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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Não creio em ateus. Ateus não existem.

28.12.2013
Do portal NAPEC - APOLOGÉTICA CRISTÃ
Já faz um tempo que tenho refletido sobre a questão do ateísmo. Claro, todos pensamos nisso em algum momento. Como pode alguém “chegar à conclusão” de que não há Deus? (Sl 42.3,10) Isso, sim, é que não existe, ou seja, a conclusão de que Ele não existe. Até Antony Flew, um dos pais do moderno “ateísmo”, concluiu, pouco antes de sua morte, que a pesquisa sobre o DNA “mostrou, em vista da complexidade quase inacreditável dos arranjos necessários para a produção de vida, que inteligência foi envolvida no processo” (Um ateu garante: Deus existe, Ediouro, ênfase acrescentada). E como ele, sabemos de muitos outros “ex-ateus” que à beira do precipício, renderam-se.
Mas a minha descrença no ateísmo não parte da religiosidade inata – nos humanos também. Não parte das minhas reflexões e racionalizações. Já publiquei um livro que lida com a questão “religião versus” ou “religião & ciência” (Ciência e Fatos Bíblicos, Dynamus, 2ª ed., 2004), onde demonstro as leis, os fatos e as descobertas da própria ciência que atestam, com as ferramentas da ciência, a veracidade do relato bíblico. Ditos ateus e religiosos, ambos têm fortes argumentos “irrefutáveis” em causa própria.
Mas o caso não é esse, já que a questão não são os fatos e as narrativas primordialmente, mas o próprio Deus. O dito ateu não deve ter dificuldade em crer no Jesus histórico, ou no movimento dos hebreus rumo à palestina, nem na existência da arca da aliança. O dito ateu é aquele que não crê na existência de Deus, mas pode admitir que relatos bíblicos são verificáveis. Do contrário, seria irracionalidade sua, pois a Bíblia lida com lugares, nomes, posições geográficas, datas históricas, além da documentação arqueológica, histórica, linguística, antropológica e muitas outras. Há ditos ateus escavando sítios arqueológicos orientados pelos relatos das Escrituras judaico cristãs. Ponto.
A questão do ateísmo é outra. Ele refuta a existência de Deus. Mas não há provas da existência de Deus, como igualmente não há provas da sua inexistência! Todo dito ateu que seja razoável concorda aqui como nós religiosos também. Verificam-se, então, as evidências. A discussão toda se mantém no campo das evidências e na refutação das mesmas, de ambos os lados.
Uma campanha da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA), que seria veiculada em ônibus de Porto Alegre e Salvador – e que foi suspensa – traria a discussão para o campo errado. Os cartazes continham frases como “Religião não define caráter” e “A fé não dá respostas. Ela só impede perguntas”. Note que as próprias frases não são um ataque a Deus e sua existência, mas claramente uma manifestação preconceituosa e discriminatória contra a religião e a fé. Essa campanha existe em países da Europa, como Inglaterra e Espanha, e também nos Estados Unidos.
As frases, a meu ver, são medíocres, não têm sentido lógico. Do ponto de vista dito ateu, ou mesmo da perspectiva científica, não são passíveis de comprovação. Do ponto de vista teológico elas são uma farsa. Religião não define caráter, mas Deus define; e mais, a fé faz perguntas, sim, por um sujeito com o qual dialoga por meio de sua Palavra. Qualquer cristão com conhecimento básico em teologia poderia refutá-las.
Além do mais, as frases demonstrariam, caso viessem à público, um imperdoável desconhecimento da história. Dizer que Johannes Kepler não fazia perguntas porque tinha fé! Foi ele quem disse que o cientista que estuda a natureza “está pensando os pensamentos de Deus depois dele”. Blaise Pascal não fazia perguntas porque tinha fé! Ele afirmou que “a fé nos diz o que os sentidos não percebem, mas em contradizer suas percepções. Ela apenas transcende, sem contradizer”. E Isaac Newton? Sobre a incredulidade, saiu-se com essa: “O ateísmo é completamente sem sentido. Quando olho para o sistema solar, vejo a terra na distância correta do sol para receber a quantidade de luz e calor apropriadas. Isso não aconteceu por acaso.” Sorte dos ditos ateus que a campanha foi rejeitada a tempo.
Então, não preciso discorrer sobre o conteúdo das frases, mas quero evocar o texto de Eclesiastes, que diz: “Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade…” (Ec 3.11). Esse texto da versão NVI traz “eternidade”, tradução de um termo hebraico que significa “para sempre”. Algumas versões trazem “mundo”, mas literalmente a tradução é “para sempre”. O texto diz que há, inato no ser humano, o desejo, o anseio, a vocação para o tempo futuro, eterno, para sempre.
O homem é um ser que vive o presente, movido pelas experiências do passado procurando resolver os enigmas do futuro. Sempre foi assim. Nossa preocupação tem sido o amanhã. A ansiedade, patologia que afeta a milhões no mundo, resulta incerteza sobre o amanhã, sobre o futuro. O passado, tendo sido bom ou mal, influencia as nossas decisões hoje, quando procuramos a melhoria nas próximas ações e decisões a serem tomadas – no futuro. O homem é um ser voltado para o futuro. Assim, negar a existência de Deus pode ser reflexo de um trauma ou frustração passada que desemboca em uma rejeição e negação do futuro e de tudo o que ele reserva. E, se o futuro é estar com Deus (ou separado dele), o reflexo do passado implica na rejeição de qualquer compromisso com o “estar com Ele” (ou “para sempre” separado dele).
Sartre, Camus e outros ateístas humanistas ensinavam que somos fruto do acaso, diziam que a humanidade foi empurrada para dentro da existência sem qualquer conhecimento de suas origens: empurrados por quem? Diziam viver a tragédia humana, o absurdo, e que o suicídio como solução final era a questão a ser considerada. Assim, penso, o suicídio para eles e seus seguidores era uma tentativa de rompimento com um futuro admitidamente “sem Deus”, uma manobra para driblar Deus vindo ao seu encontro no futuro. Era um atalho para não entrar no Caminho.
Se, como escreveu o sábio Salomão, Deus colocou “no coração do homem o anseio pela eternidade”, então como fugir dessa condição e destino? A eternidade é, então, uma metonímia que pode ser substituída por Deus. O homem veio de Deus e Deus colocou em seu coração o desejo de retornar para Ele. Se “fomos empurrados” para dentro da existência – como queria Sartre – ao sairmos dela voltamos para a origem, voltamos para Deus. Como livrar-se dessa condição inata? Não há como! Rejeitar a existência de Deus – diga-se de passagem, um Deus eterno e que Ele mesmo se encontra na eternidade – é um paliativo simplista demais, equivocado certamente, reducionismo.
Dizer “não creio em Deus” é puro discurso, palavrório de quem anda na contramão porque quer chamar a atenção. Não creio nisso. É polemização, tão somente, que leva a pessoa a construir um estilo de vida e uma maneira de pensar que com o tempo aparenta – a ela e aos outros – que realmente crê naquilo que prega. Em psicologia isso é chamado sublimação.
Não posso crer em ateus dessa forma. Ateus não existem.
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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Fé, emoções e imaginação

27.11.2013
Do portal ULTIMATOONLINE, 25.11.13
Por Ricardo Barbosa de Souza


C. S. Lewis foi um dos mais influentes pensadores do cristianismo moderno. 50 anos após sua morte, Ricardo Barbosa discorre sobre uma das consequências positivas da obra de Lewis: a valorização da imaginação na vivência da fé cristã. Este artigo foi publicado na atual edição da revista Ultimato, e estava restrito aos assinantes. A partir de agora, está disponível a todos os leitores do portal Ultimato.

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Fé, emoções e imaginação: 50 anos sem C. S. Lewis

Um dos escritores que mais influenciaram o cristianismo no século 20 não foi um teólogo, nem um pastor ou missionário, não ocupou grandes púlpitos, não viajou pelo mundo afora pregando em grandes catedrais. Foi um professor universitário de literatura, tímido e que, até a sua conversão, aos 31 anos, fora um ateu convicto. Clive Staples Lewis (1898–1963), conhecido como C. S. Lewis, tornou-se um dos maiores pensadores do cristianismo moderno.

Uma pesquisa realizada há alguns anos entre os leitores da revista americana “Christianity Today” mostrou que, depois da Bíblia, o livro que mais influenciou suas vidas foi “Cristianismo Puro e Simples”, de C. S. Lewis. Uma das razões para a influência contínua dos seus livros entre os cristãos, na minha opinião, é a forma como ele relaciona a razão com a emoção e a imaginação na experiência da fé.

Para Lewis, se a razão era o meio natural para se compreender a verdade, a “imaginação era o meio que dava o seu significado”. A melhor forma de dar significado a conceitos ou palavras é estabelecer uma imagem clara para nos conectar com a verdade. Ele acreditava que a aceitação das coisas como elas se apresentam ao nosso intelecto revela uma fraqueza e um empobrecimento da compreensão da realidade.

Esse tema é retratado em “Surpreendido pela Alegria”, no qual ele narra sua experiência de conversão e descreve o crescente conflito entre a razão e a imaginação em sua formação: “Assim, tal era o estado da minha vida imaginativa; em contraste com ela, erguia-se a vida do intelecto. Os dois hemisférios da minha mente formavam acutíssimo contraste. De um lado, o mar salpicado de ilhas da poesia e do mito; de outro, um ‘racionalismo’ volúvel e raso. Praticamente tudo o que eu amava, cria ser imaginário; praticamente tudo o que eu cria ser real, julgava desagradável e inexpressivo…”. De um lado, “o mar salpicado de ilhas da poesia e do mito”; de outro, “um racionalismo volúvel e raso”. Foi sua impressionante capacidade de reconhecer o valor de ambos que contribuiu para a riqueza de sua obra.

Em seu livro “Cristianismo Puro e Simples”, ao falar sobre a relação entre a fé e as emoções, ele aborda o tema criando o seguinte cenário: “Um homem tem provas concretas de que aquela moça bonita é uma mentirosa, não sabe guardar segredos e, portanto, é alguém em quem não se deve confiar. Entretanto, no momento em que se vê a sós com ela, sua mente perde a fé no conhecimento que possui e ele pensa: ‘Quem sabe desta vez ela seja diferente’, e mais uma vez faz papel de bobo com ela, contando-lhe segredos que deveria guardar para si. Seus sentidos e emoções destruíram-lhe a fé em algo que ele sabia ser verdadeiro”.

O problema da fé não está na razão como meio para se compreender a verdade, mas na forma como respondemos a essa verdade emocionalmente. Para que a fé seja consistente, ela precisa conectar a razão com as emoções, e isso se faz por meio da imaginação. Ele reconhece que “não é a razão que me faz perder a fé: pelo contrário, minha fé é baseada na razão… A batalha se dá entre a fé e a razão, de um lado, e as emoções e a imaginação, de outro”.

A fé como expressão lógica da razão atrofia a alma num cristianismo árido. Contudo, a fé como expressão de sentimentos e emoções envolve a alma numa espécie de balão, levado por qualquer vento, para qualquer lugar. O uso da imaginação integra a razão com os sentimentos e oferece à fé um significado real, para um mundo real.

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