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segunda-feira, 3 de junho de 2019

O que é um sermão expositivo?

03.06.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 31.05.19
Por Sugel Michelén*

O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Da Parte de Deus na Presença de Deus, de Sugel Michelén, da Editora Fiel.

Quero começar dizendo que um sermão expositivo não é pegar uma passagem da Bíblia e explicar o significado de cada versículo e de cada palavra importante que vamos encontrando no caminho. Quando isso acontece, o pregador deixa de ser um expoente da Palavra para se transformar em uma espécie de comentário bíblico ambulante. Também não é usar o púlpito para dar uma aula seca e pouco fértil de interpretação bíblica que deixa os ouvintes confusos e irritados, tentando discernir qual é a mensagem de Deus para eles. Pregar é proclamar uma mensagem que extraímos das Escrituras por meio de um trabalho árduo e que transmitimos pela pregação, buscando a glória de Deus em Cristo e o proveito espiritual de nossos ouvintes.

Voltemos, então, à nossa pergunta inicial: O que é um sermão expositivo? Dito de maneira simples e concisa, é o tipo de sermão que ajuda os ouvintes a entender o significado do texto bíblico e o que Deus quer que façamos à luz do que esse texto ensina. Mark Dever define como o tipo de pregação “em que o ponto principal do texto bíblico que está sendo ensinado vem a ser o ponto principal do sermão pregado” (tradução do autor). O teólogo britânico J.I. Packer define com as seguintes palavras: “A pregação cristã é a atividade em que Deus mesmo, através de um porta-voz, traz a uma audiência uma mensagem de instrução e direção acerca de Cristo, tendo impacto em suas vidas, e que está baseada nas Escrituras” (traduzido pelo autor). A minha definição é: Um sermão expositivo é aquele que expõe e aplica o verdadeiro significado do texto bíblico, levando em consideração seu contexto imediato, assim como o contexto mais amplo da história da redenção, que gira em torno da pessoa e da obra de Cristo, com o propósito de que o ouvinte ouça a voz de Deus através da exposição e de que seja transformado.

Um dos documentos da Assembleia de Westminster (1645) declara que “o pregador deve ser um instrumento com relação ao texto, abrindo-o e aplicando-o como Palavra de Deus aos seus ouvintes (…) para que o texto possa falar (…) e ser ouvido, elaborando cada ponto do texto de tal forma que a sua audiência possa discernir a voz de Deus”. Em outras palavras, o pregador expõe; não impõe. Como diz o teólogo escocês Sinclair Ferguson, “o pregador cria o sermão, mas não cria a mensagem. Ele proclama e explica a mensagem que recebeu” (traduzido pelo autor). Paulo coloca as coisas da seguinte forma em 2Coríntios 4.1-2:

Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.

Essa expressão que a Almeida Revista e Atualizada traduz por “manifestação da verdade” é muito mais impactante no original. A ideia que transmite é a de tornar uma coisa amplamente conhecida ao revelá-la com cuidado em cada detalhe. Por causa disso, o pastor australiano Gary Millar afirma que “a chave da pregação é tornar evidente a mensagem do texto. Ajudar as pessoas a vê-lo (…) senti-lo (…) entendê-lo”. E, mais adiante, acrescenta: “Estou totalmente convencido de que o tipo de pregação que muda os corações das pessoas é aquele que permite ao texto falar por si mesmo” (traduzido pelo autor).

Nesse sentido, toda pregação deve ser expositiva; do contrário, deixa de ser pregação. Quer se trate de uma série sobre um livro da Bíblia, versículo por versículo, quer se trate de uma passagem longa ou curta das Escrituras, o que diferencia a pregação expositiva é que ela expõe e aplica o que o texto realmente diz, e não o que o pregador quer que diga. John Stott afirma:

Expor as Escrituras é extrair o que se encontra no texto e deixá-lo ao alcance da vista. O expoente emprega esforço para expor o que parecia estar oculto, confere clareza ao que parecia confuso, desfaz os nós e desmonta o que parecia um assunto difícil. O oposto da exposição é a imposição, ou seja, impor sobre o texto algo que não está incluído nele. O “texto” em questão pode ser um versículo, uma oração gramatical ou ainda uma só palavra. Do mesmo modo, pode tratar-se de um parágrafo, um capítulo ou um livro inteiro. O tamanho do texto não tem importância, desde que seja tirado da Bíblia; o importante é o que vamos fazer com ele. Seja curto ou extenso, nossa responsabilidade como expositores é fazer com que o texto seja exposto de tal modo que transmita uma mensagem clara, simples, exata, de forma pertinente, sem adições, subtrações ou falsificação.

A maioria das pessoas aprecia um bom truque de mágica. Perguntamo-nos como é possível que o mágico tenha tirado um coelho de uma cartola aparentemente vazia. Mas o pregador não é um mágico; é um expositor; ele foi chamado a tirar da cartola (o texto bíblico) um coelho que já está previamente ali (o conteúdo do texto).

O texto dita e controla o que falamos, como bem assinala John Stott. Isso é pregação expositiva ou, para ser mais preciso, isso é pregação! Quando é algo menos que isso, deixa de ser pregação para se transformar em outra coisa. Não se trata tanto de um método, mas de uma convicção. Se realmente cremos que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17), porque iríamos querer fazer outra coisa a não ser expor a Bíblia com fidelidade? É possível que você nunca venha a ser um pregador popular fazendo isso, mas lembre-se de que o “êxito” ministerial não é medido pela quantidade de reproduções do seu sermão no YouTube, ou pela quantidade de conferências em que você prega, mas pela fidelidade ao transmitir o que Deus quer nos dizer nas Escrituras. Espero que estas palavras do Senhor Jesus Cristo, em Mateus 24.45-46, ajudem você a seguir adiante com seu trabalho, buscando unicamente a aprovação dele, e não a dos homens: “Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim”.

*Sugel Michelén tem servido como presbítero e pregador regular na Iglesia Bíblica del Señor Jesucristo em Santo Domingo, República Dominicana, há mais de 30 anos.
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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

As Qualificações e Responsabilidades Bíblicas dos Diáconos

15.02.2016
Do portal MINISTÉRIO FIEL, 16.12.2013
Quem deveria ser um diácono? O que a Bíblia diz que os diáconos devem fazer?
Os Dois Ofícios Bíblicos: Presbíteros e Diáconos
Comparar o ofício de diácono ao de presbítero nos ajudará a responder essas questões. Os líderes espirituais primários de uma congregação são os presbíteros, os quais são também chamados bispos ou pastores no Novo Testamento. Presbíteros ensinam ou pregam a Palavra e pastoreiam as almas daqueles que estão sob seus cuidados (Ef 4.11; 1Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9; Hb 13.17). Os diáconos também possuem uma função crucial na vida e saúde da igreja local, mas a sua função é diferente daquela dos presbíteros. O papel bíblico dos diáconos é cuidar das necessidades físicas e logísticas da igreja, de modo que os presbíteros possam se concentrar no seu chamado primário.
Essa distinção é baseada no padrão encontrado em Atos 6.1-6. Os apóstolos eram devotados “à oração e ao ministério da palavra” (v. 4). Uma vez que esse era o seu chamado primário, sete homens foram escolhidos para lidar com assuntos mais práticos, de modo a dar aos apóstolos a liberdade para continuarem a sua obra.
Essa divisão de trabalho é semelhante à que vemos com os ofícios de presbítero e diácono. Como os apóstolos, a função primária dos presbíteros é pregar a Palavra de Deus. Como os sete, os diáconos servem a congregação em todas as necessidades práticas que possam surgir.
As Qualificações dos Diáconos
A única passagem que menciona as qualificações para os diáconos é 1Timóteo 3.8-13. Nessa passagem, Paulo apresenta uma lista oficial, porém não exaustiva, dos requerimentos para os diáconos.
As similaridades entre as qualificações para diáconos e presbíteros/bispos em 1Timóteo 3 são notáveis. Assim como as qualificações para os presbíteros, um diácono não pode ser dado ao vinho (v. 3), avarento (v. 3), irrepreensível (v. 2; Tt 1.6), marido de uma só mulher (v. 2), e um hábil governante de seus filhos e de sua casa (vv. 4-5). Além disso, o foco das qualificações é o caráter moral da pessoa que há de preencher o ofício: um diácono deve ser maduro e acima de reprovação. A principal diferença entre um presbítero e um diácono é uma diferença de dons e chamado, não de caráter.
Paulo identifica nove qualificações para os diáconos em 1Timóteo 3.8-12:
  1. Respeitáveis (v. 8): Esse termo normalmente se refere a algo que é honorável, digno, estimado, nobre, e está diretamente relacionado a “irrepreensível”, que é dado como uma qualificação para os presbíteros (1 Tm 3.2).
  2. De uma só palavra (v. 8): Aqueles que têm a língua dobre dizem uma coisa a certas pessoas, mas depois dizem algo diferente a outras, ou dizem uma coisa, mas querem dizer outra. Eles têm duas faces e são insinceros. As suas palavras não podem ser confiadas, então eles carecem de credibilidade. 
  3. Não inclinados a muito vinho (v. 8): Um homem é desqualificado para o ofício de diácono se for viciado em vinho ou outra bebida forte. Tal pessoa carece de domínio próprio e é indisciplinada. 
  4. Não cobiçosos de sórdida ganância (v. 8): Se uma pessoa ama o dinheiro, não está qualificado para ser um diácono, especialmente porque os diáconos com freqüência lidam com questões financeiras da igreja. 
  5. Sólidos na fé e na vida (v. 9): Paulo também indica que um diácono deve “conservar o mistério da fé com a consciência limpa”. A expressão “o mistério da fé” é simplesmente um modo de Paulo falar do evangelho (cf. 1Tm 3.16). Conseqüentemente, essa afirmação se refere à necessidade de os diáconos manterem-se firmes no verdadeiro evangelho, e não oscilantes. Contudo, essa qualificação não envolve apenas as crenças de alguém, pois o diácono também deve manter essas crenças “com a consciência limpa”. Isto é, o comportamento de um diácono deve ser consistente com suas crenças. 
  6. Irrepreensíveis (v. 10): Paulo escreve que os diáconos devem ser “primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato” (v. 10). “Irrepreensíveis” é um termo genérico, que se refere ao caráter geral de uma pessoa. Embora Paulo não especifique que tipo de teste deve ser feito, no mínimo, deve-se examinar a vida pessoal, a reputação e as posições teológicas do candidato. Mais do que isso, a congregação não deveria examinar apenas a maturidade moral, espiritual e doutrinária do diácono em potencial, mas deveria também considerar o histórico de serviço da pessoa na igreja. 
  7. Esposa piedosa (v. 11): É discutível se o versículo 11 se refere à esposa do diácono ou a uma diaconisa. No que interessa a esta discussão, vamos assumir que o versículo esteja falando das qualificações da esposa de um diácono. De acordo com Paulo, as esposas dos diáconos devem ser “respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo” (v. 11). Como o seu marido, a esposa deve ser respeitável ou honorável. Em segundo lugar, ela não deve ser maldizente, uma pessoa que espalha fofocas. A esposa de um diácono deve também ser temperante ou sóbria. Isso é, ela deve ser apta a fazer bons julgamentos e não deve estar envolvidas em coisas que possam embaraçar tal julgamento. Por fim, ela deve ser “fiel em todas as coisas” (cf. 1Tm 5.10). Esse é um requerimento genérico que funciona semelhantemente ao requerimento para que os presbíteros e diáconos sejam “irrepreensíveis” (1Tm 3.2; Tt 1.6; 1Tm 3.10). 
  8. Marido de uma só mulher (v. 12): A melhor interpretação dessa passagem difícil consiste em entendê-la como a fidelidade do marido para com sua esposa. Ele deve ser “um homem de uma única mulher”. Isso é, não deve haver qualquer outra mulher em sua vida com a qual ele se relacione em intimidade, seja emocionalmente, seja fisicamente. 
  9. Governe bem seus filhos e a própria casa (v. 12): Um diácono deve ser o líder espiritual de sua esposa e filhos. 
De modo geral, se uma qualificação moral é listada para presbíteros, mas não para diáconos, aquela qualificação ainda se aplica a estes. O mesmo ocorre para aquelas qualificações listadas para diáconos, mas não para presbíteros. Por exemplo, um diácono deve ser um homem de “uma só palavra” (v. 8). Paulo não afirma explicitamente o mesmo acerca dos presbíteros, mas não há dúvida de que tal se aplica a eles, uma vez que Paulo disse que os presbíteros devem ser “irrepreensíveis”, o que incluiria essa injunção.
Ainda assim, nós deveríamos observar as diferenças nas qualificações, uma vez que ou elas significam um traço peculiarmente adequado ao oficial para que cumpra seus deveres, ou são algo que era problemático no lugar para onde Paulo escreveu (no caso, Éfeso). Isso deve ficar mais claro à medida que passemos a considerar as responsabilidades de um diácono.
As Responsabilidades dos Diáconos
Se o ofício de presbítero é freqüentemente ignorado na igreja moderna, o ofício de diácono é freqüentemente mal-entendido. Conforme o Novo Testamento, a função do diácono é, principalmente, ser um servo. A igreja precisa de diáconos para proverem suporte logístico e material, de modo que os presbíteros possam focar na Palavra de Deus e na oração.
O Novo Testamento não nos dá muita informação acerca do papel dos diáconos. Os requerimentos dados em 1Timóteo 3.8-12 focam no caráter e na vida familiar do diácono. Existem, contudo, algumas dicas quanto à função dos diáconos quando os requerimentos são comparados àqueles dos presbíteros. Embora muitas das qualificações sejam as mesmas ou muito similares, há algumas notáveis diferenças.
Talvez a distinção mais perceptível entre presbíteros e diáconos seja que os diáconos não precisam ser “aptos a ensinar” (1Tm 3.2). Diáconos são chamados a “conservar” a fé com uma consciência limpa, mas não são chamados a “ensinar” aquela fé (1Tm 3.9). Isso sugere que os diáconos não têm um papel de ensino oficial na igreja.
Como os presbíteros, os diáconos devem governar bem sua casa e seus filhos (1Tm 3.4, 12). Porém, ao referir-se aos diáconos, Paulo omite a seção na qual compara governar a própria casa a cuidar da igreja de Deus (1Tm 3.5). O motivo dessa omissão é, mais provavelmente, devido ao fato de que aos diáconos não é dada uma posição de liderança ou governo na igreja – essa função pertence aos presbíteros.
Embora Paulo indique que um indivíduo deva ser testado antes de poder exercer o ofício de diácono (1Tm 3.10), o requerimento de que ele não seja um neófito não está incluso. Paulo observa que, se um diácono for um recém convertido, pode ocorrer que ele “se ensorbebeça e incorra na condenação do diabo” (1Tm 3.6). Uma implicação dessa diferença poderia ser que aqueles que exercem o ofício de presbítero são mais suscetíveis ao orgulho porque possuem liderança sobre a igreja. Ao contrário, não é tão provável que um diácono, o qual se acha mais em um papel de servo, caia no mesmo pecado. Finalmente, o título de “bispo” (1Tm 3.2) implica a supervisão geral do bem-estar espiritual da congregação, ao passo que o título “diácono” implica alguém que possui um ministério orientado para o serviço.
Além do que podemos vislumbrar dessas diferenças nas qualificações, a Bíblia não indica claramente a função dos diáconos. Contudo, baseado no padrão estabelecido em Atos 6, com os apóstolos e os Sete, parece melhor enxergar os diáconos como servos que fazem o que for necessário para permitir que os presbíteros cumpram o seu chamado divino de pastorear e ensinar a igreja. Assim como os apóstolos delegaram responsabilidades administrativas aos Sete, também os presbíteros devem delegar certas responsabilidades aos diáconos, de modo que os presbíteros possam focar os seus esforços em outras atividades. Como resultado, cada igreja local é livre para definir as tarefas dos diáconos conforme as suas necessidades particulares.
Quais são alguns deveres pelos quais os diáconos devem ser responsáveis hoje? Eles poderiam ser responsáveis por qualquer coisa que não seja relacionada ao ensino e ao pastoreio da igreja. Tais deveres poderiam incluir:
  • Instalações: Os diáconos poderiam ser responsáveis por administrar a propriedade da igreja. Isso incluiria assegurar que o lugar de culto esteja preparado para a reunião de adoração, limpá-lo, ou administrar o sistema de som.
  • Benevolência: Semelhante ao que ocorreu em Atos 6.1-6 com a distribuição diária em favor das viúvas, os diáconos podem estar envolvidos em administrar fundos ou outras formas de assistência aos necessitados.
  • Finanças: Enquanto os presbíteros deveriam, provavelmente, supervisionar as questões financeiras da igreja (At 11.30), pode-se deixar apropriadamente que os diáconos lidem com as questões cotidianas. Isso incluiria coletar e contar as ofertas, manter registros, e assim por diante.
  • Introduções: Os diáconos poderiam ser responsáveis por distribuir boletins, acomodar a congregação nos assentos ou preparar os elementos para a comunhão.
  • Logística: Os diáconos deveriam estar prontos a ajudar em uma variedade de modos, de modo que os presbíteros possam se concentrar no ensino e no pastoreio da igreja.
Conclusão
Ao passo que a Bíblia encarrega os presbíteros das tarefas de ensinar e liderar a igreja, o papel dos diáconos é mais orientado ao serviço. Isso é, eles devem cuidar d

As Qualificações e Responsabilidades Bíblicas dos Diáconos

Benjamin L. Merkle
16 de Dezembro de 2013 - Liderança da Igreja
Quem deveria ser um diácono? O que a Bíblia diz que os diáconos devem fazer?
Os Dois Ofícios Bíblicos: Presbíteros e Diáconos
Comparar o ofício de diácono ao de presbítero nos ajudará a responder essas questões. Os líderes espirituais primários de uma congregação são os presbíteros, os quais são também chamados bispos ou pastores no Novo Testamento. Presbíteros ensinam ou pregam a Palavra e pastoreiam as almas daqueles que estão sob seus cuidados (Ef 4.11; 1Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9; Hb 13.17). Os diáconos também possuem uma função crucial na vida e saúde da igreja local, mas a sua função é diferente daquela dos presbíteros. O papel bíblico dos diáconos é cuidar das necessidades físicas e logísticas da igreja, de modo que os presbíteros possam se concentrar no seu chamado primário.
Essa distinção é baseada no padrão encontrado em Atos 6.1-6. Os apóstolos eram devotados “à oração e ao ministério da palavra” (v. 4). Uma vez que esse era o seu chamado primário, sete homens foram escolhidos para lidar com assuntos mais práticos, de modo a dar aos apóstolos a liberdade para continuarem a sua obra.
Essa divisão de trabalho é semelhante à que vemos com os ofícios de presbítero e diácono. Como os apóstolos, a função primária dos presbíteros é pregar a Palavra de Deus. Como os sete, os diáconos servem a congregação em todas as necessidades práticas que possam surgir.
As Qualificações dos Diáconos
A única passagem que menciona as qualificações para os diáconos é 1Timóteo 3.8-13. Nessa passagem, Paulo apresenta uma lista oficial, porém não exaustiva, dos requerimentos para os diáconos.
As similaridades entre as qualificações para diáconos e presbíteros/bispos em 1Timóteo 3 são notáveis. Assim como as qualificações para os presbíteros, um diácono não pode ser dado ao vinho (v. 3), avarento (v. 3), irrepreensível (v. 2; Tt 1.6), marido de uma só mulher (v. 2), e um hábil governante de seus filhos e de sua casa (vv. 4-5). Além disso, o foco das qualificações é o caráter moral da pessoa que há de preencher o ofício: um diácono deve ser maduro e acima de reprovação. A principal diferença entre um presbítero e um diácono é uma diferença de dons e chamado, não de caráter.
Paulo identifica nove qualificações para os diáconos em 1Timóteo 3.8-12:
  1. Respeitáveis (v. 8): Esse termo normalmente se refere a algo que é honorável, digno, estimado, nobre, e está diretamente relacionado a “irrepreensível”, que é dado como uma qualificação para os presbíteros (1 Tm 3.2).
  2. De uma só palavra (v. 8): Aqueles que têm a língua dobre dizem uma coisa a certas pessoas, mas depois dizem algo diferente a outras, ou dizem uma coisa, mas querem dizer outra. Eles têm duas faces e são insinceros. As suas palavras não podem ser confiadas, então eles carecem de credibilidade. 
  3. Não inclinados a muito vinho (v. 8): Um homem é desqualificado para o ofício de diácono se for viciado em vinho ou outra bebida forte. Tal pessoa carece de domínio próprio e é indisciplinada. 
  4. Não cobiçosos de sórdida ganância (v. 8): Se uma pessoa ama o dinheiro, não está qualificado para ser um diácono, especialmente porque os diáconos com freqüência lidam com questões financeiras da igreja. 
  5. Sólidos na fé e na vida (v. 9): Paulo também indica que um diácono deve “conservar o mistério da fé com a consciência limpa”. A expressão “o mistério da fé” é simplesmente um modo de Paulo falar do evangelho (cf. 1Tm 3.16). Conseqüentemente, essa afirmação se refere à necessidade de os diáconos manterem-se firmes no verdadeiro evangelho, e não oscilantes. Contudo, essa qualificação não envolve apenas as crenças de alguém, pois o diácono também deve manter essas crenças “com a consciência limpa”. Isto é, o comportamento de um diácono deve ser consistente com suas crenças. 
  6. Irrepreensíveis (v. 10): Paulo escreve que os diáconos devem ser “primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato” (v. 10). “Irrepreensíveis” é um termo genérico, que se refere ao caráter geral de uma pessoa. Embora Paulo não especifique que tipo de teste deve ser feito, no mínimo, deve-se examinar a vida pessoal, a reputação e as posições teológicas do candidato. Mais do que isso, a congregação não deveria examinar apenas a maturidade moral, espiritual e doutrinária do diácono em potencial, mas deveria também considerar o histórico de serviço da pessoa na igreja. 
  7. Esposa piedosa (v. 11): É discutível se o versículo 11 se refere à esposa do diácono ou a uma diaconisa. No que interessa a esta discussão, vamos assumir que o versículo esteja falando das qualificações da esposa de um diácono. De acordo com Paulo, as esposas dos diáconos devem ser “respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo” (v. 11). Como o seu marido, a esposa deve ser respeitável ou honorável. Em segundo lugar, ela não deve ser maldizente, uma pessoa que espalha fofocas. A esposa de um diácono deve também ser temperante ou sóbria. Isso é, ela deve ser apta a fazer bons julgamentos e não deve estar envolvidas em coisas que possam embaraçar tal julgamento. Por fim, ela deve ser “fiel em todas as coisas” (cf. 1Tm 5.10). Esse é um requerimento genérico que funciona semelhantemente ao requerimento para que os presbíteros e diáconos sejam “irrepreensíveis” (1Tm 3.2; Tt 1.6; 1Tm 3.10). 
  8. Marido de uma só mulher (v. 12): A melhor interpretação dessa passagem difícil consiste em entendê-la como a fidelidade do marido para com sua esposa. Ele deve ser “um homem de uma única mulher”. Isso é, não deve haver qualquer outra mulher em sua vida com a qual ele se relacione em intimidade, seja emocionalmente, seja fisicamente. 
  9. Governe bem seus filhos e a própria casa (v. 12): Um diácono deve ser o líder espiritual de sua esposa e filhos. 
De modo geral, se uma qualificação moral é listada para presbíteros, mas não para diáconos, aquela qualificação ainda se aplica a estes. O mesmo ocorre para aquelas qualificações listadas para diáconos, mas não para presbíteros. Por exemplo, um diácono deve ser um homem de “uma só palavra” (v. 8). Paulo não afirma explicitamente o mesmo acerca dos presbíteros, mas não há dúvida de que tal se aplica a eles, uma vez que Paulo disse que os presbíteros devem ser “irrepreensíveis”, o que incluiria essa injunção.
Ainda assim, nós deveríamos observar as diferenças nas qualificações, uma vez que ou elas significam um traço peculiarmente adequado ao oficial para que cumpra seus deveres, ou são algo que era problemático no lugar para onde Paulo escreveu (no caso, Éfeso). Isso deve ficar mais claro à medida que passemos a considerar as responsabilidades de um diácono.
As Responsabilidades dos Diáconos
Se o ofício de presbítero é freqüentemente ignorado na igreja moderna, o ofício de diácono é freqüentemente mal-entendido. Conforme o Novo Testamento, a função do diácono é, principalmente, ser um servo. A igreja precisa de diáconos para proverem suporte logístico e material, de modo que os presbíteros possam focar na Palavra de Deus e na oração.
O Novo Testamento não nos dá muita informação acerca do papel dos diáconos. Os requerimentos dados em 1Timóteo 3.8-12 focam no caráter e na vida familiar do diácono. Existem, contudo, algumas dicas quanto à função dos diáconos quando os requerimentos são comparados àqueles dos presbíteros. Embora muitas das qualificações sejam as mesmas ou muito similares, há algumas notáveis diferenças.
Talvez a distinção mais perceptível entre presbíteros e diáconos seja que os diáconos não precisam ser “aptos a ensinar” (1Tm 3.2). Diáconos são chamados a “conservar” a fé com uma consciência limpa, mas não são chamados a “ensinar” aquela fé (1Tm 3.9). Isso sugere que os diáconos não têm um papel de ensino oficial na igreja.
Como os presbíteros, os diáconos devem governar bem sua casa e seus filhos (1Tm 3.4, 12). Porém, ao referir-se aos diáconos, Paulo omite a seção na qual compara governar a própria casa a cuidar da igreja de Deus (1Tm 3.5). O motivo dessa omissão é, mais provavelmente, devido ao fato de que aos diáconos não é dada uma posição de liderança ou governo na igreja – essa função pertence aos presbíteros.
Embora Paulo indique que um indivíduo deva ser testado antes de poder exercer o ofício de diácono (1Tm 3.10), o requerimento de que ele não seja um neófito não está incluso. Paulo observa que, se um diácono for um recém convertido, pode ocorrer que ele “se ensorbebeça e incorra na condenação do diabo” (1Tm 3.6). Uma implicação dessa diferença poderia ser que aqueles que exercem o ofício de presbítero são mais suscetíveis ao orgulho porque possuem liderança sobre a igreja. Ao contrário, não é tão provável que um diácono, o qual se acha mais em um papel de servo, caia no mesmo pecado. Finalmente, o título de “bispo” (1Tm 3.2) implica a supervisão geral do bem-estar espiritual da congregação, ao passo que o título “diácono” implica alguém que possui um ministério orientado para o serviço.
Além do que podemos vislumbrar dessas diferenças nas qualificações, a Bíblia não indica claramente a função dos diáconos. Contudo, baseado no padrão estabelecido em Atos 6, com os apóstolos e os Sete, parece melhor enxergar os diáconos como servos que fazem o que for necessário para permitir que os presbíteros cumpram o seu chamado divino de pastorear e ensinar a igreja. Assim como os apóstolos delegaram responsabilidades administrativas aos Sete, também os presbíteros devem delegar certas responsabilidades aos diáconos, de modo que os presbíteros possam focar os seus esforços em outras atividades. Como resultado, cada igreja local é livre para definir as tarefas dos diáconos conforme as suas necessidades particulares.
Quais são alguns deveres pelos quais os diáconos devem ser responsáveis hoje? Eles poderiam ser responsáveis por qualquer coisa que não seja relacionada ao ensino e ao pastoreio da igreja. Tais deveres poderiam incluir:
  • Instalações: Os diáconos poderiam ser responsáveis por administrar a propriedade da igreja. Isso incluiria assegurar que o lugar de culto esteja preparado para a reunião de adoração, limpá-lo, ou administrar o sistema de som.
  • Benevolência: Semelhante ao que ocorreu em Atos 6.1-6 com a distribuição diária em favor das viúvas, os diáconos podem estar envolvidos em administrar fundos ou outras formas de assistência aos necessitados.
  • Finanças: Enquanto os presbíteros deveriam, provavelmente, supervisionar as questões financeiras da igreja (At 11.30), pode-se deixar apropriadamente que os diáconos lidem com as questões cotidianas. Isso incluiria coletar e contar as ofertas, manter registros, e assim por diante.
  • Introduções: Os diáconos poderiam ser responsáveis por distribuir boletins, acomodar a congregação nos assentos ou preparar os elementos para a comunhão.
  • Logística: Os diáconos deveriam estar prontos a ajudar em uma variedade de modos, de modo que os presbíteros possam se concentrar no ensino e no pastoreio da igreja.

Conclusão
Ao passo que a Bíblia encarrega os presbíteros das tarefas de ensinar e liderar a igreja, o papel dos diáconos é mais orientado ao serviço. Isso é, eles devem cuidar das preocupações físicas ou temporais da igreja. Ao lidarem com tais questões, os diáconos liberam os presbíteros para que foquem no pastoreio das necessidades espirituais da congregação.
Contudo, embora os diáconos não sejam os líderes espirituais da congregação, o seu caráter é da maior importância, motivo pelo qual deveriam ser examinados e apresentar as qualificações bíblicas arroladas em 1Timóteo 3.as preocupações físicas ou temporais da igreja. Ao lidarem com tais questões, os diáconos liberam os presbíteros para que foquem no pastoreio das necessidades espirituais da congregação.
Contudo, embora os diáconos não sejam os líderes espirituais da congregação, o seu caráter é da maior importância, motivo pelo qual deveriam ser examinados e apresentar as qualificações bíblicas arroladas em 1Timóteo 3.
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/623/As%20Qualifica%C3%A7%C3%B5es%20e%20Responsabilidades%20B%C3%ADblicas%20dos%20Di%C3%A1conos