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quarta-feira, 9 de maio de 2018

A presença de Cristo na Ceia do Senhor

09.05.2018
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 23.04.18
Por R. C. Sproul*

a-presenca-de-Cristo-na-ceia-do-Senhor

Na Confissão de Fé de Westminster, Artigo 29, parágrafo 7, lemos estas palavras:
Comungantes dignos, que participam exteriormente dos elementos visíveis deste sacramento, também recebem intimamente, pela fé, real e verdadeiramente, a Cristo crucificado e todos os benefícios da sua morte, e nele se alimentam, não carnal ou corporalmente, mas espiritualmente; não estando o corpo e o sangue de Cristo corporal ou carnalmente no pão e no vinho, nem com eles ou sob eles, mas espiritual e realmente presentes à fé dos crentes nessa ordenança, como estão os próprios elementos presentes a seus sentidos exteriores.
Nesta confissão, vemos uma distinção entre a presença real e a presença física de Jesus. Quando articula esta noção da presença real de Jesus, o que ela significa é que, espiritualmente falando, ele está realmente presente. O que isto significa? Primeiro, vamos considerar o que não significa. Às vezes, dizemos: “Não posso estar com você no próximo domingo, mas estarei em espírito”. O que queremos dizer, quando falamos isso? Queremos dizer que, embora eu esteja ausente de você em termos de localização física, estarei pensando em você. Isso pode ser considerado como um tipo de presença espiritual. Mas, dificilmente entenderíamos esse sentido de alguém estar presente em algum lugar em espírito como uma presença real. Isto não é, certamente, o que a Confissão significa ou o que os reformadores como João Calvino queriam dizer, quando falaram sobre a presença real e espiritual de Cristo na Ceia do Senhor.
O que Calvino queria dizer? Primeiro de tudo, vejamos a importante fórmula de Calvino, que é expressa na frase latina finitum non capax infinitum. Este é um princípio filosófico extraído da razão e da lógica. Calvino estava dizendo que o finito não pode conter o infinito. Se você tem uma quantidade de água infinita, não pode conter essa água em um copo de 200 ml. Simples de entender, certo?
Quanto à natureza humana de Jesus, Calvino afirmou que o corpo humano de Jesus não poderia conter a infinitude da deidade do Filho de Deus. Esta é apenas outra maneira de dizer que, embora o corpo humano de Jesus não seja onipresente, a natureza divina de Cristo é. Todavia, Calvino não disse apenas que Cristo está verdadeiramente presente na Ceia do Senhor, em referência à sua natureza divina, mas também que, na Ceia do Senhor, os que dela participam são verdadeiramente fortalecidos e nutridos pela natureza humana de Cristo. Como isso é possível, se a natureza humana não é onipresente? Calvino disse que Cristo se torna presente a nós por meio da natureza divina.
No Novo Testamento, Jesus fala sobre ir embora e ficar: “Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus também agora vos digo a vós outros: para onde eu vou, vós não podeis ir” (Jo 13.33). Os discípulos viram-no subir ao céu, mas ele lhes disse: “Embora num sentido eu vá para o Pai, apesar disso, noutro sentido, estou com vocês, sempre, até ao fim dos séculos”. Jesus falou sobre uma presença e uma ausência. Além disso, quando Paulo falou sobre o ministério terreno de Cristo, disse que nunca conheceu a Cristo “kata sarka”, ou seja, na carne. Nunca viu a Cristo em sua encarnação terrena; o apóstolo não conheceu a Cristo durante seu ministério terreno. A Bíblia fala que Cristo está à direita de Deus, e a ideia é que ele não está lá em termos de sua presença visível, física.
O Catecismo de Heidelberg fala sobre isto, quando diz: “No que concerne à natureza humana de Cristo, ele não está mais presente conosco”. A igreja sempre entendeu que a natureza humana subiu ao céu. “No que concerne à sua natureza divina”, diz o catecismo, “ele nunca está ausente de nós”. Embora Cristo tenha subido ao céu em sua natureza humana, sua natureza divina permanece onipresente e está especialmente presente na igreja. Isso não significa que no momento da ascensão, a natureza humana foi para o céu e deixou a natureza divina e que a perfeita união das duas naturezas foi desfeita? Não. A encarnação ainda é uma realidade. Era uma realidade até mesmo na morte de Cristo. Na morte de Cristo, a natureza divina estava unida com um corpo humano; a alma humana foi ao céu, e a alma humana que foi ao céu estava unida com a natureza divina. O corpo humano, que estava no sepulcro, estava unido com a natureza divina. Então, se podemos entender que a natureza humana é localizada porque é humana, a natureza humana está em algum outro lugar que não é este mundo. No entanto, a natureza humana, no céu, permanece perfeitamente unida com a natureza divina.
Lembre que, se estamos em comunhão com a natureza divina, estamos em comunhão com a pessoa do Filho de Deus em tudo que ele é. Quando eu o encontro aqui, na natureza divina, e entro em comunhão com a pessoa de Jesus, esta natureza divina permanece conectada e unida com a natureza humana. Por ter comunhão com a natureza divina, tenho comunhão não somente com a natureza divina, mas também com a natureza humana, que está em perfeita unidade com a natureza divina, sem haver a natureza humana tomado para si mesma a habilidade de estar em todos estes diferentes lugares. Lembremos: em nenhum momento a natureza humana está separada da natureza divina; por isso, podemos afirmar a unidade das duas naturezas e afirmar a localização da natureza humana sem deificá-la. E a pessoa de Cristo pode estar presente em mais de um lugar, mais do que uma vez, por virtude da onipresença da natureza divina.
É importante que vejamos a diferença entre esta opinião e a opinião católica romana. A opinião católica romana atribui poder à natureza humana de descer à terra em todos os lugares diferentes, ao mesmo tempo. Desta maneira, pode-se achar o corpo humano de Cristo em quantas igrejas romanas existirem no mundo. Rejeitamos esta opinião porque o corpo de Cristo está no céu. Nós nos encontramos com a pessoa real de Cristo em todas as nossas várias igrejas e entramos em comunhão bendita com o Cristo todo por virtude do contato que temos com sua natureza divina, mas o seu corpo humano permanece localizado no céu. Isto é consistente com a maneira como Jesus fala no Novo Testamento, quando diz: “Eu vou para o Pai, mas estarei com vocês”. A presença de si mesmo, que ele promete no Novo Testamento, é uma presença real e comunhão real com seu povo.
Considere de novo a Confissão de Westminster:
No sacramento, participamos não apenas exteriormente dos elementos visíveis, mas também recebemos intimamente, pela fé, real e verdadeiramente, a Cristo crucificado e todos os benefícios da sua morte, e nele nos alimentamos, não carnal ou corporalmente, mas espiritualmente; não estando o corpo e o sangue de Cristo corporal ou carnalmente no pão e no vinho, nem com eles ou sob eles, mas espiritual e realmente presentes à fé dos crentes nessa ordenança, como estão os próprios elementos presentes a seus sentidos exteriores.
Por causa da onipresença do Filho de Deus, em sua deidade, nos encontramos realmente com o Cristo todo na Ceia do Senhor e somos nutridos pelo Pão do Céu.
Uma observação final a respeito do ensino da Igreja Católica Romana sobre a Ceia do Senhor. Eles creem que a missa representa uma repetição da morte sacrificial de Cristo, toda vez que é celebrada. Cristo é, por assim dizer, crucificado de novo. É claro que a Igreja Católica Romana ensina que há uma diferença entre o sacrifício original que Jesus fez, no Calvário, e a maneira como o sacrifício é oferecido na missa. A diferença é esta: no Calvário, a morte sacrificial de Jesus foi uma morte que envolveu sangue real. O sacrifício que é feito hoje é um sacrifício sem sangue. No entanto, é um sacrifício real e verdadeiro. Foi esse aspecto, bem como a doutrina da transubstanciação, que causou muita controvérsia no século XVI, porque pareceu aos reformadores que a ideia de uma repetição, de qualquer tipo, viola o conceito bíblico de que Cristo foi oferecido de uma vez por todas. Portanto, no ponto de vista católico romano sobre a natureza sacrificial da missa, os reformadores viram uma rejeição do caráter “uma vez por todas” da oferta sacrificial realizada por Cristo em sua expiação (Jo 19.28-30; Hb 10.1-18).
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*R. C. Sproul nasceu em 1939, no estado da Pensilvânia. É ministro presbiteriano, pastor da igreja St. Andrews Chapel, na Flórida. É fundador e presidente do ministério Ligonier, professor e palestrante em seminários e conferências, autor de mais de sessenta livros, vários deles publicados em português, e editor geral da Reformation Study Bible.
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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2018/04/a-presenca-de-cristo-na-ceia-do-senhor/

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O único fundamento da igreja

11.10.2017
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 09.10.17
Por R. C. Sproul

Há mais de quarenta anos, Los Angeles experimentou um terrível terremoto, um dos piores na história da cidade. Lembro-me do evento porque, pouco antes do terremoto, eu tinha levado um amigo ao aeroporto para pegar um vôo para Los Angeles, onde ele era pastor. O terremoto afetou a sua igreja. Depois ele me disse que no começo tudo parecia estar bem com a construção do santuário. Porém, embora não houvesse nenhum dano visível de qualquer importância, uma inspeção posterior revelou que a fundação da igreja tinha se movido a tal ponto que eles tiveram que fechar a igreja e reconstruir o santuário, porque ele já não era seguro. Para qualquer observador desatento, parecia que o santuário era estável. Entretanto, na realidade era impróprio para o uso, e precisou ser demolido e reconstruído sobre um fundamento seguro.

No Salmo 11.3, Davi faz a seguinte pergunta: “Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?”. Davi extrai uma analogia do reino físico para descrever uma preocupação espiritual particular que ele tinha. Se o fracasso de um fundamento físico de um edifício implica no fim de todo o edifício, o fracasso do povo de Deus em manter o fundamento da verdade indica um desastre para sua saúde e bem-estar espiritual.

Podemos aplicar essa ideia à igreja. Se o fundamento da igreja for abalado, a igreja pode sobreviver? Não. Mas qual é o fundamento da igreja? Responder corretamente essa pergunta nos ajudará a proteger o fundamento e a preservar a verdade de Deus.

Ensinei muitas vezes sobre esse assunto — o fundamento da igreja — em meus anos de ministério. Muitas vezes sinalizei que, embora o autor da frase “o único fundamento da igreja é Jesus Cristo, nosso Senhor” tinha o seu coração posto no lugar certo quando estava escrevendo o seu hino, o verso em si é um canal de desinformação. Com respeito ao fundamento da igreja, a Escritura, de fato, fala sobre Jesus como o fundamento: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Coríntios 3.11). No entanto, isso não é tudo o que o Novo Testamento diz sobre a fundamento da igreja. Paulo diz em Efésios 2.20 que Jesus é, na verdade, “a pedra angular”. Jesus é chamado de fundamento porque ele é o elemento-chave de todo o fundamento. Mas há outras pedras nessa fundação.

Qual é, então, o restante do fundamento? O fundamento, Paulo nos diz, consiste dos profetas e dos apóstolos (Efésios 2.18-21). Em Apocalipse 21, lemos sobre a visão magnífica da Nova Jerusalém, a cidade celestial que desce do alto. O versículo 14 nos diz que “A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”. Mesmo a Jerusalém celestial é baseada no fundamento dos apóstolos.

Historicamente, a igreja cristã é, em sua essência, apostólica. O termo apóstolo vem da palavra grega apostolos, que significa “aquele que é enviado”. Na cultura grega antiga, um apostolos era antes de tudo um mensageiro, um embaixador ou um emissário. Mas ele não era apenas um mensageiro. Ele era um emissário que estava autorizado pelo rei a representá-lo em sua ausência, e ele carregava a autoridade do rei.

O primeiro apóstolo no Novo Testamento foi, na verdade, Jesus, porque ele foi enviado por seu Pai ao mundo. Temos o quadro mais completo do que é ser um apóstolo ao olhar para o que Jesus diz no Novo Testamento sobre esta sua função. Jesus disse: “nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou” (João 8.28). Cristo disse aos seus discípulos: “Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar” (12.49). Ele disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28.18). Jesus recebeu autoridade de Deus Pai para falar em nome do Pai e anunciar a Palavra do seu Pai, de modo que o ensinamento de Jesus tinha autoridade de Deus.

Os apóstolos falaram com uma autoridade transferida de Cristo para anunciar os seus ensinamentos. Os apóstolos ensinaram com a autoridade de Jesus, que, por sua vez, ensinou com a autoridade de Deus. Portanto, como o pai da igreja Ireneu argumentou há muito tempo, rejeitar a autoridade apostólica é rejeitar a autoridade de Jesus. E, em última análise, rejeitar a autoridade de Jesus é rejeitar a autoridade de Deus.

Este conceito de autoridade apostólica é de vital importância para a fé cristã. Mas como reconhecemos a autoridade apostólica? Pela submissão à tradição apostólica. Em 1 Coríntios 15.3, Paulo nos afirma: “Eu vos entreguei antes de tudo o que também recebi”, e ele usa a palavra paradosis, que é o termo grego que traduzimos como “tradição”. Paradosis significa literalmente “uma doação, uma transferência”, e é isso que o Novo Testamento é. Trata-se da tradição apostólica que a igreja recebeu. A igreja a recebeu dos apóstolos, que a receberam de Cristo, que a recebeu de Deus. É por isso que quando rejeitamos o ensinamento dos apóstolos — a tradição apostólica do Novo Testamento — estamos rejeitando a própria autoridade de Deus.

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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/10/o-unico-fundamento-da-igreja/?utm_source=inf-resumo-diario-ve&utm_medium=inf-resumo-diario-ve&utm_campaign=inf-resumo-diario-ve

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O Testemunho Interno do Espírito

20.09.2017
Do portal MINISTÉRIO FIEL, 14.08.2014
Por R. C. Sproul



Há quase quarenta anos, eu fiz parte de um grupo conhecido como o Concílio Internacional de Inerrância Bíblica. Preocupado com o impacto da alta crítica liberal, nós nos reunimos para definir o que significa dizer que a Bíblia não ensina nenhum erro e para articular uma posição defensável a respeito da confiabilidade da Palavra de Deus que os cristãos pudessem usar para combater os equívocos e declarações falsas da posição histórica da igreja quanto à Bíblia. O concílio desenvolveu a Declaração de Chicago sobre a Inerrância Bíblica, que lida com muitas questões relacionadas à inspiração e à veracidade da Escritura. O artigo XVII dessa declaração afirma, em parte, que “o Espírito Santo testifica das Escrituras, dando aos crentes a certeza da veracidade da Palavra escrita de Deus”.

Com esse artigo, queríamos deixar claro que a Bíblia é o livro do Espírito Santo. Ele está envolvido não apenas na inspiração da Escritura, mas também é testemunha da veracidade da escritura. Isso é o que chamamos de “testemunho interno” do Espírito Santo. Em outras palavras, o Espírito Santo fornece um testemunho que acontece dentro de nós — ele testifica ao nosso espírito que a Bíblia é a palavra de Deus. Assim como o Espírito testifica ao nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.16), ele nos dá certeza da sagrada verdade de sua Palavra.

Apesar de sua importância, o testemunho interno do Espírito está sujeito a equívocos. Um desses equívocos diz respeito a como nós defendemos a veracidade da Bíblia. Precisamos fornecer uma apologética— uma defesa — para a sagrada Escritura que se baseie em evidências da arqueologia e da história, na demonstração da coerência interna da Bíblia e em argumentação lógica? Alguns interpretam de forma errada a doutrina do testemunho interno dizendo que a apresentação de evidências para a veracidade da Bíblia é desnecessária e até mesmo contraprodutiva. Tudo o que precisamos é descansar no fato de que o Espírito Santo nos diz que a Bíblia é a Palavra de Deus tanto em declarações bíblicas diretas quanto em sua obra interna de confirmar a veracidade da Escritura.

Aqueles que defendem essa posição geralmente querem salientar que a autoridade da Palavra de Deus depende do próprio Deus e creem que sujeitar a sua Palavra à prova empírica é fazer a veracidade da Bíblia depender da nossa própria capacidade de avaliar suas reivindicações a respeito da verdade. Em certo nível, essa preocupação é louvável. A autoridade da Escritura depende do fato dela própria ser a revelação de Deus, acima de quem não há autoridade maior. Mas quando estamos falando de prova para a veracidade da Escritura, não estamos falando sobre a autoridade da Palavra de Deus, mas de como nós sabemos quais livros, que reivindicam ser a Palavra de Deus, vieram, de fato, dele. Aqui, a experiência subjetiva não pode ser o nosso único tribunal de apelação. Nós precisamos de algum tipo de testemunho objetivo para determinar se a Bíblia, o Alcorão ou o Bhagavad-Gita é a Palavra de Deus, porque todos eles reivindicam ser a Palavra de Deus.

É aí que entra em jogo o que João Calvino chamou de indicia. Os indicia — indicadores — são os aspectos testáveis, analisáveis, falsificáveis ou verificáveis da prova. Eles incluem coisas como evidência arqueológica, a conformidade da Escritura com o que conhecemos da história a partir de outras fontes, sua coerência interna, sua majestade e beleza, e assim por diante. Tais coisas nos dão confiança objetiva de que a Bíblia é, de fato, a Palavra de Deus. Tanto Calvino quanto a Confissão de Fé de Westminster nos dizem que tais indicadores são suficientes em si mesmos para convencer as pessoas de que somente a Escritura é a Palavra de Deus.

Todavia, ambas essas autoridades reconhecem a diferença entre prova e persuasão, e é realmente a obra da persuasão que estamos discutindo quando olhamos para o testemunho interno do Espírito. Seres humanos são peritos em rejeitar evidências objetivas quando elas não confirmam seus preconceitos, não importa quão clara ou convincente seja a evidência. Algumas pessoas não serão persuadidas por nenhuma prova no mundo, porque elas não estão verdadeiramente abertas para a evidência.

Minha experiência como apologeta e ministro me mostrou que a real razão pela qual a maioria das pessoas rejeitam o cristianismo não é por falta de evidência. A prova de fontes externas a respeito da verdade do relato bíblico é muito grande. Não, a verdadeira questão é moral. A pessoa não reconciliada com Deus em Cristo e vivendo em desobediência não quer que seja verdade a declaração da Escritura de que Deus possui pleno e final direito sobre sua vida. Ela quer se livrar desse livro o mais rápido que puder.

É aí que o testemunho interno do Espírito entra. Apenas aqueles que Deus Espírito Santo regenerou se submeterão à Escritura como sua Palavra inerrante e infalível. O Espírito Santo não nos dá um novo argumento para a verdade da Bíblia, mas ele confirma em nossos corações a verdade da Escritura como ela é demonstrada tanto nas marcas internas da Escritura (a harmonia e a majestade de seu conteúdo) quanto nas marcas externas da Escritura (a precisão histórica). Provas objetivas para a Bíblia são muitas e convincentes, mas elas não podem forçar pessoas a crerem contra a sua vontade. Pecadores só são persuadidos a receberem a Bíblia como a Palavra de Deus quando o Espírito Santo muda seus corações e lhes dá a certeza de que eles podem confiar no que a Escritura diz.
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/721/O_Testemunho_Interno_do_Espirito

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Casamento, Uma Instituição Essencialmente Cristã

21.05.2015
Do portal MINISTÉRIO FIEL, 10.04.15
Por R. C. Sproul   

Alguns anos atrás, compareci a um casamento interessante. Fui especialmente surpreendido pela criatividade da cerimônia. A noiva e o noivo tinham desenvolvido ideias com o pastor para inserir elementos novos e empolgantes no culto, e eu gostei daqueles elementos. Contudo, no meio da cerimônia, eles incluíram porções da cerimônia de casamento clássica e tradicional. Quando comecei a ouvir as palavras da cerimônia tradicional, minha atenção foi despertada e fiquei comovido. Lembro-me de ter pensado: 

“Não há como melhorar isso, pois as palavras são tão belas e significativas”. Uma grande quantidade de reflexão e cuidado foi colocada nessas velhas e familiares palavras.

Hoje, é claro, muitos jovens estão não apenas dizendo “não” para a tradicional cerimônia de casamento, como também estão rejeitando o próprio conceito do casamento. Mais e mais jovens estão vindo de lares rachados e, como resultado, têm medo e desconfiança quanto ao valor do casamento. Então vemos casais vivendo juntos ao invés de se casarem, por medo de ser grande demais o custo de tal comprometimento. Eles temem que isso os torne vulneráveis demais. Isso significa que uma das mais estáveis e, costumávamos pensar, mais permanentes tradições de nossa cultura está sendo desafiada.

Uma das coisas que eu mais gosto na cerimônia tradicional de casamento é que ela inclui uma explicação para o motivo da existência de algo como o casamento. Nos é dito, naquela cerimônia, que o casamento é ordenado e instituído por Deus — isso significa dizer que o casamento não simplesmente brotou arbitrariamente de convenções sociais ou tabus humanos. O casamento não foi inventado por homens, mas por Deus.

Nós vemos isso nos primeiros capítulos do Antigo Testamento, onde encontramos o relato da criação. Encontramos que Deus vai criando em etapas, começando com a luz (Gn 1.3) e finalizando o processo com a criação do homem (v. 27). Em cada etapa, ele profere uma bênção, uma “boa palavra”. Deus repetidamente olha para o que ele criou e diz: “Isso é bom” (vv. 4, 10, 12, 18, 21, 25, 31).

Mas então, Deus nota algo que provoca não uma bênção, mas o que chamamos de maldição, isto é, uma “palavra má”. O que é essa coisa que Deus viu na sua criação que ele julgou como “não é bom”? Nós a encontramos em Gênesis 2.18, quando Deus declara: 

“Não é bom que o homem esteja só”. Isso o leva a criar Eva e a trazê-la até Adão. Deus instituiu o casamento, e ele o fez, em primeira instância, como uma resposta à solidão humana. Por essa razão, Deus inspirou Moisés a escrever: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (v.24).

Mas embora eu goste de apreciar as palavras da cerimônia tradicional de casamento, eu creio que a forma da cerimônia é ainda mais importante. Isso porque a cerimônia tradicional envolve fazer um pacto. Toda a ideia de pacto está profundamente enraizada no cristianismo bíblico. A Bíblia ensina que nossa própria redenção é baseada em um pacto. 

Muito poderia ser dito a respeito do caráter dos pactos bíblicos, mas uma faceta vital é que nenhum deles é uma questão privada. Todo pacto é tomado diante de testemunhas. É por isso que trazemos convidados aos nossos casamentos, para que eles testemunhem os nossos votos — e nos considerem responsáveis por cumpri-los. Uma coisa é um homem sussurrar expressões de amor para uma mulher quando ninguém ouve; mas é muito diferente quando ele fica de pé em uma igreja, diante de pais, amigos, autoridades eclesiásticas ou civis, e diante do próprio Deus e, lá, faz promessas de amá-la e protegê-la. 

Votos de casamento são promessas sagradas feitas na presença de testemunhas que se lembrarão delas.

Eu creio que o casamento é a mais preciosa de todas as instituições humanas. É também a mais perigosa. Em nossos casamentos, derramamos as nossas mais profundas expectativas. Colocamos as nossas emoções. Lá podemos alcançar a mais profunda felicidade, mas também podemos experimentar a maior decepção, a maior frustração, a maior dor. Com tudo isso em jogo, precisamos de algo mais solene do que uma promessa casual.

Mesmo em cerimônias formais de casamento, com o envolvimento de estruturas de autoridade, cerca de cinquenta por cento dos casamentos fracassam. Infelizmente, entre homens e mulheres que permanecem juntos como marido e mulher, muitos não se casariam com o mesmo cônjuge novamente, mas permanecem juntos por várias razões. 

Algo foi perdido quanto ao caráter sagrado e santo do pacto do casamento. A fim de fortalecer a instituição do casamento, devemos considerar fortalecer a cerimônia de casamento com uma clara e bíblica lembrança: o casamento é instituído por Deus e forjado à sua vista.

Tradução: Alan Cristie
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/667/Casamento_Uma_Instituicao_Essencialmente_Crista