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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Bob Marley tornou-se cristão antes de morrer

21.01.2015
Do blog ROCHA FERIDA


Robert Nesta Marley, ou simplesmente Bob Marley, morreu em 21 de maio de 1981. Seu pesado caixão de bronze foi levado para o topo da colina mais alta da vila Nine Mile, onde, 36 anos antes, ele havia nascido.


            Juntamente com o corpo embalsamado de Marley, estavam no caixão a sua guitarra vermelha Gibson Les Paul e uma Bíblia aberta no Salmo 23. No final da cerimônia, sua viúva, Rita, jogou um pé de maconha.

           O funeral foi precedido de um culto de uma hora de duração para a família e amigos íntimos na Igreja Ortodoxa Etíope da Santíssima Trindade, celebrado por Abuna Yesehaq, arcebispo da Igreja no hemisfério ocidental. Ele contou que havia batizado Marley em Nova York, em novembro do ano anterior, logo após seus últimos shows no Madison Square Garden. Seguindo a tradição etíope, Bob recebeu um novo nome durante o batismo: Berhane Selassie, ou “Luz da Trindade”.

           Logo após as 11 da manhã, o culto começou com um hino anglicano, “Ó Deus, nossa ajuda em épocas passadas”, acompanhado pelos percussionistas da United Africa Band. Como a melodia do antigo hino, o arcebispo, leu passagens do Livro de João, em Ge’ez, uma antiga língua da Etiópia.

          O governador-geral da Jamaica leu um trecho de 1 Coríntios: “O último inimigo a ser destruído é a morte” A congregação cantou outro hino conhecido, “Quão Grande És Tu”. Logo depois, foi lido parte de 1 Tessalonicenses 3: “Por esta razão, irmãos, ficamos consolados acerca de vós, em toda a nossa aflição e necessidade, pela vossa fé, Porque agora vivemos, se estais firmes no Senhor”.

          O ritual fúnebre tipicamente cristão parece estranho para alguém que ficou mundialmente conhecido por ser seguidor do rastafarismo, seita tipicamente jamaicana que proclama Hailê Selassiê I, imperador da Etiópia, como a representação terrena de Jah (Deus). O termo rastafári tem sua origem em Ras (“príncipe” ou “cabeça”) Tafari (“da paz”) Makonnen, o nome de Selassiê antes de sua coroação.

          O motivo disso é que a família de Bob Marley sabia, embora não aceitasse que o cantor recebera Jesus como seu Senhor e renegara o rastafarismo.

          A jornalista Christine Thomasos do site Christian Post Austrália, cita uma entrevista de 1984 que o arcebispo Yesehaq deu ao jornal Jamaica Gleaner.

“Bob era realmente um bom irmão, um filho de Deus, independentemente de como as pessoas olhavam para ele. Ele tinha o desejo de ser batizado há muito tempo, mas havia pessoas próximas a ele que tentavam controla-lo e que estavam ligadas a um ramo diferente do Rastafari. Mas ele vinha à igreja regularmente”.

           De acordo com Thomasos, Yesehaq explicou que o câncer terminal de Marley foi a motivação por trás de sua conversão: “Quando ele visitou Los Angeles, Nova York e a Inglaterra, ele compartilhou sua fé ortodoxa, e muitas pessoas dessas cidades vieram à igreja por causa do Bob.

           Muitas pessoas pensam que ele foi batizado porque sabia que estava morrendo, mas não foi assim. Ele fez isso quando já não havia qualquer pressão sobre ele. Quando ele foi batizado, abraçou sua família e chorou, todos choraram juntos por cerca de meia hora”.

           Andre Huie, do site GospelCity, escreve sobre o testemunho de Tommy Cowan, amigo íntimo de Bob Marley e esposo da cantora gospel jamaicana Carlene Davis. Cowan diz: “o que pode ser uma agradável descoberta para alguns é que Marley, pouco antes de morrer, confessou Jesus Cristo como Senhor. Em outras palavras, ele negou que Haile Selassie era Deus (como Rastas acreditam) e confessou a Jesus como o único Deus vivo e verdadeiro”.

            Falando sobre o batismo de Bob Marley, Tommy disse ter ouvido o bispo descrever assim o batismo: “Em um momento ele (Bob) chorou por 45 minutos sem parar, suas lágrimas molharam o chão. O Espírito Santo desceu sobre seu corpo e ele gritou três vezes: “Jesus Cristo, Jesus, meu Salvador, Jesus Cristo”.



Traduzido e adaptado de Guardian, Christian Post e Beliefnet
Postado em:gospelprime

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Fonte:http://www.rochaferida.com/2012/03/bob-marley-tornou-se-cristao-antes-de.html

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Cultura e Evangelho: o lugar da cultura no plano de Deus

09.10.2013
Do blog NOVOS DIÁLOGOS, 06.10.13
Por Nivea Lazaro

Cultura e Evangelho: o lugar da cultura no plano de Deus
GONZÁLEZ, Justo L. Cultura e Evangelho: o lugar da cultura no plano de Deus. São Paulo: Hagnos, 2011. 

Cultura e Evangelho é um daqueles livros cujo título aguça a expectativa do leitor. Resultado de uma série de conferências feitas por Justo González, o livro nos dá a oportunidade de adentrar a intersecção entre antropologia e teologia ou, nos termos do livro, cultura e evangelho. A obra tem seus créditos muito por introduzir determinadas questões pertinentes ao tema de missões, mas não só isso: também por trazer à tona questões a partir da própria experiência do autor (um protestante em Cuba). 

Uma das primeiras questões que se coloca no livro é a de como ser cristão em uma dada cultura. Ora, se somos cristãos, nós o somos sem deixar de sermos brasileiros, norte-americanos, franceses e por aí vai. O ponto aqui – e que transparece não só nesta parte, mas em outros trechos do livro – é o conceito de cultura com o qual o autor trabalha (e que talvez eu devesse chamar conceitos). Trata-se de um conceito de cultura um tanto estático e, ao mesmo tempo, difuso. Para o autor, cultura tem uma dimensão externa e outra interna, sendo externa a relação do homem com o seu meio ambiente e interna a relação do homem consigo entre si. Já o título em espanhol aponta para o conteúdo do livro de forma mais ampla: Cultocultura y cultivo, incluindo a dimensão da fé (culto). 

O primeiro capítulo do livro trata sobre fé e cultura e traz uma discussão muito interessante. Nas palavras do autor: 

Seria possível ser evangélico plenamente, tão evangélico quanto qualquer um dos missionários que vinham da América do Norte, e ao mesmo tempo ser plenamente latino-americano, tão latino-americano quanto qualquer um? (p. 28) 

É possível ser este o maior mérito do livro: trazer esta e outras questões importantes à baila. Quanto a primeira e talvez mais central, lembro-me de ter lido alguns trechos de um livro chamado Religião como tradução, cuja principal tese enriqueceria e muito as respostas de González, pois no livro de Cristina Pompa (1), o que aconteceu nas missões jesuíticas não foi uma simples imposição da religião católica aos índios, mas uma tradução de ambas as partes que resultou na catequese indígena. 

Outro ponto importante levantado por González é a relação entre a cultura e a queda, cuja conclusão pode parecer simples, mas é frequentemente esquecida (2). No capítulo quatro, discute-se sobre a diversidade de culturas usando dois momentos bastante semelhantes na Bíblia: o episódio da torre de Babel e o Pentecostes. 

No capítulo seguinte, sobre cultura e evangelho, fala-se sobre cultura, porém de forma mais abstrata. Nas palavras do autor: “como pode uma cultura alheia ao evangelho encarnar esse mesmo evangelho?” (p. 96). 

No capítulo seis, sobre cultura e missão, está uma das passagens mais importantes e significativas do livro: “...toda cultura deve ser vista sob a lente dupla do amor e da presença de Deus, por um lado, e da corrupção do pecado, por outro. Toda cultura é pecaminosa, mas, ao mesmo tempo, Deus atua em toda cultura.” (p. 124). 

No capítulo que encerra o livro, o autor discute “como a própria adoração cristã mostra e celebra certa relação entre a fé e a cultura”, tendo por tema os sacramentos. Ainda no último capítulo, González faz uma leitura de Rembao, distinguindo o que chama ser uma “cultura evangélica” e a cultura que nos rodeia. Esse é um ponto que considero embaçado na obra do autor. Podemos ser cristãos, mas cristãos que vivem em determinado contexto histórico e geográfico. Como separar uma “cultura evangélica” com tal nível de abstração? 

Apesar de revelar suas lacunas (principalmente pelo aspecto antropológico e de como este é trabalhado ao longo do livro), de escrita leve e bem delineada, Cultura e Evangelho é uma boa leitura, sobretudo a quem deseja se iniciar no tema. O livro levanta questões importantes e esboça ótimas discussões em torno do assunto, dando-nos o gosto de conhecer mais do autor. 

Notas 
(1) Religião como tradução: missionários, Tupi e Tapuia no Brasil colonial. Bauru, SP: Edusc, 2003. 
(2) Cap. 3. Cultura e pecado. 
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