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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

O triste significado atual de “evangélico”

21.01.2019
Do portal evangélico CHAMADA
Por pastor Lothar Gassmann*

“Pois chegou a hora de começar o julgamento pela casa de Deus...” (1Pedro 4.17)

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“Evangélico” era a definição que identificava cristãos fiéis à Bíblia, que levavam a sério a Palavra de Deus no ensino e no viver, sem supressões ou acréscimos. Hoje, porém, o termo infelizmente se tornou inconsistente. Numa época em que seria necessária uma oposição especial ao espírito anticristão da época, muitos evangélicos estão em litígio recíproco, infiltrados, mundanizados, contemporizados, fracos na fé, desanimados e debilitados. As discussões, cisões e escândalos dos últimos tempos são provas suficientes. O único satisfeito com essa situação é o Diabo, ao qual resta “pouco tempo” (Apocalipse 12.12) e espera que o reinado do Anticristo se desenvolva possivelmente sem entraves. Aqui estão alguns exemplos dessa triste situação, que esperamos que seja revertida. Em muitos círculos e comunidades de cristãos encontramos:
  • a substituição de uma postura bíblica consistente por sistemas contrários à Bíblia e afirmações abertas ou adaptadas para, por exemplo, a relativização das doutrinas bíblicas da Criação, igreja e sobre o fim dos tempos;
  • a introdução de enganos do humanismo, feminismo, evolucionismo e outros “ismos”;
  • a relativização ou inobservância de padrões éticos bíblicos, referentes a, por exemplo, concubinato, divórcio com base em mera “desordem”; opiniões, moda e estilo musical mundano;
  • a falta de disciplina na igreja em caso de pecados crassos e falsas doutrinas que destroem a igreja;
  • a ascendência do “eu” (mesmo o “eu piedoso”), com seus “privilégios” em relação à majestade e santidade de Deus;
  • a substituição de verdadeiro discipulado bíblico de confissão de pecados, arrependimento e perdão por métodos de psicologia humanista;
  • a prática da “cultura do entretenimento” nas igrejas com shows, festas e jogos de diversão;
  • a mercantilização do evangelho por meio de eventos agressivos de divulgação de editoras, altos cachês para artistas, além de “pregações de arrecadação” desleais, manipuladas e incisivas;
  • a apresentação de um evangelho de “bem-estar” e de “prosperidade”;
  • a substituição do ensino bíblico por uma “cultura romântica” superficial;
  • o crescente prejuízo do teor bíblico e da profundidade doutrinária em favor de experiências e necessidades humanas em muitos novos hinos cristãos;
  • a crescente omissão com relação a temas bíblicos básicos como “pecado”, “arrependimento”, “cruz”, “seriedade do discipulado”, “inferno” e “perdição eterna”;
  • a antiga ênfase para o amor e “ternura” de Deus em relação à santidade e à seriedade de seu juízo;
  • a substituição do espírito bíblico de confissão e resistência por uma busca errônea de unidade e harmonia;
  • a total falta de ênfase da apologética bíblica (doutrina sobre identificação dos espíritos ou defesa da fé);
  • a crescente abertura para um ecumenismo de denominações (em parte também de religiões), existente inclusive entre alguns líderes evangélicos;
  • a ridicularização de irmãos que desejam se manter firmes aos claros padrões da Escritura Sagrada, rotulando-os de “limitados”, “legalistas” e “antiquados”.
Certamente isso – graças a Deus – não acontece em todas as igrejas “evangélicas”. No entanto, a pergunta deve ser feita: será que os cristãos que “valorizam” uma vida cristã tão pobre e superficial estão aptos a enfrentar o Anticristo e os seus precursores? Temo que não, e por isso mencionarei no próximo texto alguns critérios para uma vida cristã resiliente e preparada para o fim dos tempos.
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*Lothar Gassmann nasceu em 1958 na cidade alemã de Pforzheim. É pregador, professor, evangelista e publicista. Escreveu numerosos livros, artigos e canções na área teológica. Desde 2009, é colaborador do Serviço das Igrejas Cristãs (CGD, na sigla original) e editor da revista trimestral Der schmale Weg [O Caminho Estreito]. Completou seu doutorado em teologia em 1992, na Universidade de Tubinga, na Alemanha.
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Fonte:https://www.chamada.com.br/meditacoes/somente_jesus_cristo/triste_significado_de_evangelico.html

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Os primeiros cristãos e a reencarnação

26.06.2018
Do portal ULTIMATO ON LINE
Por Alderi Souza de Matos

Uma característica marcante do espiritismo brasileiro ou kardecismo é o seu desejo insistente de ser reconhecido como um movimento “cristão”. Mais ainda, essa religião pretende ter a verdadeira interpretação dos ensinamentos de Jesus Cristo. Tanto é que o chamado “codificador” da doutrina espírita, o francês Léon Hippolyte Dénizart Rivail (1804-1869), mais conhecido como Allan Kardec, escreveu, entre outras, uma obra intitulada O Evangelho segundo o Espiritismo. No intento de defender o alegado caráter cristão dos seus postulados, os autores espíritas costumam afirmar que as suas convicções mais básicas foram ensinadas por Cristo e amplamente aceitas pelos primeiros cristãos, apesar das flagrantes incompatibilidades que existem entre os dois sistemas religiosos.

Recentemente, causaram alguma sensação as declarações do excêntrico reverendo Nehemias Marien em defesa do espiritismo, declarações essas feitas em entrevista a uma revista espírita. Entre outras coisas, o pastor filokardecista afirmou que a reencarnação “fazia parte dos cânones da igreja” até que foi condenada pelo II Concílio de Constantinopla no ano 553 (Revista Visão Espírita, janeiro de 2001). Anteriormente, o mesmo líder religioso havia declarado ao jornal Diário Popular (26-02-1999) que “a ciência espírita sempre integrou os cânones da igreja” até ser indexada pelo referido concílio. Todavia, uma coisa é fazer afirmações ousadas como essas; outra coisa é substanciá-las por meio de evidências.

Mas, afinal, o que é a reencarnação? Trata-se da crença de que a alma, ou o elemento psíquico do ser humano, passa para um outro corpo depois da morte, fato esse que pode repetir-se muitas vezes com o mesmo indivíduo. Outros termos aplicados a esse fenômeno são metensomatose, transmigração, metempsicose, regeneração etc. Apesar de elementos comuns, existem também algumas distinções entre esses conceitos. Por exemplo, a reencarnação indica o renascimento em outro corpo da mesma espécie, especialmente humano, ao passo que a metempsicose aponta para a travessia de fronteiras mais diversificadas: plantas, animais e seres humanos, demoníacos e divinos.

O cristianismo majoritário nunca professou a tese da reencarnação, pois ela não somente está ausente das Escrituras, como também é contraditada por textos bíblicos como Hebreus 9.27 e Lucas 23.43. (É somente por uma interpretação altamente figurada e tendenciosa de certas passagens que os espíritas podem encontrar a reencarnação nas páginas da Bíblia.) Nos primeiros séculos, foram apenas alguns grupos cristãos periféricos, minoritários, que defenderam essa crença, como foi o caso dos gnósticos, com sua visão profundamente negativa do corpo e da matéria em geral. 

O grande pensador cristão Orígenes (†254), de Alexandria, defendeu a pré-existência da alma, mas não a transmigração. A partir dele, surgiu uma corrente de monges que passaram a professar também a reencarnação e a salvação universal. Como o chamado “origenismo” se tornava fanático e tumultuava a Palestina, o patriarca de Jerusalém, no século 6, pediu ao imperador Justiniano (483-565) que interviesse. Justiniano, o maior dos imperadores bizantinos, escreveu um tratado contra Orígenes e levou o patriarca de Constantinopla a reunir um sínodo local em 543, que condenou teses relativas à pré-existência da alma e outras posições origenistas. Dez anos depois, em 553, o II Concílio de Constantinopla encerrou definitivamente a chamada “controvérsia origenista”.

Alguns dos mais destacados dentre os “pais da igreja” condenaram explicitamente a idéia da reencarnação. O apologista Justino Mártir (†165) opinou: “As almas não vêem a Deus nem transmigram para outros corpos”. Em sua famosa obra Contra as Heresias, Irineu de Lião (†c.200) declara: “Portanto, [os gnósticos] consideram necessário que, por meio da transmigração de corpo para corpo, as almas experimentem todo tipo de vida... Podemos subverter a doutrina [gnóstica] da transmigração de corpo para corpo por este fato: as almas nada lembram de eventos ocorridos em seus [supostos] estados anteriores de existência... Platão, o antigo ateniense, foi o primeiro a introduzir essa opinião.”

O notável Clemente de Alexandria (†c.220) observou em sua obra Stromata (Miscelâneas): “A hipótese de Basílides [um mestre gnóstico] diz que a alma, tendo pecado anteriormente em outra vida, experimenta punição nesta vida”. Tertuliano (†c.220), o primeiro autor cristão a escrever em latim, se expressa muitas vezes sobre o assunto, como nessa passagem: “Quão mais digno de aceitação é o nosso ensino de que as almas irão retornar aos mesmos corpos. E quão mais ridículo é o ensino herdado [pagão] de que o espírito humano deve reaparecer em um cão, cavalo ou pavão!” (Ad Nationes, Cap. 19). 

Hipólito de Roma (†c.236), escrevendo contra Platão, observa que Deus “efetuará a ressurreição de todos — não pela transferência das almas para outros corpos — mas pela ressurreição dos próprios corpos”. O apologista e historiador Lactâncio (†c.320) expressa o pensamento dos seus contemporâneos cristãos: “Os pitagóricos e estóicos afirmavam que a alma não nasce com o corpo. Antes, eles dizem que ela foi introduzida no mesmo e que migra de um corpo para outro.” Em outro ponto de sua obra As Institutas Divinas, ele afirma: “Pitágoras insiste que as almas migram de corpos desgastados pela velhice e pela morte. Ele diz que elas são admitidas em corpos novos e recém-nascidos. Ele também diz que as mesmas almas são reproduzidas ora em um homem, ora em uma ovelha, ora em um animal selvagem, ora em um pássaro... Essa opinião de um homem insensato é ridícula. É mais digna de um ator de teatro que de uma escola de filosofia.”

É especialmente relevante a posição de Orígenes, o genial teólogo do terceiro século a quem se atribuem com freqüência noções reencarnacionistas. No Livro XIII do seu Comentário de Mateus, ele diz o seguinte, referindo-se a João Batista: “Neste lugar, não me parece que através do nome ‘Elias’ se esteja fazendo uma referência à alma. De outro modo, eu iria recair na doutrina da transmigração, que é estranha à igreja de Deus. Ela não foi transmitida pelos apóstolos, nem é apresentada em qualquer lugar das Escrituras.“

Um último testemunho importante vem do maior teólogo da igreja antiga, Agostinho (†430). Ele estava familiarizado com as teorias de reencarnação tanto maniqueístas quanto platônicas do seu tempo. Em um comentário sobre Gênesis, ele rejeitou como contrária à fé cristã a idéia de que as almas humanas retornavam em corpos de diferentes animais, de acordo com a sua conduta moral (transmigração). Em A Cidade de Deus (Livro X, Cap. 30), o bispo de Hipona observa que, embora o filósofo neoplatônico Porfírio tenha rejeitado esse conceito ensinado por Platão e Plotino, e não hesitasse em corrigir os seus mestres nesse ponto, ele achava que as almas humanas voltavam em outros corpos humanos (reencarnação). Agostinho sugere que Porfírio se sentia constrangido em afirmar que a alma de uma mãe pudesse voltar em uma mula a ser cavalgada por seu filho, mas não em afirmar que ela voltasse em uma mulher que se casaria com o seu filho. Ele conclui afirmando quão mais honrosa é a verdade ensinada pelos profetas, por Cristo e pelos apóstolos de que as almas retornam de uma vez por todas para os seus próprios corpos.

Em suma, a reencarnação é uma idéia anterior ao surgimento do cristianismo e achava-se amplamente difundida no ambiente cultural em que surgiu a fé cristã. No entanto, desde o início os cristãos rejeitaram firmemente essa concepção, e o fizeram porque tinham uma convicção diametralmente oposta — a ressurreição do corpo. Enquanto a teoria da reencarnação ensina o retorno da alma a um corpo diferente do anterior, os primeiros cristãos aprenderam a crer e a confessar, com base na experiência do próprio Senhor Jesus, que a alma retorna somente uma vez, para habitar o mesmo corpo, agora ressuscitado e glorificado. Tão radical era esse conceito, que com freqüência sua menção provocava reações de desprezo e contrariedade (cf. At 17.32; 26.23, 24). Hoje, nestes tempos da Nova Era, pode estar na moda crer na reencarnação, como acontecia entre os gregos e os romanos antigos. Mas os cristãos conscienciosos sabem que não devem seguir os modismos culturais e religiosos que agradam às pessoas, mas apegar-se à fé histórica originada em Cristo, transmitida por seus apóstolos e defendida pela igreja dos primeiros séculos.
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Fonte:http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/270/os-primeiros-cristaos-e-a-reencarnacao

quarta-feira, 30 de maio de 2018

“13 Reasons Why” é enganoso e destrutivo

30.05.2018
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO,29.05.18 
Por Trevin Wax*


13-razoes-why

 Eu não posso acreditar que estou escrevendo este artigo.

Primeiro, porque eu não estou de forma alguma recomendando o novo drama adolescente do Netflix, 13 Reasons Why. Do começo ao fim, a série está saturada de pecado obstinado e implacável — palavrões incessantes, violência física, abuso sexual, uso de drogas, abuso de álcool, perseguição, voyeurismo, pornografia, bullying, experimentação sexual, estupro, abuso verbal da variedade mais vil e uma representação ilustrativa do suicídio. Dizer “não assista” ainda é pouco em relação à série. Por favor, não interprete mal o meu texto sobre essa série considerando-o como uma recomendação para que qualquer pessoa — adulto ou criança — a assista.

Segundo, porque o assunto da série é dolorosamente pessoal para mim. Meu melhor amigo de infância e vizinho por vários anos se matou quando tínhamos 16 anos. Eu digo “se matou” aqui porque verbos como “tirou” ou “acabou” com sua vida suavizam o golpe de maneiras que não fazem justiça à ação. Pode haver outros lugares onde eu escreveria ou falaria com uma linguagem mais suave, mas não aqui, não quando eu quero alertar sobre uma série que retrata o suicídio de uma maneira destrutiva.

O suicídio entre adolescentes não é uma estatística para mim. Não é algo que aconteceu com um conhecido há muito tempo atrás. Eu nunca me juntei ao pranto superficial de lamento por um “colega de classe a menos” como alguns dos alunos fazem em 13 Reasons Why. As emoções que sinto depois de 20 anos ainda são profundas. A decisão de meu amigo me tirou da inocência da infância e me colocou cara a cara com o dragão da morte em toda a sua ferocidade.

Por que escrever acerca de 13 Reasons Why, então? Porque vários leitores me pediram para falar sobre isso, e meu filho que está no ensino médio tinha amigos que falavam sobre isso na escola e na igreja. Como escritor e pastor, sinto-me obrigado a entrar nesse espaço e a emitir a mais forte advertência que posso sobre essa série. Há uma razão pela qual a Nova Zelândia proibiu menores de 18 anos de assistir a série sem a presença de um dos pais e por que as escolas canadenses estão proibindo os estudantes de discutir a série.

13 Reasons Why é enganoso e destrutivo.

Um arco de história em direção ao suicídio

Para ser justo, é claro que as pessoas que criaram essa série queriam convencer os espectadores adolescentes de que as ações têm consequências, que o bullying pode prejudicar os outros e levar ao desespero. A série deseja que as pessoas levem certos pecados a sério: a objetificação das mulheres jovens, a invasão da privacidade, a agressão sexual e a tentação de encobri-la, além da falha em dar crédito à vítima de estupro. A fim de aumentar a seriedade desses pecados, 13 Reasons Why choca o espectador com sua horrível demonstração da depravação no ensino médio, e das muitas formas de culpa e vergonha que surgem em uma sociedade saturada de redes sociais e movida à revolução sexual. Quando a série ocasionalmente parece fazer repreensões, fica claro que os escritores querem que os jovens espectadores tratem os outros com respeito.

Mas também está claro, pelo menos para mim e para um número crescente de psicólogos e especialistas em saúde mental, que 13 Reasons Why levarão a mais suicídios, não menos. Já estamos ouvindo alertas de vários especialistas sobre suicídio de adolescentes e provavelmente veremos uma série de tentativas de suicídio em todo o país.

Eu não estou surpreso. 13 Reasons Why é uma série sem esperança cujo clímax da história é o suicídio. Os espectadores que se identificam com a personagem principal, Hannah, imaginam a sua própria jornada como se estivessem indo inexoravelmente para o túmulo, atraídos por uma fantasia de vingança contra aqueles que os desapontaram. Na tentativa de lutar contra o bullying, a série exalta o suicídio. Isso dá à personagem principal uma saída nobre, um tipo de martírio, um final trágico, mas fascinante (exibido em detalhes gráficos) que vai contra virtualmente todas as melhores práticas para lidar com o suicídio de forma responsável.

Não consigo exagerar sobre quão destrutiva é essa mensagem.

Eu não consigo exagerar o quanto será atraente para aqueles que sofrem bullying imaginar um cenário no qual eles possam virar a mesa e destruir emocionalmente seus colegas de classe.

A maioria das pessoas pensa que 13 Reasons Why é sobre um grupo de adolescentes, que em suas ações e omissões egoístas, são responsáveis ​​por matar uma jovem frágil. Não. Trata-se de uma série sobre como uma garota, desde o túmulo, mata os seus colegas de classe. Não é apenas sobre o suicídio físico, mas também sobre o assassinato emocional. A vingança de Hannah tem um efeito mortífero em todos os que ficaram para trás, mesmo aqueles que, embora moralmente repreensíveis, dificilmente são culpados por sua ação final.

G.K. Chesterton já observou que o suicídio é “o mal extremo e absoluto; a recusa de interessar-se pela existência; a recusa de fazer um juramento de lealdade à vida. O homem que mata um homem, mata um homem. O homem que se mata, mata todos os homens; no que lhe diz respeito, ele elimina o mundo”. Sempre acreditei que a observação de Chesterton sobre o suicídio é injusta e exagerada, já que a maioria dos suicídios ocorre no final de uma angústia mental significativa e de um desespero inflexível, não como uma decisão rebelde de recusa em ver o bem no mundo.

Porém, após assistir 13 Reasons Why, compreendo o ponto de vista de Chesterton, porque esse suicídio em particular é de fato uma “aniquilação” das pessoas que lhe causaram dor. Ele errou ao generalizar todo o suicídio como sendo assim, mas 13 Reasons Why também está errado ao dar a impressão de que o suicídio entre adolescentes é movido por uma fantasia de vingança. É raro que o desejo emocional de vingança conduza a pensamentos suicidas, e retratar o suicídio desse modo é enganoso e perigoso.

Suicídio em uma cultura tóxica de vergonha
Além disso, apesar da intenção da série ser aumentar a conscientização sobre como o bullying pode afetar estudantes, muitas das escolhas autodestrutivas que definem o rumo para essa cultura do desespero nunca são questionadas. É como se os produtores da série achassem que podemos ter todos os benefícios percebidos da revolução sexual (que aprova qualquer tipo de atividade sexual consensual) sem que isso leve à objetificação das mulheres. Ou como se pudéssemos ter drogas e álcool como um dos pilares da adolescência sem criar a atmosfera para acidentes de carro, espancamentos e estupros ocorrerem na escuridão da embriaguez.

E as jovens da nossa sociedade que têm feito más escolhas nas redes sociais ou com seus amigos, cujos arrependimentos se devem, pelo menos em parte, às suas próprias escolhas pecaminosas? O que você faz quando os zombadores e pessoas hostis estão, em parte, certos sobre a reputação da garota de quem eles zombam? As meninas culpadas não são dignas de amor? Megan Basham escreve:

Em todo tempo, a história se esforça para enfatizar que a reputação de Hannah como a vagabunda da escola é totalmente falsa. Mas e se não foi? E se, como uma garota solitária e machucada, ela realmente tivesse feito algumas das coisas que mancham a sua reputação? Seu suicídio seria menos trágico? Ela seria menos merecedora de… amor e amizade? Por consistentemente ressaltar a virgindade e a vitimização de Hannah, “13 Reasons Why” parece sugerir que ela seria.

Um mundo sem Deus
As perspectivas de 13 Reasons Why são sombrias, mesmo com seu tom moralizante. Os espectadores não encontram nada de transcendente. Nada fora deste mundo presente. Não há apelo para o que é verdadeiro, bom e belo, mas apenas “minha verdade” ou “sua verdade” em termos de conveniência.

Deus recebe uma única menção, e a igreja católica é descrita com um xingamento. Além disso, não há nada. Existe apenas este mundo. Existe apenas o horizonte imediato. Ninguém se importa com o céu ou com o inferno, nem mesmo a fraca esperança secularizada de “estar em um lugar melhor”. O mundo de 13 Reasons Why é totalmente sem Deus, do começo ao fim, e é por isso que também é sem esperança.

Nenhum dos alunos consegue encontrar um lugar para os seus pecados serem expiados, mesmo que a confissão do pecado e o desejo de alívio da culpa apareçam frequentemente.

Ao passar de fotos explícitas, “somos todos culpados”, diz Hannah. “Todos nós vemos”.

Sobre a suposta decência das “boas crianças”, diz Clay, “talvez não existam boas crianças”.

Ao lamentar fazer o que é errado e buscando evitar as consequências: “Alguém precisa saber o que fizemos”.

Os adolescentes em 13 Reasons Why são atormentados pela culpa, e não apenas por causa do suicídio de uma menina, mas também por causa da toxicidade de uma cultura que ignora a injustiça e enterra a vergonha sob camadas de autopreservação. A culpa se transforma em hemorragia interna que se acumula debaixo da pele, sem escape até que vários dos personagens principais tomem decisões que levam ao literal derramamento de sangue. O salário do pecado é a morte.

13 Reasons Why cria um problema que está tentando consertar, talvez porque não tenha uma solução eterna a oferecer. Para aqueles que têm pensamentos de suicídio ou que têm amigos que conhecem as trevas desse desespero, a esperança permanece. Mas isso não será encontrado na Netflix.

O desafio da igreja
O desafio para os cristãos é dar uma boa olhada na mensagem que promovemos e na cultura que criamos.

Seremos fiéis em oferecer uma mensagem contrária, ou seja, que nossos pecados são de fato reais e que somos de fato culpados, mas também que Cristo é precioso e que o seu sangue foi derramado para que a sua vida possa ser nossa?

A igreja será um oásis de fé, esperança e amor em um mundo de dúvidas, desespero e ódio?

Em um mundo cada vez mais crítico com abuso em redes sociais e bullying, a igreja pode ser o lugar onde a graça é estendida?

Graça — aquele favor incomum, imerecido, poderoso, transformador da parte de Deus, o qual vence a batalha contra a culpa e a vergonha. Graça, maior do que todos os nossos pecados, até mesmo o suicídio.

Por causa da graça, sempre há esperança.

*Trevin Wax é editor das categorias Bíblia e Referência do LifeWay Christian Resources e tem servido como redator-chefe do The Gospel Project, um currículo para pequenos grupos para todas as idades, centrado no evangelho. Contribui para inúmeras publicações, incluindo The Washington Post, Religion News Science, Christianity Today e World. Trevin escreve diariamente no Kingdom People, um blog hospedado pelo The Gospel Coalition.
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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2018/05/13-reasons-why-e-enganoso-e-destrutivo/?utm_source=inf-resumo-diario-ve&utm_medium=inf-resumo-diario-ve&utm_campaign=inf-resumo-diario-ve