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quinta-feira, 5 de maio de 2022

PATERGOGIA, A FORMAÇÃO BÍBLICA DOS PAIS CRISTÃOS

20.04.2022

Do portal CPADNEWS, 30.06.2020

Por Claudionor de Andrade 

 “Então Manoá orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor meu, rogo-te que o homem de Deus, que enviaste, ainda venha para nós outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer” (Jz 13:8).

INTRODUÇÃO 

 A missão prioritária dos pais é educar, individual e particularmente, a cada um de seus filhos, no caminho em que devem andar (Pv 22:6). Afinal, nossas crianças pertencem ao Senhor, conforme lembra-nos, neste instante tão delicado, o Salmista: “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão” (Sl 127:3).

Como, porém, conduzi-los de acordo com a Bíblia Sagrada? A resposta a essa pergunta não é tão simples quanto parece. Não basta dizer, por exemplo, que a chave para a salvação de nossos meninos e meninas é uma educação genuinamente bíblica e autenticamente cristã. Que a resposta é esta, todos o sabemos. O que muitos ignoram é que boa parte dos pais evangélicos não possui educação bíblica e cristã sequer para si.

Frutos de um mundo confuso, de uma educação secular ruim e globalista e de uma doutrinação cristã deficitária, muitos pais e mães não têm intimidade com a Palavra de Deus, nem com o Deus da Palavra. Não são afeitos à leitura, porque jamais aprenderam a interpretar corretamente um texto. Aliás, têm eles dificuldades, inclusive, de ler uma prescrição médica, o boletim escolar dos filhos e as últimas normas do condomínio. Toda a sua cultura acha-se restrita ao mundo televisivo: novelas, shows e telejornais nem sempre compromissados com a verdade.

Diante de um cenário tão desfavorável, faz-se urgente educar, antes de tudo, os educadores naturais, legítimos e imediatos de nossos pequeninos: seus pais. A ordem do Senhor, a esse respeito, é clara e não admite postergações: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22:6).

Tendo em vista tal urgência, proponho, neste artigo, uma especialidade educativa voltada exclusivamente aos pais cristãos. Refiro-me a um departamento pedagógico a que chamarei, a partir de agora, de patergogia: a educação dos pais e mães, como os reais educadores de seus filhos      

I. A DEFINIÇÃO, OS FUNDAMENTOS, OS OBJETIVOS E O LUGAR DA PATERGOGIA

Neste tópico, querido leitor, definiremos o que já passamos a chamar de patergogia. Em seguida, veremos seus objetivos, fundamentos e o seu lugar no ministério eclesiástico. Que Deus nos ajude a impulsionar este recurso pedagógico-didático, cujo único objetivo é auxiliar os pais, através da Bíblia Sagrada, a educar a seus filhos com a excelência que nos proporciona a divina graça.

1. Definição etimológica de patergogia. A palavra “patergogia” é formada por dois vocábulos gregos: pater, pai e mãe, no sentido em que, neste estudo, o empregamos; e agogos, o que conduz. Há que se destacar, outrossim, estar o último termo ligado ao verbo agein: conduzir. Etimologicamente, portanto, o termo “patergogia” traz este significado literal: educação dos pais.

2. Definição pedagógica de patergogia. A patergogia será definida, pois, como a educação sistemática dos genitores como os responsáveis diretos e insubstituíveis pela formação espiritual, moral, ética e física dos filhos, de acordo com os preceitos de quem lhos confiou – o Autor e Mantenedor da Vida. Somente assim os pais habilitar-se-ão a proporcionar uma formação bíblica e espiritual a toda a sua descendência, tendo, como fundamento, a excelência dos reclamos e das reivindicações da Bíblia Sagrada, nossa única regra infalível de fé, prática e orientação pedagógica.

3. Os objetivos da patergogia. Tendo em vista a formação bíblica, espiritual e cultural deficitária de boa parte dos pais evangélicos atuais, a patergogia cristã propõe-se a suprir tais deficiências, preparando-os a educar seus filhos com a excelência que a Bíblia requer de cada um de nós. Logo, a patergogia é a educação dos pais, a fim de que cumpram a sua mais importante e prioritária missão de maneira plena, digna e perfeita.

4. Os fundamentos da patergogia. Já que a patergogia será vista, a partir de agora, como uma necessidade premente no ensino cristão, seu principal fundamento terá de ser, necessariamente, a Bíblia Sagrada, a inspirada e inerrante Palavra de Deus.

Além das Sagradas Escrituras, a patergogia utilizará, também, os documentos doutrinários comprovadamente bíblicos da Igreja Cristã, a história, a legítima tradição familiar e os testemunhos dos que se consagraram a educar seus filhos com reconhecido e louvável esmero.

5. O lugar da patergogia no ministério eclesiástico. Levando-se em conta a organização atual do ensino bíblico nas igrejas evangélicas, a patergogia deve ser vista como um ramo da Educação Cristã e uma disciplina auxiliar da Escola Dominical. Mas não deve, preferentemente, funcionar no mesmo horário desta; que os pais tenham condições de participar dos ensinos dominicais programados.

II. A JUSTIFICAÇÃO DA PATERGOGIA

Há uma pergunta, querido leitor, cuja pertinência não pode ser ignorada: “Por que a patergogia faz-se tão necessária?”. Esta disciplina faz-se não apenas necessária como, igualmente, imprescindível, pelos seguintes motivos que estão a reclamar-nos toda a urgência:

1. A formação bíblica, espiritual e cultural deficiente de muitos pais evangélicos. A atual geração de pais evangélicos é fruto da escola sócio-construtivista e do chamado método global de alfabetização, cujos resultados, em países como o Brasil, estão entre os piores do mundo. Isso significa, que a maioria dos homens e mulheres, que se tornaram pais a partir da década de 1990, não foi alfabetizada com eficácia. Muitos não sabem sequer interpretar um texto básico.

Levemos em conta, outrossim, a péssima formação bíblica, espiritual e cristã proporcionada à atual geração de pais e mães, por igrejas que, já conformadas com este século, perderam suas excelências bíblicas, culturais e pedagógicas.

2. Os desafios da pós-modernidade. A chamada pós-modernidade, empobrecendo moral e culturalmente a nova geração de pais e mães, instilou-lhes na mente e na alma indefesas, as mais nocivas e esdrúxulas filosofias, ideologias e até teologias. Percebe-se, logo, que a geração atual foi condicionada, desde o jardim de infância, a aceitar, sem questionamentos ou críticas, toda a agenda do atual anticristianismo.

3. O surgimento de ideologias nocivas. Aproveitando-se da precária formação bíblica e cultural da presente geração de pais e mães, os prepostos do Anticristo vêm, sistematicamente, apresentando-lhe uma agenda maligna, e nem sempre sutil, com destaque para os seguintes itens: aborto, eutanásia, ecologismo idolátrico, casamento fora dos padrões bíblicos, homossexualismo, ideologia de gênero etc.

A sanha globalista, portanto, ataca não apenas os filhos, mas calculadamente os pais. Não nos enganemos. Os inimigos da Bíblia Sagrada são mais eficientes do que supomos; não podem ser subestimados. Eis por que temos de educar os pais, a fim de que estes, já fortalecidos na Palavra de Deus, tenham condições de socorrer os seus filhos.

4. A iminência da volta de Cristo. Nós acreditamos no iminente retorno de Nosso Senhor. Por esse motivo, prepararemos adequadamente os pais, desta geração, a educar seus filhinhos com a excelência que a Bíblia requer. Doutra forma, jamais adentrarão a Jerusalém Celeste. Que eles possam, desde já, declarar como Josué, o conquistador de Canaã:

“Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24:15).
Neste ponto, querido irmão, é mister responder a esta pergunta: o que ministrar aos pais, objetivando prepará-los a educar seus filhos? É o que veremos no próximo tópico.

III. O CURRÍCULO BÁSICO DA PATERGOGIA

A patergogia requer um currículo básico, centrado de maneira incondicional na Bíblia Sagrada, a inspirada e inerrante Palavra de Deus. Somente assim terá condições de alcançar plenamente seus objetivos: educar os pais, visando capacitá-los a educar com excelência a seus filhos. E, dessa forma, salvar as novas gerações dos ataques do Anticristo, que vem atuando impiedosamente através de seus prepostos globalistas e pós-modernos, com a anuência cada vez mais ousada e descarada dos falsos profetas, doutores e mestres, que estão a pulular em nossos arraiais.

1. A doutrina da salvação. Um dos maiores desafios da Igreja de Cristo, na atualidade, é evangelizar os que se dizem evangélicos. Frequentando igrejas geridas como meras empresas, e sendo eles mesmos tratados como meros clientes, muitos pais e mães da geração 2.000, ainda não tiveram uma experiência real e pessoal com o Senhor Jesus Cristo, conforme os padrões bíblicos.

Portanto, a primeira tarefa da patergogia cristã será evangelizar, discipular e conduzir os pais desta geração a Cristo. Somente assim, poderão eles dedicar-se à educação redentora de sua descendência. Pais realmente salvos não descurarão da salvação de seus filhos; antes, orarão e intercederão por estes como fazia continuamente o patriarca Jó (1:4,5). 

2. Alfabetização intensiva. Se levarmos em consideração a triste realidade cultural dos pais e mães dos anos 2.000, convencer-nos-emos de que eles necessitam, com urgência, de um curso intensivo de alfabetização, leitura e interpretação de texto. Alfabetizados pelo método global, sob os auspícios do sócio-construtivismo, boa parte dos pais, desta geração, é incapaz de ler, escrever e interpretar um texto mais complexo.

Por essa razão, tendo como livro de texto a Bíblia Sagrada, a inspirada e inerrante Palavra de Deus, ensinemo-los a ler, a escrever e a interpretar um texto com toda a correção requerida. Lembremo-nos de que os puritanos ingleses, que formaram o cerne da civilização norte-americana, eram alfabetizados a partir da bela e majestosa Bíblia do Rei Tiago. Se os pais não souberem ler, escrever e interpretar um texto, como ajudarão seus filhos num século tão confuso quanto este?

3. Instrução bíblico-doutrinária. Se os pais não sabem ler e escrever com proficiência, como dedicar-se-ão ao estudo da Bíblia Sagrada? Por conseguinte, depois de alfabetizados, receberão eles as instruções básicas e fundamentais acerca da Bíblia Sagrada e das principais doutrinas cristãs.

Muitos pais evangélicos buscam, hoje, a igreja como a uma entidade mágica, capaz de resolver-lhes todos os problemas emocionais, domésticos e financeiros. São crentes meramente nominais e perigosamente místicos; são frutos da teologia da prosperidade, da teologia do coaching e da confissão positiva. Portanto, como haverão eles de conduzir seus pequeninos no caminho em que devem andar? Fortaleçamo-los, pois, na Bíblia Sagrada, a inspirada, inerrante, completa e eterna Palavra de Deus.

4. Paternidade Cristã. Nesta disciplina, objetivamos conscientizar os pais a seguir o padrão bíblico de paternidade. Tanto no Antigo quanto no Testamento Novo, há severas advertências concernentes à educação dos filhos, à gerência do lar e ao pastoreio doméstico.

O pastoreio espiritual do lar, a propósito, não é responsabilidade apenas do esposo; ambos – pai e mãe – têm como tarefa pessoal, intransferível e urgente, conduzir seus filhos, quer na primeira infância, quer na adolescência, seja na juventude, seja na vida adulta, no caminho em que devem andar. Tal incumbência recebeu o patriarca Abraão do próprio Deus (Gn 18:17-19).

5. Apologética cristã. Por causa dos constantes ataques do Anticristo contra a família, visando atingir, prioritariamente, as crianças, devem os pais estar devidamente aparelhados a defender, quer diante da pedagogia oficial, quer perante o próprio governo, a integridade espiritual, moral e emocional de seus filhos.

Tomemos especial cuidado quanto às pretendidas reformas pedagógicas. Na verdade, tais iniciativas não passam de reformas psicológicas; o seu intuito é escravizar espiritual e mentalmente nossas crianças, induzindo-as a aceitarem, como normal, as agendas morais globalistas urdidas pelo Homem do Pecado (2 Ts 2:1-13). Portanto, instruamos os pais desta geração a que atuem como os pastores, sacerdotes, profetas, teólogos e apologetas de seus lares. Que tenham eles os argumentos necessários, com o fito de defender seus filhinhos, conforme exortação do profeta Jeremias:

“Levanta-te, clama de noite no princípio das vigílias; derrama o teu coração como águas diante da face do Senhor; levanta a ele as tuas mãos, pela vida de teus filhinhos, que desfalecem de fome à entrada de todas as ruas” (Lm 2:19).

6. Elementos de puericultura bíblica. A puericultura que, aqui, recomendamos, é a imprescindível a todos os pais. Assim o Dicionário Houaiss a define: “ciência que reúne todas as noções (fisiologia, higiene, sociologia) suscetíveis de favorecer o desenvolvimento físico e psíquico das crianças, desde o período da gestação até a puberdade”.

Como sabemos, há casais que chegam à paternidade sem ter as informações básicas quanto aos cuidados a serem administrados às crianças. Em virtude de seu caráter técnico, recomendo que tal disciplina seja confiada a uma profissional de saúde, para que treine os pais nesses cuidados básicos e tão necessários.

  IV. EXEMPLOS DE PAIS QUE SOUBERAM DISPENSAR UMA EDUCAÇÃO DE EXCELÊNCIA AOS SEUS FILHOS

Ao longo da História Sagrada, encontramos vários pais que, seguindo a orientação divina, educaram exemplarmente a seus filhos. Como resultado, vieram essas crianças a constituir-se nos heróis e heroínas da Bíblia Sagrada.
Portanto, se nos dedicarmos a educar os encarregados da educação de nossos meninos e meninas, estes virão a ser usados grandemente por Deus em seu Reino. Vejamos, pois, alguns desses inspiradores exemplos.

1. Educação espiritual e moral: Anrão e Joquebede. Este casal soube como educar seus três filhos, e todos eles vieram a destacar-se grandemente na História Sagrada: Moisés, profeta, libertador e legislador de Israel (Dt 34:10-12); Arão, primeiro sumo sacerdote do culto divino em Israel (Ex 29:9); e Miriã, cantora e profetisa (Ex 15:20). Somente os casais bem educados, na Palavra de Deus, estão habilitados a proporcionar uma educação de excelência a seus filhos.

2. Educação bíblica e doutrinária: Lóide e Eunice. Essas senhoras, respectivamente avó e mãe do jovem pastor Timóteo, souberam como proporcionar-lhe uma educação bíblica de altíssima qualidade, de acordo com o testemunho do irmão Paulo: “Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti” (2 Tm 1:5).

Mais adiante, o apóstolo mostra o resultado dessa educação: “E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2 Tm 3:15).

3. Educação básica e clássica: Jônatas, tio de Davi. Não resta dúvida de que Jessé e sua esposa proporcionaram, a Davi, uma educação espiritual de comprovado teor. Todavia, conforme podemos inferir do texto sagrado, não puderam ensinar-lhe as primeiras letras nem introduzi-lo no hebraico clássico e belo das Sagradas Escrituras. Por causa disso, voltamos a fazer uma inferência bíblica, confiaram a educação intelectual do pastorzinho de Belém ao seu tio, Jônatas, que entraria para a História Sagrada, como um dos homens mais sábios e eruditos de Israel, conforme registra o autor sagrado: “E Jônatas, tio de Davi, era do conselho, homem entendido, e também escriba” (1 Cr 27:32,a).

Saibamos, pois, como escolher os mentores de nossos filhos; que sejam eles santos e incorruptíveis; que tenham bons costumes e modos; e que jamais descurem da Sã Doutrina.

4. Educação musical: o levita e músico Hemã soube como educar a seus filhos na Palavra de Deus, para que servissem na adoração e louvor ao Todo-Poderoso de Israel. Conforme o relato sagrado, foi Hemã um homem muito bem-sucedido na educação de seus filhos:

“Todos estes foram filhos de Hemã, o vidente do rei nas palavras de Deus, para exaltar o seu poder; porque Deus dera a Hemã catorze filhos e três filhas. Todos estes estavam sob a direção de seu pai, para a música da casa do Senhor, com saltérios, címbalos e harpas, para o ministério da casa de Deus; e Asafe, Jedutum, e Hemã, estavam sob as ordens do rei” (1 Cr 25:5,6).

5. Educação que leva os filhos a Cristo: Maria, mãe de João Marcos, precioso auxiliar dos apóstolos Pedro e Paulo. E, finalmente, entre muitos outros exemplos, temos a destacar, ainda, o de João Marcos, filho de Maria (At 12:12). Ela, mui prudentemente, confiou a educação espiritual de seu filho, ao apóstolo Barnabé, que soube como amadurecê-lo no ministério cristão. Mais tarde, vemo-lo como auxiliar dos apóstolos Pedro e Paulo (2 Tm 4:11; 1 Pe 5:13).

V. COMO IMPLEMENTAR A PATERGOGIA EM NOSSA IGREJA

Neste tópico, daremos algumas sugestões, que poderão ajudá-lo, querido obreiro, a implementar a patergogia, em sua igreja, a fim de preparar, desde já, os pais desta geração, a educar com excelência a seus filhos.


1. Conscientize sua igreja quanto à necessidade da patergogia.

2. Prepare os professores, a fim de que, proficientemente, atuem na formação bíblica, doutrinária e prática dos pais de sua igreja.

3. Destine uma sala adequada, com o intuito de acolher esta nova classe.

4. Separe um dia, na semana, no qual a classe de patergogia tenha condições de funcionar adequadamente.

5. Acompanhe o desenvolvimento do curso, que deverá ter uma duração média de dois meses.

6. No final do curso, além de um certificado, celebre o resultado, enaltecendo a Deus por mais uma vitória.

7. E, finalmente, acompanhe os alunos, agora já formados, para que coloquem, em prática, o conteúdo ministrado. Ore por eles. Acompanhe-os. Coloque-se à disposição desses queridos pais e mães, a fim de que sejam bem-sucedidos em todas as coisas.

CONCLUSÃO

A patergogia é uma necessidade. Se prepararmos devidamente os novos pais e mães, hoje, a igreja de amanhã será mais forte e comprovadamente sadia. Doutra forma, teremos amargos frutos a colher no porvir.


Que Deus nos ajude.

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segunda-feira, 21 de março de 2022

O que tem Jerusalém a ver com Brasília?

16.03.2022

Do portal CPADNEWS, 21.08.2018

Por Valdir Nascimento*

Foi Tertuliano (160-220 d.C), um dos pais da igreja, quem proferiu no segundo século a famosa frase: O que tem a ver Jerusalém com Atenas? Em sua elocução Tertuliano estava questionando o relacionamento entre a Teologia, representada por Jerusalém, e a Filosofia, identificada em Atenas, o berço do pensamento filosófico grego. Na opinião do apologista, era impossível conciliar essas duas esferas: fé e razão, Igreja e Academia.

Em nossos dias, há quem faça outro tipo de pergunta: O que tem Jerusalém a ver com Brasília? O que tem a ver a religião com a política? Ou, de maneira mais direta: Qual a relação entre fé cristã e política?

Para muitos, a resposta é: nada. Entendem estes que se tratam de âmbitos completamente distintos e inconciliáveis. Jerusalém representa o Reino de Deus; Brasília, a cidade dos homens. Jerusalém é a capital da paz celestial; Brasília, a capital da corrupção humana. Em Jerusalém, o poder é único e exclusivo de Deus; em Brasília, o poder pertence aos poderosos deste mundo.


Brasília, inegavelmente, pode representar isso e muito mais. Um lugar em que os efeitos nefastos do pecado corroem as estruturas de poder e trazem prejuízos incalculáveis para a sociedade. Um ambiente dominado por interesses escusos e ardis inconfessáveis.

Contudo, criar uma falsa dicotomia entre Jerusalém e Brasília, fé e política, não é uma atitude sábia e muito menos bíblica.

Primeiro, porque a autoridade dos governantes de Brasília, e de qualquer outra esfera de poder, procede de Jerusalém, a cidade de Deus. Com todas as letras, Paulo afirma que não há autoridade que não venha de Deus (Rm 13.1), e Pedro nos aconselha a honrarmos ao Rei (1Pe 2.17). Embora o poder político seja utilizado de maneira distorcida, não significa que ele seja em si maligno, ou que a cidade seja de domínio de Satanás. É a vontade de Deus que Brasília seja um lugar de onde procedem leis justas, que punem o mal e instrumentalizam políticas do bem. 

Segundo, porque Jerusalém deve ser o referencial moral de Brasília. Sem a ética teísta que exsurge da fé em um Legislador Moral, que é Deus, Brasília não teria minimamente uma diretriz para fazer o que é certo. Como bem afirmou Wayne Grudem (Política segundo a Bíblia): “Sem a influência cristã, o governo não tem uma bússola moral”. Mais que isso, de Jerusalém é de onde flui os princípios essenciais para a delimitação do poder e responsabilização moral, a fim de evitar o arbítrio e o absolutismo.

Terceiro, porque os cidadãos de Jerusalém têm a responsabilidade de influenciar a política de Brasília. O testemunho cristão, afinal, começa em Jerusalém, mas alcança os confins do mundo (At 1.8). Assim como os cristãos primitivos abalaram o mundo de sua época, chegando a Roma, a capital política do mundo de então, ainda hoje os seguidores de Cristo têm a incumbência de agirem como sal da terra e luz do mundo, como uma religião verdadeiramente profética na esfera pública. 

Nas palavras de Miroslav Volf (Uma fé pública): “Como uma religião profética, a fé cristã será fé ativa, engajada com o mundo de maneira não coercitiva – oferecendo bênçãos a nossos empreendimentos, conforto efetivo em nossos fracassos, orientação moral num mundo complexo e um contexto de significado para nossa vida e nossas atividades”. Ao exercerem uma política profética, os cidadãos de Jerusalém bradam contra a corrupção, denunciam os erros e exortam contra as injustiças.

O que tem Jerusalém a ver com Brasília? Muito mais do que você possa imaginar!

*Valmir Nascimento é jurista e teólogo. Possui mestrado em teologia, pós-graduação em Estado Constitucional e Liberdade Religiosa pela Universidade Mackenzie, Universidade de Coimbra e Oxford University. Professor universitário de Direito religioso, Ética e Teologia. Editor da Revista acadêmica Enfoque Teológico (FEICS). Membro e Diretor de Assuntos Acadêmicos da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). Analista Jurídico da Justiça Eleitoral. Escritor e palestrante. Comentarista de Lições Bíblicas de Jovens da CPAD. Autor dos livros "O Cristão e a Universidade", "Seguidores de Cristo" e "Entre a Fé e a Política", títulos da CPAD. Ministro do Evangelho em Cuiabá/MT.

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Fonte: http://cpadnews.com.br/blog/valmirnascimento/enfoque-cristao/132/o-que-tem-jerusalem-a-ver-com-brasilia.html

quarta-feira, 16 de março de 2022

Não vos assusteis: ouvireis de guerras e rumores de guerras

16.03.2022

Do portal CPADNEWS,25.02.22

Por pastor Douglas  Baptista*

“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim”. (Mt 24.6).

O uso de diferentes métodos de interpretação bíblica provoca variadas posições escatológicas entre os estudiosos da doutrina das “últimas coisas”. Em vista disto, as tragédias e as assolações que impactam a humanidade, invariavelmente, deságuam em interpretações diversas acerca do “fim do mundo”.

Um dos textos de uso recorrente é o sermão profético registrado no Evangelho de Mateus. Nesta perícope, Jesus responde aos discípulos acerca dos “sinais” que antecederiam “a sua vinda” e do “fim do mundo” (Mt 24.3). Em sua resposta Jesus explicou que tais eventos escatológicos não são necessariamente a mesma coisa.

Aqui, muitos intérpretes cometem o erro de tratar tais eventos como um único acontecimento. A falha consiste em ignorar que a literatura apocalíptica é gênero literário que difere de nossa mentalidade ocidental, que requer continuidade ordeira. Mateus transita livremente em registrar os eventos futuros sem uma ordem cronológica.

Portanto, é preciso entender que Mateus descreve alternadamente como sendo sinais, por exemplo, a iminente destruição de Jerusalém (que ocorreu no ano 70 d.C.), e os demais eventos que precederiam a volta de Jesus, tais como, os falsos Cristos, os falsos profetas, as guerras, a fome, os terremotos, a tribulação, a traição, a disseminação do ódio, dentre outros.

Nesta perspectiva, o texto bíblico afirma que os sinais não indicariam o “fim do mundo”, apenas o princípio das dores (Mt 24.8). E, dentre os eventos que precederiam a volta do Senhor, Jesus ensinou que os discípulos “ouviriam falar de guerras e de rumores de guerras [...], mas ainda não é o fim” (Mt 24.6).

Deste modo, em virtude da falsa paz política, Cristo não somente alertou sobre o surgimento das guerras e suas terríveis consequências, como também asseverou que não devíamos ficar com medo. Isto, porque Deus é soberano, Ele controla o curso da história. É necessário que as guerras aconteçam, tudo isto faz parte do plano divino.

Por conseguinte, ratifica-se que as guerras e os rumores de guerras como “sinais” não significam o fim. Tais conflitos vão piorar ainda mais, eles indicam que o fim se aproxima, são prenúncios da iminente volta de Jesus! No fim Cristo reinará triunfante. “Assim, quando os sinais começarem a surgir, exultai e levantai as vossas cabeças, pois está muito perto a vossa redenção!” (Lc 21.28).

Pense nisso!

Douglas Baptista é pastor, líder da Assembleia de Deus de Missão do Distrito Federal, doutor em Teologia Sistemática, mestre em Teologia do Novo Testamento, pós-graduado em Docência do Ensino Superior e Bibliologia, e licenciado em Educação Religiosa e Filosofia; presidente da Sociedade Brasileira de Teologia Cristã Evangélica, do Conselho de Educação e Cultura da CGADB e da Ordem dos Capelães Evangélicos do Brasil; e segundo-vice-presidente da Convenção dos Ministros Evangélicos das ADs de Brasília e Goiás, além de diretor geral do Instituto Brasileiro de Teologia e Ciências Humanas.

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Fonte:http://cpadnews.com.br/blog/douglasbaptista/o-cristao-e-o-mundo/201/nao-vos-assusteis:-ouvireis-de-guerras-e-rumores-de-guerras.html

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

CGADB promove campanha de oração pela paz entre Rússia e Ucrânia

24.02.2022

Do portal CPADNEWS

CGADB promove campanha de oração pela paz entre Rússia e Ucrânia

Diante do conflito instalado entre a Rússia e Ucrânia, a Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Brasil (CGADB), sob a presidência do pastor José Wellington Costa Junior, líder da Assembleia de Deus Ministério do Belém em Guarulhos (SP), convoca a todos os asssebleianos pelo mundo para uma campanha de oração na madrugada.


Todos os dias, às 3h da manhã, clame pela paz entre a Rússia e Ucrânia!


"Procurai a paz da cidade para onde vos fiz transportar; e orai por ela ao Senhor, porque, na sua paz, vós tereis paz" Jeremias 29:7 .


CPAD News/ Com informações CGADB

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Fonte: https://cpadnews.com.br/assembleia-de-deus/55891/cgadb-promove-campanha-de-oracao-pela-paz-entre-russia-e-ucrania.html

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

POR QUE DEVEMOS OBEDECER AOS PASTORES? HÁ HIERARQUIA NA IGREJA?

10.02.2021

Do portal CPAD NEWS, 30.03.2015

Por Ciro Sanches Zibordi


Conquanto a Palavra de Deus ordene: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas” (Hb 13.17), aumenta a cada dia o número de cristãos rebeldes, que não se sujeitam aos líderes eclesiásticos chamados verdadeiramente por Deus e pensam que estão certos. Não respeitam pastores, verberam contra a liderança e afirmam que só devem obediência a Deus. “Igreja não é quartel general”, afirmam. E, generalizando, chamam qualquer liderança firme e segura de coronelista. Na Bíblia, a Palavra de Deus, vemos que o próprio Deus prioriza e hierarquiza. Ele — que podia ter formado todas as coisas com uma única palavra — fez questão de formar tudo a seu tempo, dia após dia (Gn 1). O Senhor também pôs em ordem as tribos de Israel (Nm 2). Nosso Deus é um Deus de ordem (1 Co 14.40).

De acordo com 1 Coríntios 12.28, vemos que Deus hierarquiza dons e ministérios. A hierarquia, nesse caso, existe, não para que o portador de certo dom e ministério se considere superior aos outros, e sim para que haja ordem. Deus pôs na igreja “primeiramente apóstolos” (1 Co 12.28; Ef 4.11). Os apóstolos são homens de Deus, enviados por Ele, com grande autoridade, e não autoritarismo, que formam a liderança maior da igreja — independentemente dos títulos empregados pelas denominações (pastores presidentes, bispos, reverendos, pastores, presbíteros, etc.). Mas não se deve confundir títulos com ministérios e dons. Estes vêm do Espírito Santo, enquanto os títulos são conferidos pelos homens. Na Assembleia de Deus fiel ao seu perfil teológico-eclesiástico-consuetudinário original, por exemplo, não existe o título de apóstolo. Mas isso não significa que não exista o ministério apostólico. Este, segundo a Bíblia, perdurará “até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13).

O texto de 1 Coríntios 12.28 afirma, também, que Deus pôs na igreja “em segundo lugar, profetas”, mencionados em Efésios 4.11 na mesma posição, depois dos apóstolos. Os profetas que receberam, de fato, o ministério profético, não devem ser confundidos com os crentes que falam em profecia nos cultos, também chamados de profetas em 1 Coríntios 14.29. O ministério profético neotestamentário é formado por pregadores (pregadores, mesmo!) da Palavra de Deus, portadores de mensagens proféticas. Em seguida, a Palavra do Senhor, ainda em 1 Coríntios 12.28, assevera: “em terceiro, doutores”. Veja como essa hierarquização ocorria na igreja de Antioquia da Síria: “havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo” (At 13.1). Nesse caso, os doutores, que atuam juntamente com os profetas, são ensinadores da Palavra de Deus. Há casos, como o de Paulo, em que três ou dois dos ministérios mencionados (apóstolo, profeta e doutor) estão presentes (1 Tm 2.7). Os ministérios de pastor e evangelista certamente fazem parte dos três escalões mencionados em 1 Coríntios 12.28, posto que são títulos relacionados com a liderança maior da igreja.

Em 1 Coríntios 12.28, também está escrito: “depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”. Milagres só vêm depois de apóstolos, profetas e doutores? Isso mesmo. Na hierarquização feita por Deus, o ministério da Palavra é mais prioritário que os milagres, haja vista serem estes o efeito da pregação do Evangelho (Mc 16.17). Observe que João Batista foi considerado por Jesus o maior profeta dentre os nascidos de mulher, mesmo sem ter realizado sinal algum (Jo 10.41). Se não houver hierarquia nas igrejas, para que servirão os cargos e funções? Qualquer pessoa, dizendo-se usada por Deus, poderá mandar no pastor. Aliás, isso estava acontecendo na igreja de Tiatira, e o próprio Senhor Jesus repreendeu aquele obreiro frouxo que não estava exercendo a liderança que recebera do Senhor (Ap 2.20).

Deus é Deus de ordem! Os princípios divinos da priorização e da hierarquização aparecem em várias outras passagens neotestamentárias. Em 1 Coríntios 14.26, vemos que, no culto coletivo a Deus, deve haver ordem. Quanto à ressurreição, está escrito: “cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Co 15.23). E, na Vinda de Jesus, tal princípio também será aplicado: “os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens” (1 Ts 4.17). Em 1 Tessalonicenses 5.23, vemos que Deus prioriza o espírito, na santificação: “e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Essa ordem mostra que a obra santificadora do Espírito Santo ocorre de dentro para fora, e não de fora para dentro.

Finalmente, o apóstolo Paulo parabenizou os crentes da cidade de Colossos porque naquela igreja havia ordem (Cl 2.5). E ordem também significa respeitar a hierarquia! Afinal, os ministérios e dons não são invenção humana. Eles foram dados por Deus para edificação do Corpo de Cristo (Ef 4.11-15).

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Ciro Sanches Zibordi é pastor, escritor, membro da Casa de Letras Emílio Conde e da Academia Evangélica de Letras do Brasil. Autor do best-seller “Erros que os pregadores devem evitar” e das obras “Mais erros que os pregadores devem evitar”, “Erros que os adoradores devem evitar”, “Evangelhos que Paulo jamais pregaria”, “Adolescentes S/A” e “Perguntas intrigantes que os jovens costumam fazer”, todos títulos da CPAD. É ainda co-autor da obra “Teologia Sistemática Pentecostal”, também da CPAD.

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Fonte:Ciro Sanches Zibordi - CPADNews

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

95 teses para o evangelicalismo brasileiro?

17.11.2017
Do portal CPADNEWS, 01.11.17
Por Ciro Sanches Zibordi

Ciro Sanches ZibordiHá um texto sem autoria, que ora se espalha pelas redes sociais, denominado ‘95 teses para serem fixadas na porta do Evangelicalismo Brasileiro’. Gostei da iniciativa. Mas, sinceramente, quero fazer sucintos comentários sobre algumas das tais ‘teses’, já que elas devem estar sendo fixadas nos murais de algumas igrejas, inclusive pentecostais, ou retransmitidas via aplicativo de mensagens.
1. Rodar e cair não é manifestação do Espírito Santo.
Concordo, pois sou crítico de certos “moveres”, como “cair no Espírito” e “unção do riso”. Por outro lado, na presença do Espírito Santo, há alegria e movimento, e não inércia (cf. At 2; 4; 10; 19).
2. Falar em línguas não é evidência de Espírito Santo.
Há línguas e ‘línguas’. As genuinamente produzidas pelo Espírito são sobrenaturais e — evidentemente — uma evidência da presença do Espírito Santo. Mas as falsas línguas, resultantes de carnalidade, geralmente pronunciadas depois que algum pregador diz: ‘Onde estão os pentecostais? Eu quero ouvir uma rajada de línguas estranhas’, estas sim depõem contra o pentecostalismo.
3. Não existem mais levitas.
Concordo. E escrevi sobre isso em meu livro ‘Erros que os Adoradores Devem Evitar’ (CPAD, 2010).
4. Teologia da prosperidade não é evangelho.
Verdade.
5. Dízimo obrigatório não está em vigor na graça.
Dízimo não é obrigatório, pois toda e qualquer contribuição é voluntária, mas ele está em vigor, sim, já que, à luz do Novo Testamento, pode ser considerado uma prática atemporal, que nada tem que ver com salvação. Boas obras não salvam, mas Deus nos salvou exclusivamente pela graça para andarmos em boas obras (Ef 2.8-10).
6. Devorador não é um demônio.
Certo.
7. Mulher não pode ser pastora.
Poder, pode. Mas deve? Será que Deus chamou mesmo as mulheres para serem pastoras? Isso gera muito debate, mas vejo que o movimento feminista tem feito muita gente dar um jeitinho para agradar as mulheres. Como o assunto é difícil para ser tratado neste texto, que já está longo demais, vou recomendar ao leitor um excelente livro sobre o assunto: 'Homens, Mulheres e Autoridade', editado por Brian Edwards, São Paulo: PES, 2007.
8. Campanhas e propósitos são barganha com Deus.
Concordo plenamente.
9. Você não escolhe Cristo.
De fato, a iniciativa vem de Deus, e a salvação é realizada cem por cento pela graça de Deus. Entretanto, ela só se concretiza na vida de quem recebe a Cristo como seu Senhor e Salvador (Jo 3.16; Rm 10.9,10). Não se deve confundir expiação com redenção. A expiação é do pecado adâmico (Jo 1.29); a redenção diz respeito ao pecado de cada pecador, a qual se concretiza quando o pecador crê no Senhor e se arrepende de seus pecados, auxiliado, evidentemente, pela graça de Deus que vem antes, prevenientemente.
10. Não existem mais apóstolos.
Penso que o ministério apostólico continuará ‘até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus’, assim como todos os outros mencionados em Efésios 4.13. Os doze, evidentemente, são um grupo seleto, que inclusive será lembrado no Céu. Mas apóstolos — não títulos, e sim ministérios — não cessaram. Caso contrário, teríamos de admitir que os outros dons ministeriais mencionados em 1 Coríntios 12.28 e Efésios 4.11 também cessaram. Em meu novo livro trato dessa questão.
11. Cristo é o fim da lei.
Verdade.
12. Oração no monte tem o mesmo efeito do quarto.
Concordo. Mas eu prefiro orar no quarto.
13. Arrebatamento será depois da tribulação.
Nem todos os evangélicos são pós-tribulacionistas. Os pentecostais, como este articulista, creem piamente que Jesus arrebatará a sua Igreja antes da Grande Tribulação, pois há muitas evidências bíblicas quanto a isso. Recomendo, modéstia à parte, a leitura do meu livro ‘Erros Escatológicos que os Pregadores Devem Evitar’ (CPAD, 2012).
14. Estudem as Escrituras linearmente.
Não só linearmente. Há que estudá-las levando-se em consideração o fato de elas serem a Palavra de Deus infalível e inerrante, respeitando os seus contextos literário, histórico, cultural etc.
15. Grupo de dança não é ministério.
Concordo.
16. Pregação somente pela Palavra.
De acordo.
17. Exposição somente das Escrituras.
Verdade.
18. Seu pastor não é mais importante que o membro.
Não é. Mas isso não quer dizer que não exista hierarquia na Igreja. Existe, sim, como vemos claramente em 1 Coríntios 12.28, Atos 15 etc. Deus pôs líderes nas igrejas para que haja ordem, e para que eles levem o seu povo a adorá-lo e obedecer-lhe em tudo (cf. Ap 2-3).
19. Objetos ungidos é feitiçaria (sic).
Nem sempre podemos chamar isso de feitiçaria, mas não se trata de uma prática condizente com o evangelicalismo verdadeiramente bíblico.
20. Misticismo não é evangelho.
Perfeito.
21. Devemos julgar segundo a reta justiça.
As palavras de Jesus sobre isso estão em João 7.24.
22. Gritar ‘aleluia’ no culto mais alto que os outros não comove Deus.
Não o comove, mesmo. Mas há momentos no culto em que podemos glorificar a Deus em voz alta. O que não devemos é fazer isso fora de hora, por exemplo, enquanto a Palavra de Deus está sendo exposta. O texto de 1 Coríntios 14 nos ensina como deve ser o culto genuinamente pentecostal.
23. Satanás não está no inferno.
Isso também é verdadeiro, pois o Inimigo é o príncipe das potestades do ar e habita as regiões celestiais (Ef 2.1,2; 6.10-18).
24. Deus não precisa do seu dinheiro. 
Certo. Mas o cristão que se preza contribui com amor para a obra do Senhor (2 Co 9).
25. Davi dançou em uma procissão da arca, e não em um culto.
Verdade. Ele, inclusive, ao instituir o ministério do louvor, nos tempos veterotestamentários, não chamou dançarinos e coreógrafos, e sim músicos e cantores.
26. Não precisa olhar para o irmão do lado e dizer: ‘Jesus te ama’.
Concordo. Tenho escrito sobre isso em meus livros, especialmente ‘Erros que os Pregadores Devem Evitar’ (CPAD, 2005).
27. Arminianismo limita a soberania de Deus.
O verdadeiro arminianismo, não. Não confunda arminianismo com semipelagianismo ou pelagianismo! Mas é importante dizer que o Evangelho está acima de arminianismo e calvinismo.
28. Batismo com fogo é condenação.
Discordo, pois o fogo também ilustra o poder do Espírito Santo. A explicação da pregação de João Batista, em Mateus 3 e Lucas 3, seria muito longa, para inseri-la aqui. Peço aos leitores que aguardem meu próximo livro, no qual tratarei do batismo com o Espírito Santo e com fogo.
29. Deus odeia o pecado e também o pecador.
Deus não odeia o pecador! Deus é amor. Há certas passagens isoladas que podem sugerir que Ele odeie o pecador, mas, se bem estudadas, à luz da analogia geral da Bíblia, não ficará dúvida de que o Senhor não deseja condenar o ímpio. Sua ira justa contra o pecado não deve ser confundida com ódio justiceiro contra o pecador.
30. Deus salva a quem quer.
Na verdade, Ele quer que todos se salvem (1 Tm 2.4), e o Senhor Jesus provou a morte por toda a humanidade (Hb 2.9). Mas a salvação só se concretiza na vida de quem crê no Senhor Jesus e se arrepende de seus pecados. Como já disse, não se deve confundir expiação do pecado adâmico (Jo 1.29) com a redenção de cada pecador (Jo 3.16; Rm 10.9,10). Jesus morreu por todos, para que cada pecador possa ser salvo, desde que aceite — sim, aceite —, mediante o livre-arbítrio, o plano salvífico de Deus.
31. Jesus é o mediador, e não seu líder (sic).
Concordo. Mas o líder deve ser respeitado pelo cristão que se preza.
32. Não precisamos de revelação, a Bíblia já está revelada.
De fato, a Bíblia é uma revelação superior, mas, por meio dos dons espirituais, o Senhor revela hoje, aqui e agora, o profundo e o escondido.
33. Salvação não é uma vacina.
Se é que entendi, concordo.
34. A salvação é pela graça, e por ela somente.
Perfeito.
35. Não existe maldição hereditária.
Certo.
36. Preguem sobre o pecado e o inferno.
Correto.
37. Não existe mais sacrifício, Cristo foi o suficiente.
Verdade, falando de salvação. Mas a vida cristã envolve renúncia e sofrimento (Lc 9.23; 1 Pe 2.20,21).
38. Paulo não caiu do cavalo.
A Bíblia realmente não diz isso. Mas não acredito que ele estivesse indo a pé para seu destino.
39. No mínimo uma hora de palavra.
Gostaria que a exposição da Palavra tivesse em torno de uma hora. Mas isso não é mandamento bíblico e varia muito nas igrejas. O importante é que a Palavra de Deus tenha o primado. Dois terços do ministério do Senhor Jesus foram destinados ao ensino e a pregação da Palavra.
40. Leia livros reformados. 

De fato, há excelentes livros de autores reformados (que, aqui, é sinônimo de calvinistas). Mas também há obras igualmente maravilhosas de pentecostais, haja vista as centenas publicadas pela CPAD e outras editoras.

41. Ore incessantemente.
Amém.
42. Deus não é obrigado a lhe abençoar (sic).
Não, mesmo. Mas Ele tem prazer em abençoar os fiéis.
43. Deus também é glorificado na angústia.
Verdade. Ele nos livra muitas vezes da angústia, mas também nos livra na — ou através da — angústia. Há muitos salmos bíblicos que tratam disso.
44. Deus está em silêncio porque sua Bíblia está fechada.
Verdade. O Senhor fala conosco quando lemos a sua Palavra.
45. Financeiro baixo não é obra de satanás.
Concordo. Mas financeiro alto também não. O problema é colocar o coração nas riquezas (Mt 6.19-21).
46. Estudem sobre a Reforma.
Estudem, mesmo, pois a Reforma Protestante foi o maior movimento da Igreja, depois do Pentecostes.
47. Satanás não era anjo de luz.
Ele era um ser perfeito que caiu e enganou a terça parte dos anjos (cf. Ap 12). Creio que os textos de Isaías 14 e Ezequiel 28, ainda que por analogia, se refiram a Lúcifer (nome latino).
48. Internet não é coisa do diabo.
Verdade. Mas tem sido usada pelos seus adeptos, assim como pode ser usada pelo povo de Deus.
49. Questione o falso ensino.
Isso, mesmo.
50. Deixar a Bíblia aberta em Salmos não resolve nada.
Bíblia não é amuleto da sorte, mas deve ser lida e estudada.
51. Ouça Paul Washer, John Piper etc.
São respeitáveis expoentes calvinistas. Mas há também bons pregadores pentecostais, que creem na atualidade dos dons espirituais.
52. Jesus não ofereceu riquezas.
Certo.
53. Quer prosperidade, acorde cedo e trabalhe.
Concordo.
54. Só comece a namorar se for casar.
Verdade. Para que namorar por namorar, sem o objetivo do casamento?
55. Procure uma igreja mais próxima de sua Bíblia.
Certo.
56. Apelo emocional não é evangelismo.
Certo. Mas pregação também envolve emoção, ainda que o mais importante seja a ação do Espírito Santo (1 Co 2.1-5; 1 Ts 1.5).
57. Neopentecostalismo não é evangelho.
Nem pentecostalismo; nem calvinismo etc. Evangelho está acima de tudo e de todos.
58. Crianças têm pecado.
Todos nascem pecadores (Rm 3.23). Mas, evidentemente, uma criança que parte para a eternidade sem que suas faculdades tenham amadurecido o suficiente para crer e se arrepender será alcançada pela graça preveniente de Deus e pela expiação do pecado adâmico.
59. Não temos livre-arbítrio.
Temos, sim! Deus não fez seres autômatos. Apesar dos efeitos deletérios do pecado, o ser humano continua podendo escolher entre o caminho da vida e o da morte (Dt 30.19; Lc 9.23; Ap 22.17).
60. Não cobrem para pregar.
Certo.
61. Seu pastor não é ungido.
Não, literalmente. Mas o pastor verdadeiramente chamado por Deus recebe dEle uma capacitação especial para conduzir o rebanho.
62. Sua esposa não é varoa.
É, sim, pois do varão foi tomada. Se o termo, hoje, não é usual, isso é outra coisa.
63. Sabor de mel e raridade não é louvor (sic).
Certo.
64. Não ponha somente a culpa no diabo.
Verdade. A carne é o nosso pior inimigo e está dentro de nós.
65. Na ‘mira da verdade’ não prega a verdade.
Concordo. O autor destas 95 'teses' se refere a um programa de TV adventista.
66. Não é só sua Igreja que vai ser arrebatada.
Todos os salvos em Cristo hão de ser arrebatados, antes da Grande Tribulação (1 Ts 4.16,17). E não foi Darby quem inventou isso, no século XIX. Sistematizar uma doutrina não é o mesmo que criá-la, já que a doutrina é bíblica. A doutrina da Trindade só foi sistematizada no século III, mas ela sempre foi bíblica.
67. Agenor Duque não é João Batista.
Com certeza, não!
68. Deus não se agrada de campanhas.
Certo.
69. Retiros e intimidade com Deus, e não lazer.
O lazer também é importante, no momento certo.
70. Não leia versículos isolados.
Não é pecado ler versículos isolados. O que não se deve fazer é interpretá-los isoladamente, fora de seu contexto.
71. Judas não escolheu trair Jesus, já estava predestinado.
Escolheu, sim, pois ele se desviou (At 1.25; Jo 17.12).
72. Cristo deve ser a única atração do pecador.
Verdade.
73. Encontro tremendo, somente com a verdade das Escrituras.
Concordo.
74. Não existe culto de libertação na Bíblia.
Certo. Não há necessidade de haver um culto específico para libertação, embora o problema, em si, não esteja no nome do culto, e sim nas aberrações que ora acontecem nessas reuniões ditas de libertação.
75. Preguem sobre a graça.
E sobre a misericórdia, a expiação pelo sangue, a redenção, a santificação, o Arrebatamento da Igreja etc., também.
76. Nem todos são filhos de Deus.
Verdade. É necessário entregar a vida a Cristo, crendo e se arrependendo, para ser um filho de Deus por adoção (Jo 1.11,12; Gl 4.4,5).
77. Televisão deixa o cristão frio.
David Wilkerson falou sobre isso em seu excelente livro ‘Toca a Trombeta em Sião’, publicado pela CPAD na década de 1980. Use com moderação.
78. Copo de água na TV é pura baboseira (sic).
Certo. É preciso confiar em Jesus Cristo.
79. Seu pastor não determina nada.
Se for um homem de Deus, de fato, deve ser respeitado.
80. Deus não é só amor.
Verdade. Mas Ele é amor. E, por isso mesmo, não odeia o pecador.
81. Não somos a universal.
Mas o crente fiel pertence à Universal Assembleia.
82. Nunca dê ouvido a alguém que diz: ‘Deus mandou te dizer’.
Há profetas de Deus e falsos profetas. Generalizações, nesse sentido, são perigosas.
83. Um salvo não perde a salvação.
Deus não tem prazer em tirar a salvação de ninguém. Mas há pessoas que, à semelhança de Esaú, que desprezou sua primogenitura, desprezam a sua salvação. É preciso estudar com muito cuidado Hebreus 3; 6; 10. E também 2 Pedro 2 e Apocalipse 3.
84. Cair no espírito é puro êxtase.
Certo. Voltamos à primeira 'tese'...
85. O ladrão da cruz entrou no céu, sim.
Jesus lhe disse: ‘Hoje estarás comigo no Paraíso’ (Lc 23.33-43). Mas essa passagem precisa ser estudada com muita diligência. Recomendo, modéstia à parte, de novo, minha obra ‘Erros Escatológicos que os Pregadores Devem Evitar’ (CPAD, 2012).
86. Dom de línguas eram idiomas.
Em Atos 2, foram idiomas, mas outorgados pelo Espírito Santo aos salvos em Cristo. À luz de 1 Coríntios 12-14, as línguas dadas sobrenaturalmente pelo Espírito Santo têm várias finalidades. Não devemos desprezar esse dom.
87. Visitar outras igrejas não é errado.
Certo. Mas é preciso conversar com o pastor sobre isso.
88. Deus não sonha.
Ele não dorme, evidentemente. Do ponto de vista do uso atual do verbo “sonhar”, no sentido de desejar, aspirar, é claro que Ele tem bons desejos e quer, por exemplo, ‘que todos se salvem, e venham ao conhecimento da verdade’ (1 Tm 2.4).
89. Deus não precisa da sua autorização para agir.
Verdade. Ele é soberano. Por outro lado, Ele está à porta e bate (Ap 3.20), pois não criou seres autômatos, programados para obedecer-lhe em tudo.
90. Seja cristão em casa.
E em todos os lugares, inclusive no templo.
91. Sua mulher não é sua empregada.
Mas também não é a patroa... Ou é? Risos.
92. Ame ela como Cristo amou a igreja (sic).
Amém.
93. Não existe: ‘eis que eu te digo’.
Há muitas ‘teses’ repetidas... Faltou inspiração ao autor.
94. O mercenário é quem rouba, mata e destrói.
Mas quem está por trás dele é o Diabo, que vem, sim, para roubar, matar e destruir, à luz de João 10.
95. Glória Somente a Deus.

Amém.

Em Cristo,
Ciro Sanches Zibordi
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*Ciro Sanches Zibordi é pastor, escritor, membro da Casa de Letras Emílio Conde e da Academia Evangélica de Letras do Brasil. Autor do best-seller “Erros que os pregadores devem evitar” e das obras “Mais erros que os pregadores devem evitar”, “Erros que os adoradores devem evitar”, “Evangelhos que Paulo jamais pregaria”, “Adolescentes S/A” e “Perguntas intrigantes que os jovens costumam fazer”, todos títulos da CPAD. É ainda co-autor da obra “Teologia Sistemática Pentecostal”, também da CPAD.
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Fonte:http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apolog%C3%83%C2%A9tica-crist%C3%83%C2%A3/218/95-teses-para-o-evangelicalismo-brasileiro.html