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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Pão nosso de cada dia dá-nos hoje

19.12.2013
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por  Robert H. Bunting

terceira petição do modelo de oração em Mateus seis diz: “O pão nosso  de cada dia dá-nos hoje”. É, provavelmente, a petição mais   conhecida, na mais conhecida das orações. Deus dá através de seu mundo natural criado. Desde o tempo de Noé, Deus tem prometido “...não deixará de haver sementeira e ceifa...” (Gênesis 8:22).
  • Dependemos de Deus. Um visitante estava admirando uma fazenda bem cuidada de um amigo. “Deus e você fizeram um belo trabalho neste lugar”, comentou o visitante. “ Estou admirado como tudo está bonito”. O fazendeiro respondeu rispidamente: “Você deveria tê-lo visto quando Deus cuidava dela sozinho. Não era nada mais do que carvalho mirrado e amoreiras silvestres”. Todos ouvimos este rebaixamento da divindade, e talvez tenhamos notado a brecha no raciocínio do fazendeiro. Quando Deus cuidava, ele mesmo, do mundo, ele era “muito bom” (Gênesis 1:31). O homem é quem fez a desordem em todas as coisas. Em todo lugar, as populações estão explodindo. Fazendeiros estão cortando e queimando florestas para fazer plantação numa terra que só permanece fértil por pouco tempo, antes de se tornar deserta. O mau uso está arruinando a terra. A fome está no mundo porque o homem governa as coisas a seu modo ignorante, egoísta. O cristão sabe disto, e reconhece sua dependência de Deus. É Deus quem dará a capacidade para ganhar, a possibilidade de germinação e o crescimento das plantações, e a habilidade para destruir. Ainda que possamos trabalhar com nossas mãos (Efésios 4:28), entendemos que nosso trabalho não apaga a realidade da dádiva de Deus. “Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tiago 4:13-17).
  • Dependemos de Deus diariamente. O Israel antigo recebia o maná diariamente. Isto era para humilhá-los e prová-los. Deus queria que eles aprendessem que eram dependentes dele. O homem vive “de tudo o que procede da boca do Senhor (Deuteronômio 8:2-3). Israel fracassou miseravelmente em aprender a lição. Sua descrença e falta de confiança em Deus fizeram com que fossem ignorantes do propósito de Deus. Ouçam o ponto de vista deles sobre o propósito de Deus. “E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa?” (Números 14:3). Se eles tivessem reconhecido e apreciado o cuidado diário de Deus, não teriam deixado de entender a meta final de Deus.
Nossa abundância de boas coisas faz-nos deixar de apreciar o cuidado diário de Deus. Tornamo-nos cristãos mimados. Somos iguais à criança do segundo ano escolar que se queixava por não ter um aparelho pessoal de televisão e de telefone. “Todos os meus amigos os têm em seus quartos”, ela reclama.

Nossa abundância fez com que víssemos luxos como necessidades. A maioria de nós não sabe nada de pobreza. Nunca duvidamos do aparecimento de nossa próxima refeição, nem tememos o frio por causa de nossas roupas esfarrapadas. A idéia de “pão de cada dia” fornecido “neste dia” é estranha a nós. Um menino da Tailândia vivia comigo quando cursava o ensino médio. Sua mãe o abandonou depois de trazê-lo a este país. Quando era um jovem banco de praça, ele pedia esmolas. Tudo o que era posto na sua tigela era o que ele comia naquele dia. Seu pão vinha numa base diária. Vivemos na mesma base. Ainda que tenhamos três refeições por dia, uma lavadora de pratos, dois carros, uma casa de verão, isso pode ir embora amanhã. “Observaste o meu servo Jó?” Jó conhecia a pobreza. Ele tinha bois arando, servos servindo, ovelhas sendo criadas, camelos trabalhando, filhos e filhas regozijando e tinha boa saúde. Em um dia tudo se foi (Jó 16:22). Dependemos de Deus diariamente.
  • Dependemos de Deus diariamente para o pão. Oramos por tais preocupações espirituais como perdão, crescimento espiritual, e pelo irmão arrependido. Assim é que deveria ser, mas vemos nossa dependência de Deus para as necessidades físicas? Deus supriu Elias de alimento e repouso (1 Reis 19:48). Ele deu a Paulo passagem segura para Roma, apesar de uma tempestade, sua vida sendo ameaçada pelos soldados, por um naufrágio, e ao ser mordido por uma serpente (Atos 27; 28). Deus está interessado em nosso bem-estar fisico, assim como nosso progresso espiritual. Certamente nosso “pão de cada dia” está incluído na “toda boa dádiva” de Tiago 1:17.
Sim, é pelo pão diário que oramos, porque é pela graça de Deus que comemos e vivemos cada dia. Entendendo nossa total dependência de Deus, estamos contentes “tendo sustento e com que nos vestir” (1 Timóteo 6:8).
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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Alimenta-ação em Cristo: o sentido pascal da Missão da Igreja

09.10.2013
Do blog NOVOS DIÁLOGOS, 30.03.13
Por Daniela Sanches Frozi *

Alimenta_ação em Cristo: o sentido pascal da Missão da Igreja


A Páscoa é o momento da Igreja repensar sua missão e sua vocação. A última ceia, a que Cristo celebrou, tinha esse sentido do que foi vivido pelo povo de Deus, do que estava sendo vivido por ele e do que seria anunciado com sua ressurreição. A mesa foi o lugar da palavra de reflexão, do olhar, da celebração, da contrição, da partilha e do novo sentido da Missão da Igreja.

É fascinante pensar na imagem de Cristo, o messias, relacionada com a alimentação e a ação junto à mesa, lugar da comunhão e do serviço. O servir o vinho e o partir do pão alimentam os sentidos e os significados da vida em Cristo. Dá razão, especifica seu projeto e resume o desenho da Missio Dei. A possibilidade de participação real no ato do comer o Pão e beber do vinho é o sentido de uma efetiva partilha do significado de comunhão e serviço. Quem sabe poderia inspirar a Igreja contemporânea?

Os elementos representam sua própria vida que foi partida e compartilhada junto aos que mais sofriam, junto aos excluídos da sociedade e da religião, junto aos pobres, junto aos doentes, junto aos famintos e junto aos que de longe e de perto queriam apenas estar junto com Jesus Cristo.

Viver o dia a dia de forma relacional é um convite Pascal! Sabemos que isso é ir contra uma tendência atual, a de gastar mais tempo com pessoas do que com próprios projetos pessoais ou com desejos egoístas.

A pergunta que de certa forma me angustia na Páscoa não é necessariamente uma questão teológica e sim a questão da vivência dessa Missão Pascal. Qual é o valor das relações humanas na produção de nossa alimentação? Parece não fazer nenhum sentido para essa Igreja discutir a problemática da Alimentação contemporânea.

Por que a Igreja de Cristo não se preocupa com as problemáticas relacionadas às relações de trabalho no campo produtor de nossos alimentos? Talvez porque pensamos nesse alimento desconectado de sua forma de produção? Talvez porque o alimento e a alimentação sejam apenas parte dos artigos de consumo que com o dinheiro ganho com o meu tempo de trabalho eu posso adquirir de uma prateleira de um hipermercado? Ou talvez por acreditar que a alimentação nada tem a ver com a minha fé ou com as relações humanas tão caras ao Cristo Pascal.

Gostaria de ver a Igreja de Cristo dialogando com os pequenos agricultores que produzem nossa comida de todos os dias e também gostaria que essa Igreja gastasse seu tempo conhecendo os agricultores e agricultoras, para entender quais são as problemáticas existentes entre o valor da vida humana e os valores do capital sobre a produção de alimentos relacionados ao Agronegócio?

Gostaria de fazer um convite à Igreja de Cristo a gastar um tempo para se aproximar de quem faz o pão e produz o vinho de nossa celebração pascal. Certamente Jesus nos dias atuais estaria andando não só com pescadores, mas também com os pequenos agricultores, com os indígenas, com os quilombolas e com aqueles mais injustiçados pelo atual sistema opressor.

Ao olhar para o pão, que possamos repensar os processos do cultivo do trigo, da dependência tecnológica para sua produção. Que possamos nos envolver com as questões relacionadas à saúde dos trabalhadores do campo e o risco do uso abusivo de Agrotóxicos, com as baixas condições de trabalho e saúde no campo. Será que isso preocupa a Igreja de Cristo?

Gosto da ideia de pensar em uma Igreja que se preocupa com a sustentabilidade da produção do trigo e da produção da uva e com as suas relações humanas e não-humanas envolvidas com quem os produz e os transforma hoje em Pão e Vinho. A Páscoa também é um convite à transformação da velha matéria-prima para uma nova matéria mais humana e justa.

Assim a renovação do nosso olhar para o Pão e para o Vinho possuirá a perspectiva da Justiça de um Reino de amor que poderá reorientar a Igreja para uma relação humana presente na mesa que alimenta o corpo e nossa ação na sociedade e no meio ambiente.

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