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segunda-feira, 25 de março de 2024

De "Papa do Ateísmo" a "Maior Defensor da Fé": A Jornada Inspiradora de Antony Flew

25.03.2024

Antony Flew, figura icônica no cenário religioso e científico, era conhecido como o "Papa do Ateísmo" por sua postura combativa contra a fé. No entanto, em 2004, protagonizou uma reviravolta surpreendente ao abandonar o ateísmo e se converter ao cristianismo. Essa jornada singular o tornou um símbolo para religiosos e ateus, ilustrando a complexa relação entre fé e ciência.

A Trajetória de um Ateu Convicto:

  • Nascido em 1923, filho de um pastor anglicano, Flew dedicou-se à filosofia, tornando-se um dos principais porta-vozes do ateísmo no século XX.

  • Sua obra "Deus e a Filosofia" (1950) consolidou sua posição como ateu influente, desafiando argumentos religiosos com rigor intelectual.

  • Durante décadas, Flew se engajou em debates acalorados com teólogos e filósofos, defendendo a primazia da razão e da ciência sobre a fé.

A Mudança de Paradigma:

  • Em 2004, aos 81 anos, Flew surpreendeu o mundo ao anunciar sua conversão ao cristianismo.
  • Em seu livro "Há um Deus" (2007), ele expôs os motivos que o levaram a abraçar a fé, destacando a influência do apóstolo Paulo e a coerência interna do cristianismo.
  • A ciência, antes vista como arma contra a fé, se tornou para Flew um caminho para Deus, especialmente através da teoria do Big Bang, que ele considerava compatível com o relato do Gênesis.

O Legado de Antony Flew:

  • A conversão de Flew gerou impacto significativo no debate fé-ciência, inspirando reflexões sobre a relação entre crença e razão.
  • Sua jornada demonstra a natureza complexa da fé, que não se limita a dogmas, mas pode ser fruto de busca intelectual e experiência pessoal.
  • Flew nos convida a reconsiderar nossas visões preconcebidas e a manter a mente aberta para a possibilidade de Deus, sem dogmatismos ou extremismos.

Conclusão:

A história de Antony Flew é um exemplo notável de como a busca por respostas pode levar a lugares inesperados. Sua jornada desafia estereótipos e nos convida a explorar a fé com mente aberta e perspicácia intelectual. Através de sua experiência, Flew nos lembra que a verdade pode estar além de nossas concepções pré-estabelecidas, e que a busca por Deus é uma jornada individual e complexa, permeada por questionamentos, reflexões e descobertas.

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sexta-feira, 1 de junho de 2018

Cosmovisão – o que é?

01.06.2018
Do blog COMADEPLAN - BÍBLIA ON LINE
Por João R. Weronka

cosmovisao o que e

Todo ser humano possui uma cosmovisão. Talvez você já tenha lido esta palavra em algum lugar ou mesmo ouvido algo sobre o assunto, mas não tem a menor ideia do significado deste termo. Mas saiba que mesmo assim, mesmo sem saber o que é isso, você possui uma cosmovisão.

Aquilo que cada pessoa é, o que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que permeia sua vida. Em nosso caso específico, vivemos de acordo com a Cosmovisão Cristã (um desdobramento da Cosmovisão Teísta).

Como a humanidade é diversificada ao extremo, nos mais distintos aspectos, existe uma gama muito variada de cosmovisões. Para todo e qualquer cristão ser mais eficiente no cumprir da Grande Comissão (Mt 28:19-20), é importante conhecer as premissas que caracterizam e diferenciam as variadas cosmovisões existentes. Para aquele que enxerga na apologética uma ferramenta útil para a propagação do Evangelho, o discernimento das cosmovisões é essencial.
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Fonte:https://artigos.gospelprime.com.br/fe-crista-e-fake-news/

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Uma ou mais verdades?

15.02.2016
Do portal ULTIMATO ON LINE, 28.01.16


Ainda é possível crer em uma única coisa? E como lidar com quem não crê no que cremos? O Cristianismo detém a verdade absoluta? Se sim, como dialogar com tantas “verdades”? Qual a diferença entre pluralidade e pluralismo? E qual a diferença entre saber e crer? Não crer em uma verdade absoluta é sinal de humildade? Afinal, qual o “fio da meada” do que pensamos?

Estas - e muitas outras questões - são o tema de reflexão de Leslie Newbigin em seu aclamado livro O Evangelho em Uma Sociedade Pluralista, agora publicado em português pela Editora Ultimato.

Com uma linguagem clara e profundo raciocínio,O Evangelho em Uma Sociedade Pluralista coloca em cheque boa parte da lógica contemporânea sobre a verdade e 
sobre o Cristianismo. O autor não foge do debate filosófico sobre o que permeia o raciocínio atual.

O resultado que Leslie espera não é meramente “ganhar uma discussão”, mas fortalecer a fé dos cristãos diante de uma sociedade cada vez mais pluralista e relativista:

“O objetivo é examinar as raízes desta cultura que compartilhamos e sugerir como nós como cristãos podemos afirmar com mais confiança nossa fé neste tipo de ambiente intelectual”.

“Quando os cristãos afirmam, como fazem, que Jesus é o caminho, o caminho verdadeiro e vivo pelo qual chegamos ao Pai (Jo 16.4), eles não estão declarando que sabem tudo. Eles estão declarando que estão no caminho e convidando os outros a se juntarem a eles à medida que avançam na direção da plenitude da verdade, na direção do dia em que conheceremos como somos conhecidos”.

Ficha técnica
Autor: Lesslie Newbigin
Páginas: 320
Formato: 16x23
Preço: R$ 58,50

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Sobre o autor 

Lesslie Newbigin (1909-1998) foi pastor da Igreja Reformada Unida, Reino Unido, bispo da Igreja do Sul da Índia e secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas. Conhecido e respeitado internacionalmente como teólogo e apologista, Lesslie Newbigin é uma referência para missiólogos e teólogos contemporâneos em todo o mundo.

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O livro em frases

O evangelho dá origem a uma nova estrutura de plausibilidade, uma visão radicalmente diferente das coisas daquelas que formam todas as culturas humanas à parte do evangelho.
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Há uma atmosfera admirável de humildade em relação à afirmação de que a verdade é muito maior do que qualquer pessoa ou qualquer tradição religiosa pode compreender. Não há dúvida de que a afirmação é verdadeira, mas pode ser usada contra a verdade quando usada para neutralizar qualquer afirmação da verdade.
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A razão não é uma fonte independente de informações sobre o que é o caso. É um aspecto da atividade humana pelo qual buscamos entender o mundo e a nós mesmos.
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Se eu não souber o propósito para o qual a vida humana foi criada, não tenho base para dizer que qualquer tipo de estilo de vida humano é bom ou ruim.

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A exigência pela liberdade de pensamento e de expressão deve basear-se em alguma convicção firme sobre a origem, a natureza e o destino da vida humana. Se não tiver essa base, ela se mostrará impotente diante daqueles que têm convicções firmes sobre a verdade.
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A tradição não é uma fonte à parte da revelação da Escritura; é a atividade contínua da igreja ao longo dos séculos na tentativa de compreender e expressar, sob novas condições, o que é dado na Escritura.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/uma-ou-mais-verdades

terça-feira, 10 de junho de 2014

Pensamos o suficiente quando lemos a Bíblia?

10.06.2014
Do blog FÉ E CIÊNCIA, 31.01.14*
Por Karl Heinz Kienitz
 
“Todos nós temos uma tendência a pensar que o mundo deve estar de acordo com os nossos preconceitos.
 
A visão oposta envolve algum esforço de pensamento, e a maioria das pessoas iria morrer antes de pensar - na verdade, é o que fazem.”
 
1 A frase é do matemático e filósofo ateu Bertrand Russell (1872-1970). É cutucão oportuno para que cristãos e não cristãos se perguntem se pensam – o suficiente, talvez – quando leem a Bíblia.
 
Arthur L. Schawlow, prêmio Nobel de Física de 1981, considerou que “somos afortunados em termos a Bíblia, e especialmente o Novo Testamento que nos fala sobre Deus em termos humanos muito acessíveis, embora também nos deixe algumas coisas difíceis de entender.”
 
2 Schawlow via na Bíblia valiosa fonte de conhecimento, da qual não se usufrui sem significativo envolvimento da mente, visto que ela também nos deixa “algumas coisas difíceis de entender.”
 
Obviamente há os que preferem não ler a Bíblia; desses, muitos se julgam capazes, mesmo assim, de opinar sobre o cristianismo. No meio acadêmico a situação é particularmente curiosa. O Prof. John Suppe, da Universidade de Princeton, membro da Academia Nacional de Ciências dos EUA, parafraseou o que lhe caiu como raio em certa ocasião na capela universitária de Princeton, ainda antes de se tornar cristão convicto: “Vocês [professores e estudantes] conhecem muito bem o seu negócio acadêmico. Mas seu conhecimento do cristianismo é de jardim da infância.”
 
3 Pois para conhecer a proposta cristã é preciso ler e entender – ao menos até certo ponto – o relato bíblico. Quando lemos a Bíblia, a reflexão cuidadosa – como acontece também em ciência – precisa proceder em estrita conformidade com a natureza objetiva do que está sendo lido e estudado. Assim, por exemplo, é preciso dar aos evangelhos (a parte da Bíblia que trata da história de Jesus) a oportunidade de comunicar sua mensagem; e Jesus precisa ser entendido de acordo com seu próprio discurso.
 
Por isso não “vale” ler passagens bíblicas desconsiderando o contexto, inclusive as intenções nele expressas, ou ainda munido de preconceitos ou premissas especulativas. O evangelho de Lucas, por exemplo, precisa ser lido como um texto escrito pelo motivo exposto logo no seu início. Ali, Lucas informa a Teófilo, seu primeiro leitor, que lhe “pareceu conveniente, após acurada investigação de tudo desde o princípio, escrever de modo ordenado... para que verifiques a solidez dos ensinamentos que recebeste.” (Lucas 1.1-4).
 
Semelhantemente, o evangelho de João precisa ser lido considerando que foi escrito “para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele” (João 20.31). Da mesma forma, é imprescindível lembrar que o Novo Testamento é portador de informação de “testemunhas oculares” (2 Pedro 1.16). E assim por diante. Com relação ao discurso de Jesus, principal veículo da mensagem do Cristianismo, percebe-se que ele:
 
 
É desafiador: “Eu lhes mostrarei a que se compara aquele que vem a mim, ouve as minhas
palavras e as pratica. É como um homem que ao construir uma casa, cavou fundo e colocou os alicerces na rocha. Quando veio a inundação, a torrente deu contra aquela casa, mas não a conseguiu abalar, porque estava bem construída. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica, é como um homem que construiu uma casa sobre o chão, sem alicerces. No momento em que a torrente deu contra aquela casa, ela caiu, e a sua destruição foi completa” (Lucas 6.47-49).
 
 
É relacional: “Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor... O meu
 mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei” (João 15.9 e 12).
 
 
Não é endereçado aos autossuficientes: “Respondeu-lhes Jesus: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5.31-32).
 
 
É voltado à satisfação e segurança do homem: “O ladrão vem apenas para furtar, matar e destruir;
 
eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (João 10.10). Disso pode resultar em nós a “confiança em que Deus me será fiel em qualquer situação da vida, e em que Ele é o garantidor e o fundamento da minha vida, de forma que minha vida não mais poderá perder seu sentido.”
 
Esse foi o testemunho do Prof. Helmut Thielicke (1908-1986), ex-reitor da Universidade de
Hamburgo.
 
O chamado de Jesus na passagem de Lucas 5 mencionada anteriormente, e suas consequências são explicadas com maior detalhe por Paulo de Tarso:
 
1 Bertrand Russell –
 
The ABC of Relativity, 1a edição, 1925.
 
2 Em H. Margenau e R.A. Varghese (editores) –
 
Cosmos, bios, theos, Open Court, Chicago, 1992.
 
3 John Suppe – “Odinary memoir,” em P. M. Anderson (editor),
 
Professors Who Believe, InterVarsity Press, 1998.
 
 
“... deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês.”(Romanos 12.2)
 
 
“É preciso que o coração e a mente de vocês sejam completamente renovados.” (Efésios 4.23). É por isso que a leitura da Bíblia nos leva a “ler” nossa mente de forma crítica, e a reconheceremos nela não o instrumento soberano ao qual tudo se deve submeter, mas o grande instrumento que precisa da “completa renovação” operada por Deus, o soberano. A Bíblia e a mente: precisamos de uma para ler a outra.
 
*www.ultimato.com.br em 31 de janeiro de 2014.
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Fonte:http://www.freewebs.com/kienitz/pensamos.pdf

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Ateísmo: uma ideologia superficial

02.05.2014
Do portal GOSPEL PRIME
Por Leandro L Andrade 

O presente artigo tem por objetivo uma introdução prática à apologética cristã, apontando direções para uma boa defesa da fé.
Leandro L AndradeTodo ser humano que está aberto ao saber tem uma tendência natural a se encantar com um conhecimento novo que, a princípio, apresente certa lógica.
O ambiente universitário é um excelente exemplo onde encontramos jovens cujo interesse pelo “descobrimento” é latente e partindo disso serão traçadas as diretrizes por onde o jovem trilhará sua formação acadêmica e profissional, bem como princípios e valores que formarão o caráter do cidadão.
Neste contexto, nós cristãos, somos frequentemente deparados com fortes vertentes ideológicas tão enraizadas no meio acadêmico, onde até mesmo a livre construção do conhecimento pelo estudante é desprezada e a dialética é simplesmente ignorada ou manipulada tendenciosamente de acordo com os interesses do docente. Nos últimos séculos a questão “Deus existe?”, que na antiguidade era motivo de debate exclusivo das ciências humanas – mais precisamente da filosofia, tendo sua forte emersão com Platão buscando bases racionais para o emprego da fé – tornou-se interdisciplinar devido ao aprimoramento das ciências biológicas e físicas, paralelamente ao materialismo.
A conseqüência dessa ditadura ideológica acadêmica ocidental, é o rechaçamento da crença em Deus pela falsa afirmação de que “o teísmo cristão é irracional”. Coagidos pela aparente imponência intelectual ateísta que domina a bibliografia acadêmica com Nietzsche, Espinoza, David Hume, Schopenhauer, B. Russell e Jean-Paul Sartre (entre outros) do lado da filosofia, e os demais Stephen Hawkings, Francis Crick, Richard Dawkings, Leonard Susskind, além de utilizarem de deístas, panteístas, entre outros grupos céticos ao cristianismo, de acordo com a necessidade. Infelizmente o resultado é desastroso, pois ocorre a transformação do ambiente de produção científica e filosófica em um espaço maniqueísta de doutrinação ateísta.
Portanto, o cristão encontra-se num quadro em que, muitas vezes, sem nem precisar do excesso de conteúdo ateísta, o próprio espaço trata o cristão de forma inferior, pela ridicularização que acaba efetivando com primazia a eficácia da supremacia ideológica ateísta na academia universitária. Fato que acaba refletindo na sociedade com um todo. A conseqüência disso, na maioria dos casos, é o silencio devido à falta de argumentos racionais, e a exclusão pelo menosprezo. De fato, aquele que possui uma fé genuína em Cristo como Salvador jamais abandonará a sua fé na existência de Deus e a realidade que Ele passa a se tornar em sua vida! O próprio Espírito Santo é quem nos testifica que somos filhos de Deus conforme está em Romanos 8:16: “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”; bem como em Romanos 4:21 e 14:5; Gálatas 3:26-27 e 4:6; Colossensses 2:2. Portanto, temos a certeza de que nossos pecados foram perdoados, da nossa reconciliação com o Pai por meio de Jesus Cristo, nos proporcionando alegria, e paz que excede todo entendimento (Filipenses 4:7); logo, temos certeza da existência de Deus! Todavia, por ser algo pessoal, e uma experiência individual, não serve como argumento que convença um cético racionalista e materialista.
Há certa passividade e omissão por parte de alguns cristãos que simplesmente se recusam ao debate racional contra os argumentos apresentados pelo homem pós-moderno que defende a não existência de Deus e/ou rejeitam o cristianismo como única fé verdadeira. A justificativa dessa omissão é baseada em versículos que, de fato, afirmam que o agir de Deus pelo poder do evangelho (Romanos 1:16) e a ação do Espírito Santo (João 16:7-11) são suficientes para o surgimento da fé. Realmente, sem que haja a iniciativa e a ação de Deus por meio do evangelho anunciado e do Espírito Santo não haverá fé salvífica em Cristo. Contudo a defesa racional da fé é algo nitidamente visto nas Escrituras; como exemplo, temos Paulo argumentando com os filósofos gregos (epicureus e estóicos) em Atos 17:16-33, além de conter forte instrução nas Epístolas, segue alguns exemplos (com grifos meus):
“Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.”
2 Coríntios 10:5

“Estes o fazem por amor, sabendo que aqui me encontro para a defesa do evangelho.”
Filipenses 1:16

“Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades.
O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um.”
Colossenses 4:5-6

“e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela.”
Tito 1:9

“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,”
1 Pedro 3:15

“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.”
Judas 1:3

Sendo assim, o dom da fé é dado por Deus; mas a nossa comissão e chamado à defesa racional da fé não deve ser ignorada.
É propício alertar que grande parte da difusão do ateísmo é proveniente da propagação de uma ideologia barata firmada no senso comum, sem fundamento científico-filosófico aprofundado; portanto minha abordagem diz respeito das construções ideológicas e racionais sérias, apesar de muitas vezes militantes, que realmente merecem atenção. Esse é o motivo pelo qual prefiro ignorar a moda neo-ateísta de adolescentes na ânsia pela subversão.
Pois bem, apesar de muitos cientistas e filósofos que defendem a não existência de Deus possuírem muitas construções lógicas corretas em seus argumentos, grande parte deles falha em algum aspecto tanto nas objeções que tentam derrubar os argumentos a favor da existência de Deus, ou quanto nas afirmações de “evidências da não existência de Deus”(frase que se levarmos em consideração a semântica é por definição lógica e filosófica auto-refutável). Vale ressaltar que de modo geral os equívocos ocorrem na base dos silogismos filosóficos, e partindo dessas falácias a priori constrói-se uma mentira com os demais argumentos “verdadeiros”, o que ajuda a maquiar o que na realidade não passa de um argumento falho em sutilezas decisivas.
Diante desse “monopólio científico”, pouquíssimo (ou nada) nos é apresentado de todo conteúdo histórico da defesa da fé cristã e dos grandes, respeitáveis filósofos e cientistas contemporâneos que fazem uma brilhante explicação racional das evidências plausíveis a favor da existência de Deus, como também desconstroem os argumentos ateístas.
Segue a lista de apologetas históricos e contemporâneos e suas respectivas áreas de atuação.

HISTÓRICOS

Platão e Aristóteles (séc. IV a.C): Ambos dispensam apresentação. As principais contribuições filosóficas que apontam a existência de Deus têm gênese com o argumento teleológico desenvolvido pioneiramente pelos pensadores gregos. O argumento[1] consiste na explicação racional para a origem da complexidade natural existente. Outro argumento iniciado por Platão é o argumento da Moral, consistia em afirmar que a bondade só existe quando há contato com o Bem (objetivo e existente independentemente de matéria), com o surgimento do cristianismo o Bem passou a ser identificado como Deus. Há também o combate de Platão ao Dilema de Eutífron[2]que, em suma, afirma ser desnecessária ou incompatível a existência de uma bondade moral e Deus.
Agostinho de Hipona (354-430): Grande teólogo da patrística, o maior da História do Cristianismo dos Primeiros Séculos. Teve participação fundamental[3] para a consolidação da autoridade e legitimidade dos textos bíblicos e seus estudos contribuíram para fundamentar a razão da veracidade histórica dos fatos relatados.
Anselmo de Cantuária (1033-1109): Outro importante filósofo e teólogo católico. Anselmo deu origem ao, ainda rústico, Argumento Ontológico[4]. O argumento consiste em unir de forma consolidada a existência de Deus como algo necessário, a priori, em uma única defesa plena e satisfatória, e também em apontar todas as características de Deus em um só argumento, sem muito aprofundamento em suas conseqüências e ignorando totalmente a razão empírica. Seu argumento foi aprimorado e reformulado por vários outros pensadores, entre eles: Scotus, Descartes, Espinosa,Leibniz e atualmente por Malcolm e brilhantemente por Alvin Plantinga.
Al-Ghazali (1058-1111): Destacou-se entre os islâmicos que tentavam aprimorar o argumento cosmológico cristão da impossibilidade do regresso infinito no tempo. Como conseqüência, deu-se origem ao Argumento Cosmológico Kalam[5]. Consiste basicamente em: “todo ente que tem um começo tem uma causa; ora, o mundo é um ente que teve começo; logo, ele possui uma causa para ter começado a existir”[6]. Atualmente o argumento foi consolidado e é fortemente utilizado por William Lane Craig.
Tomas de Aquino (1225-1274): Teólogo e filósofo, sem sombra de dúvidas foi o mais distinto padre católico na História da Igreja Católica Apostólica Romana no combate às heresias, falsas doutrinas e vãs filosofias. A apologética cristã é presente em suas obras[7] utilizando-se de argumentos racionais em favor da legitimidade e autoridade bíblica, bem como elaboração de filosofias a favor da existência de Deus, que revolucionaram o pensamento crítico da época. Apresentando 3 primeiras vias do argumento cosmológico[8] e, posteriormente, o argumento teleológico.
Gregor Mendel e Louis Pasteur (séc. XIX): Famosos cientistas católicos e fortíssimos contribuintes para o aprimoramento da ciência (botânica e genética; e química e medicina, respectivamente). Foram contemporâneos de Darwin e seus estudos auxiliaram a estabelecer os limites das afirmações que a teoria da evolução ousou a afirmar posteriormente. A impossibilidade da geração de vida espontânea (abiogênese), a inviabilidade da evolução química, surgimento ao acaso de informação genética, bem como desenvolvimento ao acaso de novos sistemas e órgãos complexos e funcionais.
Blaise Pascal (1623-1662): Apesar de apresentar vários pequenos argumentos[9] em favor do cristianismo, a defesa de fé de Pascal (fundador da teoria da probabilidade) acaba por se tornar medíocre quando formula o “argumento da aposta”, que consiste em pensar de forma lógica na possibilidade da existência ou não existência de Deus, e quais seriam as conseqüências de crer ou não crer. A conseqüência disso é uma apologética interesseira e fraca, apesar de lógica.
John Locke (1632-1704): Filósofo empirista e fervoroso racionalista teológico, defendia que a fé religiosa necessita de um alicerce racional. Usou do Argumento Cosmológico e posteriormente, em plena Idade da Razão, dedicou-se em obras[10] com objetivo de trazer boas razões para crer e confiar veementemente no cristianismo e nos milagres relatados.
William Paley (1743-1805): Filósofo, grande contribuinte para a construção do argumento teleológico pela “analogia do relojoeiro”[11], que futuramente veio a se aprofundar cientificamente dando origem ao Intelligent Design. Em 1794 escreveu em 2 volumes A view of the evidences of Christianity sendo considerada a maior obra apologética até o século XVIII, onde trabalha em favor da autenticidade dos evangelhos e a confiabilidade dos milagres descritos e da ressurreição.
Søren Kierkegaard (1813-1855): Grande filósofo existencialista dinamarquês não propõe base racional para aplicação da fé, a qual ele considera como um salto necessário para uma vida coerente com sua existência[12]. Portanto, Kierkegaard afirma que a vida do homem só faz sentido se o salto de fé for realizada, sendo assim ele não aponta causas para uma determinada fé, mas a razão da necessidade da fé ao ser humano, caso contrário o ser humano permanecerá no desespero e na existência não autêntica.
Fiódor Dostoievski (1821-1881): Escritor romancista russo que consolidou o pensamento existencialista, viveu uma profunda disputa interior em seu processo de conversão. Podemos ver explicitamente suas indagações com relação ao Problema do Mal em seus romances[13], onde ele procura defender o teísmo justificando os propósitos do sofrimento e apontando para as terríveis conseqüências do relativismo moral que o ateísmo sucumbe.
G. K. Chesterton (1874-1936): Católico detentor de um currículo amplo, com atuações como escritor, poeta, jornalista, historiador, teólogo, filósofo, entre outros. Teve poucas (e interessantes) obras apologéticas publicadas[14], porém devido sua eminência nas outras áreas teve participação importante defesa da fé cristã na primeira metade do séc. XX.
C S Lewis (1898-1963): Famoso pela brilhante obra As Crônicas de Nárnia, Lewis é um exemplo de conversão racional e progressiva. Amigo de Tolkien, cuja influência mutua é notória, é autor de uma literatura excêntrica[15] (para sua época) no campo da apologética, onde aborda suas razões de fé e sua particular cosmovisão cristã. Foi destacado e reconhecido pela mídia como a conversão de maior impacto dos últimos tempos.
Francis Schaeffer (1912-1984): Filósofo e teólogo presbiteriano, arquitetou uma apologética contemporânea[16] com base na cultura do existencialismo ateu do séc. XX, cuja estrutura é o predicamento humano e o absurdo lógico da vida sem Deus, levando o homem à degeneração, desespero, falta de sentido ou uma vida contraditória.

CONTEMPORÂNEOS

Alister McGrath: PhD em Biofísica Molecular e doutor em Teologia e doutor em Letras (História Intelectual) pela Universidade de Oxford. É professor de Teologia Histórica, e autor de muitos livros[17] apologéticos à fé cristã. Sua obra mais famosa é “O delírio de Dawkins” em resposta as falácias de Dawkins em “Deus, um delírio”, que promoveu um debate/entrevista[18] entre os dois oponentes no campo das idéias.
Alvin Plantinga: Ph.D. em Filosofia pela Universidade de Yale, ocupa a cadeira de Filosofia na Universidade de Notre Dame. É seguramente, junto com Richard Swinburne, o maior Filósofo da Religião da atualidade. Molinista, soluciona de forma brilhante “O Problema do Mal”*** entre outros argumentos ateístas. Endossou o argumento “Ontológico”[19] a favor da existência de Deus.
Francis Collins: Pai do Projeto Genoma Humano, sendo responsável por grande parte do mapeamento genético do DNA. Ex-ateu e geneticista (evolucionista), reconhecido mundialmente, possui obras que conciliam a ciência com a fé cristã sem que a razão seja abandonada. Sua principal obra é A Linguagem de Deus – Um cientista apresenta evidências de que Ele existe[20].
John Lennox*: Matemático e filósofo da ciência pela Universidade de Oxford, é autor de diversos livros e atuante na apologética direta aos ateus, muito famoso por suas excelentes palestras e debates com Richard Dawkins, Lawrence Krauss e Christopher Hitchens.
N. T. Wright: Bispo anglicano da Church of England, especialista no estudo do Novo Testamento, precisamente na ressurreição de Jesus. Pesquisador literário, histórico e filosófico do contexto neotestamentário é autor de diversos livros respeitadíssimos[21] inclusive no meio secular. Para muitos é o teólogo e professor do Novo Testamento mais bem respeitado da atualidade.
Norman Geisler*: PhD em filosofia pela Loyola University – Chicago. É um respeitadíssimo teólogo cristão com uma extensa quantidade de livros e publicações conceituadas[22] de uma teologia sólida e consistente, bem como uma defesa filosófica da fé cristã extremamente concisa com as Escrituras.
Ravi Zacharias: Indiano, cristão, autor de diversos livros[23] unindo espiritualidade e a lógica da cosmovisão cristã. Utiliza a defesa de fé de forma prática, principalmente por meio de palestras evangelisticas atraindo milhares para a Verdade por meio da apologética.
Stephen C. Meyer*: Já atuou como geofísico; atualmente é um dos principais defensores do Intelligent Design, adquirindo seu PhD. em Filosofia da Ciência, dando seqüência e sofisticando os argumentos iniciados desde Panley e principalmente derrubando algumas conclusões precipitadas darwinistas.
William Lane Craig*: Certamente o maior erudito e mais conhecido apologeta cristão da atualidade. Doutor em Filosofia pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e em Teologia pela Universidade de Munique, na Alemanha. Aprimorou o argumento Cosmológico Kalam[24] em seu doutorado. Famoso por seus triunfos em debates com Flew, Atkins, Dacey, Sinnott-Armstrong, Price, Dawkins, Parsons, Hitchens, Cooke, Shook, Antony, D Ayala, Dayton, Edwards, Rosenberg, Carroll[25].
Wolfhart Pannenberg: Teólogo alemão dedicou-se à investigação histórica da veracidade da fé cristã com elementos filosóficos e das ciências naturais. O resultado foi uma conversão intelectual. Suas obras[26] são dedicadas de forma relevante na comprovação a realidade histórica da vida de Cristo e da lógica na confiabilidade literária dos evangelhos, e se aprofunda na ressurreição de Cristo.
Outros que merecem destaque: Antony Flew, Dave Hunt, Dinesh D’Souza, Henry Schaefer, James Irwin, J. P. Moreland, J. R. R. Tolkien, Karl Barth, Ken Ham, Marcos Eberlin*, Michael Behe, Russell Shedd, Tassos Lycurgo*, William Daniel Phillips, Walter Bradley e etc.
* Já tiveram passagem pelo Brasil, suas palestras e participações em eventos podem facilmente serem encontradas no Youtube.
Nota: É importante frisar que devido às diferentes épocas e áreas de atuação não há um consenso por parte dos apologetas, porém a contribuição mutua é de suma importância para uma defesa de fé sólida.
Além da refutação aos argumentos ateístas, há também a construção de argumentos que favoreçam a existência de um único Deus, pessoal, extremamente poderoso, atemporal, não espacial, fundamental para a existência de valores morais objetivos; e sobretudo da veracidade da fé cristã, pelas evidências históricas, filosóficas, arqueológicas, literárias e que comprovem a confiabilidade das Escrituras, e consequentemente os milagres e ressurreição de Jesus Cristo.
Em breve serão redigidos, de forma resumida, os principais argumentos contemporâneos que evidenciam a existência de Deus e que defendem de forma racional o cristianismo como a verdade absoluta mais plausível.
______________________________
[1] ARISTÓTELES. Metafísica. e
PLATÃO. Leis.

[2] ______. Eutífron – Diálogos de Platão.
[3] AGOSTINHO. Patrística – Santo Agostinho Vol. 19 – A verdadeira religião. / O cuidado devido aos mortos.
______. De Trinitate. – Livros IX – XIII

[4] ANSELMO. Proslógio.
______. Cur Deus homo.

[5] [Cit.] BEAURECUEIL, S. Gazzali et S. Thomas d’Aquin: [...]
[6] [Cit.] CRAIG, W. L. Apologética Contemporânea: A veracidade da fé cristã.
[7] TOMÁS DE AQUINO. Suma contra os gentios (vários volumes).
[8] ______. Suma teologia.
[9] PASCAL, B. Pensamentos.
[10] LOCKE, J. A Razoabilidade do Cristianismo.
______. Discurso sobre os milagres.

[11] PALEY, W. Teologia Natural.
[12] KIERKEGAARD, S. Fear and trembling.
[13] DOSTOIÉVSKI, F. Crime e Castigo.
______. Os irmãos Karamazov .

[14] CHESTERTON, G. K. Hereges.
______. Ortodoxia.
______. O homem eterno.

[15] LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples.
______. Milagres .
______. O problema do sofrimento.
______. Entre tantos outros.

[16] SCHAEFFER, F. Morte da Razão.
______. The God Who Is There.

[17] MCGRATH, A. Apologética pura e simples.
______. Apologética Cristã no Século XXI – Ciência e arte com integridade.

[18] http://www.youtube.com/watch?v=RJWc3ea3wL0
[19] PLANTINGA, A. Deus, Liberdade e o Mal.
______. The nature of necessity. pág. 221

[20] PDF: http://minhateca.com.br/odilon13/PASTAS+IPAD/CRIACIONISMO*2cEVOLUCIONISMO+E+ATE*c3*8dSMO/Francis+Collins+-+A+Linguagem+de+Deus,175907.pdf
[21] WRIGHT, N. T. A ressurreição do Filho de Deus.
[22] GEISLER, N. Enciclopédia de Apologética.
[23] ZACHARIAS, R. A morte da razão.
[24] CRAIG, W. L. Apologética Contemporânea: A veracidade da fé cristã. pág. 107.
[25] Você pode conferir a lista com os vídeos, áudios e transcrições nos seguintes links:
Em português: http://www.youtube.com/results?search_query=william%20craig%20debate%20legendado&sm=12

Em Inglês:
http://commonsenseatheism.com/?p=392
http://www.reasonablefaith.org/media/debates
[26] Português:
PANNENBERG, W. Fé e Realidade.
______. A pergunta sobre Deus.
Inglês (artigos):
______. Revelation as history.
______. Revelation of God in Jesus of Nazareth – Theology as history.
______. Jesus – God and man.

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Fonte:http://artigos.gospelprime.com.br/ateismo-ideologia-superficial/