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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O perigo de seguir cegamente “líderes políticos cristãos”

02.12.2015
Do portal GOSPEL MAIS,20.11.15
Por Rubens Teixeira*

O perigo de seguir cegamente “líderes políticos cristãos”Os maiores referenciais bíblicos de homens públicos, a meu ver, foram José e Daniel. José, vendido pelos seus irmãos,  foi escolhido pelo egípcio Faraó e Daniel pelo babilônico Nabucodonozor. Daniel, genial, ultrapreparado (Dn1:4), trabalhou com os babilônicos Nabucodonosor e Belsazar, e, depois que o império persa dominou o império babilônico, trabalhou com os persas Ciro e Dario. Ambos atuaram nas maiores civilizações de suas épocas e se destacaram porque eram capazes. Mostraram resultados. Deus estava com eles, mas eram preparados. Venceram etapas difíceis antes, confiando no Senhor: por isso foram reconhecidos.

Você conhece algum exemplo bíblico de alguém que foi escolhido pelo “povo de Deus” (não pelo próprio Deus, através dos profetas, quando Deus indicava diretamente) ou pelos seus “líderes” e tenha sido um grande referencial? Leia Jr 20:1-2 (transcrito ao fim deste texto) e perceba que quem colocou Jeremias no “cepo” foi o presidente da casa do Senhor. Elias, quando escondeu-se de Jezabel, pediu a Deus para morrer porque só tinha ele que ainda não tinha se dobrado perante Baal (I Rs 19). Por isso, Deus o alertou que havia mais 7000 que não havia se dobrado perante baal. Elias não estava mentindo para Deus. Ele acreditava nisso. Portanto, os 7000 eram anônimos, provavelmente não “líderes”, senão, certamente, Elias os conheceria porque estariam ao lado dele. Ou, se eram, se omitiram e não ficaram juntos com o profeta. Os líderes provavelmente já tinham todos negociado com Jezabel, Acabe, baal e asera, ou se escondido. Elias pode ter sido abandonado pelos líderes que eventualmente ainda existiam. Estarrecedor, mas não está na Bíblia à toa.

Fica a dica: cuidado quando você vê um líder religioso orientando o voto. Mantida a visão bíblica, serão pouquíssimas as chances de seus indicados serem bons para o povo. Eles deixam de olhar as almas e olham o poder terreno, sem ter propostas para mudar o Brasil. Daniel era profeta e cientista. Era um craque. Por isso, se destacou (Dn 1:4). Vejam que, quando dá errado suas indicações, até porque as razões de apoio por vezes são inconfessáveis, não cobram e nem se explicam: desaparecem, se escondem e se calam. Em épocas rubensteixeirade eleições, se necessário, passam por cima dos “irmãos”, como temos visto, inclusive em horários eleitorais, líderes expondo outras igrejas que também anunciam Jesus às pessoas. Portanto, dedique-se à sua igreja, ajude o seu líder a ganhar e cuidar de pessoas, e cuidado com os que se aproveitam da política em nome da fé para “se darem bem”,  ajudando corruptos a enrolar o povo, prejudicando o país e dificultando a vida das pessoas sérias que anunciam a salvação e das que lutam por um país melhor.  Veja o texto de Jeremias, referido acima:

 “1. E Pasur, filho de Imer, o sacerdote, que havia sido nomeado presidente na casa do Senhor, ouviu a Jeremias, que profetizava estas palavras.

2. E feriu Pasur ao profeta Jeremias, e o colocou no cepo que está na porta superior de Benjamim, na casa do Senhor”. Jr 20.1-2.

rubensteixeira* Rubens Teixeira é Pastor evangélico da igreja Assembleia de Deus • Doutor em Economia pela UFF • Mestre em Engenharia Nuclear pelo IME • Pós-graduado em Auditoria e Perícia Contábil pela UNESA • Engenheiro de Fortificação e Construção (civil) pelo IME • Bacharel em Direito pela UFRJ (aprovado na prova da OAB-RJ) • Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN)




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Fonte:http://colunas.gospelmais.com.br/o-perigo-de-seguir-cegamente-lideres-politicos-cristaos_11546.html

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Mad Max: a estrada da fúria

21.05.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE

Em 1982, com 18 para 19 anos, fui ao cinema em Campinas (SP) assistir ao filme “Mad Max 2 – A caçada continua”, do diretor e produtor australiano George Miller (a tradução literal seria “O guerreiro da estrada”). Fiquei impressionado com o filme. E não apenas eu, porque três anos depois veio “Mad Max 3 – Além da Cúpula do Trovão”. Estes filmes lançaram um até então desconhecido ator australiano por nome Mel Gibson ao estrelato e ao primeiro escalão de Hollywood.

Alguns anos depois apenas é que assisti em VHS (os mais novos não fazem ideia do que é isso!) “Mad Max”, o primeiro da série. Considero o primeiro filme como sendo bom: Max, um policial rodoviário australiano fica completamente “Mad” quando uma gangue de motoqueiros que vandalizava pequenas cidades, cometendo todo tipo de delitos e violência gratuita (mais ou menos como a turma do Alex em “Laranja Mecânica” do Anthony Burguess) mata seu parceiro de patrulhamento e por fim, sua esposa e seu filhinho pequeno. Ele toma a justiça nas mãos e executa sua vingança contra a gangue. Um filme com início, meio e fim. Foi, de certa forma, uma surpresa que este filme tenha tido continuação – esta, a meu ver, a melhor daquela primeira trilogia (os filmes respectivamente de 1979, 1981 e 1985). O filme é uma distopia, isto é, uma ficção que apresenta um futuro trágico, dramático, catastrófico, chamado pela mídia – equivocadamente, se julgado em perspectiva teológica – de “apocalíptico”.

Na cronologia de Mad Max, entre o primeiro e o segundo filmes aconteceu a Terceira Guerra Mundial, uma guerra nuclear, que quase devastou por completo a população do planeta. Os sobreviventes em um mundo desértico tentam reconstruir a sociedade e a existência, mas de um modo exótico, estranho mesmo. A estética dos filmes não se enquadra em padrão nenhum, a não ser talvez um estilo punk, mas muito exagerado. Os filmes são cheios de personagens esquisitos, e têm como ponto em comum a trajetória de um homem atormentado pela dor de sua perda, que não se perdoa pelo que considera seu pior fracasso, o de não ter conseguido impedir o massacre de sua família, e que mesmo sem querer acaba sendo um herói, ajudando pessoas: um grupo que mora em uma refinaria no meio do deserto (Mad Max 2) e meninos perdidos que vivem em um oásis (Mad Max 3 – este eu tenho como o pior da primeira trilogia. Tina Turner cantando “We don’t need another hero” não combina com Mad Max de jeito nenhum...).

Esta introdução é necessária para uma compreensão mínima de “Mad Max – Estrada da Fúria”, que surge exatos 30 anos depois do último filme da primeira série. Max Rockatanski agora é encarnado pelo jovem ator britânico Tom Hardy. E o diretor é o mesmo George Miller, que faz um trabalho primoroso. O filme é tenso e intenso. As cenas de perseguição no deserto são as mais insanas que o cinema já viu. Charlize Theron, tão bela, está simplesmente irreconhecível como a Imperator Furiosa (engraçado ver anglófonos pronunciando “Furiosa” – sai algo mais ou menos como “Furiôssa”). O filme está cheio de gente surtada, pessoas esquisitas, deformadas por conta de exposição à radiação nuclear, é surreal e psicodélico demais, mas demais mesmo.

Não sei de onde George Miller tira tanta inspiração para as sequências bizarras e incrivelmente malucas de seu filme. É um filme de ação, mas é muito mais que um filme de ação. Depois de “Mad Max – Estrada da Fúria” vai ser muito difícil dirigir um filme de ação, porque querendo ou não, as comparações serão inevitáveis. E vai ser muito difícil alguém fazer algo que chegue ao menos perto deste filme de Miller. É um filme que é muito mais que um mero blockbuster. Não é a ação pela ação, não é a aventura pela aventura, como se um fim em si. Muito pelo contrário: o filme propõe questões seríssimas para nossa reflexão, questões para nosso futuro, mas que urgentemente têm que ser vistas com a maior seriedade agora, hoje, já, pelos governantes e pelo povo.

Estas questões podem ser vistas à luz da teologia cristã. É possível identificar pelo menos quatro pontes, por assim dizer, com a teologia, quatro possibilidades de diálogo entre a narrativa fílmica de George Miller e a teologia cristã (possivelmente haja mais. Não se tem aqui a pretensão de esgotar a matéria, ainda mais em se tratando de um filme tão rico como este).

Estas questões seríssimas são:

1) A questão dos combustíveis fósseis. Este é o grande tema de Mad Max 2, e o mesmo tema é retomado por Miller em Estrada da Fúria, que, há que se dizer, não é um Mad Max 4. Os combustíveis fósseis um dia acabarão. Vivemos uma relação ambígua com os veículos movidos a combustíveis fósseis. Por um lado, são necessários. Por outro lado ao mesmo tempo o capitalismo impõe a necessidade de consumo cada vez maior. O consumismo é um valor da religião do mercado, não da fé cristã, que se pauta pela solidariedade;

2) A questão da água. Este sim é o líquido mais precioso do planeta (e não o diesel e a gasolina, tal como apresentado em Mad Max 2). O vilão do filme controla o povo de uma comunidade decidindo quanto e quando eles terão água. Você já reparou em quantas vezes a Bíblia fala de água? Já parou para pensar em como a água é importante na teologia bíblica? E em como a água é importante para a vida? Ecologistas e autores de ficção científica já há tempos alertam para o perigo da água vir a faltar no planeta. Os governantes e o mercado não deram atenção. A seca no Sudeste brasileiro neste fim de 2014 e início de 2015 conseguiu chamar a atenção da grande imprensa e do povo em geral para este problema tão delicado. Não consigo entender como um tema tão importante na Bíblia e tão necessário para a vida não seja tema da reflexão teológica evangélica no Brasil. O III Fórum Mundial de Teologia e Libertação, reunido em Belém do Pará em janeiro de 2009, teve como tema a questão da água e da terra. O evento é ecumênico, ou seja, adota uma teologia tida como não conservadora. Antes abordar um tema tão importante a partir de uma teologia não conservadora que não abordá-lo com uma teologia correta (ou pelo menos, que se pensa que é a correta);

3) A questão da escravidão do ser humano pelo ser humano. O mote do filme é a luta pela liberdade de um grupo de escravas sexuais do vilão da história, cuja autoridade jamais é questionada por seus súditos. Elas são usadas apenas para reprodução. O tema da escravidão é mais que importante na teologia bíblica. E hoje, com tantos recursos e tanta tecnologia, há mais escravos que jamais houve em toda a história da humanidade. O Brasil tem muitos trabalhadores escravos hoje. E mais uma vez em nosso contexto brasileiro as teologias que se pretendem certas e corretas à luz da Bíblia não fazem ouvir sua voz de denúncia e protesto diante desta situação;

4) A questão do fanatismo religioso. O vilão do filme, Immortan Joe, se apresenta como um messias, e, usando figuras da mitologia escandinava e da cultura japonesa, leva seus jovens escravos a matar e a morrer (qualquer semelhança com jovens membros de grupos terroristas radicais de inspiração religiosa hoje não é mera coincidência). Ele se coloca no lugar de Deus, fazendo lembrar todos os líderes políticos da história que tentaram assumir um lugar que não lhes pertence, o lugar que apenas é daquele que “remove reis e estabelece reis” (cf. Dn 2.21).

O filme é muito louco, mas é inteligentíssimo. Faz pensar. Aponta questões para a reflexão teológica e a ação pastoral dos seguidores de Jesus no mundo. Tem um enredo bem pensado, coerente. Vou querer ver o filme de novo.

*Carlos R. Caldas Filho. É doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo e bolsista do PNPD-CAPES na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte (MG). 
 
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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/mad-max-a-estrada-da-furia

sábado, 25 de janeiro de 2014

O modismo da imparcialidade: Chesterton e a educação

25.01.2014
Do portal ULTIMATO ON LINE, 22.01.14


“O que as pessoas chamam de imparcialidade pode significar simplesmente indiferença, e o que chama parcialidade pode significar apenas atividade mental”. (G.K. Chesterton)

Ao atualizar minhas leituras de G.K. Chesterton para palestras e um curso que darei em breve via internet1, em homenagem aos 140 anos de sua morte esse ano, deparei-me com a afirmativa acima no artigo “O erro da imparcialidade”, da coletânea “Considerando Todas as Coisas” (Editora Ecclesia), e pensei que haveria uma bela aplicação do mesmo para a educação.

Mas antes de falar em educação, tema do qual o autor confessadamente não trata de forma direta, mas que podemos entrever em vários dos seus artigos, vamos ao argumento do autor.

Referindo-se à dimensão jurídica da imparcialidade do júri e do juiz, primeiro ele ventila a possibilidade de que a imparcialidade (forçada) seja capaz de levar a uma injustiça maior que a parcialidade. “Como assim?”, perguntaria o leitor desavisado e desacostumado com a metodologia paradoxal aplicada por Chesterton. Explico: Não se pode impedir as pessoas de partirem de pressupostos (sem os quais, como ele deixa claro no artigo “Filosofia para a sala de aula2”, não seria sequer possível concatenar as ideias em um argumento ou veredicto coerente). Ou seja, ser parcial é nada mais nada menos do que um “sintoma” do que ele chama de “atividade mental”, coisa sem a qual apenas um débil mental pode viver.

Eu costumo dizer mais diretamente que a “neutralidade” é impossível em qualquer que seja o assunto do qual se pretende ensinar alguma coisa, o que não invalida o esforço que se deve empenhar nesse sentido. O professor de matemática precisa estar convencido da álgebra ou da geometria para ensiná-la e nem por isso ele é chamado de proselitista (outra palavra da moda nos meios educacionais atuais) ou dogmático. O mesmo vale para qualquer outro assunto, por mais “subjetivo” que se queira taxá-lo, como infelizmente se taxa hoje o ensino religioso nas escolas, por exemplo. Aliás, uma das suposições mais idiotas que se inventou no Brasil é que “sobre futebol, mulher e religião” não se possa discutir.

Então quer dizer que esses assuntos são “tabus”? Parafraseando o filósofo analítico Wittgenstein, ele já dizia (erroneamente, a meu ver), que “sobre o que não se pode falar, deve-se calar”.

Então o quê? Deve-se dogmatizar intencionalmente? Claro que não, pois esse seria cair do outro lado do cavalo. Chesterton mesmo alerta sobre o chamado viés que “o mero fato de que haja formado uma impressão temporária a partir do conhecimento que tinha dos primeiros fatos – isso não prova que não é um árbitro imparcial; prova apenas que não é um tolo sangue-frio”. 

Hoje, a grande ordem nas escolas é a da imparcialidade, tanto no que diz respeito à moral e questões sexuais quanto à religião. E ela é tomada de forma dogmática, muito baseada em um ceticismo crônico. Contra este, que é um dos maiores “dragões” enfrentados por Chesterton em qualquer nível, ele comenta: “Assume-se que o cético não tem viés; ao passo que o tem muito obviamente em favor do ceticismo”. O mesmo se poderia afirmar do ateísmo, que muitas vezes está por trás da tese da neutralidade religiosa e do chamado “pluralismo religioso”. A eles se aplica o tipo de raciocínio assim formulado por Chesterton “Todos os homens que contam chegaram à minha conclusão; pois, se chegarem à sua, não contam”.

Isso pode muito bem aplicar-se também aquele que tem uma crença definida e quer impô-la a todo o custo às demais pessoas, sendo chamado, com toda a razão, de “fanático religioso3”. 

Mas não pode ser considerado fanático aquele “pensador que pensou completamente e até um fim definitivo” em determinada questão. Do contrário, um juiz seria destituído por dar uma sentença e o júri, por chegar a um veredito. E eu acrescento ainda que, sem pressupostos e pensamentos e valores consequentes e bem fundamentados, a própria escola deixará de ter razão de ser na sociedade.

Notas:

1. O curso vai acontecer de 10 a 28 de março. Mais informações aqui. Inscrições aqui.
2. Disponível aqui. Acesso em 17 de janeiro de 2014. 
3. Veja quanto a esse tema “Religião e Liberdade – a “Revanche de Deus”, Neo-Maniqueísmo e Fanatismo Religioso”, de Luiz Jean Lauand. Disponível aqui. Acesso em 17 jan. 2014.

Gabriele Greggersen é  mestre e doutora em educação (USP) e doutoranda em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-modismo-da-imparcialidade-chesterton-e-a-educacao