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segunda-feira, 21 de março de 2022

O que tem Jerusalém a ver com Brasília?

16.03.2022

Do portal CPADNEWS, 21.08.2018

Por Valdir Nascimento*

Foi Tertuliano (160-220 d.C), um dos pais da igreja, quem proferiu no segundo século a famosa frase: O que tem a ver Jerusalém com Atenas? Em sua elocução Tertuliano estava questionando o relacionamento entre a Teologia, representada por Jerusalém, e a Filosofia, identificada em Atenas, o berço do pensamento filosófico grego. Na opinião do apologista, era impossível conciliar essas duas esferas: fé e razão, Igreja e Academia.

Em nossos dias, há quem faça outro tipo de pergunta: O que tem Jerusalém a ver com Brasília? O que tem a ver a religião com a política? Ou, de maneira mais direta: Qual a relação entre fé cristã e política?

Para muitos, a resposta é: nada. Entendem estes que se tratam de âmbitos completamente distintos e inconciliáveis. Jerusalém representa o Reino de Deus; Brasília, a cidade dos homens. Jerusalém é a capital da paz celestial; Brasília, a capital da corrupção humana. Em Jerusalém, o poder é único e exclusivo de Deus; em Brasília, o poder pertence aos poderosos deste mundo.


Brasília, inegavelmente, pode representar isso e muito mais. Um lugar em que os efeitos nefastos do pecado corroem as estruturas de poder e trazem prejuízos incalculáveis para a sociedade. Um ambiente dominado por interesses escusos e ardis inconfessáveis.

Contudo, criar uma falsa dicotomia entre Jerusalém e Brasília, fé e política, não é uma atitude sábia e muito menos bíblica.

Primeiro, porque a autoridade dos governantes de Brasília, e de qualquer outra esfera de poder, procede de Jerusalém, a cidade de Deus. Com todas as letras, Paulo afirma que não há autoridade que não venha de Deus (Rm 13.1), e Pedro nos aconselha a honrarmos ao Rei (1Pe 2.17). Embora o poder político seja utilizado de maneira distorcida, não significa que ele seja em si maligno, ou que a cidade seja de domínio de Satanás. É a vontade de Deus que Brasília seja um lugar de onde procedem leis justas, que punem o mal e instrumentalizam políticas do bem. 

Segundo, porque Jerusalém deve ser o referencial moral de Brasília. Sem a ética teísta que exsurge da fé em um Legislador Moral, que é Deus, Brasília não teria minimamente uma diretriz para fazer o que é certo. Como bem afirmou Wayne Grudem (Política segundo a Bíblia): “Sem a influência cristã, o governo não tem uma bússola moral”. Mais que isso, de Jerusalém é de onde flui os princípios essenciais para a delimitação do poder e responsabilização moral, a fim de evitar o arbítrio e o absolutismo.

Terceiro, porque os cidadãos de Jerusalém têm a responsabilidade de influenciar a política de Brasília. O testemunho cristão, afinal, começa em Jerusalém, mas alcança os confins do mundo (At 1.8). Assim como os cristãos primitivos abalaram o mundo de sua época, chegando a Roma, a capital política do mundo de então, ainda hoje os seguidores de Cristo têm a incumbência de agirem como sal da terra e luz do mundo, como uma religião verdadeiramente profética na esfera pública. 

Nas palavras de Miroslav Volf (Uma fé pública): “Como uma religião profética, a fé cristã será fé ativa, engajada com o mundo de maneira não coercitiva – oferecendo bênçãos a nossos empreendimentos, conforto efetivo em nossos fracassos, orientação moral num mundo complexo e um contexto de significado para nossa vida e nossas atividades”. Ao exercerem uma política profética, os cidadãos de Jerusalém bradam contra a corrupção, denunciam os erros e exortam contra as injustiças.

O que tem Jerusalém a ver com Brasília? Muito mais do que você possa imaginar!

*Valmir Nascimento é jurista e teólogo. Possui mestrado em teologia, pós-graduação em Estado Constitucional e Liberdade Religiosa pela Universidade Mackenzie, Universidade de Coimbra e Oxford University. Professor universitário de Direito religioso, Ética e Teologia. Editor da Revista acadêmica Enfoque Teológico (FEICS). Membro e Diretor de Assuntos Acadêmicos da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). Analista Jurídico da Justiça Eleitoral. Escritor e palestrante. Comentarista de Lições Bíblicas de Jovens da CPAD. Autor dos livros "O Cristão e a Universidade", "Seguidores de Cristo" e "Entre a Fé e a Política", títulos da CPAD. Ministro do Evangelho em Cuiabá/MT.

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Fonte: http://cpadnews.com.br/blog/valmirnascimento/enfoque-cristao/132/o-que-tem-jerusalem-a-ver-com-brasilia.html

domingo, 20 de março de 2022

O papel do policial cristão (ou não) em prol dos direitos humanos e contra o racismo

20.03.2022

Do portal ULTIMATO ONLINE, 20.02.22

Por Kiel, Alagoinha - BA

Na condição de agente público e cristão (ou não), o policial tem uma contribuição significativa a oferecer tanto para sua corporação quanto para o bem-estar da sociedade na luta contra a violência, racismo e direitos humanos.

Desde a repercussão internacional da morte de George Floyd (negro morto covardemente por um policial numa abordagem criminosa nos EUA) e registros como o caso de Jacob Blake (2020), as manifestações de repúdio e protestos contra violência policial atrelada ao racismo tem crescido cada vez mais em vários países.

O aumento dessa indignação social não é mero "barulho" de militantes do Black Lives Matter, mas representa todos os que não compactuam com excessos recorrentes de integrantes das forças policiais contra pessoas marginalizadas pela sua condição econômica ou cor da pele.

Abro parêntesis. Este texto não é um "tratado sociológico", óbvio. Nem de esquerda ou direita, progressista ou conservador - minhas preferências teóricas na "crítica social" ou pendor ideológico não estão em pauta, mas faço uma interpretação livre a partir de uma cosmovisão cristã e crivo de minha consciência.

Uma demonstração de indignação e engajamento pelo linchamento moral não prova virtude, mas pode apontar projeção e ocultação de deformidades de caráter de quem esbraveja contra o execrado. Um exemplo: a turba justiceira que depredou e queimou a casa da torcedora do Grêmio que chamou o goleiro do Santos (2015) de macaco. Em nome do "racistas não passarão", ameaçaram-na até de estupro e morte. Em prantos e demonstrando-se arrependida, a jovem suplicou perdão (tentou explicar seu erro como um infeliz momento passional), mas os antirracistas virtuais foram implacáveis – até o goleiro.

Não engrosso o coro dos que se sentem “voz das minorias ou excluídos”, com ostentação humanitarista e adotando a função de "fiscal dos preconceituosos" e "juiz" dos que perpetram injustiças. Creio que há um risco de se enquadrarem no grupo de sinceros funcionais úteis movidos por puro ideal ou de manipuladores beneficiários de poder. Fecho parêntesis.

Embora a ação ostensiva da atividade policial contra suspeitos de crime deva se respaldar nos princípios da isonomia, proporcionalmente não é o que ocorre quando se trata de abordagem contra estigmatizados socialmente.

No entanto, ainda que alguns estereótipos sejam tido por compreensíveis (mesmo que não justificáveis), comprova-se: muitas pessoas vistas como “suspeitas” pelo seu aspecto exterior (roupa, tatuagem, brinco, cabelo etc.), são indivíduos em dignidade com meros traços característicos de seu meio social.

A fim de evitar leviandade numa abordagem policial, cabe ao agente de segurança pública conceder, no contexto devido, legítima presunção da inocência e o benefício da dúvida - até que se prove ou se tenha indícios do contrário.

Fartas evidências e provas estatísticas confirmam que negros estão entre os mais vulneráveis socialmente: maiores taxas de analfabetismo, desemprego, menores salários, condições de sobrevivência e IDH precários. Além disso, estão entre os que mais morrem por violência policial ou envolvimento no crime – Tráfico, Facções etc.

Contudo, sabe-se também que a maioria dos negros das comunidades pobres são trabalhadores que não aderem à criminalidade. E os que estão entre os que mais morrem por violência policial, ao mesmo tempo, estão entre os que mais matam e cometem crimes, porém ninguém deve ser inocentado ou criminalizado pela cor da pele, mas com base nos seus atos diante da Lei.

Dessa forma, faz-se necessário aprimoramento não só técnico e tático na formação policial, mas também em inteligência emocional, pois seguindo hostilizados em muitas comunidades, não será tarefa fácil conquistar a confiança e respeito (perdidos por décadas) em razão de inúmeras ações truculentas, reflexos de certa ineficiência do Estado e disfuncionalidade na segurança pública.

Conquanto seja dever de ofício o combate ao crime e ação enérgica contra criminosos, urge inteligência emocional e proficiência operacional para que, em nome do combate ao crime, o Estado não cometa novos crimes contra inocentes.

Embora não se possa fragilizar as forças policiais na luta contra a criminalidade, é preciso rigor também frente aos crimes de colarinho-branco e brancos ricos que encontram brechas na lei através de advogados caros que os defendem, enquanto muitos negros pobres nem sabem o que é um Habeas-Corpus ou seus direitos básicos respaldados na Constituição ou Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A existência do pecado atesta: longa é a jornada na desconstrução da imagem da polícia como "vilã" ("assassina de negros"), mas tal como os esforços estratégicos na redução de erros operacionais e busca incessante pelo fim de mortes injustas são essenciais, um caminho mais curto a ser percorrido nesse objetivo são policiais rendendo-se a Cristo e tornando-se tanto uma muralha de guerra contra o crime quanto uma ponte que promove paz entre sociedade e policiais.

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Fonte: https://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/o-papel-do-policial-cristao-ou-nao-na-em-prol-dos-direitos-humanos-e-contra-o-racismo

quinta-feira, 10 de março de 2022

Por quê há sofrimento no mundo se Deus é soberano? Pastor John Piper responde

10.03.2022

Do portal GOSPEL MAIS,09.03.22

Por  Tiago Chagas 

John Piper: “O coronavírus é um alerta de Deus para nos preparar para a  volta de Cristo” - Guiame 

A guerra na Ucrânia e episódios de desastres e injustiça levam muitos cristãos a duvidarem da soberania de Deus, uma vez que o sofrimento humano é inerente a situações como essas. O pastor John Piper foi questionado sobre o tema e ofereceu algumas reflexões.

A pergunta enviada a Piper em seu podcast foi feita por um ouvinte que optou por não se identificar, e o pastor optou por chama-lo de “homem ferido”, já que os acontecimentos do mundo o deixaram triste.

Em seu e-mail ao podcast Desiring God, o “homem triste” desabafou com o pastor, expressando sua frustração também com as situações enfrentadas pelos Estados Unidos sob o governo de Joe Biden e o crescimento do aborto no país, que atualmente é endossado

“Para ser totalmente sincero e honesto, eu me esforço para acreditar que o Senhor está governando completamente seu mundo hoje. É impossível acreditar, simplesmente por tudo o que estamos vendo. […] Não apenas nossa nação entrou em um caminho escorregadio de autodestruição imoral, mas nossa economia está vacilando. A dívida nacional está subindo rapidamente. Os nascituros são massacrados diariamente. As taxas de homicídio na América estão aumentando”, comentou.

“Em Chicago, a taxa de criminalidade aumentou tanto que estou começando a acreditar que é mais seguro no Iraque ou no Afeganistão do que no South Side. A maioria das crianças dorme debaixo da cama com medo de se tornarem vítimas de violência armada”, acrescentou.

O “homem triste” também lamentou suas próprias mazelas: “As lutas também nos atingiram, uma família de quatro pessoas. Temos um filho nascido com TDAH [Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade], e isso criou uma vida de pura frustração, dor, tristeza e às vezes até desespero”, escreveu.

“Uma noite, enquanto tentava fazer sua lição de casa, ele me disse: ‘Pai, eu odeio ir à escola. Até os professores zombam de mim. Eu odeio o TDAH e esse medicamento que me deixa doente do estômago’. Pastor John, se Deus está no comando, por que há tanto sofrimento ao redor?”, questionou.

A resposta

Em sua resposta, Piper observou uma “afirmação dolorosa” feita pelo autor da pergunta: “Ele disse que é impossível acreditar que Deus está governando completamente o mundo de hoje. E eu oro para que Deus torne essa crença possível novamente”, disse.

O pastor pontuou que já respondeu perguntas semelhantes, mas acredita ser realmente necessário abordar o tema novamente, e citou a série documental Pain, Pus, and Poison (“Dor, pus e veneno”, em tradução livre), que trata da descoberta da penicilina.

“No segundo episódio, fala sobre o surgimento dos antibióticos no século 20. Fiquei impressionado ao pensar que milhares de pessoas definharam com as doenças mais terríveis sem intervenção médica”, introduziu.

Piper relata que o documentário mostra fotos de pessoas morrendo de infecções horríveis e crianças pequenas cobertas de feridas, com varíola, enquanto mães abanavam as moscas delas, esperando a morte de seus filhos: “Eu pensei: ‘E se fosse comigo?’ E isso aconteceu milhões de vezes na história do mundo”, refletiu.

“A maioria de nós ocidentais foi poupada de qualquer contato imediato com as formas mais horríveis, medonhas e repugnantes de infecção, desfiguração e dor lancinante. Por isso, quando vemos as imagens, perguntamos: ‘o que o Senhor está fazendo? O que está dizendo? O que isso significa?’”, declarou.


“Eu entendo a pergunta desse homem. E entendo a mesma pergunta vinda de milhares de outras pessoas que sofrem com eventos inimagináveis que as levam até à incredulidade”, reconheceu.

A vida no mundo contemporâneo não tem sido fácil, admitiu o pastor, ponderando, no entanto, que tempos piores já foram enfrentados pela humanidade. Piper resgatou o dado histórico que aponta para 300 milhões de mortes entre 1900 e 1977 por causa da varíola: “E hoje as pessoas não morrem de varíola ou poliomielite”.

“O problema com o sofrimento não é que o mundo piorou. Sim, é muito ruim, mas por milhares de anos, o mundo viveu muito pior do que é hoje em termos de sofrimento”, comparou.

Franqueza

“Nesse pensamento, eu, John Piper, continuo crente diante do pequeno sofrimento ao qual fui exposto, direta e indiretamente, vendo imagens de um documentário que é de tirar o fôlego”, afirmou o pastor, adicionando observações bíblicas que apontam à origem do sofrimento humano.

“Fico surpreso ao ver como a Bíblia é franca, aberta, direta e chega até ser sangrenta quando relata os julgamentos de Deus sobre o mundo. A Bíblia não se esquiva de nenhum horror ou injustiça neste mundo”, adicionou o pastor.

“Só fará sentido se abraçarmos a realidade bíblica. O ser humano pecou contra Deus e é por isso que vivemos séculos de sofrimento global. Não tem a ver com os pecados de cada um, individualmente, estou falando sobre Romanos 8:20-23”, mencionou.

A derradeira observação do pastor foi o plano da Salvação: “Deus enviou Jesus. O Santo Filho de Deus desceu à degradação e tortura de uma crucificação romana. Esse sofrimento é suficiente para cobrir todo o ultraje de todos os pecados de todos os que creem”.

“Portanto, todos os que crerem terão a vida eterna; todos os que crerem terão alegria eterna. Deus mostra seu amor por nós em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores [Romanos 5:8]. Portanto, não afirmo que tal fé seja simples ou fácil. É um dom. Através desse dom estou testemunhando porque ainda sou um cristão”, encerrou.

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Fonte:https://noticias.gospelmais.com.br/sofrimento-mundo-soberania-deus-john-piper-152464.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

5 razões pelas quais adolescentes precisam de teologia

05.09.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO,03.09.19 
Por Jaquelle Crowe


O mundo pode ser muito confuso para os adolescentes. Estamos crescendo em um contexto de mudança moral, em que os desafios mais urgentes e os críticos culturais em destaque estão sempre mudando e em conflito. Nós vemos escândalos, terrorismo, Trump, nova ética sexual e intensas tenções raciais. Então, pensamos: o que devo pensar sobre tudo isso?
A sociedade secular dá suas respostas, que nunca são compatíveis com cosmovisão cristã.
Eu vejo uma melhor ferramenta para encontrar respostas para as perguntas dos cristãos adolescentes, como eu: teologia.

Por que teologia para adolescentes?

Tenho certeza que você sabe o que teologia é. Mas, às vezes, as pessoas têm visões obscurecidas de algumas palavras por causa de experiências passadas. Quero que saiba que estou falando da mais simples definição de teologia: o estudo sobre Deus.
Como seguidora de Jesus, eu acredito que estudar o caráter de Deus é o que os adolescentes precisam para encararmos nosso terrível e complicado mundo.  Isso é o que nos dará esperança para lidarmos com nosso futuro, tendo um firme comprometimento com a verdade de Deus.
Deixe-me explicar como a teologia responde nossas grandes questões e vai ao encontro de nossas maiores necessidades. Claro, isso será apenas um breve começo, mas já é o primeiro passo.

1. Estudar a justiça de Deus nos equipa para fazermos o que é certo

Na Palavra de Deus, nós descobrimos que Deus odeia o mal (Zacarias 8.16-17) e ama a verdade. Ele se importa com os oprimidos e desamparados. Ele valoriza todas as vidas.
Saber do caráter de Deus dá aos adolescentes a direção de como fazer justiça também. Faz com que nós lutemos pelos oprimidos e sem voz, e falemos contra a injustiça que vemos. Mostra a importância de nos colocarmos sob as autoridades levantadas por Deus – nossos pais, pastores, professores e governantes. E isso alimenta nossa obediência à palavra de Deus, como padrão último de justiça.

2. Estudar o amor de Deus nos dá a base para nossos relacionamentos

Deus ama seu povo incondicionalmente (Neemias 1.5; João 16.27). Ele não demonstra favoritismo, e seu amor nunca é egoísta. Nem pode ser parado e não se esgota, pois ele é imerecido.
Conhecer o caráter de Deus compele os adolescentes a amarem ao próximo, por causa do amor de Deus por nós. Ele nos compele a amarmos aqueles que são difíceis de serem amados – desde o Estado Islâmico aos que fazem bullying na escola -, mesmo que odiando o pecado. Ele nos compele a lutar contra o racismo, sexismo e outros “ismos” que minam o valor inerente de todos os seres humanos. Ele nos compele a termos compaixão e misericórdia.

3. Estudar a santidade de Deus revela quem nós somos e qual é o nosso propósito

Uma vez que Ele é supremamente perfeito e totalmente separado de nós (2 Samuel 22.31), Deus odeia o pecado (Amós 6.8). Agarrar a beleza de sua santidade, ajuda os adolescentes entenderem o nosso próprio pecado e a necessidade de estarmos constantemente lutando contra ele. Dá-nos uma perspectiva mais bíblica e realista do mundo. Ela nos leva a nos arrependermos de nossos pecados e procurarmos prestarmos conta aos mais velhos e mais sábios. Ela também demonstra para nós como buscar ativamente a santidade – nas mídias sociais, na escola, no trabalho, com os pais e amigos e em todas as esferas da vida.

4. Estudar a soberania de Deus nos dá a resposta em meio à confusão cultural

Deus não é caótico, caprichoso e imprevisível; ele está no perfeito controle do universo (Atos 2.23). Saber dos atributos de Deus, faz com que os adolescentes não cresçam desanimados com o mundo. Quando a política parece sem esperança, quando os terroristas atacam ou quando tiramos uma nota injusta, nós adolescentes podemos nos contentar nessas circunstâncias, pois Deus reina. Quando perguntamos “Por que isso está acontecendo comigo?” ou “Será que Deus se importa com minha vida?”, sua soberania é a nossa resposta. C.S. Lewis explicou bem isso:
“Agora eu sei, Senhor, porque não me respondes. És a própria resposta. Perante tua face, as dúvidas desaparecem. Haveria outra resposta que satisfizesse?”

5. Estudar a bondade de Deus nos conforta quando sofremos

Deus não é mal. Ele não é um estraga prazeres, brincando com nossas vidas, como em um cruel jogo de tabuleiro (Marcos 10.18). Ele é completamente bom, totalmente amável, e, sempre, faz o que é certo e o que é melhor para nós.
Conhecer o caráter de Deus dá aos adolescentes uma rocha firme para a fé, durante o sofrimento. Adolescentes podem ter paz sobre o futuro incerto. Podemos ter certeza da nossa salvação e combater as pressões que as dúvidas trazem. Podemos confiar em Deus em nossas confusões, problemas e falhas com uma segurança inabalável de sua bondade.

Ensina-nos o que precisamos

Eu tenho 18 anos. Estudei e fui ensinada sobre teologia durante toda a minha vida. Isso me forneceu algumas coisas: um rico relacionamento com Deus; um relacionamento mais forte e submisso com meus pais; um discernimento maior nos relacionamentos com meus amigos; uma abordagem mais edificante às mídias sociais; um desejo zeloso em fazer meu melhor na escola; uma cosmovisão bíblica; uma maior visão sobre o meu futuro; uma maior paixão por seguir a Deus, custe o que custar.
Eu quero essa vida para todos os adolescentes, e eu acredito que você também. Então, pais, pastores, líderes de mocidade, membros da igreja, por favor, ensinem teologia para nós. Mais do que qualquer coisa, nós precisamos conhecer a Deus. Ele é a resposta para as nossas dúvidas, a solução para nossos problemas, o único que merece nossa adoração e confiança.
Nós precisamos dele, o que significa que precisamos ser ensinados sobre ele.
O que significa que precisamos de teologia.
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quinta-feira, 8 de novembro de 2018

As heresias e a política: C. S. Lewis em tempo de eleição

08.11.2018
Do portal ULTIMATO ON LINE, 15.10.18
Por Paulo Ribeiro


Uma das tentações mais “eficientes” e, talvez, a mais usada nas nossas escolhas, especialmente em tempo de eleições, é a redução do bem ou do mal à apenas um aspecto. E, é nesse contexto, que aparecem as heresias morais mais comuns.

C. S. Lewis lutou contra muitas dessas heresias morais. Por exemplo:

Moralismo: A idolatria da bondade moral como a coisa mais importante.
Subjetivismo: A redução da bondade ou da maldade à subjetividade.
Positivismo: A redução dos valores de bondade ou maldade a uma escolha humana.
Relativismo cultural: A redução da bondade e da maldade a um lugar ou cultura.
Emotivismo: A redução da bondade ou maldade às emoções.
Utilitarismo: A redução da bondade à utilidade ou eficiência.
Hedonismo: A redução da bondade ao prazer.
Pragmatismo: A associação da fraqueza à bondade e do poder à maldade.
Cinismo: A negação da existência da bondade humana.
Nominalismo: A redução da bondade à tradição.
Secularismo: A redução do bem ao meramente material.

E Lewis também lutou contra outras heresias. Por exemplo:

Esnobismo: Cronológico: só vale o que é novo. 
Militarismo e o Patriotismo Irracional: meu país sempre, certo ou errado.
Fundamentalismo: A redução da bondade à obediência às doutrinas religiosas.

Lewis também promoveu o debate Socrático, rejeitou a superioridade da elite intelectual e política, e encorajou uma reflexão profunda das coisas que levam em conta tanto a observação teórica como o envolvimento prático com a realidade.

Nas Cartas do Diabo, C.S. Lewis observa que os Cristãos cometem dois erros opostos com relação aos espíritos malignos. Um erro é tratar esses espíritos como uma forma de superstição e o outro é se tornar obcecado, achando que tudo está relacionado com eles. E este sentimento é transportado para política. Para uns a política é coisa demoníaca e deve ser evitada. Para outros, a política – a cada eleição –, é sua única esperança e a ela se entregam de todo o seu coração.

Enfim, são muitos os desafios da política para os cristãos, especialmente com as “cruzadas” que envenenam o ambiente, demonizam os adversários e, quase sempre, reduzem as campanhas a um ou outro “problema específico”.

Política também não é algo para ser tratado com as emoções. É mais como educar uma família ou dirigir um negócio – requer compromissos de longo prazo. Não é uma “disputa” para ver quem ganha mais, mas um meio para trazer justiça, dignidade e proteção à vida humana – do berço à sepultura.

É preciso cuidado com as heresias. Elas podem nos levar a decisões catastróficas.

Leia mais



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Fonte:https://www.ultimato.com.br/conteudo/as-heresias-e-a-politica-c-s-lewis-em-tempo-de-eleicao

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Cosmovisão – o que é?

01.06.2018
Do blog COMADEPLAN - BÍBLIA ON LINE
Por João R. Weronka

cosmovisao o que e

Todo ser humano possui uma cosmovisão. Talvez você já tenha lido esta palavra em algum lugar ou mesmo ouvido algo sobre o assunto, mas não tem a menor ideia do significado deste termo. Mas saiba que mesmo assim, mesmo sem saber o que é isso, você possui uma cosmovisão.

Aquilo que cada pessoa é, o que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que permeia sua vida. Em nosso caso específico, vivemos de acordo com a Cosmovisão Cristã (um desdobramento da Cosmovisão Teísta).

Como a humanidade é diversificada ao extremo, nos mais distintos aspectos, existe uma gama muito variada de cosmovisões. Para todo e qualquer cristão ser mais eficiente no cumprir da Grande Comissão (Mt 28:19-20), é importante conhecer as premissas que caracterizam e diferenciam as variadas cosmovisões existentes. Para aquele que enxerga na apologética uma ferramenta útil para a propagação do Evangelho, o discernimento das cosmovisões é essencial.
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Fonte:https://artigos.gospelprime.com.br/fe-crista-e-fake-news/

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Filme sobre Gênesis promete desconstruir teoria de Darwin

16.11.2017
Do portal CPADNEWS, 14.11.17
Por Gospel Prime, com informações CBN

 `Evolução é o maior mito imposto na mente das pessoas´, prega docudrama  

Filme sobre Gênesis promete desconstruir teoria de Darwin

Uma nova produção cinematográfica cristã estreou esta semana nos Estados Unidos. “Genesis: Paradise Lost” [Gênesis: Paraíso Perdido]. O longa é um docudrama, ou seja, um documentário que combina animação computadorizada com comentários de eruditos da Bíblia para contar a história da criação.
“Queremos colocar o levar o expectador de volta para aquela época, como se estivesse lá”, explica o apologeta Ken Ham, fundador e presidente do ministério Respostas em Gênesis e idealizador do parque temático Encontro da Arca.
Ham espera que o filme sirva para alcançar pessoas que talvez nunca tenham ouvido a história bíblica da criação e a levado a sério. Para o apologeta, a produção poderá ajudar a reverter alguns dos danos causados pelo pensamento secular sobre o surgimento da vida no planeta.
“Durante gerações nossas crianças ficaram reféns de um sistema educacional que lhes diz que viemos dos macacos e que não há Deus”, desabafa.
Genesis: Paradise Lost por enquanto só está disponível em inglês. Não há previsão para seu lançamento no Brasil.
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Fonte:http://www.cpadnews.com.br/universo-cristao/42111/filme-sobre-genesis-promete-desconstruir-teoria-de-darwin.html

sábado, 21 de janeiro de 2017

A importância da leitura para o alicerce da fé cristã

21.01.2017
Do blog COSMOVISÃO CRISTÃ, 21.11.16
Por Valdir Nascimento*

As pessoas que desejam ter uma fé sólida e aprender a defender consistentemente as doutrinas do Cristianismo precisam desenvolver o hábito da leitura. Embora as Escrituras Sagradas sejam, como já disse, a fonte primária da defesa da fé cristã, os livros – de bons autores – servem como guias e nos ensinam a entender melhor alguns pontos da fé cristã, lançando luz sobre questões bíblicas complexas e, por via de consequência, contribuindo para uma boa formação apologética.
Infelizmente o brasileiro lê pouco. Não obstante o analfabetismo tenha recrudescido em nosso país nos últimos anos, o hábito de leitura ainda é tímido. A questão é que muitos dos nossos compatriotas foram do analfabetismo à TV sem passar na biblioteca[1]. O brasileiro lê, em média, 1,8 livro/ano. Um estudo realizado em 2005 pelo Instituto Paulo Montenegro apontou que 74% da população brasileira, entre 16 e 64 anos de idades, não sabem ler ou possuem muita dificuldade em entender o que leem[2]. Em 2011, o Instituto Pró-Livro apontou que em 2007 55% da população era considerada leitora (havia lido pelo menos um livro, inteiro ou em partes, nos três meses anteriores à pesquisa). Já em 2011 o índice diminuiu para 50% da população.
Sobre o ambiente religioso, Altair Germano também adverte em seu livro O cristão e o hábito da leitura que “o líder cristão ainda não reconhece no ato de ler o seu valor para o desenvolvimento intelectual, adequação de comportamentos à nova realidade cultural e social, sem falar da possibilidade de conduzir a igreja, o ministério ou grupo que lidera a um processo de desenvolvimento e entendimento a realidade”, o que segundo ele produziria uma igreja mais atuante, conhecedora dos grandes desafios deste século e capaz de adequar suas práticas ao novo contexto[3].
Não podemos generalizar. Muitos líderes cristãos compreendem o valor e a importância do ato de ler para o crescimento intelectual e espiritual da igreja. Mas, poucos incentivam ou idealizam algum programa em suas congregações com o objetivo de disseminar esse hábito. A criação de pequenas bibliotecas no ambiente da igreja seria uma importante ação eclesiástica, que certamente beneficiaria a vida de muitos crente, inclusive jovens.
É preciso reacender em nossas igrejas o apreço pela leitura, afinal, ela é ingrediente vital no processo de tomada de consciência e até mesmo fervor espiritual. Em seu livro, Altair Germano demonstra como a leitura foi importante no Antigo e Novos Testamentos, entre os pais da igreja, na Reforma Protestante, nos períodos de reavivamento e das missões modernas.
Altair Germano escreve:
“Os benefícios da leitura, uma vez revelados, poderão influenciar positivamente na tomada de consciência sobre a necessidade de ler. O interesse pela leitura tende a crescer quando se sabe que, além da emancipação crítica e da autonomia como indivíduo, o hábito de leitura proporciona o desenvolvimento intelectual, o enriquecimento do vocabulário, a fluência verbal, a apropriação dos bens culturais, a informação e o conhecimento, a saúde emocional e psíquica, o estímulo e saúde mental e comunhão com as grandes mentes”.[4]
No clássico A vida intelectual, A.D. Sertillanges propõe que a leitura é o meio universal para o aprendizado, e é a preparação próxima e remota para a produção. Ele escreveu:
“Nunca pensamos isoladamente: pensamos em sociedade, em colaboração imensa; trabalhamos com os trabalhadores do passado e do presente. Graças à leitura, pode comparar- se o mundo intelectual a uma sala de redacção ou repartição de negócios, onde cada qual encontra no vizinho a sugestão, o auxílio, a crítica, a informação, o ânimo de que carece. Portanto, saber ler e utilizar as leituras, é necessidade primordial que o homem de estudo não deve esquecer”.[5]
Quando lemos, nos beneficiamos da pesquisa e do conhecimento de pensadores do presente e do passado. Eles abrem nossas mentes, instrui nosso pensamento e nos fornecem informações valiosas. Nesse sentido, Sertillanges vai dizer que o contato com escritores geniais nos faz granjear vantagens imediatas de elevar-nos a um plano alto; somente pela sua superioridade eles conferem um benefício sobre nós mesmos antes que nos ensinem alguma coisa[6].
Quanto à forma de leitura, cabe aqui dois conselhos: um de Sertillanges e outro de C. S. Lewis.
Sertillanges dizia que embora a leitura seja importante, ela deve ser feita na quantidade adequada. Por isso, ele diz: Leia pouco!. Esse conselho parece paradoxal, já que estamos falando da importância e da necessidade de leitura. Mas o que Sertillanges tem em mente é a qualidade da leitura, e nem tanto a quantidade. Ele diz que a leitura deve ser feita com inteligência, pois
“(…) a leitura desordenada não alimenta, entorpece o espírito, torna-o incapaz de reflexão e concentração e, por conseguinte, de produção; exterioriza-o no seu interior, se assim se pode dizer, e escraviza-o às imagens mentais, ao fluxo e refluxo das ideias que ele se limita a contemplar na atitude de simples espectador. É embriaguez que desafina a inteligência e permite seguir a passo os pensamentos alheios e deixar-se levar por palavras, por comentários, por capítulos, por tomos.
A série de excitações assim provocadas arruína as energias, como a constante vibração estraga o aço. Não esperemos trabalho verdadeiro de quem cansou os olhos e as meninges a devorar livros; esse encontra-se, espiritualmente, em estado de cefalalgia, ao passo que o trabalhador, senhor de si, lê com calma e suavidade somente o que quer reter, só retém o que deve servir, organiza o cérebro e não o maltrata com indigestões absurdas”. [7]
Por seu turno, o conselho de Lewis é o seguinte: Leia livros antigos. Ele dizia que depois de ler um livro novo, “nunca se permitir outro novo até que se leia um antigo entre os dois. Se isso for demais para você, então leia um velho pelo menos a cada três novos”. Lewis não está menosprezando os livros novos. Ele diz que devemos contrabalancear nossas leituras com livros novos e livros antigos – os clássicos da literatura. Nañez captou essa mesma ideia ao afirmar que somente depois de apreciar os mestres da prosa e poesia do passado, consegue-se meditar a qualidade de obras mais recentes. Ele nos incentiva a deleitarmos em Cícero, Calvino, Dickens, Dillard, Dostoievski; partir o pão com Buechner, Burroughs, experimentar Tolstói ou Newman, Carnell ou Merton, O’Connor ou Chesterton. Poderia acrescentar Jacob Armínio, Agostinho, Tomás de Aquino, John Bunyan e muitos outros. Não levará muito tempo e então perceberemos, diz Nañez, a profundidade marcante de autores e reconhecer o abismo significativo que separa a literatura cristã popular de hoje do concentrado de informações espirituais e cognitivas das penas de antigamente.[8]
O Cristão e a Universidade
Fonte: Nascimento, Valmir (O Cristão e a Universidade, CPAD, 2016).
Referências
[1] SOEIRO, Rafael. Por que o brasileiro lê pouco. Disponível em http://super.abril.com.br/cultura/brasileiro-le-pouco-610918.shtml. Acesso em 14 de janeiro de 2015.
[2] GERMANO, Altair. O líder cristão e o hábito da leitura. CPAD: Rio de Janeiro, 2011, p. 12.
[3] GERMANO, Altair, 2011, p. 12.
[4] GERMANO, Altair, 2011, p. 86.
[5] SERTILLANGES, A.D. A vida intelectual. Cópia disponível na internet. p. 48.
[6] SIRE, James, 2005, p. 203.
[7] SERTILLANGES, A.D. A vida intelectual. Cópia disponível na internet. p. 48.
[8] NÃNEZ, Rick, 2007, p. 342.
*Valmir Nascimento. Jurista e teólogo. Mestrado em Teologia. Professor universitário. Comentarista de Lições Bíblicas de Jovens da CPAD.
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Fonte:https://comoviveremos.wordpress.com/2016/11/21/a-importancia-da-leitura-para-o-alicerce-da-fe-crista/

sábado, 14 de janeiro de 2017

A COSMOVISÃO CRISTÃ E O SECULARISMO:O desafio da transmissão da fé

14.01.2017
Do portal ULTIMATO ON LINE, 05.01.17
Por  Ricardo Barbosa de Sousa*

Duas pesquisas feitas há pouco tempo, uma nos Estados Unidos e a outra no Canadá, mostram que entre 60 a 70% dos jovens que cresceram na igreja se afastam da fé e da instituição religiosa no início da fase adulta, e metade deles não reconhecem a tradição religiosa em que foram criados, considerando-se ateus ou agnósticos. As razões para o abandono da fé e da igreja são várias e, de certa forma, complexas.

Muitos jovens entrevistados admitiram que, em algum momento, começam a questionar o significado da fé e da Igreja. Isso deve nos levar a refletir sobre a credibilidade da fé cristã. Estudiosos definem a secularização como o processo por meio do qual as instituições religiosas, bem como o pensamento religioso perdem sua relevância social. Porém, antes de perder a relevância social, perde-se a relevância pessoal da fé. A pergunta que devemos nos fazer é: “Quão pessoal é nossa fé?”. Se os cristãos conseguirem reconquistar o valor pessoal da fé, decerto reconquistarão sua credibilidade.

Não basta termos instituições sofisticadas, dinâmicas e funcionais, precisamos de mais que isso. Precisamos de uma fé viva, de corações aquecidos pela verdade do evangelho, da alegria de Cristo que se expressa na serenidade e segurança de um relacionamento pessoal e profundo com Deus. Precisamos também da transcendência que nos leva a olhar para além do nosso mundo reduzido e limitado.

Diante do desafio de transmitir a fé para novas gerações, precisamos considerar com seriedade três dimensões que demonstram a natureza pessoal de nossa fé em Cristo. A primeira é a necessidade de sermos intelectualmente íntegros. Os cristãos têm o compromisso de argumentar e falar em favor da verdade. Muitos jovens abandonam a fé porque encontram respostas evasivas aos grandes questionamentos, o que os leva a uma crise de confiança. O compromisso com a integridade intelectual exige de nós uma mente cristã e a disposição de pensar, de forma honesta, com nossos jovens, sobre qualquer assunto que envolva sua fé em Cristo.

A segunda é a necessidade de sermos moralmente íntegros. A fé cristã requer de nós uma coragem moral como expressão do caráter transformado que experimentamos em Cristo. Os escândalos envolvendo líderes cristãos, o moralismo de uns e o silêncio de outros nos grandes temas éticos e morais, têm provocado nas novas gerações um enorme descrédito em relação ao significado da fé.

A terceira é a necessidade de sermos espiritualmente íntegros. A fé cristã é um chamado para nos relacionarmos com a Trindade -- Pai, Filho e Espírito Santo. O convite de Jesus para segui-lo envolve estar com ele e não somente aprender com ele. Não podemos viver constantemente agitados e inquietos, uma vez que a justificação é um presente da graça de Deus a nós. Muitos jovens abandonam a fé porque se cansam do pragmatismo agitado, que não os inspira a uma vida de devoção. A prática da oração e da meditação e expressiva na vida daqueles que amam a Deus de todo o coração e alma.

A fé no Deus vivo da Bíblia, no Deus de nossos pais, só pode ser abraçada num relacionamento pessoal e íntegro com ele. A transmissão da fé se dá de coração para coração. É lamentável que muitos jovens estejam abandonando a fé por causa da hipocrisia de seus líderes, da superficialidade consumista de seus pais, do pragmatismo tecnológico de suas igrejas, da ausência de respostas honestas a seus dilemas e dúvidas. O sábio diz que “não havendo profecia, o povo se corrompe” (Pv 29.18). Sem uma visão clara de quem somos e para onde desejamos ir, sem a consciência de que somos um povo peregrino em terra estranha, caminhando em direção à terra que Deus nos prometeu, seremos facilmente absorvidos pela cultura que nega seu passado e não tem proposta alguma para o futuro.

*Ricardo Barbosa de Souza,é pastor plebisteriano.

Nota: Texto publicado originalmente na edição 362 da revista Ultimato.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-desafio-da-transmissao-da-fe

domingo, 18 de dezembro de 2016

Faces da corrupção

18.12.2016
Do portal ULTIMATO ON LINE, 08.2013
Corrupção é um tema que possui muitas faces; algumas ocultas, escondidas nas máscaras culturais, outras bem abertas, porém que apenas geram discursos moralistas, e não soluções concretas. Este “painel” de opiniões mostra que o desafio de combater a corrupção é mais amplo e profundo do que podemos imaginar.
Com a expansão das novas tecnologias e das redes sociais, você é otimista ou pessimista quanto à diminuição da “cultura da corrupção” entre os jovens?
Taís Machado: Eu gostaria de ser apenas realista, mas meu pessimismo ou otimismo podem ser sempre minha realidade provisória. Por agora ainda há várias incógnitas quantos aos efeitos das novas tecnologias e das redes sociais entre os jovens em especial. Há estudos ditos mais otimistas e outros nem tanto. As influências em termos da “cultura da corrupção”, por um lado, facilitam algumas denúncias e mobilizações; por outro, favorecem superficialidade e posturas devassas e perversas cuidadosamente manipuladas. Há oportunidades para o bem e para o mal, cabe atentarmos para as decisões. O diálogo aberto sobre as potencialidades é fundamental para que ilusões e inocências não sejam armadilhas ainda mais eficazes.
A salvação de Cristo santifica sua Igreja, mas não a tira da sociedade. E isso nos coloca em uma tensão constante entre o que somos em Cristo e o que somos em sociedade. Que elementos são chave para a igreja de Cristo não se render — e enfrentar — à corrupção da sociedade?
Martin Weingaertner: Não somos chamados a ser moralistas, mas sal e luz. O discurso moral contra a corrupção é deveras enganoso, pois ele aponta o erro dos outros sem se dar conta de que alimenta o mesmo mal em si mesmo. O evangelho de Jesus, antes de tudo, nos leva a reconhecer que também estamos contaminados pelo verme da corrupção e que precisamos de ajuda para enfrentá-lo. O segundo secretário-geral da ONU, Dag Hammarskjöld (1905–1961), escreveu em seu diário: “Quem não quiser corromper-se na diplomacia e na política precisa estar disposto a morrer pela verdade!”. Só quem se expõe assim poderá dar exemplo no ambiente em que vive. Para pastores, seria um bom começo resistir à tentação de administrar a igreja em benefício próprio; para a igreja evangélica no geral, empenhar-se para que suas finanças sejam transparentes e públicas. O Brasil carece de exemplos reais.
Muitos dizem que a corrupção é cultural. Como mudar uma cultura? E quem deve mudá-la?
Guilherme de Carvalho: A cultura é mudada pela intervenção de pessoas e grupos dotados de poder histórico, ou poder formativo-cultural. Elas introduzem novos bens ou artefatos culturais, impulsionam eventos ou comunicam uma nova interpretação das coisas com alto poder de persuasão.
Considere por exemplo a nova lei sobre o casamento homossexual na Inglaterra. O ministro David Cameron declarou publicamente que sua coalizão de liberais e conservadores “estava comprometida tanto com a mudança da lei quanto […] também da cultura”, no que foi logo acusado por vários “Tories”1 de adotar táticas Orwelianas. Seja como for, é fascinante e assustador constatar que Cameron quer mais que assegurar direitos — ele quer reformar a cultura e a moral sexual.
O fato é que há pessoas atuando intencionalmente para mudar culturas. E a cultura muda onde há um protagonista cultural — seja na política, ou na academia, ou nas artes, ou na economia. Creio que os cristãos deveriam agir como formadores culturais, mas isso não pode ser feito meramente “tomando os montes da cultura”, como alguns andam dizendo. Não se trata de tentar “tomar o controle”, mas de servir à cultura de forma criativa e renovadora.
A mídia brasileira tem exercido um papel de denunciar a corrupção, principalmente nas relações entre governo e sociedade. Por outro lado, ela também é, repetidamente, acusada de tendenciosa, interesseira e suscetível à corrupção. A mídia é aliada ou inimiga da corrupção?
Rubem Amorese: Entendo que a mídia pode ser aliada ou inimiga da corrupção, dependendo de seus interesses. Ou seja, a mídia é tão interesseira e suscetível à corrupção quanto qualquer órgão governamental.
Dou um exemplo: no blog “Diário do Centro do Mundo”, o jornalista Paulo Nogueira explica por que a presidente Dilma escolheu o jurista Luís Roberto Barroso para a cadeira vaga do Supremo Tribunal Federal (STF)2. De acordo com Nogueira, “Barroso resolve o problema do mensalão. Sua chegada ao Supremo muda o cenário no momento fundamental dos recursos. Desfaz-se o estado de espírito anti-réus que dominou o STF, e que por um momento pareceu que levaria Zé Dirceu à cadeia”. Nogueira se explica: “Joaquim Barbosa, o grande derrotado na nomeação, agora é minoritário. A segunda etapa do julgamento — aquela, sabemos agora — quase que começa do zero. Dirceu pode desfazer a mala, se já não desfez. As sentenças extraordinariamente rigorosas comandadas por Barbosa, e alinhadas com a mídia, vão sofrer uma enorme redução”.
Mas o que tem a ver a nomeação de um juiz para o supremo com o tema da mídia? O próprio Paulo Nogueira explica em seu artigo. Ainda referindo-se à presidente:
“Ela poderia enfrentar muitas críticas da mídia com a indicação. Com Barroso, ela neutralizou o maior foco das críticas: as Organizações Globo. Monopolista como a Globo é, você ganha a aprovação dela e o resto está feito no capítulo das relações com a mídia”.
“Barroso é amigo da Globo. Foi advogado da Abert, a associação que defende os interesses da Globo” — diz Nogueira. E acrescenta: “Portanto, você não vai ver Jabor, Merval, Ali Kamel, Míriam Leitão ou quem quer que seja na Globo atacando Barroso agora ou, um pouco depois, em suas intervenções no julgamento do recurso”.
Bem, aí está uma ideia de como a mídia e a Justiça podem sofrer influência de interesses, do mesmo modo que o Executivo ou o Legislativo. Não sei se esse comportamento pode ser chamado de corrupção. Mas o exemplo mostra como a “isenção jornalística”, assim como decisões em prol do interesse público, praticamente não existem. Nem no âmbito governamental, nem no privado. E nem começamos a falar de propina ainda.
Qual o custo da corrupção?
Eduardo Nunes: Corrupção é todo desvio de finalidade de um recurso ou direito. Logo, há corrupções. E acontecem em distintas esferas (Estado, empresas, igrejas) e formas (diretas, quando os recursos são usados ilegalmente, ou indiretas, quando são aplicados contrariamente aos princípios de seu uso).
As corrupções diretas são mais evidentes e as únicas passíveis de punição. Nas indiretas, mais sutis e impuníveis, o recurso é usado de forma displicente ou para beneficiar poucos. Cabem aqui as organizações religiosas e civis, que alavancam agendas de poder ou negócio e as políticas/práticas públicas preferenciais para os que menos precisam. Há também as corrupções individuais, de muitos tipos.
As estimativas sobre os custos das corrupções são imprecisas porque cada uma delas desencadeia prejuízos sociais próprios. Porém é possível deduzir o custo mínimo, por meio de um caminho metodológico semelhante ao usado para encontrar estrelas — pelas distorções. Se assumirmos o pressuposto de que os recursos e a capacidade da sociedade são suficientes para garantir os direitos (alimentação, moradia, saúde, educação, paz social, participação), toda não realização destes (exceto as decorrentes de opção individual) pode ser considerada nos custos das corrupções.
Mais importante do que cifras e rankings é o fato de que as corrupções têm enormes custos humanos. Cito um: mais de 165 mil mortes anuais evitáveis de crianças e adolescentes no Brasil, só para contar as geradas por falta de saneamento, saúde, violências e poluição atmosférica (agravadas pelo transporte individual movido a incentivo fiscal).
Para reduzir os custos das corrupções é necessária uma intolerância moral que rejeite maniqueísmos, exerça crítica/autocrítica traduzida em participação para a transparência e reoriente as ações, segundo o ensino bíblico: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles” (Mt 7.12).
Notas
1. Como são conhecidos os membros e eleitores do Tory, antigo partido conservador que deu origem ao atual Partido Conservador e Unionista do Reino Unido.

Entrevistados
Taís Machado é psicóloga clínica, professora em seminários teológicos, ligada a movimentos estudantis e blogueira.
Martin Weingaertner é historiador luterano do Centro de Pastoral e Missão, em Curitiba, PR.
Guilherme de Carvalho é pastor da Igreja Esperança em Belo Horizonte, diretor do L’Abri Brasil e blogueiro.
Rubem Amorese é jornalista aposentado e colunista da revista Ultimato. Autor de, entre outros, IcabodeFábrica de Missionários e Ponto Final, e blogueiro.
Eduardo Nunes é PhD em ciência política e economia e diretor de estratégia da Visão Mundial Internacional.
Leia mais respostas aqui.
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