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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Dez conselhos para organizar melhor a vida em 2014

06.02.2014
Do portal ULTIMATO ON LINE, 07.01.14


Quando me pediram que escrevesse algo sobre como melhor organizar a agenda e a vida, eu pensei que fosse uma especial ironia. Muitas vezes clamo por esse tipo de ajuda, em meio à loucura dos ritmos e das demandas em que a gente se mete. Mas reconsiderei e aceitei o desafio, na perspectiva de selecionar alguns breves princípios e ideias que tem me ajudado. Eu o faço com a singeleza de compartilhar caminhos experimentados para buscar fazer da vida uma jornada mais focada e prazerosa. Assim que, para organizar-se na vida, aqui vão minhas sugestões:

  1. Sempre, sempre, se faça a pergunta sobre qual é o foco principal de sua vocação: o que você mais deseja na vida e onde crê que deva se envolver. Concentre-se nisso, e aprenda a delegar ou deixar para outros o que não esteja no cerne dessa paixão e chamado.
     
  2. Tome tempo no início de cada dia (e também ao início de cada semana) para revisar os desafios da agenda para aquele próximo período de tempo, para organizar as prioridades, revisar se são realistas, e assim buscar ir realizando, uma a uma, cada atividade da agenda. Planejar não é tempo perdido, é tempo investido. Se você é do tipo que se distrai entre muitas coisas, procure crescer na disciplina de completar uma tarefa antes de passar à outra. As recompensas (ver a tarefa completada, um descanso, presentear-se, etc.) nos ajudam a manter-nos motivados.
     
  3. Respeite os ritmos do corpo e da mente. Cada um tem seus limites e seus ritmos biológicos, e há que respeitá-los. Recomendo uma breve parada a cada duas horas de atividade intensa. Mesmo que só por uns cinco minutos, isso te ajuda a voltar com mais ânimo à tarefa. Também separe as tarefas mais difíceis para a hora do dia em que você costuma ter mais energia.
     
  4. Busque ser fiel à disciplina de um descanso semanal, a separar horas suficientes de sono cada noite e, para os que apreciam, dedicar uma pequena pausa na metade do dia (uma soneca ou um intervalo maior para relaxar-se). Ritmos muito intensos podem ser mantidos por certo tempo, mas no final a perda da saúde ou o stress afetam inclusive sua eficiência ou a capacidade de produzir, seja em uma tarefa burocrática e repetitiva, seja no engenho de algo melhor, mais belo e criativo.
     
  5. Pratique um hobbie. Considere seriamente isso. Esse foi um dos conselhos mais espirituais que eu já recebi em uma ocasião de muito stress. Saber relaxar-se é tão importante como saber trabalhar bem.
     
  6. Aprender a rir de você mesmo e não levar-se tão a sério são outras chaves para a sanidade da alma. Aqueles que são perfeccionistas ou neuróticos obsessivos, onde me incluo, sabem como isso é difícil. Mas esse é outro bom hábito. Crescer na perspectiva e na confiança de que o mundo não vai acabar porque você disse “não” a algo extra que apareceu. Se a culpa vem por sentir que é importante, sugiro a tranquilidade de crer que não está em suas mãos mover o universo. Aqueles que creem em Deus têm, ou deveriam ter, a sana percepção de que o protagonismo da história está em outro lugar, mais sagrado e mais amplo do que nossas próprias mãos. É uma maravilha quando vemos que podemos ser instrumentos nas mãos desse personagem principal. Também é um especial alívio e alegria quando vemos a muitas outras sendo usadas para cumprir os desígnios divinos de transformação e vida. Aqui creio que vale a máxima de que deixar de fazer o que se deveria é negligência e fazer além do que se deveria é presunção. O segredo é discernir uma coisa da outra. Busque esse equilíbrio.
     
  7. Preste contas de sua agenda a outros, cerque-se de pessoas que te façam perguntas difíceis. Quer seja seu chefe, um bom amigo ou um mentor, deixe que outros lhe questionem onde você investe o seu tempo e por que. Quando outras pessoas não nos acompanham é muito mais fácil perder o rumo. A autonomia é tentadora, mas seu custo é muito alto. Admita de uma ver por todas: ser independente (=sozinho) e fazer o que manda o seu nariz faz mal à sua saúde.
     
  8. Escolha as batalhas que irá lutar. Não temos energia para tudo. Às vezes nos desgastamos com coisas menores, e quando as lutas de verdade (ou as que valem a pena) chegam, já estamos desgastados. Tem certeza que vale a pena se estressar por aquele incidente? Está seguro que vale a pena discutir sobre isso? Há muita coisa importante em nossa breve e valiosa vida aqui nesse planeta. Escolher o que vale a pena é a arte que vale ouro puro.
     
  9. Passe tempo com quem você ama. Sim, é verdade, esse artigo é sobre como organizar a vida, mas se você não se organiza para investir tempo na companhia de queridos, então está tudo errado. Apague e comece de novo. Aprenda a colocar na agenda esse tempo para as pessoas do coração e diga aos demais que você tem um compromisso deveras importante naquele dia e hora.
     
  10. Reconheço que muita gente não tenha a autonomia ou a liberdade de sequer parar para pensar em alguns dos princípios e ideias acima, porque talvez estejam em uma roda viva para tentar sustentar-se e aos seus queridos. Muitos possivelmente estejam em situações-limites: guerras, refugiados, pobreza extrema, prisão, enfermidade. Situações-limite onde, como explicava Paulo Freire, sofrem opressão e autoritarismo. Mas ainda assim, e também seguindo Freire, é possível buscar o “inédito viável”, algo novo por ser sonhado e esperado, não como uma realidade intangível, mas uma esperança que alimenta nossa prática e atitude que transformam e libertam. Então, a última sugestão é: aprender a sonhar esses sonhos que podem se tornar realidade. Crescer em superar o que é dado, deixar para trás a resignação. Sempre é possível decidir em que focar-se. Melhor apontar ao inédito, ao novo, que nos ajude a viver melhor a vida, buscando também vida melhor para os demais.

Podem perceber que talvez o ponto principal esteja abaixo da superfície e tem a ver com nossa atitude geral com relação à vida. Espero que você aprenda a ter uma atitude melhor quanto a sua. Eu por aqui fico aberto aos seus conselhos para encarar a minha de maneira mais sensata, em paz, e cheia de significado.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/dez-conselhos-para-organizar-melhor-a-vida-em-2014

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

NUNCA CONTAMOS ALMAS!

16.10.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO, 20.09.13

A imensa área envidraçada do auditório deixava ver as folhas levadas pelo frio vento da primavera do Rhön. A minha atenção também foi outra que voou por alguns instantes. Creio que por causa do desconforto com o que acabara de ouvir. Não porque a expositora deixasse de possuir excelentes credenciais. Consultora naquela época de clientes como Tony Blair e a megaempresa Shell, não havia como ignorar o seu currículo.

Ainda assim, o suor em minhas mãos e uma leve taquicardia denunciavam minhas intenções. Eu queria discordar! Ousadia ou tolice, não sei bem, ou ainda um preciosismo de minha parte. Talvez fosse melhor concordar, ser desafiado por novas perspectivas, arejar minhas ideias, essas coisas que instalavam um conflito em minha mente.

A pugna se encerrou quando vi uma impulsiva mão (era a minha!) levantada pedindo a palavra. Quando me dei conta já estava com o microfone nas mãos, balbuciando o ensaio de um possível contraponto à sua exposição. Basicamente, reagi quanto ao uso de metodologias quantitativas para a avaliação da efetividade do ministério cristão (era o ponto alto daquela sessão). Em resumo, tentei dizer o seguinte: os números não nos dizem tudo! Ou seja, podemos encontrar bons números e, na verdade, estar indo na direção equivocada. Ou, o oposto também é verdadeiro, podemos ter números pouco expressivos, mas ainda assim estar fazendo o que em verdade deveríamos fazer. É uma questão delicada, mas quis dizer que os números, sem uma adequada interpretação dos mesmos e do contexto, podem nos enganar.

Sentei-me. Já quase sabia o que viria. De maneira bondosa, bem explicativa, quase condescendente, a convidada especial me desafiou a abrir meu entendimento e buscar meios mais efetivos de avaliar meu rendimento.

Foi aí que aquele senhor, em seus mais de 80 anos, pediu a palavra e disse três frases: “Eu concordo com o jovenzinho [sim, era eu!]. Nós nunca deveríamos contar almas! A única coisa que contamos é dinheiro!” (literalmente: “I agree with the young boy. We should never count souls! The only thing we count is money!”).

Era Sir Fred Catherwood. Por muitos anos tesoureiro da IFES (a ABU internacional), genro do saudoso Martyn Lloyd-Jones. Antes de se aposentar, Sir Fred destacou-se no Parlamento Europeu, aonde chegou a ocupar a vice-presidência. Não preciso dizer meu sentimento de que havia ganhado o dia. Na hora do intervalo, deixei o casaco dentro do auditório e saí para respirar fundo o ar frio da Baviera (e chamam isso de primavera!). O coração já estava aquecido. Podia ser tolice, ou vã vaidade, mas resolvi curtir a boa sensação.

Hoje creio que aprendi a ver com melhores olhos os tipos de métodos e recursos, inclusive quantitativos, que podemos usar para avaliar o trabalho que fazemos. Aliás, é uma boa paixão essa de buscar alcançar com o que a gente faz o maior número de pessoas. É são, é desejável, podemos e devemos ter metas inspiradoras, uma visão que nos impulsiona para ir além. No final das contas, é do coração de Deus cruzar fronteiras, barreiras, e chegar com uma mensagem transformadora a todas as pessoas, em todos os lugares. Mas claro, e essa é uma perspectiva que mantenho, não temos desculpas para ser ingênuos deixando de examinar bem a ideologia que pode (ou não) acompanhar certos métodos e estratégias.

Depois de algum tempo voltei a encontrar-me com Sir Fred. Lembrei-lhe do episódio. Ele se recordava do ocorrido, mas não sabia que eu era aquele “jovenzinho". Veja bem, foram suas palavras. E, acredite, minha maior alegria foi porque ele apoiou minha posição, e não devido à sua percepção de minha suposta juventude. Claro que seus óculos podem havê-lo traído quanto aos anos de vida que me atribuiu. Mas por que nos preocupar com a idade, por que contar nossos anos se “the only thing we count is money!”?

*Ricardo Wesley Morais Borges. É casado com Ruth e pai de Ana Júlia e Carolina. Eles são missionários brasileiros entre estudantes universitários no Uruguai.
  • Textos publicados: 21 [ver]
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Numerolatria e numerofobia (revista Ultimato 343) 
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A Mensagem da Missão (Howard Peskett)
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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/nunca-contamos-almas