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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O cristianismo autêntico

12.12.2013
Do portal GOSPEL PRIME
ESTUDOS BÍBLICOS
Por Missionário Rosivaldo

Definir cristianismo nos dias atuais tem sido uma tarefa não muito fácil. A cada geração que se levanta uma nova..

cruzDefinir cristianismo nos dias atuais tem sido uma tarefa não muito fácil. A cada geração que se levanta uma nova visão de mundo surge, e com cada uma dessas visões uma nova forma de pensar o cristianismo. Desde muito tempo, o cristianismo vem sofrendo intensas ameaças à sua autenticidade. No princípio quando Jesus lançou as bases do cristianismo Ele o fez por meio de seus ensinos que introduziam uma nova forma de vida.

A vida cristã podia ser vivida pelo homem de modo que Cristo vivesse nele. Para possibilitar o milagre da vida cristã autentica, algumas coisas seriam necessárias. Primeiro Cristo governaria as vidas de seus servos por meio da palavra por Ele ensinada. Quando os cristãos obedecessem aos ensinos sagrados de Jesus Cristo, o governo de Deus estaria alcançando suas vidas. A segunda forma de Cristo governar seus servos seria por meio da habitação real do Espírito Santo na vida dos cristãos. O Espírito Santo derramaria poder e capacitaria os filhos de Deus para viverem a vida numa dimensão mais intensa de amor, fé e obediência.

A força do Espírito manteria os crentes com o coração aquecido e a palavra de Cristo os manteria na retidão do caminho. Com esses dois recursos divinos à sua disposição, o povo de Deus estava preparado para enfrentar qualquer aflição, perseguição ou dificuldade que surgissem. Eles estariam dispostos, inclusive, a enfrentar a morte sem medo algum.

Os apóstolos do Senhor Jesus reproduziram os ensinos do Mestre ensinando fielmente os mandamentos por Ele estabelecidos e assim a Igreja de Deus começou a crescer e se fortalecer por onde quer que os discípulos fossem enviados.

Como o cristianismo autêntico sempre foi uma ameaça ao estilo de vida vil e insano adotado pelos homens, perseguições surgiram e milhões de cristãos foram mortos. Mas o que parecia impossível aconteceu: ao invés de os cristãos temerem a morte, eles amavam a Cristo de tal maneira que morriam felizes por saberem que estavam fazendo por seu Senhor o que um dia seu Senhor fez por eles. Em nome de Cristo um incontável exército de cristãos foi truculentamente assassinado. Esfolados, queimados, enforcados, decapitados, etc., mas não negaram a fé em Cristo, pois em nada tinham suas vidas por preciosas contanto que cumprissem com alegria a carreira que lhes estava proposta. Ninguém, exceto Deus, jamais poderá contabilizar quantos cristãos foram martirizados pelos inimigos da fé cristã.

Mas o tempo provou que os inimigos deliberados do cristianismo não eram uma ameaça. Por mais que fosse difícil ser cristão, a morte, a dor, o confisco de bens, nada disso poderia afastar os cristãos de Jesus. As duras provações que os cristãos do primeiro século sofreram os induziu a fazer das palavras de Paulo sua confissão de fé e esperança em Deus.

“Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas? Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro. Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” .

A igreja que hoje conhecemos como primitiva tinha marcas tão profundas que Paulo só soube explicar nos seguintes termos: “Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. ”

Essas marcas são tão importantes que Paulo considerava a igreja que as possuía como coroa do seu ministério e apostolado.

O Espírito de Deus trabalhava de tal maneira nos cristãos do primeiro século que Lucas registrou as ultimas palavras de Cristo antes de Ele ser recebido no céu por ocasião da sua ascensão: “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas (meus mártires) em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” . O poder conferido pelo Espírito de Deus capacitou os cristãos para que eles fossem mártires de Cristo. Um mártir é alguém que está totalmente disposto a testemunhar com sua vida e sua morte do evangelho de Cristo. O poder recebido pelos discípulos os capacitou para isso e eles testemunharam com cada gota de seu sangue sobre a verdade da cruz: Jesus Cristo é o Filho de Deus que veio buscar e salvar os perdidos.

Assim o cristianismo autêntico pode ser definido por poucas marcas, as marcas que descrevem a biografia dos primeiro discípulos.

AMAR COMO JESUS
Os crentes primitivos foram desde muito cedo ensinados a amar incondicionalmente os seus semelhantes. Esse amor era tão arraigado aos seus corações que ainda no inicio da Igreja, quando seus alicerces estavam sendo postos, viu-se a intensa necessidade de separar pessoas com a função exclusiva de servir as classes minoritárias que compunham os cristãos, a saber, as viúvas e os indigentes . Nas palavras do próprio Lucas obtemos as seguintes informações: “Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum, vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração” .
Lucas ainda registra para nós o seguinte: “Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham” .

O amor entranhado no coração dos primeiros discípulos não era algo movido pela euforia de uma nova religião que estava surgindo, mas as marcas esperadas pelo próprio Jesus: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” . As palavras exatas de Jesus neste texto foram: todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês tratarem com ágape uns aos outros. A palavra ágape pode ser traduzida literalmente por qualquer um desses sinônimos: benevolência, boa vontade, afeição, sentimento fraterno, considerar o outro como irmão, ver o outro como parte de sua família. Desse modo a igreja primitiva não era mesquinha no uso que fazia de seus bens porque todos eram da mesma família e a distribuição dos recursos era vista como uma partilha necessária e fundamental, uma vez que ninguém queria ver seu irmão padecendo necessidades. O amor ágape rompe com a ideia de que uma família só pode ser assim chamada se tiver sua formação a partir de vínculos consanguíneos e mostra que todos os homens indiscriminadamente são oriundos de um mesmo Pai que é Deus. Esse amor gera a noção de que todos são responsáveis por todos e os interesses e necessidades de todos devem ser igualmente apreciados. O autêntico cristianismo está presente onde a prática do amor ágape é marca inegociável. Uma igreja onde esta marca é negada, substituída ou depreciada, não é a igreja de Cristo, mas uma horrenda caricatura institucional.

OBEDECER INCONDICIONALMENTE
Outra marca que os primeiros cristãos tratavam como inegociável era a obediência incondicional. Obedecer sem questionar, sem procrastinar e sem retroceder. Para os cristãos do primeiro século “importava antes obedecer a Deus que aos homens ” ainda que a obediência a Deus lhes custasse à vida ou a segurança. Por causa da sua obediência deliberada, os crentes sofreram o confisco de seus bens, a expulsão de sua pátria, o extermínio de seus líderes, etc. enquanto os crentes contemporâneos insistem em interpretar erradamente o texto que diz que obedecer é melhor do que sacrificar, os cristãos primitivos experimentaram a obediência por meio de inúmeros sacrifícios. Quando os primeiros crentes decidiram obedecer, cada dia a mais que amanheciam vivos era uma grande vitória, sua luta não era apenas contra o diabo, o mundo e o pecado, era também pela própria sobrevivência. Desobedecer a Deus significaria ficar imune das perseguições. Qualquer cristão podia contrair um seguro de vida terrena através do simples ato de não querer seguir os ensinos do Carpinteiro Nazareno. Mas eles estavam dispostos e capacitados a serem mártires, caso fosse preciso para defender o nome do seu Senhor e a honra de seu Deus. Os discípulos de Jesus Cristo estavam cientes de que ao serem salvos pelo Senhor, deveriam estar prontos a testemunhar ao lado de Cristo ainda que isso lhes custasse os bens, a segurança e a vida. A Igreja chamada primitiva tinha algo muito raro em nossos dias: ela tinha capacidade de permanecer fiel até o fim.

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Roubadores de Glória

29.11.2013
Do portal GOSPEL PRIME
ESTUDOS BÍBLICOS
Por José Rosivaldo

“Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores.” (Mateus 21.12-13).

A Bíblia diz no texto que lemos que Jesus, certa vez, com indignação em suas palavras, expulsou os vendedores do templo, derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombos no templo, dizendo que a casa de Deus havia sido transformada em covil de salteadores. Vamos nos aprofundar neste texto em entender o porquê das palavras de Jesus.
Numa reflexão meticulosa entendemos o que Jesus quis dizer com essas duras colocações.
Para que serviam os cambistas e os vendedores de pombos no templo? Em Levítico 1.3-17 é ensinado que tipo de animais Deus receberia em sacrifício:

“Se a sua oferta for holocausto de gado, trará macho sem defeito; à porta da tenda da congregação o trará, para que o homem seja aceito perante o Senhor. E porá a mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação. Depois, imolará o novilho perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, apresentarão o sangue e o aspergirão ao redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação. Então, ele esfolará o holocausto e o cortará em seus pedaços. E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar e porão em ordem lenha sobre o fogo. Também os filhos de Arão, os sacerdotes, colocarão em ordem os pedaços, a saber, a cabeça e o redenho, sobre a lenha que está no fogo sobre o altar. Porém as entranhas e as pernas, o sacerdote as lavará com água; e queimará tudo isso sobre o altar; é holocausto, oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. Se a sua oferta for de gado miúdo, de carneiros ou de cabritos, para holocausto, trará macho sem defeito. 

E o imolará ao lado do altar, para o lado norte, perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, aspergirão o seu sangue em redor sobre o altar. Depois, ele o cortará em seus pedaços, como também a sua cabeça e o seu redenho; e o sacerdote os porá em ordem sobre a lenha que está no fogo sobre o altar; porém as entranhas e as pernas serão lavadas com água; e o sacerdote oferecerá tudo isso e o queimará sobre o altar; é holocausto, oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. Se a sua oferta ao Senhor for holocausto de aves, trará a sua oferta de rolas ou de pombinhos. O sacerdote a trará ao altar, e, com a unha, lhe destroncará a cabeça, sem a separar do pescoço, e a queimará sobre o altar; o seu sangue, ele o fará correr na parede do altar; tirará o papo com suas penas e o lançará junto ao altar, para o lado oriental, no lugar da cinza; rasgá-la-á pelas asas, porém não a partirá; o sacerdote a queimará sobre o altar, em cima da lenha que está no fogo; é holocausto, oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor.” (grifo do autor).

Se alguém fosse entregar um holocausto e essa pessoa fosse rica, deveria trazer gado; se fosse de classe média traria cabrito, mas se fosse pobre, deveria trazer rolinhas ou pombos. Quando Jesus nasceu, seus pais entregaram um sacrifício comum aos pobres, ou seja, um par de rolas ou dois pombinhos (Lucas 2.24).

Já os cambistas eram necessários porque, quando as pessoas vinham ao templo, vinham de todas as partes da terra. Peregrinavam dias e mais dias, muitas vezes a pé. Trazer animais para sacrifício era perigoso. Os animais poderiam não chegarem vivos e poderiam atrasar a viagem. Os viajantes tinham que parar a fim de esperá-los pastarem ou alimentá-los. Então os adoradores vinham trazendo apenas dinheiro. Quando chegavam ao templo, compravam um animal segundo as suas posses e o conduziam para ser sacrificado.

Se, porém eles quisessem ofertar em dinheiro, iam aos cambistas e trocavam o dinheiro que traziam por moedas válidas em Jerusalém. Com isso estavam dando ofertas do seu melhor.
Porque então, Jesus quebrou as mesas e expulsou os que vendiam no templo?

Uma coisa aconteceu para Jesus agir assim: A mudança da intenção dos que vendiam. Com o passar do tempo, as pessoas que vendiam pombos, bois e cabritos não iam mais a casa de Deus para adorá-Lo, mas apenas para lucrarem com as vendas. Daí Jesus tê-los chamado de ladrões. Eles estavam roubando (modificando) os interesses pelos quais aquela casa foi construída, (a adoração a Deus). A única razão pela qual estavam lá era o comércio, os lucros, interesses pessoais. Estavam roubando a Glória que Deus deveria receber no templo.

Assim também hoje, muitas pessoas vão ao templo por muitas outras razões que não promovem a Glória de Deus!

Muitos quando não recebem oportunidade de cantar, orar ou pregar, saem do culto chateados com o ministro. Querem receber a honra de Deus para eles. Vão somente porque irão cantar, outras só porque vão tocar, outras porque vão pregar. Com isso muitas pessoas estão roubando o louvor de Deus. Pois não estão entrando no templo para adorar a Deus, mas somente para mostrar o seu produto: a música, o instrumento, a pregação, a oferta. Há pessoas que se não fossem cantar, pregar, tocar ou ofertar jamais apareceriam no templo! Nossas igrejas estão cheias de “roubadores de glória”.

Tenho visto pessoas entrarem na igreja com a motivação única de serem entretidas, de receberem glórias para si mesmas.

A principal razão para a existência da igreja é a adoração a Deus. Embora a evangelização seja importante para o crescimento da igreja local e, consequentemente para a glória de Deus, essa não é a maior razão da existência da igreja. Mesmo sendo a comunhão entre os irmãos uma das grandes dádivas do povo salvo, essa também não é a prioridade fundamental da existência da igreja.

Talvez a maior confusão desta geração de cristãos seja esta: pôr como prioridade na igreja os serviços, a obra ao invés do Senhor da obra! Pois a razão principal pela qual a igreja existe, insistimos, é a adoração a Deus! Os artistas gospel estão dominando.

Ao invés de fazerem da vocação seus estilos de vida fazem da vocação seu meio de vida. Vendendo seus dons, comercializando seus talentos, negociando suas vocações. Usando seus talentos não para glorificar a Deus, mas para construir um patrimônio glorioso para si mesmo.

Um perigoso sintoma da síndrome de Lúcifer surge nesse cenário. Roubadores de glória são, na verdade imitadores de Lúcifer. O antigo querubim ungido quis uma glória que só cabia a Deus receber. Asseguremo-nos de não estarmos buscando uma glória que não é para nós. 

Deus não divide a sua glória com quem quer que seja!

José Rosivaldo. Missionário formado pela JOCUM – Jovens Com Uma Missão, uma organização cristã missionaria que atua em todas as nações do mundo. Pastoreou a igreja Batista em Lagoa do Peri-peri - AL. Escreveu diversos livros. Educador cristão há vários anos. Casado com Fernanda Laurindo. Baixe grátis o livro "MÁ ADMINISTRAÇÃO DOS DÍZIMOS E OFERTAS" no site www.gospelmais.com.br.
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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A unidade que Deus abomina

20.11.2013
Do portal  GOSPEL PRIME
Por José Rosivaldo



A unidade que Deus abomina  
Todos nós sabemos e pregamos que os cristãos devem viver em unidade. Não apenas falamos sobre unidade, mas a própria Bíblia nos assegura em diversos textos sobre a importância e as bênçãos de Deus que são derramadas como aprovação para a unidade vivida pelo seu povo (Sl. 133).

João chega a dizer que o perdão de Deus é condicionado à prática da comunhão entre os irmãos (I Jo. 1.7). O autor aos Hebreus ensina-nos a buscar a paz com todos (Hb. 12.14). E Jesus disse que seus discípulos seriam conhecidos pela prática do amor (Jo. 13.35). Mas uma questão parece contradizer esse ensino. A mesma Bíblia que ensina que os cristãos devem manter-se conectados pelos laços do amor mútuo, diz também que existem determinadas parcerias que são abomináveis ao Senhor, senão vejamos.

Já no livro da Lei, Deus ensina seu povo a não se tornar cúmplice de pessoas que estão erradas (Ex.23.1). O salmo mais conhecido acerca de companheirismo é o salmo 1, ele nos ensina precisamente que os justos, ou seja, os servos de Deus não devem nem mesmo sentar na roda dos escarnecedores, nem se deter no caminho dos pecadores. Então somos instruídos que não é todo tipo de unidade que Deus aprova. Há determinados tipos de pessoas com as quais não devemos nem comer (I Co. 5.11), porque existem companhias que corrompem os bons costumes (I Co. 15.33). Precisamos ser seletivos na escolha das nossas amizades (Sl. 119.63). As pessoas com as quais convivemos exercem influencia sobre nós (Pv. 13.20).

Devemos buscar a paz com todos não aprovando tudo o que os outros fazem, mas mantendo a distância necessária para nem negligenciar a prática da bondade e nem nos mancomunar com suas práticas errôneas. Devemos ajudar aos que precisam de nós sem nos tornar seus cúmplices quando suas obras são más. Temos que nos relacionar com as pessoas sem nos deixar ser influenciados por suas ideologias pecaminosas ou mesmo por pensamentos e procedimentos desonrosos.

É possível cumprir os ensinos sagrados com relação à unidade sem descumprir os preceitos divinos acerca da prudência na unidade? Certamente que sim. Basta que sigamos o modelo adotado pelo próprio Deus. Deus ama o pecador que não se converteu, mas com ele Deus não anda (Hc. 1.13). Há uma distância requerida nas relações que travamos com as pessoas. Cada pessoa tem uma distância especifica no nosso tratamento para com elas. Essa distância será determinada pelo nível de espiritualidade e moralidade que elas desenvolvem.

Aqui entra em ação uma diferenciação pouco compreendida: amar e gostar não são a mesma coisa. Amar é tratar como gostaria de ser tratado, é perdoar, é ajudar, é ser misericordioso, etc. gostar é compartilhar das mesmas afinidades, é concordar e ser parceiro numa determinada coisa voluntariamente, é sentir-se satisfeito na colaboração das obras de alguém. Quando gostamos de alguém nos identificamos com seus atos e procedência. Em outras palavras gostar é aprovar inconscientemente.

Então como filhos de Deus amemos a todos os que Ele ama e gostemos apenas dos que Ele gosta. Saibamos lidar com nossas relações sem deixar que elas interfiram negativamente na nossa prática da vontade de Deus.
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Fonte:http://estudos.gospelprime.com.br/unidade-deus-abomina/

sábado, 9 de novembro de 2013

Sansão e a igreja contemporânea

09.11.2013
Do portal GOSPEL PRIME
Por José Rosivaldo*

Quando estudamos a igreja cristã contemporânea, suas novas tendências, sua secularização, a sua falta de critérios no estabelecimento de seus...

Sansão e a igreja contemporâneaSansão e a igreja contemporânea
Quando estudamos a igreja cristã contemporânea, suas novas tendências, sua secularização, a sua falta de critérios no estabelecimento de seus trabalhos, a nomeação de leigos e neófitos para funções de liderança, enfim, sua notória decadência, somos confrontados com a pergunta: Qual personagem bíblico identifica melhor a situação espiritual da igreja na atualidade?
É possível que o leitor tenha outra compreensão sobre as questões que atualmente oprimem a igreja cristã, mas quando penso na igreja de hoje, sou obrigado a considerar as absurdas semelhanças entre ela e o grande juiz de Israel Sansão.
Sem duvida nenhuma, Sansão é o personagem bíblico cuja vida melhor expressa a real e atual situação da igreja cristã evangélica destes dias. Passemos a analisar a vida deste gigante sem visão e tracemos um paralelo com a igreja de hoje.
1. Assim como Sansão, a igreja da atualidade é forte, mas não tem compromisso com sua missão.

Em toda a história da igreja ao longo desses mais de vinte e um séculos, poucas vezes se registrou um momento tão critico quanto o que ora presenciamos. Vivemos um momento tão crítico como os dias anteriores a reforma protestante quando a igreja de Roma corrompida pela hipocrisia de um sistema satânico vendia terrenos no céu, perdão para os pecadores e salvação para almas de pessoas que podiam comprar as infames indulgências. Os bispos romanos alegavam que quando as moedas batessem no fundo do cofre, as almas inscritas nas indulgências saiam do inferno ou purgatório e, imediatamente adentravam aos portões celestiais.

A prática da compra e venda das indulgências foi abolida pela igreja católica há 495 anos, isto é, logo após o inicio daquilo que conhecemos hoje como Reforma Protestante. Um novo tempo foi instaurado, as pessoas se tornaram livres dos dogmas antibíblicos e passaram a ter acesso as Escrituras Sacrossantas.
Hoje, entretanto, as pessoas que conhecem a Bíblia, que frequentam os cultos cristãos e até mesmo ministram serviços cristãos, estão tão imersos em trevas quanto àquelas pessoas que sobreviviam à sombra das declarações equivocadas dos líderes romanos (os padres católicos). A igreja cristã nunca estendeu raízes pra tão longe como na atualidade, e nunca esteve tão distante da sua missão como pode ser percebido hoje. Nossos templos nunca estiveram tão cheios de pessoas e nunca estiveram tão vazios de Deus. A igreja atual desconhece sua missão e rejeita sua identidade original ou simplesmente não acha que sua missão valha a pena ser levada adiante e sua identidade preservada.
Sansão era o homem mais forte da terra, a igreja evangélica é a mais forte da nação brasileira e americana e ao mesmo tempo a mais omissa em sua missão, assim como Sansão. As várias religiões anticristãs do mundo falham em muitas coisas, deixam a desejar em muitos aspectos, mas nunca em preservar sua identidade e levar avante sua missão. Assim como Sansão, a igreja da atualidade é forte, mas não tem compromisso com sua causa.
2. Tal como Sansão, a igreja contemporânea foi levantada por Deus, mas não valoriza sua aliança com Ele!
“E achou uma queixada fresca de um jumento, e estendeu a sua mão, e tomou-a, e feriu com ela mil homens. Então disse Sansão: Com uma queixada de jumento, montões sobre montões; com uma queixada de jumento feri a mil homens.” (Juízes 15.15-16).
Como homem mais forte do mundo Sansão nunca temeu a nada. Medo não era uma característica que houvesse espaço em seu coração. O medo não é totalmente negativo, há um aspecto muito positivo em sentir medo. Por vezes o medo se manifesta como um zelo extraordinário que nos capacita para evitar riscos desnecessários. Há coisas das quais nunca devemos perder o medo. Sansão não temia a nada e a ninguém. Todo temor é o reconhecimento de nossos limites. Tememos ao que pode nos fazer mal, tememos a tudo aquilo que nos obriga a ver que somos limitados. Mas desde a mais tenra infância Sansão aprendeu que nada do que via estava acima da sua força ou capacidade. Essa ausência plena de temor foi altamente prejudicial a ele, mais tarde ele precisaria de medo para alimentar uma coragem prudente. Quando não se tem medo de nada, até as regras parecem medíocres e descartáveis.
Quando Sansão encontrou mil guerreiros que avançavam contra ele para matá-lo, embora soubesse que estava errado, ele não pensou duas vezes antes de tomar a queixada de um animal morto, o que era totalmente inaceitável para um nazireu . Neste ato que infringiu, Sansão não estava apenas rejeitando as regras estabelecidas por Deus para ele, Sansão estava desprezando sua aliança com o Senhor. Por semelhante modo a igreja contemporânea está crescendo, se tornando forte e desprezando sua aliança com Aquele que tem lhe dado tanto o crescimento como a força. A igreja desses dias tem-se feito tão forte que está em todas as dimensões da sociedade, hoje é possível até mesmo encontrar uma bancada chamada evangélica no poder legislativo, hoje a igreja está no governo, na mídia, nas cátedras, nas universidades, nos veículos de formação de opiniões e nos canais sociais de maior influência. Tanto financeira como socialmente, a igreja evangélica é forte. Mas do mesmo modo que Sansão, a igreja tem-se mostrado fraca na única área em que ser fraca significa ser reprovada: no cultivo da sua aliança com Deus.
3. Sansão e a igreja têm em comum as extraordinárias manifestações de Deus, mas ambos falharam com relação ao temor do Senhor.

“E depois de alguns dias voltou ele para tomá-la; e, apartando-se do caminho para ver o corpo do leão morto, eis que nele havia um enxame de abelhas com mel.
E tomou-o nas suas mãos, e foi andando e comendo dele; e foi a seu pai e a sua mãe, e deu-lhes do mel, e comeram; porém não lhes deu a saber que tomara o mel do corpo do leão”. (Juízes 14.8-9).

“Todos os dias do voto do seu nazireado sobre a sua cabeça não passará navalha; até que se cumpram os dias, que se separou ao SENHOR, santo será, deixando crescer livremente o cabelo da sua cabeça. Todos os dias que se separar para o SENHOR não se aproximará do corpo de um morto”. (Números 6:5-6).
Sansão foi um homem fora do comum, sua força era extraordinária, seu chamado visava à realização de uma missão estupenda, Deus lhe deu as características de um herói. Ele era o tipo de homem que facilmente vira mito. Um homem que se destaca no meio de todos os demais. Um homem fora do comum e muito acima da média. Poucas vezes na história, um homem matou um exército sozinho, mas nenhuma vez nenhum homem fez tal proeza sem ter uma espada ou uma arma mortífera nas mãos, exceto Sansão!
Sansão foi alvo e instrumento de grandes, extraordinárias e inéditas realizações da parte de Deus, mas falhou em relação ao temor que devia cultivar para com Deus. Temor a Deus é o reconhecimento e o respeito requeridos para se ter um correto relacionamento com o Senhor. Em muitos sentidos a igreja cristã dos dias vigentes está naquilo que pode ser chamado de apogeu, o ponto mais alto. De fato, em muitos aspectos temos galgado posições nunca antes experimentadas. Movimentos de estrema relevância para a fé cristã como o pentecostalismo, o despertamento para missões, o enriquecimento dos cofres evangélicos, o cada vez crescente número de vocacionados treinados nos seminários teológicos, a aceitação em massa das canções cristãs nos lares e círculos sociais seculares, enfim, são incontáveis os meios por onde a igreja de hoje tem repercutido. Temos canais de televisão, temos gráficas e editoras, temos incontáveis números de templos, temos mais teólogos do que já tivemos em toda a história da cristandade. Com todo esse arsenal teológico, com tantos obreiros se preparando para colher os campos brancos, com tantos cantores se espalhando pelos recônditos da nação, com tanta gente que se declara missionários e missionárias, era para termos a geração mais santa perante Deus desde os dias apostólicos. Mas por que não somos? Por que as incontáveis e incontestáveis maravilhas que testemunhamos não fazem de nós um povo íntimo de Deus e realizado nos seus planos? Talvez a resposta para estas perguntas seja a falta de temor a Deus. Essa ausência de temor ao Senhor se coloca como emblema da nossa época.
Quando falta o temor do Senhor, tudo mais que a igreja faz, se torna insípido aos olhos de Deus. Não importam quantas e quais sejam as obras da igreja, sem o temor requerido por Deus, elas perdem totalmente seu valor. Não basta ter obras de serviço para Deus, o temor ao seu nome deve respaldar tudo o que fazemos para Ele. Fazer uma obra para Deus sem o devido temor é como encher um saco furado de ouro, ou seja, embora o saco seja cheio com algo de grande valor, facilmente se perde e, consequentemente a ação se torna inútil.
Sansão não tinha medo de lutar, mas não cultivava o temor para com Aquele que lhe garantia a vitória nas batalhas. Batalhar não era difícil para Sansão, ele o fazia com maestria e constantemente.
Sansão foi o precursor de uma prática hoje fortemente difundida: a dissociação entre fazer algo para Deus e o ser algo para Deus. A ótica de Deus considera aprovado um homem que se torna obreiro e depois faz a obra. Dentro das sociedades, o individuo primeiro é aprovado em um curso, um concurso ou uma eleição para que depois, caso seja aprovado, possa exercer algo dentro daquela linha de trabalho. Mas os homens têm perdido generalizadamente o temor ao Senhor e como resultado disso têm feito a obra de Deus mesmo sem ser por Ele aprovados. Entre o saber fazer e o ser aprovado para fazer há uma diferença gritante. O temor a Deus nos aprova para fazer, e como resultado disso, fazemos, o oposto disso é uma perversão do curso por Deus estabelecido. Outra faceta da ausência do temor a Deus se revela quando a igreja faz algo supostamente para Deus, mas cujo real interesse é se autopromover e não promover a glória divina. Quando fazemos algo com o intuito de sermos elogiados e ovacionados pelos homens, quando miramos em nós os holofotes do serviço cristão, quando queremos aparecer mais do que a Deus nas obras que efetuamos para Ele, é sinal de que nosso nível de temor a Deus está no vermelho!
4. Sansão e a igreja confundiram ser usados por Deus com ser aprovado por Ele!

“Vendo, pois, Dalila que já lhe descobrira todo o seu coração, mandou chamar os príncipes dos filisteus, dizendo: Subi esta vez, porque agora me descobriu ele todo o seu coração. E os príncipes dos filisteus subiram a ter com ela, trazendo com eles o dinheiro. Então ela o fez dormir sobre os seus joelhos, e chamou a um homem, e rapou-lhe as sete tranças do cabelo de sua cabeça; e começou a afligi-lo, e retirou-se dele a sua força.

E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. E despertou ele do seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como dantes, e me sacudirei. Porque ele não sabia que já o SENHOR se tinha retirado dele.” (Juízes 16:18-20).
É extremamente comum ver pessoas que confundem sua instrumentalidade sobrenatural com a aprovação de Deus. Certamente esse foi um dos sentimentos que Sansão nutriu em seu coração quando era usado por Deus mesmo quebrando sua aliança com Ele e transgredindo seu voto de nazireado. O fato de Deus continuar usando Sansão para grandes feitos, o fez crer que Deus não se importava com sua vida totalmente errada e desregrada. Sansão tocou em coisas mortas e ainda assim era capacitado pelo Espírito Santo, bebeu de um vinho não apropriado para um nazireu, e continuou sendo usado por Deus para exterminar os filisteus. Todas essas transgressões não punidas geraram em Sansão um sentimento de autossuficiência, certeza da aprovação divina para seus atos e por isso não se arrependeu e nem suplicou o favor divino para renovar seu voto e restaurar sua aliança.
Semelhantemente tem ocorrido com a igreja cristã desta época. Ela tem rejeitado seus valores fundamentais como igreja cristã e pelo fato de ainda assim está sendo usada e desfrutando de crescimento numérico, fortalecimento financeiro, apoio do meio secular, veio a acreditar que Deus a está aprovando e que as grandes conquistas do presente se constituem num selo de confirmação sobre ela.
Lembremo-nos de Balaão, o profeta mercenário que foi usado por Deus para abençoar o povo israelita, mas que nunca foi aprovado pelo Senhor na sua conduta. Ser usado, ser ousado, ter um grande desempenho na sua obra, ter sucesso em seu ministério. Tudo isso se constitui no alvo que todo ministro quer atingir. Isso não é ruim, aliás, é muito bom. Sansão obteve todas essas dádivas em seu ministério como juiz de Israel. Foi esplendorosamente usado por Deus em suas batalhas, obteve um sucesso nunca antes visto pelos homens, teve um ministério cuja exclusividade o tornou ímpar. Jamais se viu novamente um ministério como o desse gigante. Mas apesar de tantas vitórias incomuns em sua vida e ministério Sansão nunca atinou para um princípio divino de grande importância: ser usado por Deus não quer dizer ser aprovado por Ele! Deus usou Sansão para um propósito que não podia ser frustrado . Os desvios de Sansão o tornaram inapto para ser um homem segundo a vontade de Deus, mas não o tornaram inapto para levar a cabo a obra para a qual Deus o havia chamado.
Do mesmo modo, temos assistido a igreja nestes dias confundindo sua instrumentalidade estupenda com a aprovação de Deus. Nem sempre o fato de Deus usar uma pessoa quer dizer que Ele a aprova. Isso pode ser comprovado por personagens bíblicos como Balaão, por exemplo, ele foi usado pelo Senhor para abençoar ao povo israelita . Mas o próprio Jesus disse que o odiava . Outro exemplo irrefutável desta verdade é quando Deus usa a Ciro, um homem pagão, para libertar seu povo do cativeiro , Deus chega a chamar Ciro de seu pastor e alega até mesmo que Ciro é seu ungido , guiado pela própria mão de Deus para libertar seu povo . Sem dúvida alguma Ciro foi usado para cumprir um gigantesco plano de restauração do povo escolhido, mas não registros de sua conversão ao Senhor.
O fato de este homem ter recebido uma decisiva missão de Deus não quer dizer que o Senhor o aprovava nas suas práticas religiosas pagãs e abomináveis. Também nós não podemos incorrer no erro de achar que por sermos muito usados somos muito aprovados. Uma coisa não prova a outra. Embora o desejo de Deus seja nos aprovar para depois nos usar, nem sempre é possível encontrar pessoas cujas vidas condigam com suas exigências ou perfil do servo aprovado. Mas seus planos não podem ser frustrados nem sua obra impedida, mas todos igualmente darão contas de si mesmos a Deus no Dia da sua vinda. Naquele grande Dia ninguém será absorvido ou condenado pelo nível de instrumentalidade que recebeu, mas pela presença ou ausência de vida no altar de Deus. Jesus afirmou que muitos chegarão diante Dele confiando no grau de intensidade que trabalhou para Ele e não na sua entrega total a graça de Deus. E a estes Ele dirá que não conhece; não como servos. Como amigos ou filhos.
5. Coloca-se o tempo todo sob o jugo de desigualdade.

“E depois disto aconteceu que se afeiçoou a uma mulher do vale de Soreque, cujo nome era Dalila. Então os príncipes dos filisteus subiram a ela, e lhe disseram: Persuade-o, e vê em que consiste a sua grande força, e como poderíamos assenhorear-nos dele e amarrá-lo, para assim o afligirmos; e te daremos, cada um de nós, mil e cem moedas de prata. Disse, pois, Dalila a Sansão: Declara-me, peço-te, em que consiste a tua grande força, e com que poderias ser amarrado para te poderem afligir”. (Juízes 16:4-6)

Sansão apesar de ser um homem eleito e capacitado por Deus para fazer uma grande ação, teve dificuldade em manter o foco tanto da sua missão quanto da sua fé. A narrativa de Juízes 13-16 informar-nos que Sansão parecia apreciar as futilidades da vida. Ele não parecia estar muito satisfeito com sua chamada e vocação. A biografia de Sansão mostra-nos um homem vitima de uma vocação que parecia não ser do seu agrado. Embora qualquer jovem hebreu no seu perfeito juízo ambicionasse mais do que qualquer outra coisa ser um juiz, profeta, rei ou sacerdote, a escolha para tais projetos repousava apenas na soberania divina. Mas mesmo tendo tamanha missão e tão grande privilégio, Sansão não demonstrava ter qualquer zelo por isso.
A igreja dos nossos dias não tem agido muito diferente disso. Deus tem chamado homens e mulheres para fins determinados e estes tem buscado agregar a sua vocação coisas outras que só os afasta do cerne de sua chamada. Quando Deus chama uma determinada pessoa para o pastoreio ou qualquer outra função ministerial, se faz necessário se afadigar ao máximo para prestar com excelência os serviços sagrados. Tanto o Antigo quando o Novo Testamento trazem determinações divinas para que os ministros fossem sustentados pelo próprio ministério para evitar serviços prestados sem a devida qualidade e excelência devidos a Deus. Mas muito dos lideres cristãos se candidatam a cargos políticos e ainda utilizam as nomenclaturas destinadas apenas ao exercício sagrado para barganhar votos e favores.
Tal como Sansão costumeiramente fazia, os ministros cristãos destes dias abraçam jugos desiguais e com isso acabam por fragilizar o reino de Nosso Senhor. A expressão jugo desigual traduz o significado de fazer parcerias com gente que não é da mesma fé ou que vive num estilo de vida totalmente contrário ao seu. Ao fazer parcerias ou jugos desiguais com pessoas que não professam a mesma fé que ele, o ministro se alia ao próprio inimigo, uma vez que quem conosco não ajunta, certamente irá espalhar!
6. Gigante, mas sem visão.
“Então os filisteus pegaram nele, e arrancaram-lhe os olhos, e fizeram-no descer a Gaza, e amarraram-no com duas cadeias de bronze, e girava ele um moinho no cárcere. E o cabelo da sua cabeça começou a crescer, como quando foi rapado. Então os príncipes dos filisteus se ajuntaram para oferecer um grande sacrifício ao seu deus Dagom, e para se alegrarem, e diziam: Nosso deus nos entregou nas mãos a Sansão, nosso inimigo”. (Juízes 16:21-23).
Sansão era um gigante em muitos aspectos. Primeiro por que era portador de uma força descomunal. Segundo que ele era parte de uma missão extremamente importante. Terceiro seu nascimento ocorreu de um modo espetacular. Quarto, o inimigo por causa de quem ele foi levantado, era um dos povos mais fortes da terra naqueles dias. Então, embora a Bíblia não faça referência à estatura física de Sansão, tanto sua missão quanto sua capacitação para desempenhar a grandiosa obra que tinha diante de si, faziam dele uma figura especial e destacável, em outras palavras faziam dele um gigante.
Narra-se um ditado que diz que se o elefante conhecesse sua verdadeira força, jamais deixaria que o dominassem. Sansão na verdade tinha conhecimento da sua força, mas não tinha a visão correta para utilizá-la.
Segundo dados do IBGE em 2020 os evangélicos serão a maioria no Brasil. Talvez esse dado tenha solidez julgando pela velocidade com que o número de evangélicos tem aumentado. O povo evangélico é um gigante em nossa nação, disso não há dúvida. Mas que valor tem um gigante que cresce e se torna forte se ele por outro lado está cego. O maior papel de um gigante é ser forte para derrotar inimigos e estabelecer a causa pela qual vive. Qual é a causa da igreja contemporânea? Será que a nossa causa é ser mais forte financeiramente? Ter templos abarrotados de pessoas? Ter representatividade em todas as esferas da sociedade? Influenciar a política e as leis do país? Tudo bem que defendamos os direitos humanos dos indivíduos e gritemos contra as corrupções que castigam a nação, mas e porque silenciamos contra a corrupção que oprime a própria igreja?
Somos um gigante com voz, mas sem visão. Aumentamos todos os dias, consagramos pastores e mais pastores o tempo todo, arrecadamos milhões ou mesmo bilhões todos os anos, mas qual diferença fazemos além de sermos uma religião que contagia as pessoas? Do que adianta contagiar pessoas se a causa não é aquela que o fundador da igreja pregou? É bem verdade que a igreja evangélica é um gigante, mas sem visão.
Somos um gigante, mas sem direção. Jesus disse que se a justiça da igreja não exceder a justiça daqueles que são apenas religiosos, de modo algum a igreja entrará no céu . Pesquisas feitas em dias recentes apontam que os políticos evangélicos são bem mais corruptos do que os políticos católicos ou aqueles que não têm nenhuma religião. Dados adquiridos pelos órgãos de pesquisas do governo apontam que grande parte dos jovens brasileiros está aderindo à fé evangélica. Segundo o Instituto de Pesquisas Data Popular quase 40% dos jovens brasileiros entre 16 e 24 anos são evangélicos.
Mas ao contrário do que se espera a sociedade não está melhorando os seus padrões no que diz respeito à implantação dos valores do evangelho, ou seja, as pessoas não estão se tornando mais justas, mais amorosas, mais confiáveis e nem mais piedosas. Então qual valor esse crescimento possui? Será que possui algum?
7. Um espetáculo ao mundo.

“E sucedeu que, alegrando-se-lhes o coração, disseram: Chamai a Sansão, para que brinque diante de nós. E chamaram a Sansão do cárcere, que brincava diante deles, e fizeram-no estar em pé entre as colunas”. (Juízes 16:25).

Após ser capturado, ter seus olhos vazados e estar amarrado a um moinho como um animal ou um escravo, Sansão se tornou um espetáculo. Seus inimigos que também eram inimigos de Deus marcaram uma grande festa onde o assistiriam como um palhaço rodando um moinho. O mito de Israel, o homem mais forte do mundo, aquele que com um simples osso de uma carcaça matava centenas de pessoas, o herói invencível. Agora todos esses clichês faziam parte do passado. Quem não gostaria de ver um leão que devorou dezenas de pessoas agora ser dominado por uma pessoa qualquer sem que esta pessoa tenha sequer um chicote na mão? A casa encheu para vê-lo. Sansão o espetáculo do dia. Hoje tem: “o herói que virou palhaço”. O último estado de Sansão trouxe escândalos o nome do Deus de Israel e vergonha para a nação hebreia.
O juiz levantado por Deus se tornou num mero palhaço sem forças e sem um propósito na vida. Falhou em sua missão e acabou derrotado pelos seus inimigos. Preferiu andar por seus próprios planos e não pelos planos de Deus e acabou sendo presa fácil para seus oponentes.
Não diferente disso, a igreja cristã contemporânea tem se tornado um espetáculo ao mundo. Um espetáculo vergonhoso para o nome e para o sacrifício de Jesus Cristo. Temos assistido a mídia divulgar os mais terríveis escândalos envolvendo os supostos homens de Deus, os supostos pastores, os supostos apóstolos. Quando um escândalo envolvendo um suposto cristão cai na mídia, todos voltam os olhos para a igreja e dizem: “ele não era crente?” e todos os demais cristãos caem em descrédito. As pessoas esperam ver a igreja como a comunidade dos santos, como os filhos de Deus remidos, como o povo que faz a diferença. Mas quando vê o oposto, elas perdem a confiança na igreja, nos ministros, na Bíblia e na possibilidade de salvação.
8. Uma razão de alegria para o inimigo.
“E sucedeu que, alegrando-se-lhes o coração, disseram: Chamai a Sansão, para que brinque diante de nós. E chamaram a Sansão do cárcere, que brincava diante deles, e fizeram-no estar em pé entre as colunas”. (Juízes 16:25).
A inevitável consequência da decadência de Sansão serviu de alegria para seus inimigos. Seus olhos perfurados encheram de empolgação os olhos dos adversários. Suas dores e limitações se tornaram em razão de festa para os filisteus. Sua queda sinalizou o triunfo do seu rival. O mesmo Sansão que antes amedrontava o inimigo, agora servia-lhe de diversão.
Será que o inimigo da igreja, satanás, não tem da mesma forma que os filisteus, desfrutado de grande alegria por ver a Igreja de Deus sendo dia após dia marginalizada pela força do pecado e moldada pela forma do mundo? Será que o adversário não tem alcançado vitória sobre crentes que se dizem servos de Deus, mas vivem suas vidas de modo indiferente, displicente e desprovido de santidade?
9. Acha que tem a plenitude do Espírito pelo fato de ter alcançado grandes vitórias.

Sansão incorreu em um dos equívocos mais comuns em nossos dias: o equívoco de pensar que é cheio do Espírito divino pelo fato de ter alcançado vitórias incomuns. De fato a igreja contemporânea assim como Sansão, tem sido alvo de conquistas estupendas na sua capacidade de abrangência. Países fechados tem-se aberto para o evangelho e mesmo aquelas nações que não se abrem ao evangelho, tem sido impactada pelo poderoso evangelho de Cristo, ainda que em meio à perseguição. Tal como Sansão, a igreja contemporânea tem sido usada para o cumprimento de grandes projetos de Deus, embora ela esteja na sua maior expressão se tornado insípida e de irrelevante influência nas nações com maior tolerância.
CONCLUSÃO
A maior vitória de Sansão consistiu em morrer junto com o inimigo. Do ponto de vista governamental Sansão exerceu seu ministério com brilhantismo e valentia, uma vez que cumpriu tecnicamente o propósito de sua existência. Mas no ponto de vista teológico que é o de maior valor para nós, ele foi um fiasco. Sim ele derrotou os filisteus, mas para isso teve que morrer. A morte ultrajante de Sansão não estava incluso no seu chamado divino. Os juízes que o antecederam tinham semelhante missão e eles cumpriram cabalmente o propósito determinado por Deus, sem, contudo, precisarem padecer junto com o inimigo. A morte de Sansão não foi encomendada por Deus, mas foi consequência inevitável de seus muitos erros. Deus usou Sansão para destruir o povo filisteu, mas não usou a desgraça dos filisteus para matar Sansão.
Neste texto cujo objetivo reside em mostrar que Sansão é um tipo da igreja contemporânea, queremos destacar que o incidente ocorrido a Sansão se constitui num grande risco que a igreja da atualidade corre. Depois de muitos desvios do foco central da sua fé, Sansão acabou por cair nas ímpias mãos do adversário. O plano de Deus que consistia em aniquilar o povo pagão que atormentava a nação hebreia, não podia ser frustrado, mas isso não quer dizer que Deus inocentaria Sansão sem que este buscasse conserto e conversão. Sansão teve que enfrentar uma humilhante morte, pois este é o salário da impiedade dos homens quer tenham eles um chamado, quer não. Os planos de Deus não se frustram, mas os instrumentos podem se perder por não se conservarem aprovados. Que Deus poupe a igreja contemporânea de um final trágico como o de Sansão.
*José Rosivaldo. Missionário formado pela JOCUM – Jovens Com Uma Missão, uma organização cristã missionaria que atua em todas as nações do mundo. + artigos
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