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terça-feira, 12 de maio de 2015

De Frequentadores a Membros



12.05.2015
Do blog MINISTÉRIO FIEL, 27.04.15
Por Thabiti Anyabwile

MembresiaDeIgrejaFrequentUm desafio prático que nós enfrentamos enquanto pastores é como encorajar um frequentador de igreja a tornar-se um membro de igreja ativo. Como devemos ajudar indivíduos a entenderem a necessidade e a alegria de pertencer a uma assembleia local de crentes?
Seis sugestões para estimular frequentadores a tornarem-se membros
Aqui estão seis sugestões. As quatro primeiras visam criar um ambiente no qual a membresia seja valorizada e compreendida. As duas últimas envolvem cuidar de indivíduos específicos que precisem fazer a transição de meros frequentadores para membros ativos.
1. Conheça os membros atuais.
Antes de podermos efetivamente conduzir pessoas de frequentadores a membros de igreja, precisamos conhecer nossos atuais membros. De outro modo, a ideia de “membresia” permanecerá amorfa até mesmo para o pastor que a promove.
Imagine convidar um visitante para jantar com você e sua família na noite de sábado. O visitante chega, esperando encontrar sua esposa e seus filhos, mas então você o conduz pela casa perguntando a todos os presentes seus nomes e se são visitantes também ou se moram ali. A tal “introdução” à sua família desmente por completo a reivindicação de ser uma família.
Do mesmo modo, quando falamos sobre pertencer a uma igreja local, precisamos ter em mente pertencer a uma família de pessoas em particular – pessoas reais, que se conhecem e se amam. Nós estamos convidando um frequentador a tornar-se parte dessa família viva e vivaz. O nosso convite tem rostos e nomes. Se nós conhecemos esses rostos, nomes e vidas, então estaremos mais aptos a introduzir o frequentador à família.
2. Expresse genuíno apreço pelos atuais membros.
Sinceramente, eu desperdicei essa oportunidade ao tornar-me pastor principal na First Baptist Church of Grand Cayman.[1] Cheguei cheio de zelo e pronto para pôr a mão na massa. Eu pretendia amar e servir as pessoas, mas falhei em reconhecer suficientemente que as pessoas da igreja estavam lá muito antes de eu chegar. Elas já estavam servindo ao Senhor de incontáveis maneiras. E não precisavam simplesmente do tipo de amor que eu desejava lhes dar. Elas precisavam de um tipo de amor que diminuísse o ritmo para ver o serviço deles, o tipo de amor que expressa genuína gratidão pela graça de Deus que já estava em operação neles.
Em vez disso, a congregação muitas vezes me ouviu fazer sugestões de melhoras e ideias de novos projetos. Isso demonstrava insatisfação e falta de apreço. Machuquei algumas pessoas e afastei outras. Algumas me concederam muita graça, presumindo que eu tinha boas intenções. E eu tinha. Mas a melhor maneira de expressar esses bons intentos teria sido demonstrando gratidão e apreço por tudo de positivo que eu visse.
Eu gostaria de ter dedicado os primeiros dois ou quatro anos de meu ministério para, de um modo específico, genuíno e insistente, encorajar, agradecer e demonstrar apreço pelas muitas pessoas maravilhosas e pelos muitos atos de serviço na igreja. Nós temos professores de escola dominical que têm servido por vinte anos consecutivos, indivíduos que silenciosamente têm cuidado de mães solteiras pobres, líderes que têm resistido a fortes tempestades durante anos de liderança, sobreviventes de câncer que enfrentaram a enfermidade com fé genuína, esposas e maridos que têm permanecido fieis a cônjuges descrentes e, às vezes, perversos, membros que têm ofertado alegre e sacrificialmente e tantos outros que têm buscado viver à semelhança de Cristo.
Se eu houvesse tido o cuidado de conhecer a congregação e de observar a sua fé em ação, teria acumulado anos de ilustrações para sermão, oportunidades para escrever notas de encorajamento e oportunidades para louvar a obra de Deus. E se eu houvesse usado essas ilustrações, escrito essas notas e expressado louvor pessoal e publicamente, teria estabelecido um clima de encorajamento, graça e gratidão. Isso teria não apenas edificado os membros existentes, mas também tornado a membresia atrativa ao frequentador. As pessoas desejam pertencer a grupos que as encorajam e estimulam. Igrejas e pastores deveriam ser melhores em fazer isso.
3. Apresente uma visão bíblica da vida cristã saudável.
Uma coisa que podemos presumir acerca do cristão que frequenta regularmente uma igreja, mas não se torna membro, é que a sua visão da vida cristã é de algum modo defeituosa.
Podemos presumir isso? Sim, porque as Escrituras dizem que a igreja local é o plano de Deus para o nosso discipulado e para a nossa maturidade espiritual (Efésios 4.11-16; cf. Mateus 28.18-20). Como seres sociais, nós precisamos de comunidade. Deus nos provê isso na igreja local, onde nos alegramos com os que se alegram, choramos com os que choram e demonstramos semelhante cuidado uns para com os outros (1 Coríntios 12.12-27).
Por razões que exigirão a investigação do pastor, o frequentador de igreja não abraçou completamente uma visão da vida cristã centrada na igreja. A nossa tarefa enquanto pastores é pregar e ensinar de uma maneira que apresente a visão bíblica da igreja local, tornando a igreja local bela e desejável ao povo de Deus.
Nós precisamos ajudar o frequentador – assim como os membros existentes – a entender o que significa estar “dentro” da igreja e por que estar “fora” não é saudável. Se não fizermos isso, os deixaremos com suas ideias incompletas acerca da igreja. Ou, o que é pior, podemos deixá-los pensando que o único “benefício” da membresia sejam a disciplina e o desprazer.
Nós podemos responder a essa necessidade pregando uma série temática sobre a igreja ou a comunhão espiritual. Ou podemos fazer uma caminhada mais longa por cartas como Efésios ou 1 Timóteo, nas quais a Bíblia apresenta imagens penetrantes da vida da igreja. Ou, enquanto expomos outros livros da Bíblia, podemos fazer aplicações relacionadas à membresia sempre que for legítimo, de modo que os membros e frequentadores vejam como a filiação e a comunidade perpassam toda a Bíblia. Em tudo isso, nosso desejo é apresentar uma visão elevada e atrativa da igreja local em toda a sua glória e confusão.
4. Fortaleça as fronteiras da igreja.
Uma das consequências de ensinar às pessoas os “dentros” e “foras” da membresia deve ser o fortalecimento das fronteiras entre a igreja e o mundo, ao restringir certas atividades aos membros.
Por toda a Escritura, a comunidade da aliança de Deus é separada do mundo. E ele dá à comunidade certas atividades, como a circuncisão ou a Páscoa, as quais, com seus outros propósitos, a distingue do mundo. As fronteiras entre Israel e o mundo deveriam ser claramente demarcadas e pertencer à comunidade da aliança assumia uma forma e um significado definidos. Era algo terrível ser “separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Efésios 2.12).
Mesmo organizações seculares e empresas têm regras sobre quem está “dentro” e quem está “fora”. No Natal, um dos meus presbíteros participou de uma confraternização natalina de escritório num restaurante local. Ele observou uma mesa onde alguns clientes bebiam. De tempo em tempo, um dos clientes passava uma caneca de cerveja pela janela do restaurante para outro homem do lado de fora. Depois ele descobriu que o homem do lado de fora estava proibido de entrar no restaurante por causa de comportamento inadequado no passado. Meu amigo presbítero riu alto, reconhecendo que até mesmo pessoas mundanas têm parâmetros de pertencimento e reservam certos benefícios aos que são de dentro.
Do mesmo modo, para que os frequentadores percebam a importância da membresia e para que os de fora da fé também vejam que estão “separados de Cristo”, as fronteiras entre a igreja e o mundo precisam ser reforçadas. Para esse fim, pastores e congregações devem identificar quais atividade e oportunidades são restritas a membros. Podem não membros ensinar na escola dominical? Podem participar do coral? Podem participar de pequenos grupos ou viajar com equipes missionárias? Você convidará cristãos professos que não sejam membros de nenhuma igreja local para participarem da Ceia do Senhor?
Decidir quais privilégios e responsabilidades pertencem apenas aos membros da igreja ajuda a demonstrar por que estar “dentro” importa e o que as pessoas perdem ao permanecerem de “fora” da membresia da igreja.
5. Faça o trabalho pessoal de responder objeções e encorajar as pessoas a tornarem-se membros.
Depois de trabalharmos por alguns anos a fim de criar um ambiente no qual a membresia seja valorizada e significativa, podemos realizar um trabalho pessoal muito mais efetivo com nossos frequentadores. De fato, esperamos que, havendo crescido em seu apreço pela igreja local, a própria congregação fará a maior parte do trabalho pessoal.
Esse trabalho pessoal envolve pelo menos duas coisas:
1. Desenvolver um modo de identificar e conhecer os frequentadores.
2. Responder as objeções do frequentador que o impedem de tornar-se membro.
Quando eu trabalhava com ativismo político,[2] nós utilizávamos uma ferramenta simples chamada de “diagrama de posições”. Um diagrama de posições era uma planilha que listava os principais atores políticos em uma coluna à esquerda e, no topo, a posição atual deles quanto a uma questão política em particular. Na forma mais simples, nós nomeávamos as posições deles de “forte oposição” a “neutro” a “forte apoio”. Enquanto lidávamos com esses atores políticos, observávamos como eles se movimentavam ao longo do espectro.
Quer os pastores criem um “diagrama de posições” num papel ou em suas mentes, eles precisam de um modo de identificar se os frequentadores têm “forte oposição” à membresia, “nunca pensaram no assunto” ou “planejam tornar-se membros na próxima semana”. Espera-se que a pregação e a comunidade farão o trabalho pessoal em muitos casos, especialmente entre os frequentadores que já estão motivados a tornarem-se membros. Mas, entre os frequentadores com dúvidas e hesitações, mais cuidado é necessário.
É aqui que o mandamento de “ser hospitaleiro” (Romanos 12.13; 1 Pedro 4.9) é de grande proveito em ajudar as pessoas a se comprometerem com a igreja. Lares abertos tendem a produzir corações abertos – ou, pelo menos, bocas abertas! Podemos passar de rápidas conversas depois dos cultos para discussões mais intencionais durante refeições. Se formos pacientes e cuidadosos nessas conversas, podemos pastorear o frequentador em meio a dores, desapontamentos, questões e temores que o afastam de um pertencimento com compromisso. O objetivo não é “ganhar” um debate sobre membresia, mas amar a pessoa de forma prática, em palavras e obras, até que o Senhor conceda luz e amor.
6. Encoraje o frequentador a estabelecer-se em outra igreja local, se não na sua própria.
Por fim, devemos nos lembrar de que o Senhor tem outros pastores e congregações fiéis. Devemos nos alegrar nesse fato. Não estamos em competição com essas igrejas, mas somos parceiros delas no evangelho.
Algumas vezes podemos encontrar um frequentador cujas objeções a tornar-se membro de nossa igreja se mostrem intransponíveis. Talvez ele discorde de nós acerca de alguma doutrina ou prática importante. Ou talvez more mais perto de outra congregação fiel e possa estar mais ativamente envolvido lá. Nesses casos, ajudar tais pessoas a passarem de frequentadoras a membros pode envolver ajudá-las a se juntarem a uma outra igreja que não a sua.
Isso pode ser delicado para algumas pessoas – especialmente aquelas que desenvolveram um vínculo com a igreja, mas que nunca se tornaram membros. Tais situações exigem paciência e empatia do pastor. Mas nós fazemos isso pelo bem do frequentador, desejando aquilo que sabemos ser a vontade de Deus para ele ou ela – a membresia ativa –, o que é infinitamente melhor. Estamos tentando promover o evangelho, não nossa própria igreja. Estamos tentando fazer os crentes crescerem, não o nosso rol de membros. Algumas vezes, isso significa ajudar indivíduos a tornarem-se membros em outro lugar, ao mesmo tempo que continuamos a pastorear o rebanho que o Senhor pôs sob nosso cuidado (1 Pedro 5.1-4).
Conclusão
É tentador para os pastores ficarem incomodados com aqueles crentes que frequentam a igreja, mas nunca se tornam membros. Podemos ficar frustrados quando coisas que nos parecem fundamentais são negligenciadas por outros. Precisamos guardar nossos corações da impaciência e da justiça própria. Enquanto dedicamos todo o nosso tempo aos nossos membros, porque somos responsáveis por eles de um modo mais específico, os frequentadores de nossa igreja também precisam de nosso ministério. Conduzir as pessoas de frequentadores a membros é uma oportunidade para amar. Num sentido real, isso é o ministério.
Notas:
[1] N.T.: Primeira Igreja Batista de Grand Cayman, em George Town, capital das Ilhas Cayman.
[2] N.T.: No original, policy advocacy (literalmente, “advocacia de políticas”), uma expressão que designa a atividade de gerenciar estrategicamente informações e conhecimentos para mudar e/ou influenciar políticas públicas. Trata-se de uma espécie de lobby(considerada lícita) em favor de certas causas sociais ou ambientais.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/800/De_Frequentadores_a_Membros

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O Triunfo do Evangelho na Vida de um Muçulmano

14.01.2015
Do portal VOLTEMOS AO EVANGELHO, 13.01.15
Por Thabiti Anyabwile*
Tradução: Francisco Wellington Ferreira

OTriunfoDoEvangelho

Ela era uma profissional muito atraente, entre seus 20 e 30 anos. Era claro que respondera ao convite de um amigo para vir à discussão sobre islamismo. Permaneceu de pé pacientemente, acompanhando cada palavra, enquanto os outros faziam perguntas e saiam em fila. Por fim, a multidão diminuiu, e ela me agradeceu tímida e educadamente pela palestra.

Então, o olhar. Eu já tinha visto aquele olhar muitas vezes antes. Num instante, uma alegria antes proibida, mas agora inefável, rompeu em sua face. Lágrimas rolaram, mas sua face brilhava de alegria. Seus olhos ficaram levemente arregalados de entusiasmo. Ela me disse que sua família era do Irã. Agora, ela vivia e trabalhava nos Estados Unidos, com seus pais. E, como é costume, viveria sob o cuidado deles até que casasse. Mas ela tinha um segredo. Nas últimas duas semanas, ouvira o evangelho de Jesus Cristo e agora o amava como seu Salvador.

“Eu não sei como dizer a meus pais ou o que acontecerá. Mas nunca fui tão feliz em minha vida. Não posso explicar… sinto tanta alegria.” Mais lágrimas. Mais face radiante de alegria.
O evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16) – e também dos muçulmanos!

Às vezes, acho que os cristãos duvidam desta verdade maravilhosa – o evangelho é o poder triunfante de Deus na vida de qualquer pessoa e de todos que creem. Às vezes, parece que pensamos que certas pessoas estão fora do alcance do evangelho. Certamente, muitas vezes damos a impressão de que pensamos que os muçulmanos estão além do alcance do evangelho e são impermeáveis ao poder do evangelho.

No entanto, em contrário a nossa incredulidade, o evangelho de Jesus Cristo é realmente triunfante no coração, mente e vida de inúmeros homens e mulheres de diferentes contextos muçulmanos. Eu sou uma dessas pessoas.

Gastei parte significativa de minha como um perdido. Sendo separado de Deus por causa de meu pecado, me dediquei a muitas atividades, pensamentos e atitudes contrárias ao evangelho. Entretanto, isto nunca foi mais verdadeiro do que quando vivi como um muçulmano praticante.

Eu me converti ao islamismo quando estava no segundo ano de faculdade. Nos anos anteriores à minha conversão, cresci muito irado com a vida. Meu pai nos abandonou quando eu tinha cerca de 14 anos. Fiquei irado com ele. Pouco antes de meu terceiro ano de Ensino Médio, fui preso, e muitos de meu amigos se afastaram de mim. Fiquei irado com eles também. Entre meu último ano de Ensino Médio e o primeiro ano de faculdade, descobri radicais dos anos 1960, como Malcom X, Amiri, Barak e muitos outros. Eles me tornaram ainda mais irado. Quando li a história de africanos e afro-americanos, fiquei irado com as pessoas brancas em geral. Quando terminei meu ano de calouro na faculdade, eu era um militante jovem e furioso que ardia não apenas de ira, mas também de ódio.

Foi o islamismo que prometeu uma maneira de manusear e usar aquele ódio. Isso é o que foi prometido. Mas, em minha experiência, o que ele me deu foi bem diferente.

Minha ira e ódio para com os brancos achou um alvo representativo fácil e supremo em um Jesus de cabelos loiros e olhos azuis. Embora expressasse respeito pelo “Jesus real”, que era um profeta de Alá, eu era inimigo da cruz. E me deleitava em me opor a alunos cristãos no campus e em lançar qualquer argumento que eu pudesse contra o cristianismo. Eu negava a ressurreição e reprovava como tolos aqueles que criam na ressurreição. O cristianismo era um grande estratagema elaborado pelos seguidores enganados e enganadores do “Jesus real”. Eu era zeloso pelo islamismo, “a religião perfeita para o afro-americano”.

Era o Ramadã, um tempo de grade disciplina espiritual, oração e estudo. Eu me levantava antes do nascer do sol para ler o Alcorão. A manhã ainda vestia o torpor do sono. Acomodei-me em minha cadeira. E, enquanto eu lia o Alcorão, uma firme consciência se estabeleceu em mim: o islamismo não pode ser verdadeiro.

Como um seguidor do islamismo, eu havia devorado tanto do Alcorão quanto eu pudera. Passagens que me ajudariam a falar com cristãos sobre suas “opiniões erradas ou enganadas” eram de interesse especial. Isso significou que eu tive de considerar os ensinos do Alcorão sobre Jesus. Mas o que descobri não podia ser verdadeiro e, ao mesmo tempo, o próprio islamismo ser coerente.

O islamismo ensinava que Jesus nascera de uma virgem sem nenhum pai terreno (Sura 3:42-50). O Alcorão ensinava claramente que a Torá, os salmos de Davi e os evangelhos eram livros revelados por Alá (Sura 4:163-65; 5:46-48 e 6:91-92). E, em muitas passagens, o Alcorão – escrito aproximadamente 600 anos depois de Cristo e os apóstolos – expressava tal confiança nestas seções da Bíblia, que chamava as pessoas a julgarem a verdade usando a Bíblia (Sura 3:93-94; 5:47 e 10:94). E em nenhuma de suas passagens o Alcorão ensina que a Bíblia foi corrompida ou mudada, mas apenas que alguns encobriram seu significado, entenderam-na de modo errado ou esqueceram a sua mensagem. Portanto, para mim, qualquer muçulmano coerente e intelectualmente honesto tinha de fazer um esforço para entender os ensinos da Bíblia.

E, quando fui à Bíblia – supondo, primeiramente, que acharia coisas que confirmariam ou apontariam para o Alcorão e, depois, ficando desesperado para achar as supostas profecias que apontariam para Maomé – todas as minhas suposições foram frustradas e não tinham fundamento. A afirmação do islamismo de ser o final e o selo de todas as religiões e de seu profeta ser o final e o selo de todos os profetas simplesmente não parecia ser verdadeira.

Como poderia Jesus ser nascido de uma virgem, como o Alcorão ensinava, e não ser o Filho de Deus, como os evangelhos ensinam tão claramente? Como poderia o tema de expiação e sacrifício, tão evidente tanto na lei de Moisés quanto nos evangelhos, desaparecer no Alcorão? E o mais problemático de todos: como a minha impiedade e meu pecado poderiam ser expiados sem um sacrifício perfeito em meu favor?
Meu pecado era real, e o islamismo não oferecia nenhuma solução para ele.

O islamismo me constrangera a crer que todas as necessidades e questões eram respondidas por seu sistema de leis e rituais. Eu havia crido na explicação do islamismo quanto ao desenvolvimento da religião e da sociedade – “o judaísmo é o ensino fundamental, o cristianismo, o ensino médio, e o islamismo, a universidade”. Uma teologia e uma ideologia falsas haviam dominado minha vida.

Quando eu sai deste tempo de estudo e exploração, fiquei covencido de que o islamismo não era verdadeiro. Mais do que isso, eu estava quase certo de que todas as religiões eram falsas. Em vez de me voltar para Cristo, eu me voltei para a busca do mundo e decidi crer em mim mesmo e não em Deus.

Em meio a esta busca idólatra, o Senhor me interceptou e me humilhou quando minha esposa perdeu o nosso primeiro filho. Sentei-me em depressão branda para assistir à televisão. Por razões que eu não pude explicar na época, me sentei fascinado enquanto um pregador de televisão expunha 2 Timóteo 2.15. Não era uma mensagem especialmente evangelística, mas vida e poder encheram aquele sermão sobre estudar a Palavra de Deus e hábitos mentais cristãos.

Por fim, a minha esposa e eu visitamos a igreja onde aquele pastor servia. Estávamos a sete ou oito fileiras do púlpito. Num culto de igreja lotado com umas sete ou oito mil pessoas, parecia que as únicas pessoas presentes eram o pregador e eu mesmo.

O sermão, baseado em Êxodo 32, era intitulado “O que é necessário para que você fique irado?” Imagine isso. Havendo sido consumido de ira por mais de uma década, a primeira vez que vou a uma igreja desde que me tornara muçulmano, o pregador fala sobre ira. Mas não foi o que eu pensava. O sermão examinou cuidadosamente o pecado, a idolatria e as suas consequências. O pastor desafiou a congregação a desenvolver uma indignação santa e justa para como o pecado, a odiar o pecado e a voltar-se para Deus.

Fiquei impactado quando a santidade e a justiça de Deus foram explicadas a partir das Escrituras. Fiquei estranhamente consternado e alerta, realmente despertado, quando o pastor aplicou a doutrina do pecado aos seus ouvintes. Eu era condenado e culpado diante daquele Deus santo que julga toda impiedade.

Então, com linguagem linda e clara, o pregador exaltou a Jesus. Ele era o Cordeiro de Deus que devemos contemplar! Era o sacrifício predito no Antigo Testamento e imolado no Novo. Nele havia redenção. O impecável Filho de Deus viera realmente ao mundo para salvar todo que crê – até um ex-muçulmano que era um inimigo da cruz declarado e resoluto!

“Arrependa-se e creia para o perdão de seus pecados”, foi o convite. Em bondade profusa, Deus converteu a mim e a minha esposa do pecado para Jesus Cristo, em fé, naquele dia. Literalmente, da noite para o dia, Deus destruiu misericordiosamente a fortaleza de anos de ira e ódio. O evangelho triunfou onde nenhum outro poder havia triunfado ou poderia triunfar. O evangelho de Jesus Cristo me libertou das garras do pecado e das trevas do islamismo.

O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Vi esse poder na face daquela jovem iraniana naquele dia. Tenho visto esse poder manifestado na face de muitas pessoas de contextos muçulmanos na América e no Oriente Médio. Eu mesmo tenho experimentado e recebido esse poder por meio da fé em Cristo.

E creio que este mesmo evangelho em suas mãos produzirá a mesma conversão e vida nova em pessoas muçulmanas que o Senhor colocar em seu caminho. Esta é a razão por que este livro foi escrito: incentivar cristãos comuns no extraordinário poder do evangelho.

O Evangelho para Muçulmanos Introdução do livro “O Evangelho para Muçulmanos”, futuro lançamento da Editora Fiel.

Thabiti Anyabwile*Thabiti Anyabwile é pastor da First Baptist Church, em Grand Cayman, nas Ilhas Cayman. O Rev. Anyabwile é preletor em conferências e autor de vários livros.

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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2015/01/o-triunfo-evangelho-na-vida-de-um-muculmano/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+voltemosaoevangelho+%28Voltemos+ao+Evangelho%29