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sábado, 28 de setembro de 2013

IGREJAS ECOCIDADÃS: O nosso lugar na criação

28.09.2013
Do portal da Revista Ultimato, 23.09.13
Por Gunther Cristiano*
Sustentabilidade é um conceito que está sendo bem difundido atualmente, mas apesar disso, muitos cristãos parecem não entender ainda do que se trata e muito menos sua relação com a fé cristã. Na verdade, alguns cristãos têm até mesmo dificuldades para expressar a razão da sua fé e talvez seja por isso, que muitos não compreenderam ainda, o seu papel nessa questão tão importante.
Quando falamos de sustentabilidade, estamos falando de desenvolvimento econômico com justiça social e preservação ambiental. Quando se trata de economia ou dinheiro, para um grupo considerável de cristãos (principalmente se forem ocidentais), estes não terão a menor dificuldade em associar isso com a fé, já que para muitos, dinheiro e prosperidade material é sinônimo de benção e presença divina. Quando se fala em justiça social, muitos também não terão dificuldades em concordar que Deus deseja, ou melhor, roga para que pratiquemos a caridade e solidariedade para com os que sofrem e os menos favorecidos, ainda que na prática, a maioria dos cristãos esteja mais inclinados a buscar sucesso material e financeiro do que justiça social.
E quanto à preservação ambiental? Bom, essa é sem dúvida, a questão mais distante da maior parte dos cristãos nesses últimos tempos. Estamos tão habituados a viver em grandes metrópoles, onde tudo o que precisamos para sobreviver pode ser encontrado nos supermercados e lojas, que nem nos damos conta de que tudo isso veio a partir de recursos naturais, ou seja, da natureza. Precisamos da natureza para sobreviver e não o contrário. Não percebemos ou não nos atentamos que fazemos parte de uma rede interligada de seres vivos. Somos parte dela e não estamos acima dela.
De certa forma, esquecemos qual o nosso lugar na criação. Esquecemos que somos parte da criação de Deus e temos de aprender e aceitar nosso lugar na ordem criada. O escritor cristão Alister Mcgrath cita quatro grandes implicações da doutrina cristã da criação para a ecologia:
  1. A ordem natural, incluindo a humanidade, é o resultado do ato de criação de Deus e, como se afirma, é posse do Senhor.
  2. A humanidade distingue-se do restante da criação, pois foi criada à “imagem” de Deus. Essa distinção diz respeito a delegar responsabilidade, em vez de conferir privilégio. Não encoraja nem legítima a exploração ou degradação do ambiente.
  3. A humanidade recebeu a incumbência de cuidar da criação (assim como o cuidado do jardim do Éden foi confiado a Adão – Gn 2.15), tendo em mente que essa criação é posse apreciada de Deus.
  4. Não há fundamento para afirmar que a humanidade tem o “direito” de fazer o que quiser com a ordem natural. A criação é de Deus e foi confiada a nós. Temos de agir como guardiões da ordem natural, e não exploradores.
A questão ambiental/ecológica não é aparte da doutrina cristã, apenas deixamos de lado. Como escreveu Dostoievski: Toda formiga conhece o segredo do seu formigueiro, toda abelha conhece o segredo de sua colmeia. Elas o sabem de seu próprio jeito, e não do nosso jeito. Somente a humanidade não sabe o seu segredo.
*Gunther Cristiano, é Biólogo, membro da Igreja Missionária Oriental de São Paulo ( IMOSP) em SP e do Coletivo Igrejas Ecocidadãs SP.

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