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sábado, 19 de outubro de 2019

Como um pastor luta contra a “ressaca da pregação”

19.10.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 17.10.19

 

Você pode chamar de algo diferente, mas todo pastor conhece isso. É o colapso mental, emocional e espiritual que ocorre no dia seguinte (segunda-feira) como resultado de derramar seu coração e alma na proclamação da palavra de Deus ao povo de Deus no dia anterior.
Não há remédio fácil, nem medicação ou solução rápida que possa impedi-lo. Existem, no entanto, vários esforços, que pratico toda segunda-feira, que são tremendamente úteis para lutar em meio ao nevoeiro. Aqui estão cinco sugestões para sua consideração:

Ore e leia as Escrituras

Eu sei que isso parece algo “acéfalo” para um pastor. Às vezes, o fato é segunda-feira de manhã … isso não me apetece. No entanto, ainda é isso que dá vida às nossas almas cansadas, devemos continuar engajados, ainda que estejamos lutando para pensar em qualquer outra coisa, permaneçamos em Deus e sua palavra. Acho que atravessar a neblina buscando o pão da vida é o que dá um pontapé útil quando recomeçamos a rotina semanal.

Conheça suas limitações

Muitos pastores aproveitam a segunda-feira como dia de folga. Para aqueles de nós que escolhem um dia diferente para passar com a família, temos que proceder com cuidado nas segundas-feiras. Eu normalmente não estou em condições de lidar com qualquer aconselhamento emocional pesado, instigante ou situações de conflito, pelo menos até depois do almoço. Você pode ser diferente, mas a “ressaca” afeta a todos nós de alguma forma que requer discernimento ao planejar o dia. Tenha cuidado para não se colocar em uma posição, no seu dia, que exija que você tome uma grande decisão quando não estiver tão afiado quanto precisa para tomá-la.

Pratique atividade Física

Eu faço exercícios de quatro a cinco vezes por semana, mas se existe um dia em que isso é especialmente importante, é na segunda-feira. Se você se exercita apenas um dia por semana, recomendo que seja na segunda-feira. Dói … muitas vezes mais do que o normal após um Dia do Senhor, mas um bom treino cardiovascular de mais de trinta minutos é exatamente o que eu preciso para ajudar a sacudir a ressaca da pregação.

Planeje tarefas realizáveis

A ressaca da pregação não é de modo algum uma desculpa para ser preguiçoso e improdutivo. Dê a si mesmo tarefas atingíveis e certifique-se de se esforçar para alcançá-las. Se for o seu dia de folga, certifique-se de trabalhar duro para se animar e se envolver com sua família, para que sua esposa e filhos não tenham o seu “dia de preguiça”. Se você estiver tentando ser produtivo no escritório, porém está tendo um tempo difícil enquanto estuda por um longo período, programe outras tarefas que estejam dentro do seu estado de espírito para realizar.
Para mim, a segunda-feira está cheia de verificação de e-mails, administração simples, envio de recados e reunião com pessoas que eu sei que serão mais leves, encorajadoras e menos propensas a se tornarem um ponto cego. Pode ser que você normalmente consiga lidar com mais coisas do que eu. Apenas verifique se são tarefas razoáveis para você realizar durante o dia.

Silêncio

Faça o que for necessário para conseguir um pouco de silêncio e solidão. Às vezes, combino isso com meu exercício da manhã. Gosto de ir a um parque, correr e depois ficar em silêncio por um tempo longe das pessoas, só você e Deus. O silêncio pode dar vida quando somos frequentemente bombardeados com palavras e pessoas no dia anterior. Isso se tornou essencial para meu cuidado pessoal com a alma e minha capacidade de trabalhar no meio do nevoeiro da segunda-feira.

Espero que, de alguma forma, essas sugestões desencadeiem ideias que ajudarão você a limpar as teias da “ressaca da pregação”. Somente lembre-se de que, quando você precisar enfrentar um conflito longo e pesado na segunda-feira, porque as necessidades da congregação o exigirem… a Graça de Deus é suficiente para você atravessá-lo.
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Fonte:https://voltemosaoevangelho.com/blog/2019/10/como-um-pastor-luta-contra-a-ressaca-da-pregacao/?utm_campaign=Voltemos_ao_Evangelho__Daily_email_Modelo&utm_medium=email&utm_source=sendinblue

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Deus vai te responder na sua crise

24.01.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 23.01.19
Por David Mathis*

Deus-vai-te-responder-na-sua-crise

Sua crise está chegando. Se ela ainda não chegou ou se você não está no meio de uma nesse momento, sua hora vai chegar.
E não apenas uma crise. Em sua misericórdia severa, Deus pontua nossas vidas nessa era caída com momentos de crises com graus variáveis, destinados para o nosso bem eterno. Durante milênios, o povo de Deus tem conhecido “momentos de crise” e “dias de angústia”, às vezes demasiadamente. E o mesmo continua atualmente. Nosso Pai nunca prometeu que o fato dos nossos problemas serem dele significaria que não teríamos os nossos.
De novo e de novo, as Escrituras descrevem os fiéis não como aqueles que nunca tiveram problema, mas como aqueles que clamaram a Deus em suas crises. Os homens e mulheres que lembramos como modelos enfrentaram os maiores momentos de crise e dias de angústia. E Deus ouviu seu clamor por ajuda. Ele não era surdo naquela época, e nem é hoje, para as vozes do seu povo, quer de pessoas grande ou pequenas, especialmente na crise.

Em Problemas e Angústias

Nosso Deus não é apenas o Deus que fala, memorável que seja, mas também, maravilha sobre maravilha, o Deus que ouve. Quando Tiago chama cada um de nós a ser “pronto para ouvir” (Tg 1.19), ele nos chama para sermos como nosso Pai celestial. Temos um Pai “que escutas a oração” (Sl 65.2), que atende a voz das nossas petições (Sl 66.19). Nosso Deus não apenas vê todas as pessoas, mas vê os seus de maneira especial, como aqueles com quem ele se aliançou em amor. Ele ouve seu povo com o ouvido de um Marido e de um Pai. Ele não é perturbado ou incomodado pelas nossas petições, especialmente durante nossos problemas e angústias.
Os Salmos, em particular, celebram a vontade de Deus em ouvir e ajudar seu povo no seus “dias de angústia” e “momentos de crise”. Davi testificou que Deus tinha sido para ele “alto refúgio e proteção no dia da minha angústia.” (Sl 59.16 e também 9.9; 37.39; 41.1). Ele sabia para onde se voltar quando a crise chegasse: “No dia da minha angústia, clamo a ti, porque me respondes” (Sl 86.7). “No dia da adversidade, ele me esconderá no seu pavilhão” (Sl 27.5). E Davi sabia para onde direcionar os outros: “O Senhor te responda no dia da tribulação” (Sl 20.1). “O Senhor é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação” (Sl 9.9).
E não apenas Davi, mas o salmista Asafe também diz: “No dia da minha angústia, procuro o Senhor” (Sl 77.2). O próprio Deus diz: “invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15). Longe de ser incomodado pelo nosso choro por ajuda, Deus é honrado quando nos voltamos para ele com nosso fardo. Talvez o mais surpreendente de todos seja o refrão do Salmo 107 (repetido quatro vezes): “Então, na sua angústia, clamaram ao SENHOR, e ele os livrou das suas tribulações” (vv. 6, 13, 19 e 28). Essa não é apenas a história de Israel de novo e de novo, mas a nossa também.
E Deus está no seu melhor nas nossas crises.

Contemple Nosso Deus

Este é quem nosso Deus é desde o princípio. Esse é o Deus de Abraão e Isaque. E esse é quem Jacó, nos seus vários altos e baixos, esforços e lutas, descobriu que Deus é: “[O] Deus que me respondeu no dia da minha angústia” (Gn 35.3).
O Deus de Jacó não é como os falsos deuses das nações vizinhas. Ele não é como os deuses do lar do tio de Jacó, Labão (Gn 31.19; 34-35). E não é como os deuses canaanitas que os filhos de Jacó encontraram quando saquearam Siquém (Gn 34.29; 35.2). Outros “deuses” não respondem no dia da angústia. Eles simplesmente foram feitos pela imaginação e mãos humanas. Eles são brinquedos de bebês. Eles não respondem. Eles não agem.
A vida de Jacó foi uma sucessão de momentos de crise, e Deus provou que é fiel como o Deus que ouve e responde. Assim como Deus viu Lia na sua crise (Gn 29.31) e se lembrou de Raquel na dela (Gn 30.22), ele vê, ele ouve, ele se lembra, ele se importa. Ele é o Deus vivo que quer que nos voltemos para ele, lutemos com ele (Gn 32.22-28), e não apenas com nossas circunstâncias, em nosso momento de crise. Esse é o Deus de Jacó, e o Deus de Naum (Na 1.7), Obadias (Ob 12,14), Jeremias (Jr 16.19) e Ezequias (Is 37.3).

Como e Quando Perfeitos Dele

Na nossa finitude e natureza caída, pode parecer para nós, por vezes, que Deus está se escondendo nos momentos de crise (Sl 10.1). Mas se nos achegarmos a ele humildemente, não estimando o pecado no nosso coração (Sl 66.18; e também 1Pe 3.7), nós podemos esperar que “Deus me tem ouvido e me tem atendido a voz da oração” (Sl 66.19). Ainda assim, o fato de Deus ouvir não significa que ele sempre, ou até mesmo tipicamente, vai responder como e quando nós esperamos ou queremos.
Quando nós lembramos de Deus como aquele que nos responde nos momentos de crise, como ele fez com Jacó, os salmistas e os profetas, não assumimos que ele responde como responderíamos ou quando nós gostaríamos. Jacó, uma vez, passou vinte anos debaixo da tirania de Labão, e seu filho José passou treze anos indo cada vez mais baixo. Foi vendido como escravo, acusado falsamente, jogado na prisão e então esquecido, antes que Deus o levantasse. Nosso Deus trabalha no seu “tempo oportuno” (1Pe 5.6), no seu “tempo” (Gl 6.9).
Ele, de fato, vai nos ouvir e responder, mas geralmente de formas e num tempo que nós não antecipamos. Seus caminhos e pensamentos são maiores que os nossos (Is 55.8-9), e ele faz “mais do que tudo”, não menos, do que nós pedimos ou pensamos (Ef 3.20). Em Cristo, não assumimos que Deus não está nos vendo, ouvindo ou respondendo porque nossas vidas não estão se desdobrando de acordo com nossos planos. Longe de assumir que ele não está respondendo, queremos receber suas misericórdias severas enquanto ele continua a fazer sua surpreendente obra de desdobrar a história, e nossas vidas, não de acordo com as expectativas humanas, mas de acordo com seus planos e propósitos infinitamente majestosos, os quais nós vemos claramente no momento de crise do próprio Filho de Deus.

Sua Resposta Maior

“E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia” (Mc 14.33). Ali, naquele jardim de crise, Jesus tinha “oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade” (Hb 5.7). Deus ouviu seu Filho em seu momento de crise, mas ele não deixou o cálice passar. Ele não o livrou da morte. O fato de Deus ouvir e responder Jesus não significava salvação de passar pela cruz, mas salvação através da cruz.
Seu Pai “salvando-o da morte” poderia ter significado proteção da morte. Porém, seus caminhos são sempre mais altos. Ele fez muito mais abundantemente do que nós estamos propensos a pedir ou agir. O resgate que Deus deu ao seu Filho nesse momento não foi proteção da morte, mas graça que sustenta durante a morte. E então, ressurreição. E ao menos que Jesus volte primeiro, todos nós enfrentaremos a morte cedo o bastante, e a resposta de Deus para nós será a graça que sustenta durante a morte, e a ressurreição do outro lado.
Nosso Deus é muito real, muito grande e muito glorioso para trabalhar de acordo com as expectativas humanas e cronogramas convenientes. Ele nos ama demais para regularmente fazer o que nós queremos e quando nós queremos nos momentos de crise. Porém, ele sempre nos vê. Ele sempre nos ouve. E em Cristo, ele irá responder, não necessariamente quando e como nós queremos, mas com a resposta que nós precisamos, mesmo que possam ser dolorosas por agora, para nosso bem e glória definitivos.
*David Mathis é pastor assistente do Pastor John Piper na Bethlehem Baptist Church e do ministério Desiring God em Minneapolis, Minnesota, EUA.
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Fonte:https://voltemosaoevangelho.com/blog/2019/01/deus-vai-te-responder-na-sua-crise/?utm_source=inf-resumo-diario-ve&utm_medium=inf-resumo-diario-ve&utm_campaign=inf-resumo-diario-ve

sábado, 30 de janeiro de 2016

ARMINIANSIMO CLÁSSICO E WESLEYANO

30.01.2016
Do portal WIKIPÉDIA

Arminianismo clássico


O arminianismo clássico (às vezes chamado de arminianismo reformado) é o sistema teológico que foi apresentado por Jacó Armínio e mantido pelos remonstrantes;[5] sua influência serve como base para todos os sistemas arminianos. A lista de crenças é dado abaixo:

  • A depravação é total: Arminius declarou: "Neste estado [caído], o livre-arbítrio do homem para o verdadeiro bem não está apenas ferido, enfermo, inclinado, e enfraquecido; mas ele está também preso, destruído, e perdido. E os seus poderes não só estão debilitados e inúteis a menos que seja assistido pela graça, mas não tem poder algum exceto quando é animado pela graça divina."[6]

  • A expiação destina-se a todos: Jesus morreu para todas as pessoas, Jesus atrai todos a si mesmo, e todas as pessoas têm oportunidade de se salvarem pela fé.[7]

  • A morte de Jesus satisfaz a justiça de Deus: A penalidade pelos pecados dos eleitos é paga integralmente através da obra de Jesus na cruz. Assim, a expiação de Cristo é destinada a todos, mas requer a fé para ser efetuada. Arminius declarou que: "Justificação, quando usado para o ato de um juiz, também é exclusivamente a imputação da justiça através da misericórdia... ou esse homem é justificado diante de Deus... de acordo com o rigor da justiça sem qualquer perdão."[8] Stephen Ashby esclarece: "Arminius só considera duas maneiras possíveis em que o pecador pode ser justificado: (1) pela nossa adesão absoluta e perfeita à lei, ou (2) exclusivamente pela divina imputação da justiça de Cristo."[9]

  • A graça é resistível: Deus toma a iniciativa no processo de salvação e a sua graça vem a todas as pessoas. Esta graça (muitas vezes chamada de preveniente ou pré-graça regeneradora) age em todas as pessoas para convencê-las do Evangelho, chamá-las fortemente à salvação, e capacitar a possibilidade de uma fé sincera. Picirilli declarou que "realmente esta graça está tão próxima da regeneração que ela leva inevitavelmente a regeneração, a menos que, por fim seja resistida." [10] A oferta de salvação por graça não age irresistivelmente em um simples causa-efeito (i.e num método determinístico), mas sim de um modo de influência-e-resposta, que tanto pode ser livremente aceita e livremente negada.[11]

  • O homem tem livre arbítrio para responder ou resistir: O livre-arbítrio é limitado pela soberania de Deus, mas a soberania de Deus permite que todos os homens tenham a opção de aceitar o Evangelho de Jesus através da fé, simultaneamente, permite que todos os homens resistam.

  • A eleição é condicional: Arminius define eleição como "o decreto de Deus pelo qual, de Si mesmo, desde a eternidade, decretou justificar em Cristo, os crentes, e aceitá-los para a vida eterna."[12] Só Deus determina quem será salvo e a sua determinação é que todos os que crêem em Jesus através da fé sejam justificados. Segundo Arminius, "Deus a ninguém preza em Cristo, a menos que sejam enxertados nele pela fé".[12]
  • Deus predestina os eleitos a um futuro glorioso: A predestinação não é a predeterminação de quem irá crer, mas sim a predeterminação da herança futura do crente. Os eleitos são, portanto, predestinados a filiação pela adoção, glorificação, e vida eterna.[13]

  • A justiça de Cristo é imputada ao crente: A justificação é sola fide. Quando os indivíduos se arrependem e creem em Cristo (fé salvífica), eles são regenerados e trazidos a união com Cristo, pela qual a morte e a justiça de Cristo são imputados a eles, para sua justificação diante de Deus.[14]

  • A segurança eterna é também condicional: Todos os crentes têm plena certeza da salvação com a condição de que eles permaneçam em Cristo. A salvação é condicional a fé, portanto, a perseverança também é condicional.[15] A apostasia (desvio de Cristo) só é cometida por uma deliberada e proposital rejeição de Jesus e renúncia da fé.[16]

Os cinco artigos da remonstrância que os seguidores de Arminius formularam em 1610 o estado acima de crenças relativas (I) eleição condicional, (II) expiação ilimitada, (III) depravação total, (IV) depravação total e a graça resistível, e (V) possibilidade de apostasia. Note, entretanto, que o artigo quinto não nega completamente a perseverança dos santos, Arminius mesmo, disse que "nunca me ensinaram que um verdadeiro crente pode cair ... longe da fé ... ainda não vou esconder que há passagens de Escritura que parecem-me usar este aspecto, e as respostas a elas que me foi permitido ver, não são como a gentileza de aprovar-se em todos os pontos para o meu entendimento ".[17]Além disso, o texto dos artigos da Remonstrancia diz que nenhum crente pode ser arrancado da mão de Cristo, e à questão da apostasia, "a perda da salvação" é necessário mais estudos antes que pudesse ser ensinada com plena certeza.

As crenças básicas de Jacó Armínio e os remonstrances estão resumidos como tal pelo teólogo Stephen Ashby:

  1. Antes de ser chamado e capacitado, alguém é incapaz de crer... somente capaz de resistir.
  2. Depois de ter sido chamado e capacitado, mas antes da regeneração, alguém é capaz de crer... também capaz de resistir.
  3. Após alguém crer, Deus o regenera, alguém é capaz de continuar crendo... também capaz de resistir.
  4. Após resistir ao ponto de descrer, alguém é incapaz de acreditar... só capaz de resistir.[18]

Interpretação dos Cinco Pontos

O terceiro ponto sepulta qualquer pretensão de associar o arminianismo ao pelagianismo ou ao semipelagianismo. De fato, a doutrina de Armínio é perfeitamente compatível com a Depravação Total calvinista. Ou seja, em seu estado original o homem é herdeiro da natureza pecaminosa de Adão e totalmente incapaz, até mesmo, de desejar se aproximar de Deus. Nenhum homem nasce com o "livre-arbítrio", ou seja, com a capacidade de não resistir a Deus.
O quarto ponto demonstra claramente que é a graça preveniente que restaura no homem a sua capacidade de não resistir à Deus. Portanto, para Armínio, a salvação é pela graça somente e por meio da fé somente. Nesse sentido, os arminianos do coração concordam com os calvinistas no sentido de que a capacitação, por meio da graça, precede a fé, e que até mesmo a fé salvadora seja um dom de Deus. A diferença está na compreensão da operação dessa graça. Para os calvinistas, a graça é concedida apenas aos eleitos, que a ela não podem resistir. Para os arminianos, a expiação por meio de Jesus Cristo é universal e comunica essa graça preveniente a todos os homens; mas ela pode ser resistida. 

Assim como o pecado entrou no mundo pelo primeiro Adão, a graça foi concedida ao mundo por meio de Cristo, o segundo Adão (conforme Romanos 5:18João 1:9). Nesse sentido, os arminianos entendem que I Timóteo 4:10 aponta para duas salvações em Cristo: uma universal e uma especial para os que creem. A primeira corresponde à graça preveniente, concedida a todos os homens, que lhes restaura o arbítrio, ou seja, a capacidade de não resistir a Deus. Ela é distribuída a todos os homens porque Deus é amor (I João 4:8João 3:16) e deseja que todos os homens se salvem (I Timóteo 2:4II Pedro 3:9), conforme defendido no segundo ponto do arminianismo. A segunda é alcançada apenas pelos que não resistem à graça salvadora e creem em Cristo. Estes são os predestinados, segundo a visão arminiana de predestinação.

Portanto, embora a expressão "livre-arbítrio" seja comumente associada ao arminianismo, ela deve ser entendida como "arbítrio liberto" ou "vontade liberta" pela graça preveniente, convencedora, iluminadora e capacitante que torna possíveis o arrependimento e a fé. Sem a atuação da graça, nenhum homem teria livre-arbítrio.

Ao contrário dos calvinistas, os arminianos creem que essa graça preveniente, concedida a todos os homens, não é uma força irresistível, que leva o homem necessariamente à salvação. Para Armínio, tal graça irresistível violaria o caráter pessoal da relação entre Deus e o homem. Assim, todos os homens continuam a ter a capacidade de resistir à Deus, que já possuíam antes da operação da graça (conforme Atos 7:51Lucas 7:30Mateus 23:37). Portanto, a responsabilidade do homem em sua salvação consiste em não resistir ao Espírito Santo. Este é o coração do sinergismo arminiano, o qual difere radicalmente dos sinergismos pelagiano e semipelagiano.

No que tange à perseverança dos santos, os remonstrantes não se posicionaram, já que deixaram a questão em aberto.


Citações das obras de Arminius


Os textos a seguir transcritos, escritos pelo próprio Arminius, são úteis para demonstrar algumas de suas ideias.

…Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de e por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito participante desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele está liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda contínua da Graça Divina.

Com referência à Graça Divina, creio, (1.) É uma afeição imerecida pela qual Deus é amavelmente afetado em direção a um pecador miserável, e de acordo com a qual ele, em primeiro lugar, doa seu Filho, "para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna," e, depois, ele o justifica em Cristo Jesus e por sua causa, e o admite no direito de filhos, para salvação. (2.) É uma infusão (tanto no entendimento humano quanto na vontade e afeições,) de todos aqueles dons do Espírito Santo que pertencem à regeneração e renovação do homem - tais como a fé, a esperança, a caridade, etc.; pois, sem estes dons graciosos, o homem não é capaz de pensar, desejar, ou fazer qualquer coisa que seja boa. (3.) É aquela perpétua assistência e contínua ajuda do Espírito Santo, de acordo com a qual Ele age sobre o homem que já foi renovado e o excita ao bem, infundindo-lhe pensamentos salutares, inspirando-lhe com bons desejos, para que ele possa dessa forma verdadeiramente desejar tudo que seja bom; e de acordo com a qual Deus pode então desejar trabalhar junto com o homem, para que o homem possa executar o que ele deseja.

Desta maneira, eu atribuo à graça O COMEÇO, A CONTINUIDADE E A CONSUMAÇÃO DE TODO BEM, e a tal ponto eu estendo sua influência, que um homem, embora regenerado, de forma nenhuma pode conceber, desejar, nem fazer qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação do mal, sem esta graça preveniente e excitante, seguinte e cooperante. Desta declaração claramente parecerá que de maneira nenhuma eu faço injustiça à graça, atribuindo, como é dito de mim, demais ao livre-arbítrio do homem. Pois toda a controvérsia se reduz à solução desta questão, "a graça de Deus é uma certa força irresistível"? Isto é, a controvérsia não diz respeito àquelas ações ou operações que possam ser atribuídas à graça, (pois eu reconheço e ensino muitas destas ações ou operações quanto qualquer um,) mas ela diz respeito unicamente ao modo de operação, se ela é irresistível ou não. A respeito da qual, creio, de acordo com as escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que é oferecida.

Arminianismo wesleyano
Ver artigo principal: Metodismo
Parte de uma série sobre
Metodismo
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John Wesley
 Portal do metodismo

John Wesley foi historicamente o advogado mais influente dos ensinos da soterologia arminiana. Wesley concordou com a vasta maioria daquilo que o próprio Arminius defendeu, mantendo doutrinas fortes, tais como as do pecado original, depravação total, eleição condicional, graça preveniente, expiação ilimitada e possibilidade de apostasia.
Wesley, porém, afastou-se do arminianismo clássico em três questões:

  • Expiação – A expiação para Wesley é um híbrido da teoria da substituição penal e da teoria governamental de Hugo Grócio, advogado e um dos Remonstrantes. Steven Harper expõe: "Wesley não colocou o elemento substitucionário dentro de uma armação legal …Preferencialmente [sua doutrina busca] trazer para dentro do próprio relacionamento a 'justiça' entre o amor de Deus pelas pessoas e a aversão de Deus ao pecado …isso não é a satisfação de uma demanda legal por justiça; assim, muito disso é um ato de reconciliação imediato."[19]

  • Possibilidade de apostasia – Wesley aceitou completamente a visão arminiana de que cristãos genuínos podem apostatar e perder sua salvação. Seu famoso sermão "A Call to Backsliders" demostra claramente isso. Harper resume da seguinte forma: "o ato de cometer pecado não é ele mesmo fundamento para perda da salvação … a perda da salvação está muito mais relacionada a experiências que são profundas e prolongadas. Wesley via dois caminhos principais que resultam em uma definitiva queda da graça: pecado não confessado e a atitude de apostasia."[20] Wesley discorda de Arminius, contudo, ao sustentar que tal apostasia não é final. Quando menciona aqueles que naufragaram em sua fé (1 Tim 1:19), Wesley argumenta que "não apenas um, ou cem, mas, estou convencido, muitos milhares … incontáveis são os exemplos … daqueles que tinham caído, mas que agora estão de pé"[21]

  • Perfeição cristã – Conforme o ensino de Wesley, cristãos podem alcançar um estado de perfeição prática. Isso significa uma falta de todo pecado voluntário, mediante a capacitação do Espírito Santo em sua vida. Perfeição cristã (ou santificação inteira), conforme Wesley, é "pureza de intenção; toda vida dedicada a Deus" e "a mente que estava em Cristo, nos capacita a andar como Cristo andou." Isso é "amar a Deus de todo o seu coração, e os outros como você mesmo".[22] Isso é 'uma restauração não apenas para favor, mas também para a imagem de Deus," nosso ser "encheu-se com a plenitude de Deus".[23] Wesley esclareceu que a perfeição cristã não implica perfeição física ou em uma infabilidade de julgamento. Para ele, significa que não devemos violar a longanimidade da vontade de Deus, por permanecer em transgressões involuntárias. A perfeição cristã coloca o sujeito sob a tentação, e por isso há a necessidade contínua de oração pelo perdão e santidade. Isso não é uma perfeição absoluta mas uma perfeição em amor. Além disso, Wesley nunca ensinou um salvação pela perfeição, mas preferiu dizer que "santidade perfeita é aceitável a Deus somente através de Jesus Cristo."[22]

Os Cinco Artigos da Remonstrância
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Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Arminianismo