já murmuramos. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23). O sexto capítulo de Romanos é sobre isso. É sobre superar o pecado. É sobre ser enterrado com Cristo quando somos batizados na sua morte. É sobre subir do batismo para andar na novidade da vida. É sobre morrer para o pecado e viver na justiça. É sobre obedecer a Deus de coração.

Nossos pecados, inclusive “toda palavra frívola”, são levados por Cristo. São lavados (Atos 22:16) e perdoados (Atos 2:38). É pela fé obediente em Cristo e no seu sacrifício na cruz que recebemos esta esperança.“...pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3:23-26). Ou, como Davi diria, e como o Novo Testamento cita: “Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado” (Romanos 4:7-8).
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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Justificados pela Religião

29.11.2013
Do blog GOSPEL HOME BLOG, 10.06.13
Por Dani Marques, via Genizah


Vez ou outra sinto um desejo incontrolável de escrever. O tema surge como um estalo! Ao observar uma criança no parque, através da fala de um estranho no mercado, ouvindo uma mensagem na internet, uma notícia no jornal, durante uma oração ou leitura bíblica. Dessa vez foi diferente. Aconteceu durante a madrugada. Fui acordada de um sono profundo com a imagem de um pedaço de papel escrito: "Romanos 5". Acordei no susto! Fiquei pensando no que poderia ser, orei, pensei em levantar e ler, mas confesso que o sono e o frio me venceram. Logo pela manhã, uma das primeiras coisas que fiz foi ler o texto, e então, perdi mais uma vez o controle dos meus dedos.

Interessante que nesse mesmo dia, ouvi uma mensagem do pr. Ed René no Genizah com o título: "Se a igreja não pega na culpa ou no medo, pega na ganância", e logo mais a noite, ouvi um áudio do missionário Edson Teixeira que falava sobre a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18). E com isso, meu consciente insistia: " 'Simbora minha fia!' É sobre esse tema mesmo que você vai escrever!" Então eu prossegui, mais convicta do que nunca. Continuei sensível a voz de Deus no decorrer da semana, inclusive através de algumas canções. Stenio Marcius e João Alexandre foram verdadeiros instrumentos.

Algo tem me incomodado de forma tremenda. Não consigo sufocar as palavras... Elas escapam pelos meus dedos e lábios. Esse texto é um grito por escrito. Mas sei que não serei a primeira e nem a última a tocar neste assunto. Graças ao primeiro grito dado por Jesus há mais de dois mil anos atrás, muitos puderam acordar do 'transe' e se ver livres das amarras impostas pela religião.

Há anos e anos, líderes religiosos de diferentes denominações insistem em pregar a arte da barganha com Deus: Se você se comportar direitinho vai receber a bênção; Se der o dízimo fielmente as janelas do céu vão se abrir e você vai prosperar; Se participar de todas as programações da igreja nenhuma maldição te alcançará; Se frequentar os cultos da manhã, da tarde e da noite, estará protegido das armadilhas de satanás! O foco é sempre no comportamento e não na fé. O Evangelho é utilizado para se pregar moralidade e não a salvação. As Boas Novas se tranformaram em "manual do bom comportamento para cristãos". Como bem disse o pr. Ed René no vídeo citado, se a igreja não pega na culpa ou no medo, acaba pegando na ganância.

E sem perceber, milhões de cristãos são orientados a ter um relacionamento para Deus e não com Deus. Quase consigo escutar os clamores: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. O mesmo clamor feito pelo fariseu em Lucas 18:11-12. Talvez as orações de hoje sejam um pouco diferentes: 

"Senhor, tenho ido a 'casa de Deus' semanalmente, entrego meu dízimo fielmente, jejuo, oro, participo de todas as campanhas e reuniões, nunca falto à Escola Dominical, faço tantos sacrifícios, não roubo, não mato, não bebo, não falo palavrão... Oh! Deus, tenho sido um bom cristão não é mesmo?" E o crente fica lá, a espera de um elogio ou recompensa vinda em forma de "milagre" ou "bênção".

Como se nós, reles mortais, tivéssemos algum tipo de poder sobre Deus. Chega a ser cômico! É como se Ele ficasse sentado em seu trono no céu pensando coisas do tipo: "Bom, mais quatro dias de jejum eu repondo aquela oração"; "Agora sim o louvor me agradou! Então vou me manifestar!"; "Sim, depois de caminhar 87 degraus de joelhos eu vou perdoar seus pecado!; "Ah não! Faltou R$ 2,37 no dízimo? Então esse mês vou soltar o devorador e ele não vai conseguir pagar as contas!"; "Eita oração forte! Quando vários irmãos gritam juntos sinto mais vontade de fazer um milagre!" Desculpem, mas chega a ser ridículo...

É por essas e outras, que me sinto na obrigação de dizer, ou melhor, gritar: Querido irmão, acorde! Não importa o que você faz ou deixa de fazer, se você é bom ou mal, se dá o dízimo ou não, se vai a igreja ou fica em casa, se obedece a todas as ordens do pastor ou é rebelde, se é um bom ministro de louvor ou canta desafinado, se usa terno, gravata e bíblia debaixo do braço ou regata e bermuda. Isso não importa! Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre. O amor que Ele tem por você é incondicional, e não vai mudar nenhum milímetro por causa de um bom comportamento! A sua justificação NUNCA será por obras ou ou atitudes externas, mas UNICAMENTE pela FÉ em Cristo Jesus. Ainda duvida? Dá só uma olhada:

"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o QUE NELE CRER não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16

"Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é PELA FÉ, como está escrito: "O justo viverá pela fé". Romanos 1:17

"Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus MEDIANTE A FÉ em Jesus Cristo para todos os que crêem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados GRATUITAMENTE por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação MEDIANTE A FÉ, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador DAQUELE QUE TEM FÉ EM JESUS." Romanos 3:21-26

"Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim. Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o meu Pai. Já agora vocês o conhecem e o têm visto". Disse Filipe: "Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta". Jesus respondeu: "Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? 

Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Pelo contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra. Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras." Jo 14: 6 à 11

Pronto! Acabou! É isso! Fim! The End! Está consumado! Zefini! Game Over!

Um dia você recebeu a mensagem da Cruz, entendeu, creu, o Espírito Santo de Deus veio habitar em você, você se tornou filho de Deus, herdou a vida eterna e a partir desse momento recebeu uma nova vida! E nenhum pecado ou mal comportamento é capaz de mudar o amor que Deus tem por você: "Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?... Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor." Romanos 8:35-39

"Mas Dani, e se um cara creu em Jesus mas é um bêbado? Ele vai ser salvo ou não? E como fica o texto que diz: 'Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idolatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus'. 1 Cor 6:9 - 10?"

Ok! Existe uma diferença gritante entre pecar e ser escravo do pecado. A partir do momento que o Espírito Santo de Deus vem habitar em você, deve acontecer uma inversão de papeis: o pecado que antes te dominava passa a ser dominado por você. Ele ainda vai existir? Claro que sim! O testemunho do próprio Paulo não me deixa mentir:

"Quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim. Pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros. Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado." Romanos 7:21-25

"Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito." Gálatas 5:16-25

A grande diferença está aqui: "...os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus", ou seja, aqueles que vivem na prática do pecado é porque ainda não entenderam a mensagem da Cruz, talvez até tenham sido convencidos, mas não CRERAM realmente. O publicano da parábola de Lucas 18 era um cobrador de impostos mau visto, mas entendeu a mensagem da Cruz. Ele reconheceu que a única maneira de salvar o seu corpo da morte e do pecado era admitir a sua miséria e entregar-se a Deus, sem barganhas. Jesus conta que ele (o publicano) foi justificado diante de Deus por conta de sua sinceridade, mas o fariseu (religioso) não. Por que? Veja a diferença nas orações:

FARISEU (religioso da época): "Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho". Lucas 18:11-12

PUBLICANO (cobrador de impostos): "Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’. Lucas 18:13
Percebe a diferença?

Nós, como cristãos, precisamos reconhecer que somos todos iguais perante a Deus, todos miseráveis e pecadores, e que nenhuma boa ação ou bom comportamento é capaz de nos aproximar ou distanciar Dele. Deus só precisa de um coração sincero, quebrantado, arrependido, contrito, uma fé genuína e a certeza de que Nele somos TODOS pecadores salvos pela graça de Deus! Quando entendemos dessa forma, enxergar a trave no nosso olho fica muito mais fácil! E identificar os mercadores da fé também!

"Mas quer dizer então que eu não preciso mais dar o dízimo, ir a igreja, ajudar os pobres, orar e jejuar? Basta apenas ter fé?" Querido irmão, aquele que realmente entendeu a mensagem do Evangelho e sentiu-se alcançado pela maravilhosa graça de Deus, faz todas essas coisas (e muitas outras) naturalmente, nunca por medo de não ser salvo, culpa por algum pecado ou ganância, mas tão somente pelo amor: "Portanto, o amor é o cumprimento da lei". Romanos 13:10

Ah! E o que tem "Romanos 5" com toda essa história? Dá uma olhadinha lá que você vai entender! ;)
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Eu não merecia a cruz

29.11.2013
Do blog GOSPEL HOME BLOG, 11.11.13
Por Ricardo Rodrigues, via PC Amaral



“Dificilmente haverá alguém que morra por um justo; pelo homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer. Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.” (Romanos 5:7-8)


Inexplicável amor, assim pode-se definir o que levou Cristo a morrer na cruz em nosso lugar. Quando pensamos e dizemos para alguém que amamos, “eu morreria em seu lugar” de fato não é uma afirmação mentirosa. Muitos de nós não pensaríamos duas vezes antes de doar nossas vidas em favor de um filho, um irmão ou um amigo querido, mas o que dizer daquelas pessoas que nos fazem o mal?

Acredito que nenhum de nós seria capaz de cogitar dar a vida em favor de um destes, pensaríamos assim, “não tenho nada com ele que me valha o sacrifício”.

Como poderia então o Deus que é santo e justo aceitar o homem pecador e impuro em Sua presença sem afetar sua santidade e justiça? A resposta foi a cruz. O Filho de Deus se faz carne, se despoja de toda glória que lhe é devida para ser humilhado e receber o castigo em nosso lugar.

A cruz do calvário carregou muito mais do que apenas aquele pobre corpo sofrido, carregou os pecados de homens e mulheres de todos os lugares e épocas que ainda estariam por vir. O madeiro manchado de sangue justificou os injustos e perdoou os pecadores. Os olhos de amor e as palavras piedosas que saiam de Sua boca foram capazes de transformar um cenário de morte eterna da humanidade, para uma esperança de reconciliação e reaproximação dos homens com seu Deus.

E no resplendor e triunfo de sua ressureição Jesus nos deixa uma certeza maravilhosa: “Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês.” (João 14:18)

O poder da morte e ressureição de Jesus é tão grande que Deu a possibilidade de que, por pior que um homem ou mulher seja, tem chances de se arrepender e encontrar-se com Ele. A justiça de Deus não foi abalada, pois o JUSTO se fez injustiça para que o INJUSTO fosse justificado, não merecíamos tanta compaixão, pois éramos maus e inimigos de Deus, mas fomos contaminados por tão grande amor e este amor nos transformou em novas criaturas, naqueles que buscam e desejam ser santos como Ele é.

Qual nossa parte então? Por sabermos que a graça é sobre nossas vidas vamos continuar a pecar? De jeito nenhum. Se morremos com Cristo não viveremos mais para o pecado, mas agora vivemos por Ele. Isso não nos fará deixar de pecar, pois ainda somos falhos, mas na minha nova vida não há espaço para a convivência e o flerte com o erro e o mal.

Não podemos mais conviver com o pecado como se fosse algo natural, agora vivemos uma nova vida com Cristo que se entregou de uma forma tão incrível e amorosa que me conquistou e me fez ver como eu não merecia ser amado, mas fui acolhido por seus graciosos braços de amor.


“Mas agora que vocês foram libertados do pecado e se tornaram servos de Deus, o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna.” (Romanos 6:22)

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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A Expiação

21.11.2013
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Lynn D. Headrick

A palavra expiação encontra-se poucas vezes na Bíblia, mas o conceito da expiação constitui o assunto principal do Antigo e do Novo Testamento.  Palavras mais conhecidas como reconciliação, propiciatório, sangue, remissão de pecados e perdão estão diretamente relacionadas com esse tema.

O Dia da Expiação em Israel

Todo israelita sabia que "aos dez deste mês sétimo, será o Dia da Expiação" (Levítico 23:27).  Havia sacrifícios diários pelo pecado, mas esse era um dia especial, de santa convocação.  Aprendemos em Levítico 16 que o Sumo Sacerdote: Œse purificaria com água; vestiria suas vestes santas de linho; Ž  mataria um novilho para fazer expiação por si e pela sua família; tomaria uma vasilha de brasas do altar e entraria no Santo dos Santos para que a nuvem de incenso cobrisse o propiciatório, que era o lugar da expiação, da propiciação e da reconciliação; sairia, tomaria o sangue do novilho, entraria pela segunda vez no lugar santo com o sangue e o aspergiria sete vezes sobre o propiciatório e diante dele; 'mataria o bode para a oferta pelo pecado, ultrapassaria o véu pela terceira vez e faria com o sangue como tinha feito com o sangue do novilho; 'faria expiação pelo lugar santo e pelo altar do holocausto; "imporia as mãos sobre a cabeça do bode vivo, confessaria os pecados do povo e enviaria o bode para o deserto; e " tiraria as vestes de linho, iria lavar-se, poria outra roupa e ofereceria um holocausto por si e pelo povo.

Esse dia era impressionante, santo e de grande importância porque os pecados de Israel eram expiados por meio de sangue. Já que "é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hebreus 10:4), esse ritual devia repetir-se a cada ano (Levítico 16:34) até aquele dia grandioso em que Cristo seria "oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos" (Hebreus 9:28).

Por Que Há a Necessidade da Expiação?

Deus fez o homem à sua imagem e, como Criador, tem o maior direito de estipular o procedimento correto para a sua criação, e isso ele fez na forma de leis destinadas para o nosso bem (Deuteronômio 10:13).  O pior que podemos fazer é violar a lei de Deus.  A isso chamamos pecado ou transgressão da lei (1 João 3:4).  Os primeiros seres humanos transgrediram e a culpa deles evidenciou-se pela tentativa de se esconderem de Deus.  A justiça exigia uma pena pelo pecado.  A pena era a morte, a separação de Deus, manifestada pelo afastamento deles do jardim do Éden (Gênesis 3:8, 24).  O pecado continua até hoje, desde aquele primeiro momento ali.  Paulo resumiu a história e as conseqüências do pecado em Romanos 5:12:  "Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram".  Se morremos em nossos pecados, não podemos ir para onde Cristo está (João 8:21, 24).  Vemos, então, que a necessidade suprema de todo homem é ter os pecados expiados, para que receba o perdão dos pecados!

A Expiação e o Sangue de Cristo

Cristo, o nosso Sumo Sacerdote, é "santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores . . . que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu" (Hebreus 7:26-27).  Cristo, por meio de seu sangue, entrou no lugar santo do céu, tendo obtido para nós a redenção eterna e agora apresenta-se a nosso favor diante da face de Deus (Hebreus 9:12, 24).  O resultado da expiação é nossa"redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados" (Efésios 1:7).  Na verdade, ele "nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados" (Apocalipse 1:5).  Onde há remissão de pecados, "já não há oferta pelo pecado" (Hebreus 10:18), porque Cristo é a propiciação pelos nossos pecados, o meio pelo qual Deus se reconcilia ao homem pecador (1 João 2:2).

O pecado é a transgressão da lei, e a justiça decreta que deve ser punido.  Jesus levou o castigo em lugar daqueles que mereciam a punição (Isaías 53:8), "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1 Pedro 2:24).  Porque Deus nos amou, ele enviou Jesus para ser a propiciação (ou meio) pela qual os nossos pecados podem ser perdoados.  Seu sangue, o qual é capaz de expiar o pecado, vertido para a remissão desses pecados, passa a ter efeito quando somos batizados em nome de Cristo para a remissão dos pecados (Atos 2:38).  Regozijemo-nos "em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação" (expiação) (Romanos 5:11).  William Cowper escreveu:

Há uma fonte transbordante de sangue,
Que jorra das veias do Emanuel;
E os pecadores, completamente imersos nesse sangue,
Perdem todas as manchas de culpa.
Querido Cordeiro moribundo, teu sangue precioso
Jamais perderá o seu poder,
Até que toda a igreja de Deus, resgatada,
Seja salva para nunca mais pecar.
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Fonte:http://www.estudosdabiblia.net/a13_17.htm

domingo, 17 de novembro de 2013

"Abraão Creu em Deus"

17.11.2013
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Robert F. Turner

 Ser justificado é ser declarado "isento de culpa", e esse estado pode ser obtido diante de Deus somente de duas formas:  obedecer à lei tão à risca que nunca pequemos (Romanos 2:13; Galátas 3:10-14) ou, havendo pecado, receber o perdão de Deus.  Visto que "todos pecaram" (Romanos 3:23), buscar justificação por meio de um sistema de lei é se pôr debaixo da maldição (da perfeição exigida).  A salvação deve ser encontrada em Cristo, que nos redimiu da maldição da lei, "fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar" (Galátas 3:13).  Mas isso exige "fé" em Cristo (Romanos 3:24-26).  É nesse contexto que Paulo conclui:  "o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (Romanos 3:28).  Ele nos afirma que isso não anula a lei, mas a confirma  (Romanos 3:31, o texto grego, de fato, não tem artigos antes da palavra lei).

Quando Paulo apresenta Abraão como exemplo de alguém justificado pela fé (Romanos 4:1-5), ele está contrapondo a confiança humilde na misericórdia de Deus (para o perdão, Romanos 4:6-8) com a confiança arrogante em si mesmo (para obedecer à lei à risca, Romanos 4:4).  Atenção:  "se Abrão foi justificado por obras, tem de que se gloriar" e "o salário . . .é considerado . . . como dívida" (Romanos 4:2, 4).  Nesse contexto, quem "não trabalha" se refere àquele que reconhece suas falhas, não reivindica justiça baseando-se na "lei", mas "crê naquele que justifica o ímpio" (Romanos 4:5).  Tudo se esclarece quando se leva em conta o contexto. Mas para os que acreditam que o homem é totalmente depravado e tem que ter alguma regeneração miraculosa, a "fé" de Abraão se torna uma "experiência" ou "fé somente", e pensa-se "não pelas obras" nega a relação entre a obediência da fé e a justiça.  Se quisermos ter fé como Abraão, precisamos entender a qualidade e o caráter desta fé.

Antes de Abraão deixar a Mesopotâmia, Deus apareceu-lhe com um chamado e uma promessa (Atos 7:2-4).  Abraão "obedeceu" e "partiu" pela fé (Hebreus 11:8-10).  Mais tarde, aos 75 anos de idade, saiu de Harã para Canaã (Gênesis 12:4).  Deus apareceu para ele em Siquém, e somos informados de que construiu altares para o Senhor e "invocou o nome do Senhor" (12:7-8; 13:4, 18).  Quando irrompeu a guerra e Abraão resgatou a Ló, ele pagou o dízimo a Melquisedeque, o sacerdote de Deus; e Melquisedeque, tipo de Cristo, abençoou "a Abrão e disse:  Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo" (14:18-19).  Tudo isso antes de se dizer a respeito de Abraão:  "Ele creu no Senhor, e isso foi lhe imputado para justiça" (Gênesis 15:6).  Claramente, esse testemunho específico não caracteriza uma "experiência de fé" inicial.

Aliás, a declaração "ele creu . . . e isso foi lhe imputado para justiça" se faz em três períodos completamente diferentes da vida de Abraão.  1) Em Gênesis 15:6, quando foi informado de que teria inúmeros descendentes, ele demonstrou a continuidade da fé que havia muito se tinha firmado (acima).  2) Romanos 4:19-22 nos conta que, por volta dos 100 anos, ele creu em Deus com respeito ao fato de Sara ter um bebê, "e isso foi lhe imputado para justiça".  Novamente, 3) quando Isaque era "rapaz" (crescido o bastante para levar lenha para o monte com seu pai S Gênesis 22:6), a fé de Abraão foi provada, e conta-se que ele "creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça" (Tiago 2:23).  A "fé" de Abraão não era nenhuma experiência miraculosa.  Era uma vida de obediência e serviço humildes de acordo com a vontade revelada de Deus.  A justificação não era um acontecimento isolado no tempo, mas acompanhou a fé de Abraão por toda a vida.

Abraão não mereceu nem ganhou como salário a justificação, tampouco a vida perfeita de Cristo foi "imputada a ele". Romanos 4:3 afirma: "isso [a fé dele] foi lhe foi imputado para justiça". Essa "bênção" é então definida como o perdão dos pecados (4:6-8). O meio de obtermos a salvação é Jesus Cristo, a operação é o perdão, e a condição é a , conforme determinado e exemplificado na vida de Abraão. Nós nos aproximamos de Cristo "mediante a fé . . . porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes" e nos tornarmos descendentes de Abraão (Gálatas 3:26-29).  Quando a nossa fé é bastante parecida com a de Abraão para fazermos o que ele mandar, recebemos o perdão dos pecados passados. À medida que continuamos a caminhar na vereda da fé, confessando os pecados e pedindo perdão, temos Cristo como advogado e veículo de misericórdia no futuro (1 João 1:5-2:2).

Observe em Hebreus 11 as características da fé de Abraão. ŒEra centrada em Deus, não nele mesmo. Levava-o a obedecer, "sem saber aonde ia". Ž Pela fé, ele buscou uma cidade celeste e tinha alvos eternos.  Sua fé foi tal, que ele não vacilou, nem olhou para trás.  Ela permitia que ele enfrentasse a dura prova de oferecer o filho.  Não admira que a afirmação foi repetida várias vezes de que sua fé lhe foi imputada por justiça.  E Paulo disse aos romanos:  "E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta, mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor" (Romanos 4:23-24).
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Fonte:http://estudosdabiblia.net/a13_7.htm

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Hoje é o Dia da Reforma Protestante; conheça as 95 teses de Martinho Lutero

31.10.2013
Do portal VERDADE GOSPEL

No dia 31 de outubro é comemorado por evangélicos de todo o mundo o Dia da Reforma Protestante. Em 1517, um dia antes da festa católica de “Todos os Santos”, o monge agostiniano Martinho Lutero pregou publicamente suas 95 teses (veja abaixo), na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha. Seu apelo era por uma mudança nas práticas da Igreja Católica, por isso o nome “Reforma”.

A iniciativa teve consequências por toda a Europa, dividiu reinos, gerou protestos e mortes. E mudou para sempre a Igreja. Para alguns, Lutero destruiu a unidade do que era considerada a igreja, era um monge renegado que desejava apenas destruir os fundamentos da vida monástica. Para outros, é um grande herói, que restaurou a pregação do evangelho puro de Jesus e da Bíblia, o reformador de uma igreja corrupta.

O fato é que ele mudou o curso da história ao desafiar o poder do papado e do império, e possibilitou que o povo tivesse acesso à Bíblia em sua própria língua. A principal doutrina de Lutero era contra o pagamento de penitências e indulgências aos líderes religiosos. Ele enfatizava que a salvação é pela graça, não por obras.

Conta-se que muita coisa mudou dentro daquele monge até então submisso ao papa quando, em 1515, Lutero começou a dar palestras sobre a Epístola aos Romanos. Ao estudar as Escrituras se deparou com o primeiro capítulo de Romanos, que decretava “o justo viverá pela fé”. Desvendava-se diante dele o que é conhecida como “justificação pela fé”, ou seja, a justificação do pecador diante de Deus não é por um esforço pessoal, mas sim um presente dado àqueles que acreditam na obra de Cristo na cruz.



O movimento encabeçado por Lutero ocorreu durante um dos períodos mais revolucionários da história (passagem da Idade Média para o Renascimento) e mostra como as crenças de um homem pode mudar o mundo.

A controvérsia acabou sendo, segundo historiadores, maior do que Lutero pretendia ou imaginara. Porém, ao atacar a venda de indulgências por parte da igreja, acabou opondo-se ao lucro obtido por pessoas muito mais poderosas do que ele. Segundo Lutero, se era verdade que o Papa tinha poder de tirar as almas do purgatório, devia usar esse poder, não por razões egoístas, como a necessidade arrecadar fundos para construir uma igreja, mas simplesmente por amor, e devia fazê-lo gratuitamente. A idolatria aos santos também foi um dos grandes pontos de discórdia com os lideres católicos.

A maioria dos historiadores concorda que Lutero teria tentado apresentar seus argumentos ao Papa e alguns amigos de outras universidades. No entanto, as teses colocadas na porta da Catedral de Wittemberg e os muitos argumentos teológicos impressos e distribuídos por ele nos meses seguintes, acabaram se espalhando por toda a Europa, fazendo com que ele fosse chamado ao Vaticano para se retratar perante o Papa. A partir de então, entrou abertamente em conflito com a Igreja Católica.

Acabou excomungado em 1520, pelo papa Leão X. Alegava-se que ele incorria em “heresia notória”. Devido a esses acontecimentos, Lutero temendo a morte, ficou exilado no Castelo de Wartburg, por cerca de um ano. Durante esse período trabalhou na sua tradução da Bíblia para o alemão, resultando na impressão do Novo Testamento em setembro de 1522.

Legado de Lutero

O famoso pastor Charles Spurgeon escreveu:

“Lutero aprendeu a ser independente de todos os homens, pois ele lançou-se sobre o seu Deus! Ele tinha todo o mundo contra ele e ainda viveu alegremente.

Se o Papa excomungou, ele queimou a bula de excomunhão! Se o Imperador o ameaçou, ele alegrou-se porque se lembrou das palavras do Senhor: “Os reis da terra se levantam, e os príncipes dos países juntos. Aquele que está sentado nos céus se rirá” (Salmo 2).

Quando disseram-lhe: “Onde você vai encontrar abrigo se o Príncipe Eleitor não protegê-lo?”. Ele respondeu: “Sob o escudo amplo de Deus”. Lutero não podia ficar parado. Ele tinha que escrever e falar! E oh, com que confiança ele falou! Abominava as dúvidas sobre Deus e as Escrituras!” 

Para algumas vertentes do catolicismo, os protestantes são hereges. Para outras, “irmãos separados”. O movimento originado por Lutero ficou conhecido como Protestantismo e seus seguidores como “protestantes”. O termo é pouco comum no Brasil, onde se prefere usar “evangélicos”.

 

As 95 teses:

1. Ao dizer: “Fazei penitência”, etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina.
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I Coríntios XII.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?
88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo “Paz, paz!” sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo “Cruz! Cruz!” sem que haja cruz!
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.
95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.

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Fonte: Wikipédia e Protestante Digital
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Fonte:http://www.verdadegospel.com/hoje-e-o-dia-da-reforma-protestante-conheca-as-95-teses-de-lutero/?area=3