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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

3 maneiras pelas quais o evangelho muda o casamento

23.01.2017
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO
Por Erik Raymond*
1-cristao-e-a-sexualidade
Quando um novo líder é nomeado em uma organização, a mudança é inevitável. O novo chefe definirá a política, estabelecerá o tom e refletirá uma atitude em sua organização. O mesmo é verdade quanto aos nossos casamentos. O novo líder a quem me refiro aqui não é um novo marido, mas sim o verdadeiro marido, o Senhor Jesus Cristo.
Pelas Escrituras, nós sabemos que um casamento cristão nunca é simplesmente uma união de duas pessoas, mas duas pessoas unidas em Jesus Cristo. Esta é outra maneira de dizer que Jesus é a nossa cabeça, o Senhor e o que concede vida ao nosso casamento. Quando um homem e uma mulher abraçam a verdade do evangelho, seja na conversão ou na santificação, sempre há mudanças correspondentes relacionadas a Jesus ser o cabeça do casamento. Abaixo estão três das mudanças mais comuns que Cristo opera em um casamento enquanto o governa por meio do evangelho.

1. Do egoísmo ao serviço

Cada pecado flui do reservatório do eu. Nós abandonamos Deus e os outros em favor de nós mesmos. Isso é desastroso e doloroso. Em nenhum lugar essa inversão é mais evidente e prejudicial do que no casamento. Porém, quando o evangelho alcança o lar, há nítidas mudanças nesse contexto. A esposa irritável se torna paciente e bondosa com seu marido porque Jesus foi paciente e bondoso com ela. O marido autocentrado encontra mais alegria em aprender sobre os interesses da sua esposa do que sobre a história dos seus atletas favoritos. Isso é porque ele percebe que ela foi feita por Deus e para Deus, bem como a verdade que o Espírito continua a operar poderosamente mais de Cristo na vida da sua esposa. Isso é atraente e animador de uma forma que dribles e gols nunca podem ser. O evangelho alcança o lar e afasta os nossos corações de nós mesmos (egoísmo) em direção ao nosso cônjuge (serviço).

2. Da preguiça ao comprometimento

Se você não acha que a preguiça é um problema na América, considere o fato de que temos uma cadeira chamada “Rapaz preguiçoso”,#1 que é adaptada e comercializada para o homem americano. E ela vende! A preguiça, assim como o egoísmo, é inclinada para o eu, mas recebe as suas instruções de ação a partir do comando do conforto. Nós desejamos a comodidade e nos recusamos a fazer qualquer coisa difícil porque poderia ser desconfortável. A preguiça se relaciona principalmente sobre a preservação e promoção da percepção de conforto pessoal. E a preguiça mente muito. Sabemos que há um problema em nosso casamento, mas também sabemos que isso exige uma mudança, talvez até mesmo uma mudança dolorosa. Então, o que acontece? 
A preguiça diz: “Oh, eu farei isso em outro momento”. Ou a preguiça diz convincentemente: “Isso não é tão ruim. Eu ficarei bem”. Mas isso é a preguiça falando e não Jesus, o governador das nossas vidas. Sem dúvida, você pode imaginar como isso poderia minar o plano de Jesus para o crescimento e mudança em você e seu casamento. Mas quando o evangelho da graça alcança o lar, nos tornamos comprometidos em nosso casamento. Não somos mais espectadores passivos esperando manter uma cultura de conforto e segurança através da mediocridade disfarçada. Em vez disso, nos aproximamos do que Jesus é: buscamos a semelhança com Cristo por meio de, dolorosamente, mortificar o pecado.

3. Da justiça própria à humildade

A justiça própria é aquela mentalidade diabólica de que possuímos mérito em nós mesmos que nos recomenda diante de Deus e dos homens. Enquanto o egoísmo ama se retrair para o eu, a justiça própria ama se gloriar do eu. Em sua essência, isso se opõe ao evangelho que gira em torno da nossa necessidade e recebimento da justiça imputada de Cristo. A justiça própria em um casamento é tão sutil quanto uma sobrancelha erguida, enquanto a humildade é tão perceptível quanto a feição alegre. Durante uma discussão, uma esposa pode comunicar algumas preocupações ao seu marido. Se ele é justo em si mesmo, pode começar a contradizê-la com “dura” evidência. Se as coisas ficarem difíceis, seu ousado advogado interior articulará poderosamente a sua inocência enquanto também apresenta acusações contra sua esposa. 
A justiça própria no casamento está sempre na defensiva porque percebemos que sempre estamos sob ataque. Isso deve ser contrastado com o evangelho que nos ensina que já fomos suficientemente atacados, criticados e julgados. A cruz é o veredito. Nós somos culpados. Mas a beleza do evangelho é que, enquanto éramos infinitamente pecaminosos, também fomos profundamente amados. Isso produz humildade e segurança. Quando o evangelho alcança o lar em um casamento, nós silenciaremos mais rapidamente nossos advogados internos, enquanto desfrutamos a verdade do evangelho. É somente aqui que nós podemos, humildemente, crescer juntos na semelhança de Cristo.
Quando o evangelho vem ao lar e ao casamento há uma mudança definitiva no modo de funcionamento, tom e atitude. O casamento começa a ter as características do seu líder. No caso do evangelho, não pode haver melhor líder e nenhuma mudança mais importante para nós e nosso casamento.
 
Por: Erik Raymond. © Ligonier Ministries.Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: 3 Ways the Gospel Changes Marriage
Original: 3 maneiras pelas quais o evangelho muda o casamento. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Camila Rebeca Teixeira. Revisão: William Teixeira.
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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/01/3-maneiras-pelas-quais-o-evangelho-muda-o-casamento/?utm_source=inf-resumo-diario-ve&utm_medium=inf-resumo-diario-ve&utm_campaign=inf-resumo-diario-ve

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O casamento

08.11.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO, 06.11.13
Por John Stott

quarta-feira

Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido. [Apocalipse 21.2]
De acordo com a tradição judaica, um casamento ocorria em duas fases, o noivado e o casamento. O noivado incluía uma troca de promessas e presentes e era considerado quase tão definitivo quanto um casamento. O casal de noivos podia ser chamado marido e mulher, e se acontecesse uma separação teria de haver o divórcio. O casamento propriamente dito acontecia tempos depois do noivado e era, essencialmente, um acontecimento social público. 
Começava com um desfile festivo, acompanhado de música e dança, no qual o noivo e seus amigos iam buscar a noiva, que estaria pronta. Então ele a trazia, e aos seus amigos e parentes, para sua casa para a cerimônia de casamento, que podia durar até uma semana. Durante esse tempo, a noiva e o noivo recebiam uma bênção pública de seus pais e eram acompanhados até a câmara nupcial, para a consumação do casamento na intimidade da união física.
A Bíblia não revela nenhum constrangimento em relação ao sexo e ao casamento. Ela usa de maneira clara e direta a metáfora do casamento para descrever a aliança entre Deus e Israel. O amor de Javé por Israel é retratado, especialmente por Isaías, Jeremias, Ezequiel e Oseias, em termos claramente físicos.
O próprio Jesus deu a entender em uma declaração audaciosa que era o noivo de seus seguidores, de maneira que, enquanto estivesse com eles, seria inapropriado que jejuassem. 
Assim, Paulo, embora difamado como sendo um misógino, desenvolveu ainda mais a metáfora. Ele representa Cristo como o noivo que amou sua noiva, a igreja, e se sacrificou por ela a fim de poder apresentá-la a si mesmo sem mancha e radiante (Ef 5.25-27). Quando Paulo acrescenta que “este é um mistério profundo” (Ef 5.32), ele parece querer dizer que a experiência de uma só carne no casamento simboliza a união de Cristo com a sua igreja.
Para saber mais: Ezequiel 16.7-8
>> Retirado de A Bíblia Toda, o Ano Todo [John Stott].  Editora Ultimato.
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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O HOMEM COMO CABEÇA

16.10.2013
Do blog da IGREJA PALAVRA DA CRUZ, SIDROLÂNDIA/MS, 13.08.2011
Postado por Pr Claudio Morandi 

IGREJA EVANGÉLICA PALAVRA DA CRUZ EM SIDROLÂNDIA Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo 1 Coríntios 11:3. 

Todos os males da sociedade sejam financeiros, políticos, trabalhistas, escolares ou religiosos, têm a sua origem no coração do homem. Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Jeremias 17:9.

A instituição que Deus estabeleceu, ainda no jardim do Éden, ajuntando duas pessoas de maneira especifica para formar uma unidade é o que chamamos de família. O ambiente formado pelo amor de todos os membros da família uns para com os outros cria o que chamamos de “lar”. O lar tem suma importância na vida humana, pois é berço de hábitos, caráter, crença, moral de cada ser humano, seja no contexto mundial, nacional, municipal ou familiar. Então, podemos dizer, da forma como caminha o lar, caminha o mundo. Como caminha o seu lar? Hoje é o dia dos pais, mas será que nós pais regenerados sabemos da nossa função de homem como cabeça? Tudo aquilo que acontecer no lar está sob a responsabilidade do cabeça do cabeça do lar. Sabemos que a responsabilidade no lar é do homem e da mulher, mas quem irá responder pela família diante do Senhor é a cabeça da casa. No jardim do Éden, depois do pecado, Deus chamou Adão e não Eva para explicar o que tinha acontecido. Deus falou com Adão, a cabeça do lar e o responsável pelas ações do lar. Lemos em Gênesis 3:9 E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Adão teve que responder pelas ações da família porque era o responsável pelo lar. 

Leiamos em Gênesis 3:10-11 Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? 

Adão não procurou essa posição, assim como nenhum homem a procura, mas foi desde o princípio “conforme o propósito dAquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”. Então, através do fato do homem ter sido formado primeiro, no jardim do Éden, Deus mostrou a sua vontade. Deu ao homem uma posição primordial no lar. Essa posição, de ter sido formado primeiro, traz consigo responsabilidades intransferíveis, das quais, ele tem que prestar conta diante de Deus e não levá-las a sério pode ter um efeito intenso sobre a sua comunhão com Deus. Vamos ler esta verdade em 1 Pedro 3:7 Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações. 

No texto que lemos podemos ver que o homem precisa pastorear o coração da sua esposa, cuidando dela, alimentando-a, assim como Cristo faz com a Igreja. Cristo amou a Igreja e por isso se entregou por ela. Mas a responsabilidade do homem como cabeça não para por aqui, porque também envolve a educação de seus filhos. O homem como cabeça terá de prestar contas diante do Senhor pela educação de seus filhos. Como você está educando seus filhos? É na disciplina e na admoestação do Senhor? Você sabe de suas rebeldias e não os disciplina? Não nos esquecemos, será diante do Senhor que vamos prestar contas e não diante dos homens. Leiamos em 1 Samuel 3:13 Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não repreendeu. Irmãos, o mundo iguala a posição de cabeça à posição de ditador, um rei que governa um castelo, ou o galo que manda no galinheiro, mas estas correspondências não estão corretas. Assim como Cristo é a cabeça da igreja, o homem é a cabeça da mulher e do lar. 

Podemos perguntar, como Cristo mostrou a sua posição de cabeça? Ele se mostrou cabeça da igreja quando “a si mesmo se entregou por ela” O seu amor pela igreja mostra a sua posição de cabeça. O seu amor é visto no seu sacrifício. Lembramos o significado da palavra ágape que é amor medido pelo seu sacrifício. O homem tem a responsabilidade de amar com sacrifício, porque o mandamento é: Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela. Efésios 5:25. Deve vir da cabeça do lar o padrão de maior iniciativa em relação à espiritualidade e moralidade no lar. Leiamos Isaías 38:19 Os vivos, somente os vivos, esses te louvam como hoje eu o faço; o pai fará notória aos filhos a tua fidelidade. Se a cabeça do lar estiver presente no lar, nenhuma outra pessoa deve tomar a incitava de fazer orações antes das refeições, nem a família deve ter a iniciativa de se aprontar para os cultos públicos ou decidir quais serão os limites morais no lar. Outra pessoa até pode participar deste incentivo, mas é a cabeça que deve ter a responsabilidade geral de estabelecer os padrão. 

É lógico que esta posição serve como modelo de comportamento diante das mulheres sendo imitada ou copiada por todos no lar. Deus se dirige aos maridos dizendo: “Igualmente, vós, maridos, coabitai..., dando honra a mulher”. Se o homem não honra a sua mulher, ele está em desobediência direta. Se o pai permite que os filhos desrespeitem a mãe, as irmãs, a professora ou a vizinha, ele está em desobediência indireta. Ele é a cabeça, o responsável diante de Deus pelo que transcorre com todos no lar, seja na sua presença ou ausência. A semente do pecado do pai se prolonga nas ações da família. Daniel 6:24a. Ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres. 

Infelizmente hoje, em muitos lares cristãos, até parece que a responsabilidade das coisas de Deus, das coisas espirituais, é do sexo feminino. Nós pais devemos prestar muita atenção: somos responsáveis pela vida de nossos filhos, você é responsável pela vida espiritual da tua família. Não culpemos os irmãos, não culpemos a igreja, quando nossos filhos se desviarem! Porque Deus, o nosso Pai, colocou a responsabilidade sobre a nossa cabeça, e só sobre a nossa cabeça, por isso não joguemos a culpa nos outros. Assumamos a nossa responsabilidade! Somos seus Sacerdotes; Somos seus Profetas; Somos seus Reis. Se o filho tem falhado, é porque também temos falhado. Podemos ser exemplares funcionários, podemos ser presidente de um Banco, podemos ser atletas excepcionais, podemos ganhar muito dinheiro, mas se não formos bons maridos, se não formos bons pais, diante do nosso Deus somos um verdadeiro fracasso. Fracassados! Porque não conseguimos alcançar o propósito de Deus como pais. 

É Deus deixa muito claro em Sua Palavra a responsabilidade dos pais. Leiamos em Salmos 78:5-8 Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos; e que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus. 

A liderança do homem como cabeça envolve a responsabilidade de agir em beneficio de um outro, mas isso não dá o direito de mandar que os outros o sirvam. O homem responsável pelo lar nunca deve pensar na autoridade que tem fora do contexto da sua responsabilidade. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva. Mateus 20:26. 

Se pudessem ser vistos o fundo do coração da esposa e dos filhos, notaríamos que eles desejam intensamente que o homem no lar tome atitudes de líder. Quando o líder é submisso a quem não deve ser líder, cria-se confusão e espanto no lar, talvez isso não seja tão evidente nas reações, mas sempre se revelam nas emoções. A natureza pecaminosa de todos os participantes do lar faz com que eles sejam insubmissos e desafiem a liderança. Mas, no fundo, há o desejo de viver no lar da forma como Deus tem ordenado. Se Cristo for a cabeça, o corpo será bem ajustado. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor. Efésios 4:15-16. Amém.

Deus te abençoe amado irmão(a).
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domingo, 29 de setembro de 2013

REVISTA ULTIMATO: Aleluia! A noiva está sendo preparada

29.09.2013
Do portal da Revista Ultimato, 26.09.13
Por Ronaldo Lidório*

Se a edição atual da revista Ultimato constata que a “Igreja está doente”, isso não significa dizer que devemos providenciar o seu “enterro”. Pelo contrário. A Igreja existe, e vai continuar existindo, a despeito de seus flagelos e incoerências. Nas palavras do experiente pastor e missionário, Ronaldo Lidório, “a noiva está sendo preparada”.


Você lê agora, na íntegra, o artigo de Lidório publicado nesta edição de Ultimato (setembro/outubro).

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Aleluia! A noiva está sendo preparada

Se agrupados, os motivos de preocupação e angústia com a Igreja nos dias atuais produziriam uma lista mais extensa que as 95 teses expostas por Lutero em 1517.

O constrangedor mercantilismo da fé; a frenética busca por pomposos títulos ministeriais; a manipulação da política eclesiástica para satisfações pessoais; o desinteresse pela missão e a intencional distorção dos textos bíblicos são apenas alguns -- entre muitos -- motivos de agonia ao olhar para a Igreja de hoje. É momento de quebrar o coração e buscar o Senhor para um sério compromisso de vida, renovo de alma e fidelidade no trato com as Escrituras.

Grandes motivos de celebração!

Há, porém, grandes motivos para celebração! Espantosamente, a Igreja tem crescido nos lugares mais improváveis -- como Índia, Etiópia, Filipinas, China e Nigéria1 -- e em todo canto há uma busca cada vez mais intensa pela Palavra de Deus. Milhares de anônimos levam diariamente a mensagem de Cristo para as ruas, escritórios, universidades, cidades e campos em todo o mundo. A Bíblia está traduzida, parcial ou totalmente, em mais de 2.500 línguas.2 O evangelho no Brasil tem sido anunciado, de forma crescente, entre os que pouco ouviram -- como indígenas, ribeirinhos, quilombolas, ciganos, sertanejos, imigrantes e surdos --, além de invadir as grandes e médias cidades. Em todo o mundo, mais de 120 milhões de cristãos vivem e perseveram em regiões hostis à sua fé.3 O impressionante milagre da conversão se dá em incontáveis vidas todos os dias. Em 1900 havia 100 milhões de protestantes no mundo e a projeção para 2050 é de quase 700 milhões. Louvado seja o Cordeiro, que tem preparado a sua noiva para o grande dia!

Em 2012, empreendi uma viagem de pesquisa missionária ao longo do rio Solimões a partir de Manaus, no Amazonas. Durante seis dias, subimos o rio até a fronteira com a Colômbia em uma época de grande alagamento. Nos primeiros três dias, não encontramos sequer uma comunidade, fosse de palafita ou construída em terra firme, que não estivesse embaixo d’água. As populações se refugiaram nas cidades maiores e algumas poucas famílias tentavam subsistir em suas próprias casas em meio ao alagado. Parando em diversas comunidades, encontramos lamento e choro, além de grande frustração. Haviam perdido suas casas, roças e animais -- e também a esperança.

No fim do segundo dia de viagem, avistamos uma casa sobre palafitas também coberta pela água até o meio das janelas. Três faces apareceram e, para a minha surpresa, estavam sorridentes. Parando a voadeira, equilibrei-me em algumas pranchas para entrar naquela casa. Em um canto da sala haviam construído um esteio de madeira que era elevado à medida que o rio subia. A família, formada por cinco pessoas, se apinhava naquele pequeno quadrado, onde também atavam suas redes e mantinham as panelas, além de um pequeno fogão e um saco de farinha. Expressei minha admiração por encontrá-los sorridentes, ao que rapidamente mencionaram ter encontrado Jesus no ano anterior -- e haviam concluído o momento devocional da família justamente quando chegávamos. O marido mencionou que estudavam naquela manhã sobre a bondade de Deus e estavam se lembrando dos muitos motivos de louvor, como a vida, a família e a salvação. A esposa completou: “E também o rio, que o Senhor segurou no limite”, não permitindo perderem a vida.

Saí daquela casa agradecendo a Deus pelo testemunho, pois nenhuma tragédia será maior do que a sua bondade em nossas vidas. E pela Igreja, que apesar das inundações e lutas, segue caminhando.

Nossa natureza é Cristo

Vemos no Novo Testamento que a Igreja foi um resultado direto da vida e dos ensinos de Jesus Cristo, portanto tem o seu DNA. Em Atos, lemos que a Igreja era koinônica (orientada pela comunhão dos santos), kerygmática (proclamadora do nome de Jesus), martírica (vivia segundo a sua fé), proséitica (cultivava a oração), escriturística (amava e seguia a Palavra de Deus), diácona (servia com amor aos necessitados), poimênica (pastoreava o povo) e litúrgica (cuja vida era a adoração ao Pai).4

Essa é a nossa identidade, quem somos em Cristo Jesus. E a nossa natureza. Apesar das provações, perseguições, escândalos e esfriamento, sempre seremos atraídos de volta às raízes, que a Palavra tão bem apresenta:5

A Igreja é um grupo de redimidos, originada por Deus e pertencente a Deus, portanto formada por uma multidão de servos e um só Senhor (1Co 1.1-2).

A Igreja não é uma sociedade alienante. Os que foram redimidos por Cristo continuam sendo homens e mulheres, pais e filhos, fazendeiros e comerciantes chamados para viver o evangelho no mundo e não longe dele (Mt 10).

A Igreja é uma comunidade sem fronteiras. Portanto, fatalmente missionária. É chamada a proclamar Jesus perto e longe -- e fazer discípulos (Rm 15.18-19).

A Igreja é chamada para viver Cristo e não apenas compreendê-lo. Quando orientada pelas Escrituras e comprometida com Jesus, ela se torna um grande testemunho para o mundo (Gl 2.20).

A Igreja é Igreja quando segue a Palavra. Perseverar na doutrina dos apóstolos implica compreensão e vida -- compreender a Palavra de Deus com fidelidade e aplicá-la em nossa vida diária (At 2.42).

A Igreja tem como propósito maior glorificar a Deus. Este é o nosso chamado e para tanto é preciso nos desglorificarmos. Devemos lembrar-nos de que nossa primeira missão é morrer (1Co 6.20Rm 16.25-27).

Somos chamados para a perseverança

A Palavra de Deus exorta-nos a perseverar. Aos Efésios, Paulo afirma que devemos ser fortalecidos no Senhor (6.10) para não cair nas ciladas do diabo (v. 11), resistir no dia mau (v. 13) e proclamar o evangelho (v. 19). O termo “resistir” é tradução de uma palavra grega frequentemente usada para uma estaca bem fincada que, após os ventos e chuvas, permanece firme. Alguns anos atrás, rascunhei um exercício espiritual para sermos uma Igreja fortalecida, o qual partilho a seguir:

-- Preocupar-nos um pouco menos com as loucuras feitas em nome de Cristo e um pouco mais com o nosso próprio coração para que não venhamos a ser desqualificados.

-- Seguirmos os desejos do Senhor sabendo que, para isso, quase sempre estaremos na contramão do mundo.

-- Para cada palavra de crítica à Igreja -- autocrítica, se assim quiser -- termos uma palavra ou duas de encorajamento.

-- Ouvirmos com zelo e temor os profetas que nos denunciam o erro, bem como os pastores que nos encorajam a caminhar.

-- Buscarmos na Palavra de Deus o fortalecimento da fé e o alimento da alma.
-- Não perdermos de vista Jesus Cristo, Cordeiro vivo de Deus, para que a tristeza advinda das frustrações não nos impeça de experimentar a alegria do Senhor.

Somos chamados a seguir caminhando. Lutero lembra-nos de que “esta vida, portanto, não é justiça, mas crescimento em justiça. Não é saúde, mas cura. Não é ser, mas se tornar. Não é descansar, mas exercitar. Ainda não somos o que seremos, mas estamos crescendo nesta direção. O processo ainda não está terminado, mas vai prosseguindo. Não é o final, mas é a estrada. Todas as coisas ainda não brilham em glória, mas todas as coisas vão sendo purificadas”.6

Que o Altíssimo nos encoraje a perseverar até o fim, pois o que nos aguarda é puro esplendor! “Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou” (Ap 19.7).

Aleluia!

Notas

1. JOHNSTONE, Patrick. “The future of the global church”. Reino Unido: Authentic Media Limited, 2011.
2. LEWIS, Paul (Ed). “Ethnologue: Languages of the World”. 16. ed. Dallas: SIL International, 2009.
3. Portas abertas. Consulta online: www.portasabertas.org.br
4. Referência aos termos “koinonia”, “kerygma”, “martyrion”, “proseuche”, “didache”, “diakonia”, “poimenia” e “ainoyntes” encontrados no livro de Atos descrevendo a vida da Igreja.
5. LIDÓRIO, Ronaldo. “Church Planting”. In: CORRIE, John. “Dictionary of Mission Theology”. Reino Unido: Inter-Varsity Press, 2007.
6. BOISVERT, Robin; MAHANEY, C. From “Glory to Glory: Biblical Hope for Lasting Change”. Anaheim: People of Destiny International, 1993.

*Ronaldo Lidório é doutor em antropologia e missionário da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais e da Missão AMEM. É organizador de Indígenas do Brasil -- avaliando a missão da igreja e A Questão Indígena -- Uma Luta Desigual




Leia mais

Dê outra chance à igreja (Todd Hunter)  
A Comunidade do Rei (Howard Snyder)  


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