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segunda-feira, 16 de maio de 2022

Mulheres protestam em Cabul contra imposição do véu integral

16.05.2022

Do portal CPAD NEWS,10.05.22

Por

Mulher usando o véu.

Cerca de 12 afegãs, a maioria com o rosto descoberto, protestaram nas ruas de Cabul, nesta terça-feira (10), contra a decisão do regime talibã de tornar obrigatório o uso do véu integral em público para as mulheres. Elas conseguiram caminhar por 200 metros antes de serem dispersadas por talibãs, que obrigaram a imprensa a deixar o local.

O governo publicou um decreto no sábado (7), aprovado pelo líder supremo talibã e do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, que ordena às mulheres que se cubram da cabeça aos pés, incluindo o rosto, quando estão em público.

Conforme a tradição, os talibãs afirmaram que preferem a burca, véu integral normalmente de cor azul que cobre integralmente as mulheres e tem uma grade na altura dos olhos. Mas explicaram que outros véus, que deixam apenas os olhos descobertos, também serão aceitos.

Eles pediram para “que permaneçam em casa”, as mulheres que não tiverem um motivo essencial.

Na capital do país, o decreto não surtiu efeito imediato e muitas mulheres continuam caminhando pelas ruas com o rosto descoberto. Várias ativistas foram detidas e as manifestações são cada vez mais escassas.

Com informações: R7 e AFP / Foto: Pixabay (10.05.22)

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Fonte: https://www.cpadnews.com.br/mulheres-protestam-em-cabul-contra-imposicao-do-veu-integral/

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Líder muçulmano admite que escrituras do islamismo pregam violência e morte a cristãos e judeus


07.05.2019
Do portal GOSPEL MAIS, 02.06.2017


Um debate entre duas lideranças muçulmanas na Austrália teve um desfecho inesperado, com um deles afirmando que as escrituras sagradas do islamismo incentivam a prática da violência contra os que não seguem a religião.

O ponto de partida do debate foi o atentado terrorista ocorrido em Manchester, quando um jovem extremista muçulmano explodiu uma bomba no final do show da cantora pop Ariana Grande, matando 22 pessoas e ferindo dezenas.

O imã Mohammad Tawhidi e o acadêmico Dr. Jamal Rifi, ambos muçulmanos, eram convidados de uma emissora de TV australiana, falando sobre a radicalização dos seguidores de Maomé nascidos no Ocidente. A Austrália tem registrado casos de extremismo muçulmano nos últimos meses, após a chegada de imigrantes árabes e africanos.

Ambos condenaram o terrorismo, mas Jamal Rifi adotou a postura “politicamente correta” já conhecida, afirmando que os casos de extremismo são isolados e não refletem o ensino da religião, e sim, uma visão deturpada do corão.

Surpreendentemente, o imã Tawhidi seguiu um caminho inédito, ao admitir que os princípios do islamismo são baseados no extremismo: “Há um grande número de jovens que estão se radicalizando. Isso acontece por causa dos livros e das Escrituras Islâmicas que nós temos. Eles incentivam a juventude muçulmana a sair matando infiéis por aí a fim de ganhar o paraíso”, afirmou.

A tradução da conversa no programa foi feita pela página Tradutores da Liberdade, e tem repercutido de maneira forte no Facebook e demais redes sociais.

A contundência das afirmações do líder religioso muçulmano foi além, ao dizer que o extremismo é tão aberto que existem lojas na internet e também na cidade de Melbourne (Austrália) comercializando adesivos com a bandeira da organização terrorista Al-Qaeda, responsável, dentre outros, pelo ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001.

“Essas coisas podem ser compradas em qualquer lugar, até mesmo pela internet. Mas o problema é que se tem lojas vendendo esses itens abertamente, na maior cara de pau, criando essa atmosfera de jihad para jovens”, alertou.

O jornalista mediador chamou atenção para o comprometimento da comunidade islâmica com um bom relacionamento com as autoridades, mas o imã interrompeu lembrando que isso não tem sido suficiente para interromper a prática violenta. “Eu acho que as autoridades entenderam mal a situação. Essa relação não significa há controle sobre eles e que se pode prevenir um ataque”, contextualizou.


Tradição violenta

O líder religioso muçulmano ressaltou que sua visão se baseia no contexto atual e histórico: “Temos uma situação onde não se passa um mês sem que aconteça um ataque terrorista em algum lugar do mundo. Pelos 1.400 anos que se passaram [desde a fundação do islamismo], tivemos uma religião de guerra. São fatos”, frisou.


Na conclusão de seu raciocínio, explicou: “Como o Islã se espalhou da Arábia Saudita para a Indonésia e Bósnia? Foi tudo pela guerra. As Escrituras Islâmicas incentivam as pessoas a decapitarem os infiéis. Aquele que matou jovens em Manchester fez aquilo acreditando que iria jantar com o profeta Maomé naquela mesma noite”, garantiu.


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Fonte:https://noticias.gospelmais.com.br/lider-islamismo-prega-morte-cristaos-judeus-90692.html

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Teologia da prosperidade mata mais que islã radical, diz pastor perseguido

24.04.2017
Do portal GOSPEL PRIME, 21.04.17
Por Jarbas Aragão

Saeed Abedini denuncia que esse tipo de cristianismo causa muito mais danos à fé que a perseguição islâmica
Teologia da prosperidade mata mais que islã radical

O pastor Saeed Abedini, que passou mais de três anos presos no Irã por causa da sua fé, sendo torturado constantemente, de muitas maneiras se tornou um símbolo da igreja perseguida no Ocidente.
Após ser liberto, ele voltou a morar nos Estados Unidos, onde conduz um ministério voltado para denunciar a perseguição religiosa. Esta semana ele voltou a criticar os pregadores da prosperidade.
Usando as redes sociais, ele denunciou as igrejas que, segundo ele, são voltadas apenas para a performance de seus líderes. Argumentou ainda que esse tipo de cristianismo está causando muito mais danos à fé que o islamismo radical.

“A estrutura de muitos ministérios e igrejas é montada em torno de um palco para que os líderes se apresentem e nós temos que pagar o custo disso. Parece que os cristãos estão matando mais seus irmãos que o Islã”, disparou.
“Os muçulmanos radicais podem matar centenas de nós em atentados terroristas, mas esse tipo de cristianismo mata [espiritualmente] centenas de milhões de cristãos ao redor do mundo”, acrescentou.
Abedini escreveu ainda que o “Corpo de Cristo” tem dado ouvidos a muitos pregadores que estão envolvidos em “roubo, hipocrisia, adultério e anunciam o falso evangelho da prosperidade”.
Sem dar nomes, reiterou que esses “pregadores da prosperidade roubam o dinheiro da casa do Senhor”, e ainda chamam isso de “sucesso”. “Eles ficam com parte das doações para si, algo que ironicamente nem os fariseus dos tempos de Jesus faziam”.
O pastor iraniano acredita que “os cristãos de hoje não adoram a Deus como deveriam, porque são enganados por esse tipo de ensino moderno”.
Desde o início de abril, Abedini vem fazendo acusações contra diferentes pastores. Disse, inclusive, que algumas figuras conhecidas usaram sua história de perseguição para arrecadar fundos, mas não fizeram muito para ajudá-lo após sua libertação. Com informações Christian Post
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Fonte:https://noticias.gospelprime.com.br/teologia-da-prosperidade-mata-mais-que-isla-radical-diz-pastor-perseguido/

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Filme sobre perseguição aos cristãos é sucesso de bilheteria

29.08.2016
Do portal GOSPEL PRIME, 28.08.16
Por Jarbas Aragão

“The Insanity of God" vendeu mais ingressos que “Esquadrão Suicida” nos EUA

Filme sobre perseguição aos cristãos é sucesso de bilheteria 
O filme “The Insanity de Deus” [A Insanidade de Deus], que conta a história de perseguição aos cristãos em todo o mundo, não estará entre as maiores bilheterias do ano. Também não concorrerá ao Oscar no ano que vem. Mesmo assim, pode ser considerado um sucesso.
Baseado nas experiências de Nik e Ruth Ripken, cujo filho foi morto enquanto servia como missionário na África, o documentário entrevistou mais de 600 obreiros cristãos em 72 países. Ele mostra histórias de perseguição na África, Rússia, Ásia e Oriente Médio. Também revela como a igreja cristã continua crescendo mesmo sob grande pressão contrária.
O nome é uma referência ao que eles entendem ser, aos olhos humanos, uma “insanidade”. O diretor da LifeWay Films Trey Reynolds acredita que o longa poderá inspirar a igreja a orar mais pelos cristãos que são perseguidos. Ele também espera que o filme estimule os crentes a compreender a importância de se compartilhar o evangelho com outras pessoas enquanto há tempo.
“Eu olho para o que estes homens e mulheres passaram. Não negam a Cristo, mesmo quando sabem que isso pode lhes custar a vida”, ressalta Reynolds. “Sinto vontade de atravessar a rua para falar com o meu vizinho sobre Cristo e conversar com meus familiares que não são salvos. Essa é a pergunta que espero que as pessoas se façam: Jesus realmente vale a pena? Vou segui-lo por toda a minha vida, em quaisquer circunstâncias? ”
Devido a uma ação coordenada, na última quinta-feira (25), “The Insanity de Deus” chegou ao topo das vendas de ingressos no site especializado MovieTickets.com. Ele superou filmes de Hollywood como “Esquadrão Suicida”. O sucesso se explica por que igrejas fizeram compras coletivas, visando lotar os cinemas de fiéis.
O motivo é simples: o filme será exibido apenas um dia. Por causa das dificuldades de distribuição e falta de orçamento para divulgação, Reynolds explica que a estratégia visa causar impacto e gerar interesse de outras pessoas pelo documentário.
Raramente filmes com temática cristã são sucesso no competitivo mercado de cinema. “The Insanity de Deus” vai ser exibido nos cinemas norte-americanos somente na terça, 30 de agosto.
Serão 530 salas de exibição, enquanto a média de uma superprodução é mais de 2.000. No mês seguinte estará disponível para download e nos formatos DVD e Blu-Ray. Não há previsão para sua chegada ao Brasil. Com informações de Christian Examiner
Assista ao trailer:
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Fonte:https://cinema.gospelprime.com.br/the-insanity-of-god-sucesso-bilheteria/

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Ex-muçulmanos convertidos ao Evangelho dizem que o islamismo é violento em sua essência

22.11.2015
Do portal GOSPEL MAIS, 19.11.15
Por Tiago Chagas

Ex-muçulmanos convertidos ao Evangelho dizem que o islamismo é violento em sua essênciaA ofensiva radical muçulmana protagonizada pelo grupo terrorista Estado Islâmico reacendeu as animosidades do mundo ocidental em relação à crença seguida pela maioria dos árabes e o debate sobre a natureza das doutrinas pregadas pela religião.
Embora muitos muçulmanos – e até a própria mídia – classifiquem as ações do Estado Islâmico, e de outros grupos, como Boko Haram e al-Qaeda, como resultado de uma interpretação equivocada do alcorão, a impressão é que a mensagem de paz que estaria presente no livro sagrado muçulmano é ofuscada pelas retaliações propostas pela própria religião.
Nesse contexto, dois vídeos de depoimentos de ex-muçulmanos convertidos ao Evangelho vêm sendo bastante compartilhados nas redes sociais, por causa do teor de suas avaliações a respeito do islamismo.

Assista:

Em um deles, Nabeel Qureshi, conta que foi educado no islamismo desde a infância, e que sempre aprendeu a mensagem de tolerância da religião, porém, ao estudar o tema a fundo, descobriu que o livro sagrado prega a destruição de judeus e cristãos.
“Existem pessoas como as do grupo ao qual eu pertencia no islã, que dizem que esta é uma religião de paz. O slogan do nosso grupo no islã era: ‘Amor para todos, ódio para ninguém’. […] Quando eu vi [o atentado de] 11 de setembro acontecendo e aqueles prédios sendo derrubados, minha resposta foi: ‘Como isso pôde acontecer em nome da minha fé?’ […] Foi a partir deste momento que passa a investigar esse assunto a fundo. Comecei a conversar com amigos e eles me disseram: ‘Existem capítulos no Corão que são bastante violentos, como por exemplo o capítulo 9:5’ […] Quando comecei a investigar, realmente acreditava que o contexto era de batalhas defensivas no alcorão. Mas quanto mais eu investigava, mais eu percebia que simplesmente não era o caso. O capítulo 9 do Corão é o mais violento. Fala sobre o arrependimento. É o mesmo capítulo que diz: ‘Combatei os judeus e cristãos, até que eles paguem, humilhados, o tributo (9:29)’”, relatou.
Para Nabeel, o alcorão deixa claro que a jihad é uma instrução da religião a seus fiéis, e conta, inclusive, com “justificativas” que convencem quem se converte a ela: “Quem diz que o islã é pacífico, não o investigou a fundo”, crava. 
Maomé genocida? 

Em outro vídeo, gravado pelo ex-muçulmano convertido ao Evangelho conhecido como “irmão Rachid”, ele explica que a violência é intrínseca à religião, desde sua origem. 

Whatsapp Compartilhar Rachid, que se apresenta como filho de um imã (líder religioso muçulmano de alta hierarquia) e mestre em ciências da religião, conta que ao longo de sua jornada, Maomé matou centenas de homens num único dia, além de ter entre suas esposas, mulheres judias que ele havia sequestrado durante um ataque a uma comunidade judaica. 

Confira:


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Fonte:http://noticias.gospelmais.com.br/islamismo-violento-essencia-ex-muculmanos-80312.html

domingo, 14 de junho de 2015

Teorias sobre a Origem – Deixando de lado

14.06.2015
Do portal GOSPEL PRIME
Por Alan Lohse

Teorias sobre a Origem – Deixando de ladoQueria falar um pouco sobre as teorias de origem, tanto do Universo quanto da vida. Apesar de serem ensinadas como a verdade absoluta, não passam de teorias que nunca foram provadas.

A teoria de origem do Universo, mais conhecida como Big Bang, não poderia ser considerada de origem, pois não explica a origem de tudo em si. Esta teoria foi originalmente criada de acordo com dados astronômicos que revelam que as galáxias estão se afastando de um ponto inicial. O ponto inicial, que seria uma singularidade, ou seja, toda a massa do Universo concentrada num único ponto bem pequeno, se expandiu, mas ninguém sabe de onde essa massa saiu.

A teoria de fato não consegue explicar com clareza como as partículas existentes hoje se formaram. Mas deixando isso de lado, há também o problema da massa total que há no Universo não ser o suficiente para produzir a expansão da forma a confirmar os dados astronômicos atuais. Cerca de 60% da massa do universo é faltante.

Por isso, para a teoria continuar a existir, precisaram criar uma matéria imaginária que ninguém sabe onde foi parar, chamada matéria escura. Tal matéria nunca foi vista, mas insistem que está lá… tenhamos fé. Atribuem fenômenos estranhos como o fato das galáxias estarem se afastando à também sumida energia escura. Outra explicação tirada da cartola de algum cientista.

Mas vamos fingir que tudo isto funciona, e também vamos deixar isto de lado. Logo vem a pergunta. Se no início era uma singularidade, o que havia antes? O universo se contrairia e depois se expandia em um ciclo infinito? Na verdade, o fato das galáxias estarem se afastando cada vez mais rápido parece não confirmar isto.

E hoje sabem que os buracos negros não são tão estáveis e perdem energia emitindo raios-x até se desintegrarem, não veríamos um buraco negro engolir outro até voltarmos a singularidade inicial. Então, se havia uma singularidade até certo dia, por que ela expandiu de repente? Alguns cientistas dizem que na singularidade do Big Bang não faz sentido falar em antes, porque o tempo não existia.

Mas se o tempo não existia, então o estado inicial seria imutável e nunca haveria expansão nem mudança alguma. Porque a “força” que faz tudo mudar é o tempo. Se alguma coisa ou alguém fez com que mudasse, ele não poderia estar na própria singularidade.

Deixando também isto de lado, vamos então nos perguntar “Porque o universo tem esta quantidade de matéria, porque as leis da física são assim?” O nosso universo existe nesta forma e isto é um fato. Mas qual a possibilidade de existir um universo ordenado como o nosso e com esta massa e leis da física? A quantidade de possíveis universos desordenados é infinitamente maior do que a de universos ordenados.

Então a possibilidade de que um universo como o nosso existisse é de 1 para infinito, ou seja, ZERO. Não há possibilidade de um universo ordenado existir por acaso. Seria como se eu jogasse toras de madeira aleatoriamente de cima de uma plataforma e construísse embaixo uma casa com as toras que eu joguei.

Mesmo com toda a impossibilidade de um universo ordenado existirem ao acaso, vamos nos perguntar como surgiu a matéria, de onde ela veio? Existem duas explicações, segundo os físicos. Uma é que as flutuações de energia no espaço vazio criariam matéria. Mas flutuações de energia só podem ocorrer onde há campos, elétrico, magnético, gravitacional etc.

E só podem existir estes campos onde há matéria. Se inicialmente não havia matéria, o que produziu os campos? Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Mas mesmo assim vamos nos esforçar para acreditar nisso.  E se isto é verdade e o universo sempre existiu, segundo estas teorias, estaríamos sempre observando a produção de matéria.

Imagine que a matérias vem sendo produzida desde tempos infinitamente anteriores, hoje estaríamos com uma quantidade infinita de matéria, o que contraria a realidade de que temos uma quantidade limitada de matéria no universo. Há também a outra teoria que diz que o Big Bang foi produzido pela colisão de duas P-Branas. Duas P-Branas seriam as “membranas” que separam grupos de dimensões na teoria de cordas.É razoável dizer que deveriam ocorrer outras colisões como essa desde tempos infinitamente antigos e deveriam ter ocorrido infinitos Big Bangs, também produzindo uma quantidade de massa infinita. Não há como explicar a existência da matéria e nem porque o Universo existe na forma como é hoje com estas teorias.

Vamos pensar agora nas teorias de origem da vida. A teoria que todo mundo conhece e é amplamente aceita é a teoria da evolução das espécies de Darwin. Esta teoria quando foi lançada não explicava como ocorriam as mutações e nem como surgiu a primeira forma de vida. Mas deixando isto de lado, com o tempo outros cientistas foram aumentando a teoria até chegar ao que é hoje. Para explicar como surgiu a primeira célula, os cientistas fizeram um experimento, a experiência de Miller e Urey.

Eles colocaram alguns gases que eles imaginaram existir na Terra naquela época remota em que não havia vida ainda. Metano, CO2, hidrogênio, amônia e água, sem oxigênio, oxigênio faria tudo dar errado, esses são os gases que estariam na atmosfera. Em uma parte a água ficava em ebulição e em outra gerava faíscas elétricas.

O experimento deveria produzir, segundo a teoria, moléculas orgânicas. A experiência foi um fracasso, não foram produzidas as moléculas orgânicas, aí então eles introduziram moléculas orgânicas (colocando um substrato de argila que contém moléculas orgânicas) e deu certo, apareceram alguns aminoácidos. Mas depois de conseguir uns poucos aminoácidos concluíram que a primeira célula se formou assim.

Sabe-se que a proteína mais simples contém cerca de cem aminoácidos, e em algumas a ordem dos aminoácidos muda tudo, mas vamos deixar isso de lado também. A célula precisaria de um DNA que fizesse algum sentido, a capacidade de se autocopiar e uma membrana lipoproteica, fora outras organelas que desempenham papeis essenciais nas células e tudo isto bem próximo, porque se o DNA surgisse aqui e a membrana na China, acho que não daria certo.

De acordo com o livro “A Caixa Preta de Darwin”, para que houvesse uma possibilidade de 50% disso ocorrer precisaríamos de mais tempo do que a idade do universo (segundo a teoria do Big Bang aproximadamente 14 bilhões de anos).

Mas tudo bem, podemos deixar isso de lado também. Vamos ver a figura abaixo.

Esta imagem é como um ícone da teoria da evolução. Mas o que muita gente não sabe é que estes caras na foto não têm nenhum parentesco. Exames de DNA mitocondrial já provaram que os ditos bibi-bisavôs dos homens não eram seus parentes, ou seja, tem origem diferente. O homo sapiens deve ter sido adotado por algum macaco e ninguém contou a ele que ele era adotado.

Mas deixando também isto de lado, vamos ver se houve alguma evolução. A teoria diz que vão ocorrendo pequenas mutações e que com muito tempo novas espécies são produzidas. Mas existem vários mecanismos biológicos que não podem ser produzidos por pequenas mudanças ao acaso.

Os mamíferos são um grande exemplo. Não é possível o mecanismo mamário funcionar sem que tenhamos 3 coisas. A mama que produz leite, o filhote com boca que possa sugar e o reflexo instintivo para mamar. Não há possibilidade das três coisas evoluírem juntas ao acaso por pequenas mudanças aleatórias e depois formarem este mecanismo.

Este é apenas um dos casos em que mecanismos biológicos não podem ser explicados, existem milhares. Uma das coisas que a teoria diz é que quando há grandes mudanças no ambiente novas espécies são produzidas. Desde que o homem apareceu na Terra, nada produziu tantas mudanças quanto ele, mas nunca observamos nenhuma nova espécie.

Mas deixando isso de lado… bom, melhor deixar todas estas teorias de lado. A matéria do Universo não poderia ter se autocriado, a vida não poderia ter surgido ao acaso. A verdade é que o Universo foi criado. A ciência moderna erra ao descartar esta hipótese. Esta explicação, a criacionista, é a melhor explicação para a existência de um universo com ordem e onde existe vida.

Alguém criou isso tudo. Não estou apenas transferindo a pergunta para “se alguém criou, quem criou este Criador?” Afirmar que o universo foi criado, responde a questão, apenas perde-se o controle de determinados pontos da teoria. E da mesma forma que nada se poderia afirmar sobre o universo antes do Big Bang, não se pode afirmar muito sobre o Criador, mas podemos tirar algumas conclusões.

E este Criador não poderia ter feito tudo isto sem uma inteligência incrivelmente superior a tudo o que conhecemos. Sabemos também que onde há inteligência também há consciência e, porque não, sentimentos. E ainda, ninguém se daria a tanto trabalho sem um propósito ou por mera distração.

Da teoria do Big Bang só podemos tirar as conclusões de que no final nada do que fazemos importa, todo o conhecimento, culturas será perdido e toda a vida vai cessar de existir um dia. Porém, ao contrário do Big Bang, o Criador pode se dar a conhecer às suas criaturas, revelando o que Ele quiser a elas. Assim, uma parte do que sabemos vem do que vemos e outra nos é revelada. Mas qual das revelações é a verdadeira?

É verdade que várias religiões criaram seus deuses, mas na maior parte não eram criadores. Por exemplo, os deuses da mitologia grega não eram criadores. Na verdade, muito poucas mitologias possuíam um deus criador. Mas aqui não estamos falando de mitologia, mas de alguém que realmente existe e criou tudo.

Quais são os atributos do Criador? Ele deveria existir antes do próprio Universo, assim descartamos revelações que falem que Deus faz parte do Universo; Precisa ter muita inteligência e meios para criar tudo; Outro atributo importante, o de ser Um. Porque se fossem vários seria de se esperar que houvessem conflitos de escala celestial aqui na Terra.

E a revelação que procuramos é aquela onde um Deus Criador se revela, por isto vamos descartar aquelas que não têm um Deus com os atributos que listei acima. Existem hoje três religiões onde é apresentado um Deus Criador. O Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. O Judaísmo e o Cristianismo têm a mesma escritura, com a diferença que o segundo possui o Novo Testamento.

Já o Islamismo teve sua origem com elementos do judaísmo e do cristianismo. Mas esta religião começa negando que os profetas e as escrituras do Judaísmo e Cristianismo fossem verdade. Porém esta afirmação não tem bases, a história contada na Bíblia foi escrita anteriormente, como poderia o “profeta” reconstruir toda a história sem nenhum documento antigo, sem nenhum recurso arqueológico tanto tempo depois?

Hoje a arqueologia confirmou várias das informações contidas na Bíblia, ela acerta locais e nomes. O corão não tem sido confirmado pela arqueologia, já foram contados erros em localizações e nomes.O Novo Testamento da Bíblia, ao contrário do que muitos dizem, é um documento histórico confiável, ela atende a todos os critérios utilizados por historiadores com documentos antigos. Existem mais de 26000 fragmentos datados dos séculos 1 e 2.

O corão só possui uma única cópia e bem tardia, ele só foi escrito mais de 100 anos após a morte de Maomé. A Bíblia possui diversas referências às suas passagens em documentos antigos e também alguns de seus relatos são confirmados por historiadores não cristãos.

O corão, 700 anos depois, conta outra estória totalmente diferente para Jesus que não é confirmada por nenhuma outra fonte. A doutrina básica do corão é que para ir para o paraíso há duas formas, uma incerta, fazendo boas obras e a outra certa que é matando os infiéis (todos os que não são do islã).

A doutrina básica do cristianismo é a de que Deus ama a sua criação, mas que os pecados afastam os homens d’Ele e recebendo o sacrifício do Seu Filho, o homem é perdoado e vai para o paraíso. Mas ainda fica a questão do propósito, o corão não diz qual foi o propósito do Criador.

De todas as religiões, as únicas que fornecem a resposta para qual seria o propósito do Criador são o cristianismo e o judaísmo. O cristianismo nada mais é do que uma continuação do judaísmo para aqueles que aceitaram que Jesus Cristo é o Messias esperado, os judeus ainda esperam o Messias.

Porém no judaísmo não fica tão claro quais seriam os propósitos, Jesus completou a explicação. E eu convido àqueles que quiserem encontrar este propósito a procura-lo.
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Fonte:http://artigos.gospelprime.com.br/teorias-sobre-a-origem-deixando-de-lado/

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Cristãos e muçulmanos: uma longa história de conflitos

01.04.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 11.2001
Por Alderi Souza de Matos*

Estamos acostumados a ouvir notícias sobre o relacionamento hostil entre palestinos e judeus em Israel. Vez por outra, também tomamos conhecimento de violentos choques entre muçulmanos e adeptos do hinduísmo e de outras religiões na Índia e em outros países asiáticos. Todavia, mais antigo e mais pleno de conseqüências para o mundo tem sido o relacionamento tenso — por vezes abertamente belicoso — entre cristãos e muçulmanos há quase 1.400 anos. Os recentes atentados terroristas nos Estados Unidos, as ações militares norte-americanas no Afeganistão e as iradas manifestações de muçulmanos em muitos países constituem mais um capítulo dessa longa história de conflitos.

O advento do islamismo

O islamismo, ou islã, foi fundado pelo mercador árabe Maomé (Muhammad, c.570-632) no início do século 7º da era cristã. Essa que é a mais recente das grandes religiões mundiais sofreu influências tanto do judaísmo quanto do cristianismo, mas ao mesmo tempo opôs-se firmemente a ambos, alegando ser a revelação final de Deus (Alá). O livro sagrado do islamismo, o Corão (Qur‘an), teria sido revelado pelo próprio Deus a Maomé, o último e maior dos profetas. A idéia básica do islamismo está contida no seu nome — islã significa “submissão” plena à vontade de Alá e “muçulmano” é aquele que se submete. Os preceitos centrais dessa religião incluem a recitação diária de uma confissão (“Não existe deus senão Alá e Maomé é o seu profeta”), bem como a prática da caridade e do jejum, sendo este último especialmente importante durante o dia no mês sagrado de Ramadã. O culto é regulado de maneira estrita. Os fiéis devem orar cinco vezes ao dia, de preferência em uma mesquita ou então sobre um tapete, sempre voltados para Meca, a cidade sagrada do islã, na Arábia Saudita. Nas sextas-feiras realizam-se cerimônias especiais. A peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida também é uma prática altamente valorizada.

Desde o início o islamismo foi uma religião aguerrida e militante, marcada por intenso fervor missionário. Um conceito importante é o de jihad, ou seja, o esforço em prol da expansão do islã por todo o mundo. Esse esforço muitas vezes adquiriu a conotação de guerra santa, como aconteceu de maneira especial no primeiro século após a morte de Maomé, em 632. Movidos por um profundo zelo pela nova fé, os exércitos muçulmanos conquistaram sucessivamente a península da Arábia, a Síria, a Palestina, o Império Persa, o Egito e todo o norte da África. Nesse processo, o cristianismo foi enfraque-cido ou aniquilado em muitas regiões onde havia sido extrema-mente próspero nos primeiros séculos. Lugares como Antioquia, Jerusalém, Alexandria e Cartago, onde viveram os pais da igreja Orígenes, Cipriano, Tertuliano e Agostinho, foram permanentemente perdidos pelos cristãos. Em 674, os muçulmanos lançaram os seus primeiros ataques contra Constantinopla, a grande capital cristã do Império Bizantino.

No ano 711, os mouros atravessaram o estreito de Gibraltar sob o comando de Tarik (daí Gibraltar, isto é, “a rocha de Tarik”) e invadiram a Península Ibérica, ocupando a maior parte do território espanhol. Em seguida, atravessaram os Pirineus e penetraram na França, mas foram finalmente derrotados por um exército cristão comandado por Carlos Martelo, o avô de Carlos Magno, na batalha de Tours, em Poitiers, no ano 732. É verdade que, tanto no Oriente Médio e no norte da África quanto na Península Ibérica, os sarracenos foram relativamente tolerantes com os cristãos e os judeus. Eles geralmente não eram forçados a se converterem ao islamismo, mas tinham de pagar um imposto caso não o fizessem. Em todas essas regiões, muitos acabaram aderindo à nova religião. Em diversas áreas que conquistaram, os seguidores de Maomé criaram grandes centros de civilização, como foi o caso de Bagdá, o Cairo e a Espanha. O Califado de Córdova foi marcado por notável prosperidade, destacando-se por sua belíssima arquitetura, seus elaborados arabescos, seus avanços nas ciências, literatura e filosofia. 

As cruzadas

O avanço islâmico teve profundas repercussões para o cristianismo. Como vimos, a igreja oriental ou bizantina foi seriamente enfraquecida, tendo perdido algumas de suas regiões mais prósperas. A igreja ocidental ou romana voltou-se mais para o norte da Europa. Com isso, o cristianismo tornou-se mais europeu e menos asiático ou africano. Também foi acelerado o processo de separação entre as igrejas grega e latina. Outro problema para os cristãos foi a mudança da sua postura com relação à guerra e ao uso da força. Desde o início, os cristãos tinham aprendido de Cristo e dos apóstolos a prática do amor e da tolerância no relacionamento com o próximo. Agora, num mundo cada vez mais hostil à sua fé, eles acabaram abandonando muitos de seus antigos valores e passaram a elaborar toda uma série de justificativas filosóficas e teológicas para legitimar a violência em certas situações. Esse processo havia se iniciado com a aproximação entre a Igreja e o Estado a partir do imperador Constantino, no quarto século, tendo se intensificado nos séculos seguintes. Num primeiro momento legitimou-se o uso da força contra grupos cristãos dissidentes ou heréticos, como os arianos e os donatistas. Séculos mais tarde, os cristãos haveriam de articular a sua própria versão de guerra santa, dirigindo-a principalmente contra os muçulmanos.

A maior, mais prolongada e mais sangrenta confrontação entre cristãos e islamitas foram as famosas Cruzadas, que se estenderam por quase duzentos anos (1096-1291). Antes disso, a cristandade já havia começado a lutar contra os muçulmanos na Espanha, o que ficou conhecido como a Reconquista, intensificada a partir de 1002 com a extinção do califado de Córdova. Desenvolveu-se, assim, a partir da Península Ibérica, uma forma de catolicismo agressivo e militante, que haveria de estender-se para outras partes do continente. As cruzadas foram um fenômeno complexo cuja causa inicial foi a impossibilidade de acesso dos peregrinos cristãos aos lugares sagrados do cristianismo na Palestina. Por vários séculos, os árabes haviam permitido, salvo em breves intervalos, as peregrinações cristãs a Jerusalém, e estas haviam crescido continuamente. Todavia, a situação mudou quando os turcos seljúcidas, a partir de 1071, conquistaram boa parte da Ásia Menor e, em 1079, a cidade de Jerusalém, fazendo cessar as peregrinações. Com isso surgiu na Europa um clamor pela libertação da Terra Santa das mãos dos “infiéis”.

A primeira cruzada foi pregada pelo papa Urbano II, em Clermont, na França, em 1095, sob o lema “Deus vult” (Deus o quer). Depois de uma horrível carnificina contra os habitantes muçulmanos, judeus e cristãos de Jerusalém, os cruzados implantaram naquela cidade e região um reino cristão que não chegou a durar um século (1099-1187). A quarta cruzada foi particularmente desastrosa em seus efeitos, porque se voltou contra a grande e antiga cidade cristã de Constantinopla, que foi brutalmente saqueada em 1204. A oitava cruzada encerrou essa série de campanhas militares que trouxe alguns benefícios, como o maior intercâmbio entre o Oriente e o Ocidente e a introdução de inventos e novas idéias na Europa, mas teve efeitos adversos ainda mais profundos, aumentando o fosso entre as igrejas latina e grega e gerando enorme ressentimento dos muçulmanos contra o Ocidente cristão, ressentimento esse que persiste até os nossos dias.

A reconquista

É verdade que alguns cristãos daquele período tiveram uma atitude mais construtiva em relação aos islamitas, procurando ir ao seu encontro com o evangelho, e não com a espada. Tal foi o caso de alguns dos primeiros membros das novas ordens religiosas surgidas no início do século 13, os franciscanos e os dominicanos. O mais célebre missionário aos muçulmanos foi o franciscano Raimundo Lull (c.1232-1315), de Palma de Majorca, que fez diversas viagens a Túnis e à Argélia. Todavia, o espírito predominante do período foi o de beligerância não só contra os muçulmanos, mas mesmo contra grupos cristãos dissidentes, como foi o caso dos cátaros ou albigenses, no sul da França, aniquilados por uma cruzada entre 1209 e 1229. Também data dessa época o estabelecimento da temida Inquisição. Na Espanha, a Reconquista tomou ímpeto no século 13 e a partir de 1248 os mouros somente controlaram o reino de Granada. Nos séculos 12 e 13, nesse contexto de luta contra os mouros, houve o surgimento de Portugal como um reino independente. 

O reino de Granada foi finalmente conquistado pelos reis católicos Fernando e Isabel em 1492, o mesmo ano do descobrimento da América. Após um período inicial de tolerância, foi lançada contra os mouros uma campanha de terror visando forçar a sua conversão e finalmente, em 1502, todos os muçulmanos acima de 14 anos que não aceitaram o batismo foram expulsos, assim como havia acontecido com os judeus dez anos antes. Sob a liderança de Tomás de Torquemada, a Inquisição espanhola, organizada em 1478, voltou-se de maneira especial contra os mouriscos e os marranos (muçulmanos e judeus convertidos ao cristianismo) acusados de conversão insincera. 

Ao mesmo tempo em que o islamismo sofria essas pesadas perdas na Península Ibérica, obtinha estrondosos sucessos no Oriente Médio e na Europa oriental. Um novo poder islâmico, os turcos otomanos vindos da Ásia Central, depois de se estabelecerem firmemente na Ásia Menor, invadiram em 1354 a parte européia do Império Bizantino, gradualmente estendendo o seu domínio sobre os Bálcãs, em regiões que estiveram ainda recentemente nos noticiários (Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Albânia). Em 1453, eles tomaram Constantinopla (hoje Istambul), selando o fim do antigo Império Romano oriental e impondo novas e pesadas perdas à Igreja Ortodoxa. Nos séculos 16 e 17, os exércitos turcos haveriam de cercar por duas vezes Viena, a capital da Áustria (1529 e 1683).

Os dois últimos séculos

Um período especialmente humilhante para os muçulmanos diante do Ocidente cristão foi o colonialismo dos séculos 19 e 20, em que virtualmente todas as regiões islâmicas do Oriente Médio e do norte da África ficaram sob o domínio de países europeus como a França, a Inglaterra, a Itália e a Espanha. Até o início do século 19, aquelas regiões haviam sido parte do vasto Império Otomano, com sua capital em Istambul. Com o colonialismo, chegaram os missionários, tanto católicos como protestantes, com suas igrejas, escolas e hospitais. Após a Primeira Guerra Mundial, à medida que as novas nações árabes foram alcançando a sua independência, houve o crescimento do sentimento nacionalista e a reafirmação dos valores islâmicos. Ao mesmo tempo, o islamismo há muito havia ultrapassado os limites do mundo árabe, tendo alcançado, além dos persas e dos turcos, muitos outros povos na África e na Ásia, chegando até a Indonésia, hoje a maior de todas as nações muçulmanas, com mais de 100 milhões de habitantes. Em muitas dessas nações, árabes ou não, a presença de populações cristãs tem produzido graves conflitos entre os dois grupos, como aconteceu ainda recentemente na Indonésia. Um acontecimento pouco divulgado foi o pavoroso genocídio promovido pelos turcos contra os armênios cristãos no início do século 20.

Outro evento que acabou por gerar nova animosidade entre os países muçulmanos e o Ocidente cristão foi a criação do Estado de Israel, em 1948, e a percepção de que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, apóia incondicionalmente o estado judeu em sua luta contra os palestinos e outros povos árabes. Dois novos ingredientes nessa luta foram o súbito enriquecimento de algumas nações árabes com a exploração do petróleo e o surgimento do fundamentalismo militante entre os xiitas, uma antiga facção islâmica minoritária ao lado da maioria sunita. A militância islâmica tem gerado várias revoluções e o surgimento de regimes islâmicos, como aconteceu há alguns anos no Irã. Além do apoio do Estados Unidos a Israel, os fundamentalistas se ressentem da presença de tropas americanas na Arábia Saudita, o berço do islã, e da influência cultural do Ocidente nos seus respectivos países, vista como danosa para a sua fé e seus valores tradicionais. 

Neste início do século 21, o islamismo representa o maior desafio para o cristianismo, em diversos sentidos. Como um dos “povos do livro” (expressão aplicada aos judeus e cristãos, visto serem mencionados no Corão), os cristãos precisam reconhecer os muitos erros cometidos contra os muçulmanos ao longo da história e renovar a sua determinação de contribuir para o bem-estar político, social e espiritual dos seguidores de Maomé.


*Alderi Souza de Matos, ministro presbiteriano, é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.
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Fonte:http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/273/cristaos-e-muculmanos-uma-longa-historia-de-conflitos

Desafiando o islamismo radical

01.04.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 11.03.15
Por John A. Azumah

O mundo está sendo sujeitado a imagens horrorosas de violência religiosa. O Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria registra suas decapitações. O Boko Haram na Nigéria desfila centenas de estudantes sequestradas. O Al-Shabaab na Somália ataca um shopping em Nairóbi. Esses atos bárbaros podem nos fazer sentir impotentes, amedrontados, irados e até culpados, porque nos parece muito pouco o que podemos fazer para contê-los. Enquanto isso, comentaristas correm de um canal de televisão para outro, apresentando suas análises. Alguns condenam o EI e o Boko Haram, mas garantem aos telespectadores que os atos deles não têm nenhuma relação com o verdadeiro islamismo. Outros são da opinião de que o EI e o Boko Haram representam, sim, a verdadeira face do islamismo. Nenhuma das duas perspectivas ajuda. Ambas distorcem a natureza do islamismo e sua relação com o terrorismo e a violência.


É compreensível que a opinião dos evangélicos em relação ao islamismo tenha recrudescido depois de 11 de setembro de 2001. Ted Haggard, ex-presidente da Associação Evangélica Nacional dos Estados Unidos, disse: “O Deus cristão incentiva a liberdade, o amor, o perdão, a prosperidade e a saúde. O deus muçulmano parece valorizar o contrário. A personalidade de cada Deus evidencia-se nas culturas, civilizações e atitudes dos povos que os servem”. Um destacado ativista evangélico britânico, Patrick Sookhdeo, expressa opinião semelhante: “A violência perpetrada por grupos [jihadistas] tem raízes tanto na ideologia dos grandes movimentos islamistas contemporâneos como na versão tradicional, ortodoxa e clássica do islamismo, especialmente suas doutrinas do “jihad”, “da’wa” e “dhimmitude”, bem como a lei da apostasia, apresentada nas escrituras e nos comentários islâmicos autorizados”.

Em outras palavras, para a maior parte dos evangélicos, o islamismo é o problema porque justifica a violência dos grupos jihadistas. A afirmação não é infundada. Contrariando as repetidas negações dos muçulmanos, aspectos chaves da ideologia de grupos muçulmanos radicais estão, de fato, fundamentados na história e nos textos islâmicos. A Al-Qaeda, o EI e o Boko Haram originam-se principalmente dos pensamentos “wahhabi” e “salafi”, que são tradições de interpretação fundamentalista islâmica de ampla influência no mundo muçulmano. Líderes fundadores de grupos jihadistas foram ou discípulos de importantes mestres “wahhabi-salafi” ou se inspiraram em suas obras.

O islamismo é semelhante ao judaísmo na importância que atribui à interpretação da lei. Conforme afirmou um estudioso muçulmano, “a ‘sharia’ instrui o homem quanto à maneira de se alimentar, receber visitas, comprar e vender, matar animais, lavar-se, dormir, ir ao banheiro, governar, praticar a justiça, orar e realizar outros atos [de culto]”. Diferente do cristianismo ocidental, onde debates divisionistas muitas vezes giram em torno a doutrinas teológicas, no islamismo as escolas de pensamento mais importantes refletem diferenças em jurisprudência. Há quatro escolas legais principais para os sunitas (escolas Hanafi, Maliki, Shafi’i e Hanbali) e uma para os xiitas (Jafari). As principais distinções entre essas escolas estão nas opiniões divergentes acerca de fontes autorizadas ou raízes da lei. Todas aceitam o Corão e a “suna” (exemplos de Maomé) como fundamentos, mas diferem quanto à importância do consenso na discussão acadêmica coletiva (“ijma”) e na discussão analógica individual (“qiyas”). A escola mais conservadora, Hanbali, tende a enfatizar o Corão e a “suna”, suspeitando da “ijma” e da “qiyas”, enquanto a mais liberal, Hanafi, tende a enfatizar a “qiyas” e a opinião individual.

Os pensamentos Wahhabi e Salafi em sua expressão moderna derivam dos juristas-teólogos islâmicos Ibn Taymiyyah (m. 1328) e Muhammad Abd al-Wahhab (m. 1792). Ambos foram estudiosos e mestres renomados da escola Hanbali de jurisprudência. O ensino Salafi defende as três primeiras gerações da história muçulmana (“salaf”), considerando-as sacrossantas, juntamente com o exemplo profético. Nem todos os “salafis” são “wahhabis”. Estes consideram inovação satânica (bida‘) qualquer prática ou ensino posterior ao terceiro século do islamismo (salaf). O wahhabismo é o ramo mais literalista e iconoclasta do hanbalismo que, por sua vez, é a mais conservadora das quatro escolas principais. Por exemplo, enquanto outros muçulmanos podem requerer a abstenção do álcool, os wahhabis também proíbem estimulantes, inclusive o tabaco. Não só se recomenda uma vestimenta modesta, como também o tipo de roupa que se deve usar, especialmente para mulheres (um “abaya” preto que cubra tudo, exceto olhos e mãos). A educação religiosa inclui treinamento no uso de armas. O wahhabismo enfatiza a importância de evitar práticas culturais não islâmicas e amizades não muçulmanas, tendo por base a ideia de que a suna (que outorga importância central ao exemplo de vida deixado por Maomé) proíbe imitar não muçulmanos. Estudiosos wahhabi têm alertado contra a ideia de muçulmanos terem não muçulmanos como amigos ou mesmo de sorrir e lhes desejar felicidades em suas datas religiosas.

Desde a alta do petróleo nas décadas de 70 e 80, a Arábia Saudita, cujo credo oficial é o islamismo wahhabi, vem exportando o wahhabismo para partes da África, Ásia e Ocidente por meio de bolsas de estudo e a fundação de mosteiros, pregadores e grupos radicais. A Al-Qaeda é um desdobramento direto do islamismo wahhabi e o EI, uma consequência da Al-Qaeda, enquanto as origens do Boko Haram estão numa rede de grupos wahhabi-salafi na Nigéria. Esse contexto religioso provê a estrutura para justificar a violência. Os jihadistas citam escrituras islâmicas, tradições proféticas e opiniões legais para justificar suas afirmações e atividades. A jihad contra não muçulmanos e o ultimato para que se convertam ao islamismo, paguem um imposto especial ou sejam mortos são, de fato, baseados na lei islâmica. Pode-se dizer o mesmo da tática de capturar mulheres e crianças como despojos de guerra e mantê-las ou vendê-las como escravas. O islamismo também promete recompensas e prazeres aos mártires. Portanto, é simplista, senão enganoso, alegar que grupos como o EI e o Boko Haram não têm relação alguma com o islamismo. 

Entretanto, é igualmente enganoso alegar que os grupos jihadistas representam a verdadeira face do islamismo. Ainda que os editos legais e doutrinários citados pelos jihadistas façam parte da lei islâmica, não há dúvida de que os jihadistas violam a lei ao impô-la com as próprias mãos. As falhas na avaliação das condições necessárias para declarar uma jihad, bem como na adoção de condutas apropriadas, fornecem exemplos óbvios disso. Questões sobre os grupos que podem ser visados e sobre a maneira de atacá-los e os fins que justificam esses ataques são complicadíssimas e minuciosamente especificadas nos textos legais autorizados. Por exemplo, todas as quatro escolas legais, inclusive a escola Hanbali, concordam que a declaração de jihad pode ser justificada para preservar ou estender o governo de um estado islâmico. Assim, como no caso da teoria da “guerra justa” dos cristãos, em que o poder de declarar guerra é cuidadosamente limitado a governos, na lei islâmica, só governos islâmicos legítimos podem declarar um jihad, não indivíduos ou atores não oficiais. Faz-se uma exceção quando uma terra muçulmana é atacada ou ocupada por uma força inimiga, o que faz com que a jihad ou resistência tornem-se responsabilidade individual. Entretanto, mesmo então, a jihad precisa ter sido declarado previamente pela autoridade legítima que represente de maneira adequada o povo da nação ocupada. Ao declarar e conduzir uma jihad por conta própria, a al-Qaeda, EI, Boko Haram e outros grupos desse tipo agem como usurpadores heréticos.

No que diz respeito à condução do jihad, os grupos terroristas islâmicos também estão contra todas as principais tradições do islamismo. Todas as quatro escolas ortodoxas de jurisprudência, inclusive a escola Hanbali, conservadora, declaram que mulheres, crianças, idosos, deficientes, sacerdotes, comerciantes, lavradores e todos os civis não combatentes não devem ser alvejados e mortos pelo jihad. Lugares de valor econômico como fazendas, mercados e lugares de culto — mesquitas, claro, mas também igrejas, mosteiros e conventos — não devem ser alvos de ataque. A lei islâmica permite que os lugares de culto sejam tomados como espólio de guerra, mas não devem ser destruídos. A Santa Sofia, por exemplo, era uma igreja e foi convertida para uso como mesquita (agora é museu) depois que Constantinopla, agora Istambul, caiu diante dos turcos otomanos em 1453. Os assaltos deliberados contra civis, a matança de religiosos, os atentados a bomba indiscriminados em mercados e prédios, os sequestros e lançamento de aviões cheios de civis contra edifícios ocupados por civis, os ataques a igrejas e mesquitas e a destruição delas — tudo perpetrado pelo al-Qaeda, o EI e o Boko Haram — violam os limites claros que a lei islâmica estabelece para a condução da jihad.

Outro aspecto importante da ideologia jihadista é a rejeição e, muitas vezes, a rebeldia em relação aos governos estabelecidos de países islâmicos. A al-Qaeda, o EI e o Boko Haram têm rejeitado governos muçulmanos em várias partes do mundo, considerando-os não islâmicos e ilegítimos, prometendo substituí-los por um califado islâmico. Para atingir seu objetivo, os grupos alvejam e matam oponentes muçulmanos e justificam seus atos invocando “takfir”, uma doutrina que remonta ao século VII, que especifica as condições sob as quais irmãos muçulmanos podem ser declarados incrédulos que podem ser mortos. Um grupo dissidente conhecido como os “Kharijitas” ensinava que era aceitável excomungar e legitimar jihad contra outros muçulmanos, inclusive governantes, se eles fossem julgados culpados de cometerem certos pecados. Essa ideia foi rejeitada pelo restante da comunidade muçulmana na época, e todas as quatro escolas ortodoxas, inclusive da escola Hambali, mantêm essa rejeição. Aliás, a tradição legal do islamismo inclui regras explícitas contra os “Kharijitas”, considerando-os incrédulos que devem ser combatidos e mortos.

A própria tradição islâmica, portanto, testifica contra o terrorismo islâmico de hoje. As quatro escolas de jurisprudência têm regras claras segundo as quais não há motivo algum que permita a um indivíduo ou grupo de muçulmanos tentar mudar o governo de um estado islâmico valendo-se de armas e da violência, porque essa possibilidade seria um convite a lutas civis, guerras internas e o abuso do islamismo por facções que usam a teologia para justificar suas rebeliões e usurpações por interesses próprios. As escolas também são unânimes em denunciar a matança de irmãos muçulmanos em nome da jihad. O princípio mestre sempre foi que a anarquia e a matança de irmãos muçulmanos são piores que viver sob um sistema injusto.

Dado o nítido consenso na tradição islâmica, não surpreende que líderes muçulmanos de todo o mundo venham denunciando de maneira pública e reiterada a al-Qaeda, o EI e o Boko Haram. Entre eles estão a Organização de Cooperação Islâmica, o grande mufti da Arábia Saudita, o Conselho Ulema da Indonésia, o grande Aiatolá Naser Makarem Shirazi do Irã, o grande imã da Universidade de Al-Azhar no Cairo e muitos outros. Dois estudiosos muçulmanos paquistaneses de destaque, Javed Ahmad Ghamidi e Muhammad Tahir ul-Qadri, ambos com consideráveis seguidores e influência, escreveram um livro e emitiram um regulamento legal abrangente (“fatwa”) sobre o significado e a condução da jihad. Tanto o livro como a “fatwa” proscrevem o terrorismo e a rebelião violenta, citando amplamente o Corão, as tradições proféticas e uma rede de luminares legais e teológicos através dos séculos e várias divisões sectárias. Eles declaram que grupos jihadistas como os Khajiritas são terroristas, rebeldes e heréticos. Recentemente, 126 líderes islâmicos de destaque no mundo assinaram e publicaram uma carta aberta questionando a base islâmica da ideologia do EI.

Ainda que essas renúncias públicas e fatwas possam ter pouco impacto sobre os líderes de grupos jihadistas, têm função importante na deslegitimação da ideologia jihadista, minando seu apelo aos jovens muçulmanos. Precisamos levar isso a sério e fazer o possível para ampliar sua influência. Infelizmente, críticos ocidentais de grupos jihadistas desconsideram essas vozes e às vezes até difamam o islamismo como um todo. Com muita frequência ouvimos: “Islamismo reformado não é islamismo!” Isso não só é uma opinião paternalista quanto ao que os muçulmanos podem ou não podem fazer dentro da própria tradição, é uma posição sem saída. Como disse certo colega meu, “Quando um muçulmano diz a um cristão: ‘O Corão me ensina a amá-lo’, por que o cristão deveria dizer-lhe: ‘Não, o Corão na realidade o ensina a matar-me’?”

Precisamos resistir fortemente à ideia de que o islamismo é o problema, que o Corão é o problema, que Maomé é o problema. Denunciar o islamismo como uma religião que ama a morte — ou o Corão e Maomé como, respectivamente, uma constituição e um exemplo para terroristas — fornece justificativas para zelotes distorcidos. Isso reforça a crença ilusória de que eles são os únicos muçulmanos verdadeiros. Além disso, inspira medo e suspeita entre a grande maioria dos muçulmanos, que não são jihadistas. Se o Corão e o islamismo são os problemas, qual a solução? Lançar bombas contra a Caaba em Meca? Banir o uso do Corão?

Os que afirmam que os grupos jihadistas representam a “essência” do islamismo refletem, na realidade, um modo de pensar bem ocidental. Querendo ou não, pressupõem uma interpretação escrituralista do islamismo, imaginando que podemos explicar o terrorismo islâmico traçando uma linha reta entre os textos autorizados e as ações dos jihadistas. Para provar sua tese, esses críticos que entendem que o islamismo é o problema, tendem a ligar atos específicos dos grupos jihadistas a uma sequência de referências extraídas de escrituras, tradições, textos legais islâmicos e opiniões de acadêmicos muçulmanos. Perversamente, essa abordagem “sola scriptura” não difere da abordagem “só pelo Corão e pela suna” dos próprios jihadistas.

A verdade acerca da vida religiosa não é tão simples. A vasta maioria dos cristãos e dos muçulmanos não vivem “sola scriptura” ou só pelo Corão e pela suna — e isso ocorre mesmo quando afirmam fazê-lo. Uma rede complexa e inconstante de realidades sociopolíticas, geopolíticas, raciais, étnicas, culturais, econômicas, históricas e existenciais afeta a maneira de todos nós vivenciarmos nossa fé. Minha opinião é que os textos islâmicos contêm sementes de violência. Na corrupção, analfabetismo, pobreza e governos opressivos que atormentam muitas sociedades muçulmanas, essas sementes encontram terreno fértil para lançar raízes, brotar e florescer — bem como em memórias históricas, políticas falhas de relações internacionais de governos ocidentais e na alienação sentida pelos jovens muçulmanos em sociedades ocidentais.

Não temos como entender a disposição mental dos jihadistas, muito menos preparar uma resposta crível e sustentável, sem levar a sério esse pano de fundo. Sem dúvida, a desorientação causada pela modernidade e pós-modernidade é crucial. O desenvolvimento econômico e o comércio global crescente em filmes, televisão e outras formas de cultura popular enfraquecem as instituições islâmicas, perturbando e desorientando muitos muçulmanos. É nesse contexto que grupos heréticos como o Boko Haram e o EI florescem. Eles são em parte zelotes, em parte arruaceiros, em parte ativistas políticos em sociedades que estão sofrendo transformações sociais profundas.

Que diremos, então, do islamismo e do terrorismo? Não há dúvidas de que os jihadistas citam textos islâmicos convencionais para justificar seus atos. Mas tenha em mente que, em si, o fato de alguém citar textos islâmicos não faz com que suas ideias e ações sejam necessariamente islâmicas. O Exército de Resistência do Senhor na Uganda cita a Bíblia, assim como faziam o Ramo Davidiano de David Koresh, o Templo do Povo de Jim Jones e muitos outros cultos excêntricos cristãos. Isso não faz com que suas ideias e ações sejam cristãs.

Li e encontrei comentaristas evangélicos que, apesar de todos os esforços para fazer distinção entre abusos jihadistas de tradições islâmicas do próprio islamismo, os desconsideram como nada mais que tentativas de nos impedir de responsabilizar o islamismo pelas ações de grupos jihadistas. Eles insistem que isso enfraqueceria a crítica que fazem ao islamismo e com isso ficariam impedidos de ajudar as vítimas do jihadismo. Mas não consigo ver como o julgamento do islamismo baseado em ações jihadistas possa ajudar suas vítimas. Muito pelo contrário, aliás. Se é correto julgar o islamismo como um todo, tendo por base o barbarismo de grupos jihadistas, como vamos explicar — e incentivar — as ações de muçulmanos curdos e muitos outros muçulmanos que estão enfrentando os jihadistas e pagando com a vida para proteger minorias cristãs e yazidis no Iraque? Eles leem o mesmo Corão, seguem o mesmo Maomé e fazem as mesmas orações diárias.

Quando destaco esse ponto, alguns alegam, de maneira esfarrapada, que as boas ações dos curdos são motivadas pelo nacionalismo, enquanto as más ações do EI são motivadas pelo islamismo. Mas isso não passa de uma conclusão mal amarrada a um argumento conveniente. E o argumento não convence. É absurdo imaginar uma separação entre religião e identidade étnica no Oriente Médio.

Se há um perigo de sermos levados a imaginar que podemos explicar os horrores do jihadismo simplesmente culpando o islamismo, há também as tentações da ideologia multicultural e do espírito de “inclusão”, que logo desculpam a violência jihadista. Vamos tratar os muçulmanos como adultos maduros e inteligentes que, de fato, são e chamá-los para uma conversa séria. Os muçulmanos não são escravos das tradições islâmicas, sem escape nem alternativas. Há escolas concorrentes e seitas entre os fiéis. Não deveríamos nos intimidar e deixar de expressar nossos julgamentos quanto às tradições que consideramos melhores ou piores. Se retivermos esses julgamentos, deixaremos de nos envolver com os muçulmanos como homens e mulheres capazes de agência moral. Eles também possuem consciência religiosa. Eles também se importam com a verdade, não só a respeito de Deus, mas também acerca dos deveres para com o próximo. A geração atual de muçulmanos tem o direito de interpretar suas tradições autorizadas à luz das realidades do século XXI. E nós, não muçulmanos, também temos o direito de interpretá-las e sermos francos ao falar de nossas conclusões com os muçulmanos. Nas atuais circunstâncias, eu diria que temos o dever de fazê-lo.

Como estudioso cristão do islamismo, ofereço uma pequena lista de pontos que requerem uma discussão franca com os muçulmanos. Primeiro, durante os estágios de formação de quase todos os grupos jihadistas, religiosos e líderes políticos locais muçulmanos fizeram vista grossa para eles ou apoiaram ativamente suas ações, que têm sido bancadas por governos, organizações e empresários islâmicos. Como é possível grupos que autoridades islâmicas condenam tão amplamente por considerarem heréticas receberem tanto apoio tácito da corrente principal do mundo muçulmano?

Segundo, os líderes muçulmanos têm tolerado os ensinos amplamente negativos e desumanos acerca dos não muçulmanos que encontramos em textos islâmicos autorizados. O mesmo ocorre com ensinos sobre jihad, apostasia, leis da blasfêmia e o lugar de cidadãos não muçulmanos numa sociedade islâmica. Embora os grupos jihadistas sejam heréticos em sua afirmação de que têm autoridade para interpretar e impor essas leis, a própria existência desses ensinos é um convite à rebelião e ao extremismo. Em outras palavras, ainda que não seja nem verdadeiro nem justo afirmar que o islamismo é o problema, não há dúvida de que o islamismo tem um problema. Quando disse que seríamos capazes de discernir a fidelidade dos seguidores dele pelos seus frutos, Jesus estava falando de uma verdade comum. Assim, não seria tempo de estudiosos e líderes islâmicos reexaminarem as doutrinas de que os extremistas abusam com tanta facilidade? Essa orgia de sangue que estamos testemunhando hoje não seria um sinal claro de que precisamos de reformas importantes e profundas?

Essas questões e outras não estão sendo ignoradas. Sopra um vento na casa de islã, e uma batalha pela alma do islamismo prossegue com firmeza. Jovens iranianos desiludidos estão deixando o islamismo em massa e rejeitando totalmente as religiões. Outros muçulmanos comuns estão deixando o islamismo por outras religiões, inclusive o cristianismo. Vemos também no islamismo uma tendência progressiva crescente de reinterpretação dos textos e da história islâmica. São sinais de que uma introspecção séria está ocorrendo no mundo muçulmano. Depois de 9/11, estudiosos muçulmanos progressistas declararam abertamente sua posição contra “aqueles cujo Deus é um monstro vingador no céu, decretando morte igualmente contra muçulmanos e não muçulmanos... aqueles cujo Deus é muito pequeno, muito mau, muito tribal e muito masculino”. A todos eles, declararam: “Não é em meu nome, não é em nome de meu Deus que vocês perpetram esse ódio, essa violência!”

Como alguém que cresceu no mundo muçulmano, quero concluir dizendo que nós também precisamos reformar nossos modos. Em décadas recentes, os evangélicos têm contribuído para tornar invisível a presença e o testemunho cristão em terras muçulmanas. Temos nos rendido a ameaças reais e imaginárias de grupos radicais. Em vez de questionar abertamente a criminalização de missões cristãs e da evangelização em contextos muçulmanos, temos nos empenhado em missões clandestinas e secretas. 

Como evangélicos, precisamos permanecer em vigília e oração, para que islamitas radicais não nos radicalizem, redefinindo nosso testemunho e valores por causa do medo e do ódio. A luta não é contra carne e sangue, mas contra principados e potestades, e não podemos vencer recorrendo às mesmas armas empunhadas pelo inimigo. Somos chamados para usar armas superiores, chamados para vestir o cinto da verdade, a couraça da justiça, o evangelho da paz, o escudo da fé e o capacete da salvação e para tomar a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (Efésios 6.14-17).

• John A. Azumah é professor associado de Cristianismo Global e Islamismo no Seminário Teológico de Columbia. Artigo originalmente publicado por First Things e traduzido com autorização do autor para o Portal Ultimato e o Centro de Reflexão Missiológica Martureo

Legenda: Cúpulas da mesquita Sabah State, em Kota Kinabalu, na Malásia. Imagem meramente ilustrativa.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/desafiando-o-islamismo-radical