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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Procrastinação — o resultado nada prático da ansiedade

17.10.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO, 


Texto básico: 2 Tessalonicenses 3.11
Leitura diária:

Domingo:  Gn 1.1-3 – A Palavra criadora
Segunda:  Hb 11.3 – Entendimento de fé
Terça:  Pv 15.23 – Sabedoria ao falar
Quarta:  Pv 25.11 – Dita a seu tempo
Quinta:  Pv 15.1-2 –Palavras abençoadoras
Sexta:  1Co 14.19 – Palavras de instrução
Sábado:  Tg 5.12-20 – A Língua abençoadora

Introdução
O tempo é implacável. Os ponteiros do relógio caminham sem que nada os impeça. A hora de terminar aquela tarefa necessária se aproxima. Ainda há tempo, mas nada é feito, pois outras coisas precisam ser feitas também. Quando nos damos conta, estamos atrasados. Se é possível resolver algo amanhã, é isso que costumamos fazer. Então, uma série de consequências desagradáveis podem ser experimentadas.
Quando essa é a rotina na vida de alguém, esse alguém tende a se tornar irritadiço. Seu convívio familiar pode ser abalado, pois a pessoa se sente ocupada o tempo todo. Não são estabelecidas prioridades; atividades sem importância ocupam o lugar das coisas importantes. Então a pessoa pensa: “Há tanto a fazer e tão pouco tempo”. Em casos mais graves, a pessoa passa a ter sérios problemas físicos decorrentes de crises de ansiedade. O que costuma levar a esse estado? A procrastinação. O que é isso? O que a Escritura diz a respeito e como devemos lidar com ela para que não fiquemos ansiosos e Deus se agrade de nós? Vamos em busca das respostas.
I. O que é procrastinação?
Além de atacarmos diretamente a ansiedade, é igualmente importante atacarmos seus agentes causadores. Dentre os mais importantes, encontramos a procrastinação. Mas o que é isso?
Em termos simples e diretos, procrastinação é adiamento, por exemplo, é deixar para fazer depois algo que poderia e até deveria ser feito com antecedência ou imediatamente. Logo, um procrastinador é um indivíduo que evita tarefas ou alguma coisa em particular. Observe que a procrastinação tem estreito relacionamento com a ansiedade. Dentre os efeitos da procrastinação mais comumente sentidos, podemos listar o estresse, a sensação de culpa, a perda de produtividade e a vergonha diante dos outros, pois não se cumpre as responsabilidades e os compromissos. Embora a procrastinação faça parte da experiência comum do dia a dia de muitas pessoas, ela passa à categoria de problema quando impede o bom andamento da vida. Alguns especialistas chegam a dizer que a procrastinação crônica pode ser sinal de alguma desordem psicológica ou fisiológica. Será?
Embora nenhum estudo conclusivo tenha sido publicado para confirmar essa tese, o procrastinador experimenta uma sensação angustiante de extrema ansiedade quando os prazos finais se aproximam. De fato, quando estudamos o assunto um pouco mais a fundo, descobrimos que muitos especialistas colocam a ansiedade como causa da procrastinação. Isto quer dizer que a ansiedade, além dos males bastante conhecidos, também é a força por trás da preguiça que procrastina, que adia o dever de realizar a tarefa que precisa ser cumprida.
A. A mecânica da procrastinação
Precisamos entender a procrastinação se pretendemos vencê-la. Se não declaramos guerra contra a procrastinação, a ansiedade manifesta-se. Esse é um problema sério, que afeta quase todas as áreas da vida de uma pessoa; mas pela bondade e graça de Deus ele pode ser combatido.
A primeira tarefa é entender nosso próprio sistema de “se/então” diante de decisões, assim perceberemos que a existência de ambos é mais sistemática do que imaginamos. “Se uma coisa não precisa ser feita para amanhã, então tenho muito tempo; Se estou atrasado, então negligenciarei as demais responsabilidades. Se terminei um grande e/ou difícil trabalho, então darei uma recompensa a mim mesmo”.
O procrastinador acredita que a máxima “pressões produzem diamantes” é uma realidade para ele. Outra forma de ver a situação é a chamada Lei de Parkinson: “O trabalho fica maior quando temos mais tempo disponível para executá-lo”. Seguindo esse raciocínio, o procrastinador pensa: “Por que vou gastar uma semana inteira para fazer uma tarefa se eu posso gastar apenas uma noite e alcançar o mesmo resultado?”. É aí que começa a se instalar um problema mais grave e profundo: a procrastinação não é uma questão de resultados, mas de glória e coração. Se a avaliação for pragmática, temos de reconhecer que o argumento é interessante. Mas a pergunta certa, que não foi feita, é: “Este é um comportamento que glorifica a Deus? Deus se agrada dessa motivação?”.
B. Procrastinar ou remir o tempo?
Em Efésios, Paulo diz que devemos “remir o tempo, porque os dias são maus” (Ef 5.15-16). Não fazê-lo é, segundo o apóstolo, um sinal de que há algo presente e algo ausente. De fato, normalmente, para procrastinador o adiamento, a delonga, é entendido como ausência. A questão pode ser definida como, por exemplo, “falta de trabalho árduo”. Assim o procrastinador pode pensar que não tem se empenhado o suficiente. Ao olhar o texto de Paulo, porém, descobriremos que o que realmente falta é a sabedoria, que conduz a uma vida caracterizada pela prudência.
Mas não é somente o que não está presente que importa. Se há uma ausência, então, o que está presente? Em momentos em que não estou indo a lugar algum, o que exatamente estou fazendo? Um rápido olhar ao texto vai revelar a tolice da procrastinação. Mas essa é uma questão sutil, que requer um olhar mais profundo. Se meditarmos sobre como gastamos nosso tempo, principalmente o destinado ao trabalho, seja doméstico ou profissional, perceberemos que o tempo que deveria ser destinado à realização de nossos deveres costuma é gasto com coisas também importantes. Obviamente nem sempre é assim. Basta examinar mais de perto nossa rotina e vamos descobrir que nos ocupamos com algumas atividades menos nobres. O que normalmente ocorre é que certas atividades se tornam justificativas para a procrastinação, um mal necessário para alguém super ocupado. Mas procrastinar é um grande perigo para nossa vida espiritual, maculando nossa comunhão com Deus pela ansiedade.
II. O que a Escritura tem a dizer sobre isso?
A ansiedade nos impede de realizar qualquer coisa produtiva. A Bíblia trata diretamente do tema em 2Tessalonicenses 3.11. Existem muitos textos bíblicos que exortam o trabalho árduo. Este, entretanto, descreve um grupo de “ansiosos ociosos”, que não estava contribuindo como deveria com a igreja. Para defini-los, Paulo usou uma palavra intrigante. Ele os chamou de procrastinadores. O termo presente no texto é composto do verbo “trabalhar” e da preposição “ao redor”. Poderíamos entender o verso como segue: “essas pessoas não trabalham; antes, elas trabalham ao redor”.
Aí está uma descrição bíblica de um procrastinador: diligentemente ocupado com coisas ao seu redor, enquanto aquilo que precisa ser feito fica parado. A menos que esteja fazendo o que Deus o chamou para fazer, você estará procrastinando. Podemos recorrer a inúmeras justificativas e explicações, mas para enfrentar o problema é preciso começar a identificar toda estultícia, racionalização e autoengano, que possam ser usados para encobrir o pecado da procrastinação.
O maior problema da ansiedade que procrastina é a ansiedade pela vida. Vivemos em uma época em que as pessoas estão em pânico, querendo prolongar cada vez mais seu tempo de vida. Você não prolongará sua vida por causa da ansiedade e, provavelmente, acabará por encurtá-la. O interesse excessivo por vitaminas, spas, dietas e exercício físicos não fará muito por você. Deus já determinou previamente quanto tempo vamos viver (Jó 14.5). Quer dizer que devemos negligenciar o conselho sensato sobre dietas e exercícios? É claro que não. Eles melhoram a qualidade de vida, porém não garantem a quantidade. Quando faço exercícios e me alimento corretamente, meu corpo e cérebro funcionam melhor e, de modo geral, sinto-me bem, mas não quero me iludir com a ideia de que fazendo corridas frequentes pelo bairro e controlando a quantidade de carboidratos ingeridos vou forçar Deus a prolongar a minha vida. Preocupar-se com a longevidade e em como prolongar os anos de vida é como duvidar de Deus. Você experimentará vida abundante, se viver para a glória dele. A ansiedade paralisa sua vítima, tornando-a desestimulada para realizar algo produtivo. Ela faz isso conduzindo a pessoa sempre para o dia de amanhã.
III. O Deus que não procrastina
Deus nos é revelado como aquele que nunca se atrasa. Os salmistas encontraram várias formas de expressar o caráter pronto e presente do Deus de Israel. Ele é descrito como aquele que “não permitirá que os teus pés vacilem” porque “não dormitará aquele que te guarda. É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel” (Sl 121.3-4). Os servos do passado podiam dizer isso porque sabiam que “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Sl 46.1).
Embora não seja dito com todas as letras que Deus não se atrasa ou não procrastina, é possível ver com clareza o caráter pronto e disposto de um Deus assim (p. ex., Is 58.9).
Entretanto, nenhum exemplo chama mais a atenção do que o do Senhor Jesus. Desde o passado, Isaías falava de um redentor que não procrastinaria diante de sua missão. Antes, profetizou sobre a satisfação advinda do trabalho completado: “Ele verá o fruto do penoso trabalho e sua alma e ficará satisfeito” (Is 53.11). Apenas alguém que não procrastina é capaz de se satisfazer do fruto de seu trabalho. Nos evangelhos lemos o relato desse acontecimento.
Jesus, agonizando na cruz, aponta o final de sua missão, em cumprimento às profecias que predisseram aquele momento. Charles Hummel, autor de A tirania do urgente, expressa sua admiração por Jesus ter dito na cruz “Está terminado”, ainda que muito da obra do reino estivesse incompleta. Ele explica que Jesus pôde falar assim porque havia feito “toda a obra que o Pai lhe dera a fazer”. Podemos ver que a missão de Jesus foi completada em um tempo razoavelmente curto – aproximadamente 3 anos. Considerando que houve resultado, o qual ele era condizente com o projeto original, então não houve procrastinação. Jesus não tinha o hábito de procrastinar. Essa não é apenas uma conclusão lógica. Os relatos dos evangelhos atestam que Jesus era alguém pronto e disposto a trabalhar incessantemente na obra que veio realizar (p. ex., Lc 9.51; Mt 8.6-8,13; Jo 5.30).
O exemplo mais agudo, porém, está na ressurreição. Tão logo raiou o dia, quando as mulheres já estariam autorizadas ao trabalho, elas se dirigiram ao sepulcro. Mas foi como que chegassem tarde, pois não tardou o redentor em reviver (Jo 20).
IV. Ajuda para quem procrastina
Há esperança para os procrastinadores. O ciclo de falha e atrasos pode ser quebrado. O caminho para se libertar desse ciclo passa pela ponderação das consequências terríveis que ele causa. Observe que isso é pecado e, como tal, necessita ser quebrado pelo martelo do arrependimento. Esse é um dom gracioso e um elemento básico da vida cristã, não devendo figurar somente no início de nossa carreira cristã. É uma característica da vida de fé.
Ao voltar para o texto de Tessalonicenses, descobrimos um texto anterior que explica por que Paulo tratou da questão com tanta seriedade: “de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar” (1Ts 4.12).
Em outras palavras, tanto o seu testemunho diante de descrentes como o meu amor pela Igreja, pela família e por Deus podem ser manchados pela procrastinação. Precisamos, portanto, nos arrepender de negligenciar nossas responsabilidades familiares e para com a igreja por causa de nossa desordem pessoal. Em vez de simplesmente nos arrepender de atosidentificados claramente como pecado, também precisamos nos arrepender das disposições do coração, que ocorrem antes do ato em si. Veja quantas oportunidades perdemos de amar e de servir a outros irmãos por causa de nossa indolência e nervosismo frente à procrastinação. Perceba que a cada compromisso adiado, a cada prazo final vencido, refletiremos pobremente o caráter de Deus, em um mundo que já desacredita de seu povo.
Se você pensa assim, perceberá também que as palavras de Jesus: “Seja porém a tua palavra: Sim, sim; não, não” são uma extensão direta da Grande Comissão (Mt 5.37; 28.18-20). Se você procrastina, seja sensível, aprecie quando um amigo o exorta a lutar contra esse pecado. Se você ajuda alguém nessa condição, seja compassivo e mostre a ele o erro, mas nunca se esqueça de tratá-lo biblicamente, em amor. Creia e confie na obra que Deus opera em você. Vencer a ansiedade que paralisa, causando procrastinação, não é fácil. Mas esteja confiante de que Deus concede forças para vencer, pelo simples fato de que ele prometeu. Embora isso possa levar algum tempo, tranquilize seu coração: Deus nunca procrastina!
Conclusão
Orientações simples tendem ao descrédito porque quem procrastina crê que, para mudar, é necessário um evento cataclísmico, avassalador e traumatizante. Mas nem sempre Deus age assim. Devemos nos lembrar de que, por vezes, a voz de Deus está no cicio suave da simplicidade (1Rs 19.12). Lembremo-nos também: “não é porque seja simples, que não seja profundo”. Aqui falamos de uma conhecida regra, a qual, para que surtiro efeito desejado, deve ser o alvo de nossas ações, e não apenas de nosso conhecimento. Definir prioridades e investir tempo e esforço nelas é o passo mais importante para vencer a procrastinação.
Aplicação
As prioridades de um cristão que não quer procrastinar são: oração, família, descanso adequado, trabalho e empenho no servido do reino de Deus. Busque ser diligente. Não desvie sua atenção de algo até que o tenha terminado. Descubra a satisfação do trabalho terminado. Arrependa-se e comece imediatamente. Se já identificou áreas em sua vida que devem ser mudadas, não procrastine: comece já. Vencer a procrastinação não é fácil, mas também não é impossível. Progredir nessa luta deve ser um hábito diário, dando um passo de cada vez.
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Expressão – Vencendo a Ansiedade. Usado com permissão.
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