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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Você deseja ser alcançado pela Misericórdia de Deus?

15.02.224

Por pastor Irineu Messias

Junte-se a nós enquanto exploramos a profunda sabedoria e experiências compartilhadas por Paulo em 1 Timóteo 1:12-13, oferecendo informações valiosas sobre como ser alcançado pela misericórdia de Deus e transformar nossas vidas.

A transformação radical de Paulo

O testemunho de Paulo sobre a sua vida antes e depois do encontro com Cristo é verdadeiramente inspirador. A sua gratidão por lhe ser confiado o ministério, apesar das perseguições passadas, reflete a imensa misericórdia de Deus.

Abraçando o conforto em Jesus

A jornada de Paulo, de perseguidor até encontrar consolo e conforto em Jesus, é um testemunho poderoso do poder restaurador da fé. Ao compartilhar suas próprias experiências, fica evidente que encontrar conforto em Jesus é transformador e reconfortante.

Fidelidade e promessa de misericórdia

A ênfase de Paulo em reconhecer Jesus como o Senhor e em buscar misericórdia por meio da fidelidade destaca a profunda conexão entre fé, arrependimento e recebimento de misericórdia. Sua orientação a Timóteo ressoa em todos os que buscam transformação e graça em suas vidas.

O Papel da Fidelidade no Ministério

O significado da fidelidade no ministério não pode ser exagerado, e a transformação de Paulo de infiel em fiel trabalhador sublinha o poder transformador de abraçar os valores da fé e da devoção a Cristo. Isto serve como um lembrete convincente para todos os obreiros do ministério.

Buscando Misericórdia e Abraçando a Graça

A jornada pessoal de Paulo para alcançar misericórdia e experimentar a profunda graça de Deus, apesar dos seus pecados passados, fornece esperança e inspiração para todos. A sua mensagem encoraja-nos a acreditar na graça transformadora de Jesus e a procurar misericórdia através da fidelidade e do serviço.

As palavras impactantes de Paulo em 1 Timóteo 1:12-13 oferecem um roteiro para alcançar a misericórdia de Deus, encontrar conforto em Jesus e experimentar a graça que altera a vida. Vamos dar ouvidos à sua sabedoria e embarcar numa jornada transformadora de fé e misericórdia.

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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Lição 13: A manifestação da Graça da Salvação. Tito 2:11

 04.11.2020

Do blog ESCOLA DOMINICAL ASSEMBLEIA DE DEUS


Tito 2:11 “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”.

VERDADE PRÁTICA

A graça de Deus emanou do seu coração amoroso para salvar o homem perdido, por meio do sacrifício vicário de Cristo Jesus.

LEITURA DIÁRIA

Segunda — Ef 2.8: O homem é salvo pela graça, por meio da fé
Terça — Jo 5.24: Aquele que ouve e crê tem a vida eterna e não entrará em condenação
Quarta — At 20.24: Dando testemunho do “evangelho da graça de Deus”
Quinta — Mc 1.15: É necessário que o pecador se arrependa e pela fé creia em Jesus Cristo
Sexta — 2Co 5.17: Todos os que estão em Jesus Cristo são novas criaturas
Sábado — Hb 12.14: Sem santificação ninguém verá o Senhor

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Tito 2:11-14; 3:4-6.

Tito 2
11 — Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens,
12 — ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente,
13 — aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo,
14 — o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.

Tito 3
4 — Mas, quando apareceu a benignidade e o amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens,
5 — não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,
6 — que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador.

INTRODUÇÃO

Nesta última lição do trimestre estudaremos a respeito da graça divina. A graça de Deus é a mais extraordinária manifestação do seu amor para com a humanidade. Mas esta só pode usufruir os benefícios desse recurso divino, se reconhecer o seu estado miserável, em termos espirituais, e converter-se mediante a aceitação de Cristo como Salvador.

I. A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS

  1. A graça comum. Graça vem da palavra hebraica hessed, e do termo grego charis, cujo sentido mais comum é o de “favor imerecido que Deus concede ao homem, por seu amor, bondade e misericórdia”. A partir dessa conceituação, podemos ver a “graça comum”, pela qual Deus dá aos homens as estações do ano, o dia, a noite, a própria vida, ou seja, todas as coisas (At 17.25b).
  2. A graça salvadora. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (2.11). Está à disposição de “todos os homens”, mas só é alcançada por aqueles que creem em Deus, e aceitam a Cristo Jesus como seu único e suficiente Salvador. Por intermédio dela, Deus salva, justifica e adota o pecador como filho (Jo 1.12).
  3. Graça justificadora e regeneradora. A Graça de Deus é a fonte da justificação do homem (Rm 3.21-26). Uma vez nascida de novo, a pessoa passa a ser “nova criatura” (2Co 5.17), tomando parte na família de Deus: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus” (Ef 2.19).
  4. Graça santificadora. A graça de Deus só pode ser eficaz, na vida do convertido, se ele se dispuser a negar-se a si mesmo para ter uma vida de santidade. A falta de santificação anula os efeitos da regeneração e da justificação. Diz a Bíblia: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

II. A CONDUTA DO SALVO EM JESUS

  1. Sujeição às autoridades (v.1). O cristão sincero deve obedecer aos governantes e autoridades constituídas, desde que estes não desrespeitem a Lei de Deus. Jesus mandou dar “a César o que é de César” e “a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
  2. O relacionamento do cristão (v.2). Aqui, vemos quatro comportamentos éticos, exigidos dos cristãos. Vejamos:
    a) Não infamar a ninguém. É pecado muito grave caluniar alguém, seja na igreja, seja fora dela. É passível de sanção judicial ou condenação na justiça humana. Muito mais, na Lei de Deus. Normalmente, a infâmia é ditada com intenção de prejudicar o outro. O cristão deve cultivar o fruto do Espírito da “benignidade”, que é a qualidade de quem só faz o bem (Gl 5.22).
    b) Não ser contencioso. Contendas nas igrejas geralmente têm resultados muito prejudiciais. Infelizmente em algumas reuniões, até mesmo de ministros cristãos, vemos pessoas contendendo umas com as outros, por causa de interesses políticos ou pessoais. Isso não agrada a Deus (2Tm 2.24).
    c) Ser modesto. A modéstia deve ser evidente na vida de homens e mulheres cristãos. Revela a simplicidade exortada por Jesus, em seu evangelho: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mt 10.16).
    d) Mostrar “mansidão para com todos os homens”. Deve ser característica marcante, do servo de Deus, ser “manso e humilde de coração”, como Jesus ensinou (Mt 11.29). Além de não ser interessante a contenda, no meio cristão, o crente precisa ser “manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2Tm 2.24b).
  3. A lavagem da renovação do Espírito Santo (v.3). Vivíamos entregues ao pecado e longe de Deus, mas Cristo nos salvou e nos purificou. Como novas criaturas não temos mais prazer no pecado. Observe, a seguir, algumas características, segundo Paulo que caracterizam o homem que vive segundo a carne:
    a) Insensatez. Refere-se à velha vida, plena de loucura, imprudência, leviandade e incoerência, que leva muitos à perdição eterna. Na parábola das dez virgens, Jesus chama a atenção para as cinco “loucas” ou insensatas, que não se preveniram com o azeite para esperar o noivo (Mt 25.1-13). Jesus também falou sobre o homem “insensato”, que edifica sua casa sobre a areia (Mt 7.26). O desastre espiritual torna-se inevitável.
    b) Desobediência. A desobediência foi o primeiro pecado cometido pelo homem (Rm 5.19). E desde então é a “mãe” de todos os pecados, cometidos, em todos os tempos (Rm 11.30), por aqueles que são “filhos da desobediência” (Ef 2.2; 5.6; Cl 3.6).
    c) Extravio. Sem Deus, sem a salvação em Cristo, o homem é um perdido, como ovelha sem pastor (Mt 9.36). É uma situação difícil e por vezes desesperadora. Mas é feliz quem faz como o “filho pródigo”, que tomou a decisão sábia de retornar humilhado à casa do pai, onde foi recebido com amor e misericórdia (Lc 15.18-24).
    d) Servindo a “várias concupiscências e deleites”. Outra tradução fala de “paixões e prazeres”, que dominam a vida do homem sem Deus. Os deleites da carne impedem que o homem se converta a Deus de verdade, sufocado pelos “espinhos” da vida (Lc 8.14). As concupiscências da vida, ou os desejos exacerbados da carne são impedimento para uma vida de santidade e fidelidade a Jesus (1Pe 4.3; Jd 16).
    e) “Vivendo em malícia e inveja”. Malícia é sinônimo de maldade, perversidade, malignidade, o que não deve fazer parte da vida cristã (Ef 4.31; Cl 3.8); a inveja é outro sentimento indigno para um cristão sincero. A inveja é “a podridão dos ossos” (Pv 14.30).
    f) Odiosos, odiando “uns aos outros”. A “lavagem da regeneração do Espírito Santo” nos faz “justificados pela sua graça” e herdeiros da vida eterna (3.4-7). João adverte-nos ao dizer que “qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna” (1Jo 3.15). No Antigo Testamento, só era homicida quem matasse alguém com algum tipo de objeto perigoso. No evangelho da graça de Deus, é homicida quem, no coração, odeia o seu irmão.

III. AS BOAS OBRAS E O TRATO COM OS HEREGES

  1. A prática das boas obras (v.8). Praticar boas obras faz parte do dia a dia do servo ou da serva de Deus. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Quem está em Cristo tem prazer em praticar aquilo que é bom e agradável ao seu próximo e a Deus.
  2. Como tratar com os hereges (v.10). Paulo ensina que devemos evitar os falsos mestres, não nos envolvendo em suas discussões tolas. Muitas vezes acabamos discutindo e dando uma atenção demasiada aos ensinos que são contrários a Palavra de Deus.

CONCLUSÃO

A graça de Deus é a fonte da salvação do homem. É favor jamais merecido por qualquer pessoa, e manifesta o seu amor e sua benignidade para com o pecador. Essa graça é manifestada “a todos os homens”, mas só é eficaz, na vida de quem aceita a Cristo como Salvador pessoal.

PARA REFLETIR

A respeito das Cartas Pastorais:
O que é graça?
Como podemos alcançar a graça salvadora?
Qual é a fonte da justificação do homem?
Quem é considerado homicida no evangelho da graça?
De acordo com a lição, como devemos tratar os hereges?

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Fonte: https://escoladominical.assembleia.org.br/licao-13-a-manifestacao-da-graca-da-salvacao/

terça-feira, 22 de outubro de 2019

A Igreja no Antigo Testamento

22.10.2019
Do portal da UNIVERSIDADE DA BÍBLIA, 21.10.19
Por Walter Brunelli

Não há qualquer declaração formal acerca da Igreja no Antigo Testamento, embora muitos intérpretes encontrem certas passagens que talvez sugiram algumas profecias a respeito dela. O livro de Cantares de Salomão, que é uma declaração de amor, é usado por muitos como uma metáfora do relacionamento entre Jesus (Noivo) e Sua Noiva (a Igreja). Em busca de alguma declaração do Antigo Testamento sobre a Igreja, Culver diz:
É inútil procurar no Antigo Testamento predições explícitas da formação de um corpo ou Noiva de Cristo com as feições especiais que estaremos examinando. Mas, como podemos ver agora, da nossa perspectiva, há vislumbres cujos cumprimentos ocorrem na igreja. O mais importante deles, sem dúvida, é a promessa a Abraão quando recebeu seu primeiro chamado: “E abençoarei os que o abençoarem (…) e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). 1
Deus sempre mostrou interesse em estender Sua graça salvadora a outros povos (2 Cr 6.32,33; SI 67.1-4; Is 56.6-8). Na sinagoga de Antioquia da Pisídia, logo no início da primeira viagem missionária, Paulo cita o profeta Isaías 49.6: “Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, para que sejas de salvação até aos confins da terra” (At 13.47). Há algumas aplicações do termo ekklesia no Antigo Testamento referindo-se a “assembléia” ou a “congregação”, conforme o discurso de Estêvão: “Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar” (At 7.38). No livro dos Salmos, o termo “congregação” (SI 22.22,25) é citado pelo autor de Hebreus: “Dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação”

(ekklesia) (Hb 2.12). Paulo fala do “mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações (…)” (Cl 1.26).

Geralmente, os intérpretes entendem que esse versículo diz respeito à Igreja; outros identificam esse “mistério” como o evangelho (Ef 3.8-10). Apesar de a Igreja não ser revelada objetivamente como tal nas Escrituras do Antigo Testamento, não é novidade que os gentios seriam alcançados, e Paulo identifica textos que trazem essas informações: “Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? Como também diz em Oseias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada. E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo, aí serão chamados filhos do Deus vivo” (Rm 9.24-26). “Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé” (Rm 9.30).

Prossegue o apóstolo no capítulo seguinte: “Mas digo: Porventura, Israel não o soube? Primeiramente, diz Moisés: Eu vos meterei em ciúmes com aqueles que não são povo, com gente insensata vos provocarei à ira. E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que me não buscavam, fui manifestado aos que por mim não perguntavam. Mas contra Israel diz: ,todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente” (Rm 10.19-21). Em fazer dos dois povos, Israel e gentios, um só povo é que estava o “mistério que esteve oculto” a que Paulo se refere: “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz” (Ef 2.14,15).

Hoje não há distinção. A salvação para todos segue o mesmo caminho; entretanto, depois do arrebatamento, Deus volta a lidar com Israel (Rm 10.12): “Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?” (Rm 10.16). Paulo dá-nos a entender que, ainda que a Igreja estivesse nas profecias do Antigo Testamento, nem mesmo os profetas entenderam do que se tratava. “Embora Paulo tenha encontrado provas da comissão missionária da igreja para evangelizar os gentios, bem como os judeus, no Antigo Testamento, não encontrou nada nele sobre a natureza especial da igreja”, diz Culver.2. A Igreja era um mistério que veio a ser desvendado “agora” (Rm 16.25,26). O apóstolo vislumbra a Igreja nos planos eternos de Deus. Segundo ele, a Igreja estava no coração do Pai e foi prevista antes mesmo da fundação do mundo (2 Tm 1.9; Ef 1.4).

1. CULVER, Robert. Teologia Sistemática Bíblica e Histórica. São Paulo: Shedd Publicações, 2012. p. 1096.

2, CULVER, 2012. p. 1098.

Fonte: TEOLOGIA PARA PENTECOSTAIS UMA TEOLOGIA SISTEMÁTICA EXPANDIDA, Vol 4, Pags 16-18
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Fonte:https://www.universidadedabiblia.com.br/a-igreja-no-antigo-testamento/

terça-feira, 4 de outubro de 2016

É de graça, mas não é barato

04.10.2016 
Do portal ULTIMATO ON LINE ESTUDO BÍBLICO
Por Reinaldo Percinotto Júnior*

SÉRIE REVISTA ULTIMATO

Artigo: #É a graça, estúpido, de Valdir Steuernagel
Texto básico: Lucas 19. 1-10
Textos de apoio
– Salmo 84. 9-12
– Isaías 55. 6-9
– Lamentações 3. 19-23
– Mateus 10. 5-8
– Lucas 5. 27-32
– 1 Coríntios 15. 9-10

Introdução

Precisamos reconhecer a nossa dificuldade em lidar com a graça de Deus. Ora ela nos parece incompreensível, pois estamos imersos em um ambiente fortemente influenciado pela lei do mérito. E não gostamos de ver alguém que “não merece” ser contemplado com algum benefício, ou benção, que deveria ser dirigida a quem “fez por merecer”, preferencialmente a um dos nossos. E ora ela nos parece algo tão automático, tão corriqueiro, tão facilmente “alcançável”, que acabamos por subvalorizá-la – nas palavras de Dietrich Bonhoeffer, nós a barateamos.
É difícil conciliar em nossa mente algo que, como o próprio nome diz, é “grátis” e ao mesmo tempo “custoso”. Mas, se não queremos nem “elitizar” e nem “baratear” a surpreendente e maravilhosa graça de Deus, não podemos abrir mão nem da magnanimidade de Deus e nem da nossa responsabilidade pessoal.
Precisamos pedir a ajuda de Deus para discernir se estamos nos afastando do equilíbrio necessário. A atuação graciosa de Deus às vezes me parece “inadequada”, privilegiando “pecadores” e “impuros”? Alguma vez isso me causou um sentimento de “injustiça”? Ou, por outro lado, será que tenho percebido a graça de Deus como um recurso instantâneo e desprovido de qualquer expectativa em relação ao meu compromisso pessoal?

Para entender o que a Bíblia fala

  1. O que você consegue descobrir sobre Zaqueu nos vv. 1-4? É possível que ele já tenha ouvido alguma coisa sobre Jesus?
  2. Quando Jesus parou e se dirigiu a Zaqueu (vv. 5-6), como você acha que a multidão deve ter se comportado? Que sentimentos devem ter surgido? E quanto a Zaqueu, o que você acha que ele sentiu ao ouvir aquelas palavras?
  3. Os publicanos (cobradores de impostos) eram hostilizados porque eles extorquiam dinheiro de seus conterrâneos judeus para entregar aos dominadores romanos. Por que Jesus estava arriscando sua reputação ao entrar, e muito provavelmente comer, na casa de Zaqueu (v. 7)?
  4. No v. 8, Zaqueu faz um anúncio público diante dos presentes. O que esse anúncio revela sobre a fé e o arrependimento de Zaqueu (veja Levítico 6. 1-5). Será que Zaqueu poderia estar blefando?
  5. O que Zaqueu deve ter pensado, e sentido, ao ouvir Jesus dizer “hoje houve salvação nesta casa” (v. 9)? Como deve ter sido a vida de Zaqueu a partir daquele momento?
  6. O v. 10 carrega uma surpresa: Jesus também estava procurando Zaqueu! Em Lucas 5. 27-32 nós ficamos sabendo que Jesus já tinha feito amigos publicanos no passado. Voltando ao v. 5, que indícios nós encontramos aqui de que Jesus também já tinha ouvido falar de Zaqueu, e também procurava por ele?

Hora de Avançar

A graça de Deus é tão central e tão preciosa que nos custa uma vida para aceitá-la, pois estamos sempre querendo negociar com Deus. Vivemos tentando descaracterizá-la para poder manipulá-la. [Dietrich] Bonhoeffer diz que a graça de Deus é preciosa e nós somos sempre tentados a transformá-la em graça barata.(…) Ela é graça barata quando é exposta no mercado como um mero produto, quando é anunciada como perdão sem arrependimento, comunhão sem confissão, quando se anuncia graça sem discipulado, sem cruz e sem Jesus Cristo.
(Valdir Steuernagel)

Para pensar

Embora o texto de Lucas 19 não faça uma menção explicita a isto, os estudiosos concordam com o fato de que os cobradores de impostos (publicanos) normalmente praticavam extorsões, coletando dinheiro a mais e ficando com uma parte generosa para eles mesmos. Aparentemente Zaqueu descobriu da maneira mais difícil que o dinheiro não podia compensar a falta de aceitação por parte do seu povo.
O texto deixa claro que Zaqueu estava bem ansioso para ter contato com Jesus. É bem possível que ele já tivesse ouvido falar de Jesus, através do contato com outros publicanos; provavelmente muitos deles já haviam se arrependido e recebido o batismo de João (Lucas 3. 12-13). Lembremos também que um cobrador de impostos, Mateus (Levi), já era um dos principais discípulos de Jesus.

O que disseram

Acreditar em um “Deus impessoal” – tudo bem. Em um Deus subjetivo, fonte de toda a beleza, verdade e bondade, que vive na mente das pessoas – melhor ainda. Em alguma energia gerada pela interação entre as pessoas, em algum poder avassalador que podemos deixar fluir – o ideal. Mas sentir o próprio Deus, vivo, puxando do outro lado da corda, aproximando-se em uma velocidade infinita, o caçador, rei, marido – é outra coisa.(…) Chega uma hora em que as pessoas que ficam brincando com a religião (“a famosa busca do homem por Deus”), de repente, voltam atrás: “Já pensou se nós o encontrássemos mesmo? Não é essa nossa intenção! E, o pior de tudo, já pensou se ele nos achasse?”
(C. S. Lewis, Um Ano com C. S. Lewis, p. 11, Ultimato, 2005)

Para responder

  1. Jesus nunca desiste de nos procurar. De que maneiras você acha que Deus nos “acena” e nos “chama” nos dias de hoje? Pessoalmente, como você tem respondido aos “chamados” de Deus?
  2. Na sua busca por Jesus, Zaqueu enfrentou alguns obstáculos, que não foram suficientes para fazê-lo desistir. Que obstáculos as pessoas podem enfrentar em nossos dias, na sua busca por Deus? Como podem enfrentar, e vencer, tais obstáculos?

Eu e Deus

Querido Cristo, não quero que minha vida seja moldada por minhas exigências, mas pelo movimento certo, porém misterioso, de tua graça. Amém.
(Eugene Peterson, Um Ano com Jesus, Ultimato)
*Autor do estudo: Reinaldo Percinotto Júnior

Este estudo bíblico foi desenvolvido a partir do artigo “# É a graça, estúpido”, de Valdir Steuernagel, publicado na edição 362 da revistaUltimato
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Fonte:http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/e-de-graca-mas-nao-e-barato/

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A Vida e o Ministério de Agostinho de Hipona

15.02.2016
Do portal MINISTÉRIO FIEL, 12.03.2014
Por Alderi Matos

Na mesma época em que se desenrolavam na igreja grega ou oriental as controvérsias cristológicas, viveu no Ocidente aquele que seria considerado o maior dos pais da igreja – Aurélio Agostinho. Por sua genialidade, produtividade e influência, ele é considerado o equivalente latino do brilhante Orígenes. Agostinho foi o último dos grandes escritores cristãos da antiguidade e o precursor da teologia medieval, tendo também influenciado profundamente a teologia protestante do século 16. Ele deu à teologia ocidental características que a destacaram da oriental e contribuíram para o rompimento final das duas tradições.
O famoso bispo introduziu no pensamento cristão o conceito de “monergismo” (de monos = “um só” e ergon = “obra”), ou seja, que tanto na história humana como na salvação a atuação de Deus é plenamente soberana, em contraste com a posição “sinergista” aceita por vários séculos, com sua ênfase na cooperação das agências humana e divina. Essa posição de Agostinho nunca foi totalmente aceita pela sua igreja e foi rejeitada pela igreja oriental. Ainda assim, ele foi declarado um dos quatro doutores da igreja latina, ao lado de Ambrósio, Jerônimo e Gregório I.
Por causa da sua autobiografia, as Confissões, a vida de Agostinho é a mais conhecida dentre todos os pais da igreja. Ele nasceu em 354 em Tagaste, no norte da África (a moderna Argélia), não longe da grande cidade de Cartago (na atual Tunísia), e recebeu o nome de Aurelius Augustinus. Seu pai, Patrício, um funcionário público de classe média, era um pagão que só se converteu pouco antes de morrer em 372. A mãe, Mônica, era uma cristã piedosa de forte personalidade.
O jovem estudou em sua cidade natal e depois em Madaura e Cartago. Destacou-se na retórica latina, mas não conseguiu dominar a língua grega. Embora fosse um catecúmeno desde a infância, tinha paixão pelo teatro e somente disciplinou a sua sexualidade através da união com uma concubina (372-385), que lhe deu um filho, Adeodato, falecido por volta de 390. Desiludido com a Bíblia e fascinado pela filosofia através da leitura de uma obra do orador romano Cícero (Hortênsio), Agostinho voltou-se para o maniqueísmo, uma seita gnóstica, e depois para o ceticismo. Tornou-se professor de retórica em Tagaste e Cartago, e foi então para Roma (383) e Milão (384), sendo logo seguido por sua mãe, que estava interessada em seu progresso profissional e em seu retorno à igreja.
Em Milão, o jovem retórico recebeu a influência da filosofia neoplatônica, que o convenceu da existência do Ser transcendente imaterial e lhe deu uma nova compreensão do problema do mal como corrupção ou ausência do bem. Impressionou-se com a eloquência erudita e com a pregação alegórica do grande bispo Ambrósio (c. 339-397), considerado o maior orador sacro da antiga igreja latina.
Sua peregrinação culminou em agosto de 386 com a célebre experiência do jardim, narrada com detalhes nas Confissões. Enquanto conversava com o amigo Alípio sobre a mensagem do apóstolo Paulo, Agostinho sentiu-se tomado de profunda emoção. Afastando-se, ouviu uma criança cantar repetidamente tolle lege(“toma e lê”). Abrindo ao acaso a carta aos Romanos, leu os versos 13 e 14 do capítulo 13, convertendo-se afinal. Abandonando a carreira pública, abraçou a vida monástica e foi batizado por Ambrósio na páscoa de 387.
Ao retornar a Tagaste, após a morte de Mônica em Óstia, perto de Roma, começou a escrever contra o maniqueísmo e formou uma comunidade contemplativa. Ao fazer uma visita a Hipona, hoje na Argélia, foi ordenado sacerdote quase à força (391). Tornou-se bispo coadjutor em 395 e no ano seguinte, bispo de Hipona, cargo que exerceu até sua morte em 430. Sendo agora um líder da igreja e defrontando-se com grandes desafios, sua perspectiva transformou-se de modo decisivo. Passou a ter uma visão mais radicalmente bíblica do ser humano e da história, em contraste com o seu anterior humanismo otimista neoplatônico.
A teologia de Agostinho foi forjada e amadureceu no contexto de três grandes controvérsias nas quais se envolveu, a começar da sua luta contra os maniqueístas. Estes eram seguidores do profeta persa Mani (c. 216-276), que foi martirizado pelos romanos. Criam em duas forças eternas e iguais, o bem e o mal, em luta perpétua. Assim como os gnósticos, atribuíam o mal à matéria, criada pelo princípio do mal, e o bem ao espírito, criado pelo Deus bom. A alma ou espírito do homem era uma centelha do poder benigno que havia sido roubada pelas forças malignas e aprisionada na matéria. Quando jovem, Agostinho se sentira atraído por essa filosofia religiosa, que parecia explicar melhor que o cristianismo algumas das questões mais importantes da existência. Mais tarde, decepcionou-se com o movimento, principalmente após uma conversa com Fausto, o filósofo maniqueu mais importante.
Em sua principal obra contra o maniqueísmo, Da natureza do bem (c. 405), Agostinho argumentou que não é preciso admitir duas forças iguais e opostas no universo (dualismo) para explicar o mal. Este não é uma natureza ou substância, mas a corrupção da natureza boa criada por Deus ou uma privatio boni (ausência do bem). Ele usou dois argumentos: metafísico (toda natureza criada é inferior a Deus e passível de corrupção) e moral (o mal moral decorre do uso impróprio do livre-arbítrio). Agostinho utilizou a filosofia (no caso o neoplatonismo) contra o maniqueísmo, adaptando-a à fé cristã, algo que vinha sendo feito desde a época de Clemente de Alexandria e Orígenes, por causa do entendimento de que toda verdade é verdade de Deus, venha de onde vier. Ao mesmo tempo, discordou do neoplatonismo quanto à natureza de Deus (pessoal em contraste com o Uno impessoal) e à criação do mundo (a partir do nada ou ex nihiloem contraste com a eternidade da matéria). Com a ajuda da filosofia, Agostinho demonstrou racionalmente a superioridade do cristianismo e forneceu padrões para o pensamento cristão sobre temas como Deus, a graça, a criação, o pecado, o livre arbítrio e o mal. Empregou argumentos já conhecidos, porém de forma nova e atraente.
A segunda grande controvérsia de que Agostinho participou foi contra os donatistas. Esse cisma na igreja católica do norte da África, que resultou na formação de uma poderosa igreja rival, havia surgido após a última perseguição contra os cristãos, no início do 4° século (303-311). Os líderes iniciais do movimento, entre os quais estava um bispo chamado Donato, afirmavam que os bispos que tinham cooperado com os perseguidores romanos não eram legítimos e que os homens que eles haviam ordenado não eram sacerdotes cristãos. Os donatistas eram herdeiros da tradição rigorista ou moralista de O Pastor de Hermas e Tertuliano, e agora, na época de Agostinho, argumentavam que os bispos e sacerdotes católicos eram corruptos ou heréticos, e por isso os sacramentos que ministravam não eram válidos. Nessas alegações, apelavam inclusive aos escritos de Cipriano.
Ao lutar contra os donatistas, em obras como Sobre o batismo, Agostinho salientou duas questões: a natureza da igreja e a validade dos sacramentos. A ênfase principal dos donatistas era a pureza da igreja: esta era considerada a congregação dos santos, tanto na terra como no céu, sendo sempre um pequeno remanescente fiel. Rejeitando essa eclesiologia, Agostinho argumentou que os donatistas é que eram impuros, por destruírem a unidade da igreja e caírem no pecado do cisma. Para ele, a igreja inclui todos os tipos de pessoas, contendo em si tanto o bem como o mal (o trigo e o joio) até a separação definitiva no último dia.
Quanto aos sacramentos, ele insistiu que o batismo e a Eucaristia transmitem a graça de Deus ex opere operato, ou seja, “em virtude do próprio ato”, independentemente da condição moral e espiritual do oficiante. Os sacramentos provêm de Cristo e o seu poder e eficácia baseiam-se na santidade de Cristo, que não pode ser corrompida por ministros indignos “assim como a luz do sol não é corrompida ao brilhar através de um esgoto”. Portanto, um sacramento é válido mesmo quando ministrado por um sacerdote imoral ou herético, contanto que tenha uma ordenação válida e esteja em comunhão com a igreja. Ele é mero instrumento da graça de Cristo.
Sem dúvida, a controvérsia mais importante na qual se envolveu Agostinho, e aquela que trouxe consequências mais profundas para sua teologia, foi a que ele manteve contra o pelagianismo. Pelágio era um monge britânico que nasceu em meados do século 4°. Por volta de 405 ele foi para Roma e depois seguiu para o norte de África, mas não chegou a se encontrar com Agostinho. Foi então para a Palestina e escreveu dois livros sobre o pecado, o livre-arbítrio e a graça: Da natureza e Do livre-arbítrio. Embora criticado fortemente por Agostinho e seu amigo Jerônimo (†420), comentarista bíblico e tradutor daVulgata Latina, ele foi inocentado por um sínodo reunido na Palestina em 415. Todavia, foi condenado como herege pelo bispo de Roma (417-418) e pelo Concílio de Éfeso (431). Pelágio era um cristão moralista que achava que a crença numa tendência natural para o pecado era um desestímulo para que os cristãos vivessem vidas virtuosas.
Pelágio foi acusado de três heresias. Primeiro, negou o pecado original no sentido de culpa herdada, no que era acompanhado por muitos cristãos orientais. Dizia que as pessoas pecam porque nascem num mundo corrompido e são influenciadas pelos maus exemplos ao seu redor, mas que elas não têm uma tendência natural para pecar. Se elas pecam é porque decidem fazê-lo deliberadamente. Em segundo lugar, ele negou que a graça sobrenatural de Deus seja essencial para a salvação. Tudo de que os cristãos precisam é a iluminação dada pela Palavra de Deus e por sua própria consciência. Finalmente, afirmou a possibilidade, pelo menos teórica, de se viver uma vida sem pecado mediante o uso correto do livre-arbítrio. Todo ser humano se encontra na situação de Adão antes da queda, podendo optar por viver em perfeita obediência à lei de Deus.
Reagindo contra os ensinos de Pelágio, Agostinho desenvolveu a sua própria soteriologia, que parte de duas convicções centrais: a total corrupção dos seres humanos após a queda e a absoluta soberania de Deus. Suas principais obras antipelagianas foram: Do Espírito e da letra (412), Da natureza e da graça (415), Da graça de Cristo e do pecado original (418), Da graça e do livre arbítrio (427) e Da predestinação dos santos (429). Ele também tratou dessas questões em outras obras, tais como o Enchiridion (421) e A cidade de Deus (c. 413-427).
Apelando a ensinos do apóstolo Paulo, como Romanos 5.12-21, Agostinho afirmou que todos os seres humanos, inclusive os filhos dos cristãos, nascem culpados e totalmente corrompidos por causa do pecado de Adão e da natureza pecaminosa herdada dele, estando sujeitos à condenação eterna. Eles fazem parte de uma “massa de perdição”. Essa situação só é desfeita pelo batismo (o sacramento da regeneração), pelo arrependimento e pela graça sacramental. A vida cristã virtuosa é inteiramente uma obra da graça de Deus e de modo algum um produto do esforço humano ou do livre-arbítrio, sem a graça capacitadora. Por causa da corrupção herdada, o ser humano não tem liberdade para não pecar (non posse non peccare).
Para Agostinho, o livre-arbítrio era simplesmente fazer o que se deseja fazer, agir de acordo com a própria natureza, não incluindo a capacidade da escolha contrária, como era sustentado por Pelágio e seus seguidores. Assim, as pessoas são livres para pecar, mas não para não pecar: pecar é tudo o que elas querem fazer sem a graça interveniente de Deus.
Portanto, a graça soberana de Deus é absolutamente necessária para qualquer decisão ou ação positiva do ser humano caído. As criaturas humanas estão de tal modo corrompidas que, se Deus não lhes concedesse o dom da fé, nem sequer se voltariam para ele. Se fosse possível alcançar a retidão somente pela natureza e pelo livre-arbítrio, sem a graça sobrenatural, Cristo teria morrido em vão. Deus determina ou predestina de modo soberano tudo o que acontece.
Em sua última obra, Da predestinação dos santos, Agostinho afirmou que Deus escolhe alguns indivíduos do meio da massa humana de perdição para receberem a dádiva da fé, e deixa os outros em sua merecida perdição. É aquilo que mais tarde seria descrito como “eleição incondicional” e “graça irresistível”. Agostinho não explicou satisfatoriamente certas questões difíceis levantas pela sua soteriologia (Deus é o autor do mal? Como conciliar a soberania de Deus e a responsabilidade humana? Por que Deus não salva a todos?), deixando-as na esfera dos mistérios. Para ele, a verdade fundamental é o fato de que Deus é a causa suprema de todas as coisas e não há nada no universo que esteja fora do seu controle ou que possa frustrar a sua vontade.
Além da doutrina da igreja e dos sacramentos e da doutrina da graça, outra contribuição fundamental do bispo de Hipona foi sua exposição da doutrina trinitária no valioso tratado De Trinitate (Sobre a Trindade). Partindo do fundamento lançado pelos pais capadócios, cuja teologia conheceu por meio de Hilário de Poitiers, Agostinho deu mais ênfase à unidade da essência divina do que à diversidade de pessoas. Enquanto os capadócios partem da diversidade de pessoas para ir em direção à unidade, ele usa o processo inverso. Prefere falar em relações ao invés de pessoas (a unidade divina acima da diversidade). Ao explicar a procedência do Espírito Santo, diz que ele é o vínculo de amor entre o Pai e o Filho, o que deu origem ao debate medieval sobre a cláusula Filioque (“e do Filho”), presente no Credo Niceno.
Agostinho argumentou que todas as coisas, pelo fato de terem sido criadas pelo Deus triúno, levam a marca da Trindade. Assim sendo, deu uma contribuição inovadora ao introduzir o “modelo psicológico” da Trindade. Comparou a unidade de Deus com a unidade do ser humano e equiparou a Trindade a três faculdades internas da alma ou aspectos da personalidade humana: a memória, o entendimento e a vontade. Uma de suas últimas obras foi Retractationes ou Revisões(426-427), nas quais arrolou seus escritos, corrigindo-se e defendendo-se em alguns pontos. Outros temas da teologia de Agostinho foram o conhecimento como iluminação da mente pelo Verbo de Deus; a existência e o ser de Deus; a criação, a natureza do tempo e a escatologia. Curiosamente, ele nunca explorou a fundo o campo da cristologia.
Sua obra-prima foi A cidade de Deus, na qual fez uma grande síntese do pensamento cristão. Começou com uma apologia contra alegações de que, em última análise, o cristianismo havia sido responsável pelo saque de Roma pelos visigodos no ano 410. O livro acabou se tornando uma grande interpretação da história romana e cristã, analisada teológica e escatologicamente através dos complexos destinos terrenos de duas “cidades” criadas por amores conflitantes (amor próprio e amor a Deus). Segundo ele, o reino de Deus não se identificava com nenhuma civilização humana e não seria afetado pelo declínio do Império Romano. Ironicamente, Agostinho morreu quando a África romana sucumbia diante dos vândalos que cercavam Hipona. A civilização romana clássica estava desmoronando, mas havia surgido uma nova cultura cristã, que alcançaria seu maior esplendor na Idade Média.
Fonte: Revista Fé Para Hoje N.40 (Artigo 3)
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/653/A_Vida_e_o_Ministerio_de_Agostinho_de_Hipona

sábado, 30 de janeiro de 2016

ARMINIANSIMO CLÁSSICO E WESLEYANO

30.01.2016
Do portal WIKIPÉDIA

Arminianismo clássico


O arminianismo clássico (às vezes chamado de arminianismo reformado) é o sistema teológico que foi apresentado por Jacó Armínio e mantido pelos remonstrantes;[5] sua influência serve como base para todos os sistemas arminianos. A lista de crenças é dado abaixo:

  • A depravação é total: Arminius declarou: "Neste estado [caído], o livre-arbítrio do homem para o verdadeiro bem não está apenas ferido, enfermo, inclinado, e enfraquecido; mas ele está também preso, destruído, e perdido. E os seus poderes não só estão debilitados e inúteis a menos que seja assistido pela graça, mas não tem poder algum exceto quando é animado pela graça divina."[6]

  • A expiação destina-se a todos: Jesus morreu para todas as pessoas, Jesus atrai todos a si mesmo, e todas as pessoas têm oportunidade de se salvarem pela fé.[7]

  • A morte de Jesus satisfaz a justiça de Deus: A penalidade pelos pecados dos eleitos é paga integralmente através da obra de Jesus na cruz. Assim, a expiação de Cristo é destinada a todos, mas requer a fé para ser efetuada. Arminius declarou que: "Justificação, quando usado para o ato de um juiz, também é exclusivamente a imputação da justiça através da misericórdia... ou esse homem é justificado diante de Deus... de acordo com o rigor da justiça sem qualquer perdão."[8] Stephen Ashby esclarece: "Arminius só considera duas maneiras possíveis em que o pecador pode ser justificado: (1) pela nossa adesão absoluta e perfeita à lei, ou (2) exclusivamente pela divina imputação da justiça de Cristo."[9]

  • A graça é resistível: Deus toma a iniciativa no processo de salvação e a sua graça vem a todas as pessoas. Esta graça (muitas vezes chamada de preveniente ou pré-graça regeneradora) age em todas as pessoas para convencê-las do Evangelho, chamá-las fortemente à salvação, e capacitar a possibilidade de uma fé sincera. Picirilli declarou que "realmente esta graça está tão próxima da regeneração que ela leva inevitavelmente a regeneração, a menos que, por fim seja resistida." [10] A oferta de salvação por graça não age irresistivelmente em um simples causa-efeito (i.e num método determinístico), mas sim de um modo de influência-e-resposta, que tanto pode ser livremente aceita e livremente negada.[11]

  • O homem tem livre arbítrio para responder ou resistir: O livre-arbítrio é limitado pela soberania de Deus, mas a soberania de Deus permite que todos os homens tenham a opção de aceitar o Evangelho de Jesus através da fé, simultaneamente, permite que todos os homens resistam.

  • A eleição é condicional: Arminius define eleição como "o decreto de Deus pelo qual, de Si mesmo, desde a eternidade, decretou justificar em Cristo, os crentes, e aceitá-los para a vida eterna."[12] Só Deus determina quem será salvo e a sua determinação é que todos os que crêem em Jesus através da fé sejam justificados. Segundo Arminius, "Deus a ninguém preza em Cristo, a menos que sejam enxertados nele pela fé".[12]
  • Deus predestina os eleitos a um futuro glorioso: A predestinação não é a predeterminação de quem irá crer, mas sim a predeterminação da herança futura do crente. Os eleitos são, portanto, predestinados a filiação pela adoção, glorificação, e vida eterna.[13]

  • A justiça de Cristo é imputada ao crente: A justificação é sola fide. Quando os indivíduos se arrependem e creem em Cristo (fé salvífica), eles são regenerados e trazidos a união com Cristo, pela qual a morte e a justiça de Cristo são imputados a eles, para sua justificação diante de Deus.[14]

  • A segurança eterna é também condicional: Todos os crentes têm plena certeza da salvação com a condição de que eles permaneçam em Cristo. A salvação é condicional a fé, portanto, a perseverança também é condicional.[15] A apostasia (desvio de Cristo) só é cometida por uma deliberada e proposital rejeição de Jesus e renúncia da fé.[16]

Os cinco artigos da remonstrância que os seguidores de Arminius formularam em 1610 o estado acima de crenças relativas (I) eleição condicional, (II) expiação ilimitada, (III) depravação total, (IV) depravação total e a graça resistível, e (V) possibilidade de apostasia. Note, entretanto, que o artigo quinto não nega completamente a perseverança dos santos, Arminius mesmo, disse que "nunca me ensinaram que um verdadeiro crente pode cair ... longe da fé ... ainda não vou esconder que há passagens de Escritura que parecem-me usar este aspecto, e as respostas a elas que me foi permitido ver, não são como a gentileza de aprovar-se em todos os pontos para o meu entendimento ".[17]Além disso, o texto dos artigos da Remonstrancia diz que nenhum crente pode ser arrancado da mão de Cristo, e à questão da apostasia, "a perda da salvação" é necessário mais estudos antes que pudesse ser ensinada com plena certeza.

As crenças básicas de Jacó Armínio e os remonstrances estão resumidos como tal pelo teólogo Stephen Ashby:

  1. Antes de ser chamado e capacitado, alguém é incapaz de crer... somente capaz de resistir.
  2. Depois de ter sido chamado e capacitado, mas antes da regeneração, alguém é capaz de crer... também capaz de resistir.
  3. Após alguém crer, Deus o regenera, alguém é capaz de continuar crendo... também capaz de resistir.
  4. Após resistir ao ponto de descrer, alguém é incapaz de acreditar... só capaz de resistir.[18]

Interpretação dos Cinco Pontos

O terceiro ponto sepulta qualquer pretensão de associar o arminianismo ao pelagianismo ou ao semipelagianismo. De fato, a doutrina de Armínio é perfeitamente compatível com a Depravação Total calvinista. Ou seja, em seu estado original o homem é herdeiro da natureza pecaminosa de Adão e totalmente incapaz, até mesmo, de desejar se aproximar de Deus. Nenhum homem nasce com o "livre-arbítrio", ou seja, com a capacidade de não resistir a Deus.
O quarto ponto demonstra claramente que é a graça preveniente que restaura no homem a sua capacidade de não resistir à Deus. Portanto, para Armínio, a salvação é pela graça somente e por meio da fé somente. Nesse sentido, os arminianos do coração concordam com os calvinistas no sentido de que a capacitação, por meio da graça, precede a fé, e que até mesmo a fé salvadora seja um dom de Deus. A diferença está na compreensão da operação dessa graça. Para os calvinistas, a graça é concedida apenas aos eleitos, que a ela não podem resistir. Para os arminianos, a expiação por meio de Jesus Cristo é universal e comunica essa graça preveniente a todos os homens; mas ela pode ser resistida. 

Assim como o pecado entrou no mundo pelo primeiro Adão, a graça foi concedida ao mundo por meio de Cristo, o segundo Adão (conforme Romanos 5:18João 1:9). Nesse sentido, os arminianos entendem que I Timóteo 4:10 aponta para duas salvações em Cristo: uma universal e uma especial para os que creem. A primeira corresponde à graça preveniente, concedida a todos os homens, que lhes restaura o arbítrio, ou seja, a capacidade de não resistir a Deus. Ela é distribuída a todos os homens porque Deus é amor (I João 4:8João 3:16) e deseja que todos os homens se salvem (I Timóteo 2:4II Pedro 3:9), conforme defendido no segundo ponto do arminianismo. A segunda é alcançada apenas pelos que não resistem à graça salvadora e creem em Cristo. Estes são os predestinados, segundo a visão arminiana de predestinação.

Portanto, embora a expressão "livre-arbítrio" seja comumente associada ao arminianismo, ela deve ser entendida como "arbítrio liberto" ou "vontade liberta" pela graça preveniente, convencedora, iluminadora e capacitante que torna possíveis o arrependimento e a fé. Sem a atuação da graça, nenhum homem teria livre-arbítrio.

Ao contrário dos calvinistas, os arminianos creem que essa graça preveniente, concedida a todos os homens, não é uma força irresistível, que leva o homem necessariamente à salvação. Para Armínio, tal graça irresistível violaria o caráter pessoal da relação entre Deus e o homem. Assim, todos os homens continuam a ter a capacidade de resistir à Deus, que já possuíam antes da operação da graça (conforme Atos 7:51Lucas 7:30Mateus 23:37). Portanto, a responsabilidade do homem em sua salvação consiste em não resistir ao Espírito Santo. Este é o coração do sinergismo arminiano, o qual difere radicalmente dos sinergismos pelagiano e semipelagiano.

No que tange à perseverança dos santos, os remonstrantes não se posicionaram, já que deixaram a questão em aberto.


Citações das obras de Arminius


Os textos a seguir transcritos, escritos pelo próprio Arminius, são úteis para demonstrar algumas de suas ideias.

…Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de e por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito participante desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele está liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda contínua da Graça Divina.

Com referência à Graça Divina, creio, (1.) É uma afeição imerecida pela qual Deus é amavelmente afetado em direção a um pecador miserável, e de acordo com a qual ele, em primeiro lugar, doa seu Filho, "para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna," e, depois, ele o justifica em Cristo Jesus e por sua causa, e o admite no direito de filhos, para salvação. (2.) É uma infusão (tanto no entendimento humano quanto na vontade e afeições,) de todos aqueles dons do Espírito Santo que pertencem à regeneração e renovação do homem - tais como a fé, a esperança, a caridade, etc.; pois, sem estes dons graciosos, o homem não é capaz de pensar, desejar, ou fazer qualquer coisa que seja boa. (3.) É aquela perpétua assistência e contínua ajuda do Espírito Santo, de acordo com a qual Ele age sobre o homem que já foi renovado e o excita ao bem, infundindo-lhe pensamentos salutares, inspirando-lhe com bons desejos, para que ele possa dessa forma verdadeiramente desejar tudo que seja bom; e de acordo com a qual Deus pode então desejar trabalhar junto com o homem, para que o homem possa executar o que ele deseja.

Desta maneira, eu atribuo à graça O COMEÇO, A CONTINUIDADE E A CONSUMAÇÃO DE TODO BEM, e a tal ponto eu estendo sua influência, que um homem, embora regenerado, de forma nenhuma pode conceber, desejar, nem fazer qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação do mal, sem esta graça preveniente e excitante, seguinte e cooperante. Desta declaração claramente parecerá que de maneira nenhuma eu faço injustiça à graça, atribuindo, como é dito de mim, demais ao livre-arbítrio do homem. Pois toda a controvérsia se reduz à solução desta questão, "a graça de Deus é uma certa força irresistível"? Isto é, a controvérsia não diz respeito àquelas ações ou operações que possam ser atribuídas à graça, (pois eu reconheço e ensino muitas destas ações ou operações quanto qualquer um,) mas ela diz respeito unicamente ao modo de operação, se ela é irresistível ou não. A respeito da qual, creio, de acordo com as escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que é oferecida.

Arminianismo wesleyano
Ver artigo principal: Metodismo
Parte de uma série sobre
Metodismo
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John Wesley
 Portal do metodismo

John Wesley foi historicamente o advogado mais influente dos ensinos da soterologia arminiana. Wesley concordou com a vasta maioria daquilo que o próprio Arminius defendeu, mantendo doutrinas fortes, tais como as do pecado original, depravação total, eleição condicional, graça preveniente, expiação ilimitada e possibilidade de apostasia.
Wesley, porém, afastou-se do arminianismo clássico em três questões:

  • Expiação – A expiação para Wesley é um híbrido da teoria da substituição penal e da teoria governamental de Hugo Grócio, advogado e um dos Remonstrantes. Steven Harper expõe: "Wesley não colocou o elemento substitucionário dentro de uma armação legal …Preferencialmente [sua doutrina busca] trazer para dentro do próprio relacionamento a 'justiça' entre o amor de Deus pelas pessoas e a aversão de Deus ao pecado …isso não é a satisfação de uma demanda legal por justiça; assim, muito disso é um ato de reconciliação imediato."[19]

  • Possibilidade de apostasia – Wesley aceitou completamente a visão arminiana de que cristãos genuínos podem apostatar e perder sua salvação. Seu famoso sermão "A Call to Backsliders" demostra claramente isso. Harper resume da seguinte forma: "o ato de cometer pecado não é ele mesmo fundamento para perda da salvação … a perda da salvação está muito mais relacionada a experiências que são profundas e prolongadas. Wesley via dois caminhos principais que resultam em uma definitiva queda da graça: pecado não confessado e a atitude de apostasia."[20] Wesley discorda de Arminius, contudo, ao sustentar que tal apostasia não é final. Quando menciona aqueles que naufragaram em sua fé (1 Tim 1:19), Wesley argumenta que "não apenas um, ou cem, mas, estou convencido, muitos milhares … incontáveis são os exemplos … daqueles que tinham caído, mas que agora estão de pé"[21]

  • Perfeição cristã – Conforme o ensino de Wesley, cristãos podem alcançar um estado de perfeição prática. Isso significa uma falta de todo pecado voluntário, mediante a capacitação do Espírito Santo em sua vida. Perfeição cristã (ou santificação inteira), conforme Wesley, é "pureza de intenção; toda vida dedicada a Deus" e "a mente que estava em Cristo, nos capacita a andar como Cristo andou." Isso é "amar a Deus de todo o seu coração, e os outros como você mesmo".[22] Isso é 'uma restauração não apenas para favor, mas também para a imagem de Deus," nosso ser "encheu-se com a plenitude de Deus".[23] Wesley esclareceu que a perfeição cristã não implica perfeição física ou em uma infabilidade de julgamento. Para ele, significa que não devemos violar a longanimidade da vontade de Deus, por permanecer em transgressões involuntárias. A perfeição cristã coloca o sujeito sob a tentação, e por isso há a necessidade contínua de oração pelo perdão e santidade. Isso não é uma perfeição absoluta mas uma perfeição em amor. Além disso, Wesley nunca ensinou um salvação pela perfeição, mas preferiu dizer que "santidade perfeita é aceitável a Deus somente através de Jesus Cristo."[22]

Os Cinco Artigos da Remonstrância
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Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Arminianismo