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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Pentecostal: que tipo de pregador e mensagem você tem ouvido e recebido em sua igreja?

01.02.2018
Do portal GOSPEL MAIS, 15.11.17
Por Silvio Costa*
Eu posso escrever sobre os pentecostais porque também sou um pentecostal. E testemunho que os melhores dias da minha vida foram e estão sendo vividos neste meio cristão (meio em que pretendo permanecer, pois foi nessa família que encontrei as maiores experiências e exemplos de ser integrante da igreja de Cristo). O poder, autoridade e consequente ousadia conferida as testemunhas de Jesus (Mt 10:8; Mc 16:15-18; At 1:8) podem se notar vigorosamente entre os pentecostais tais como: conversões, pessoas realmente sendo transformadas pelo poder de Deus, curas, batismo no Espírito Santo, dons espirituais, libertações, milagres e maravilhas conforme descritos em o Novo Testamento para os nossos dias (At 2:38, 39), pois não cessaram!
O que expus acima, visa evitar que algum imprudente – geralmente o que opina mesmo antes de conferir a exposição na íntegra – não cometa o pecado de julgar-mecomo mais um crítico externo ao movimento e portanto, sem conhecimento do assunto ou desprovido de autoridade para falar dos problemas e ameaças que existem e rondam este grande e particular segmento da fé evangélica no Brasil. Dito isso, passo a expor minhas observações quanto ao que tenho assistido e ouvido como pregação da Palavra de Deus em grande parte dos nossos eventos e festividades, principalmente.
Falando a verdade, para ser “pregador bom” (o contrário de bom pregador) para a sincera e simples massa pentecostal, você precisa ser conferencista internacional, adornar-se com uma bela e escandalosa pedra de ametista encravada num bonito anel (ou seja, manifestar que você é bacharel em teologia. Infelizmente, para um monte desses conferencistas, isso é apenas faz de conta – pois se quer sabem o que são o método histórico crítico, análise retórica, análise narrativa ou semiótica). Mas o que começou nos dedos desceu aos pés dos mais famosos e abastados e passaram a usar uns sapatos de escamas (couro) de cobra; mas aos aspirantes que ainda não tem grana para exibir essas questionáveis extravagâncias – passam a usar sapatos brancos ou vermelhos – pois quanto mais chamarem a atenção a si mesmos, melhor. E continuando, orquestrar o timbre de voz, ser apelativo às emoções do auditório e ser meio esquisito. Sim, principalmente esquisito mesmo, daqueles que chutam e esbofeteiam o ar, que saem de si (pois é o que insinuam) quando rodopiam, olham para o vazio, elevam o olhar e dizem: “eu vou falar Papai”, como se naquele momento estivem recebendo uma nova revelação para a igreja. Mas a performance só se completa com caras, bocas e contrações faciais. Te pergunto: isso é ou não é incoerente e esquisito para quem se diz um sério e comprometido pregador do Evangelho?
Porque a grande parte dos “conferencistas internacionais” que dizem ser pregadores pentecostais, precisam agir assim? Resposta: porque a maioria dos crentes pentecostais gostam de pregadores assim. E se gostam, seus pastores mais inconsequentes ainda (sem generalizar é claro) convidam os tais oradores, pagam os cachês que os tais insistem em taxar de oferta, mas sabemos que é cachê mesmo (pois se propor valor abaixo do que pedem, eles simplesmente não vão ao evento). E aí meu irmão, se o sujeito é PAGO e CONTRATADO como ATRAÇÃO dessas festividades polvorosas – é só acender o estopim que o SHOW literalmente vai acontecer – e mais que isso, vão explodir exageros, implodir a ordem da celebração e o que era para ser um CULTO DE GRATIDÃO transforma-se num ESPETÁCULO DE ESTRANHEZAS com gente caindo, rodando e correndo para tudo quanto é canto do ambiente com o pretexto litúrgico de que a glória de Deus desceu.
De onde esses profissionais do púlpito tiraram essas composições e performances? Acaso aprenderam na bíblia com Cristo e seus apóstolos sobre os trejeitos da face, a ostentação das vestes e a na maioria das vezes a notória e deliberada distorção das Escrituras? Claro que não! Essa estirpe de pregadores nada mais é que o espectro dos “expositores showman” de um importante congresso missionário que anualmente ocorre em Camboriú-SC, e com versões menores em suas sucursais representativas país afora.
O trabalho da igreja e da entidade por trás do aludido congresso, de fato tem feito a diferença na obra missionária e devemos louvar a Deus por isso, mas do ponto de vista bíblico, hermenêutico e homilético (referência específica a grande parte do conteúdo das mensagens que nesse congresso são apresentadas), é uma ofensa a genuína e boa pregação evangélica. Muitas exposições que lá são apresentadas podem ser classificadas como heresias do tipo: a última transferência das riquezas em que se afirmou que Deus tiraria a riqueza das mãos dos ímpios e as transferiria para as mãos dos crentes (de onde tiraram isso senão de algum compêndio herético da teologia da prosperidade). Ou algum absurdo do tipo: Jesus tinha uma grande casa na praia (praticamente uma mansão).
Sem falar de devaneios interpretativos. Lembra da polêmica pregação “Somos deuses” em que o deputado-pregador apresentou no congresso de Camboriú? Dispensa comentários – pois a aberração interpretativa – que o deputado explanou – realça o tipo fraco de pregador incapacitado de bíblia que anda ocupando os altares pentecostais para ministrar (é fraco porque a pregação é mais feita de conjecturas e achismos do que das Escrituras propriamente). Como um pregador que de fato conhece a Palavra de Deus em sã consciência vai afirmar: “o homem é um deus pequeno, diminuto, um deus em essência de poder”. Pois o pregador deputado fez isso, você acredita?
E a parte mais grave: se grande parte desses pregadores, personalistas, polêmicos e famosos do meio pentecostal e seus admiradores ministeriais (que funcionam como papagaios dos grandes em nossas congregações e eventos locais), estão a pregar o que o “povão” gosta, a violar regras de interpretação bíblica, a distorcerem passagens das Escrituras a ponto de inserir nelas condenáveis heresias. Esses realmente são perigosos à minha e a sua fé. Desse modo, comportam-se como “apresentadores contratados”; e pregador pago entrega um pseudo-evangelho que gera crentes de araque; oferecem pregações continuamente triunfalistas que por sua vez conceberão o cristão fantasia (que nunca vai ser levado à sério por ninguém – pois ignora a berrante realidade que o cerca); mensagens só de vitória, prosperidade e sucesso são na verdade meias verdades – porque o que está escrito na bíblia contém muito mais que isso: derrotas, pobreza, doenças e rejeição e a melhor de todas as mensagens: a salvação do indivíduo – fato ignorado na maioria dessas mega e incompletas pregações.
É preciso fazer uma distinção entre esses pregadores pentecostais. 
Existem aqueles que são dependentes e aprisionados as facilidades e apelos do mundo gospel (2 Tm 4:3 Ap 3:15-18); afinal não precisa de muita coisa para impressionar essas multidões, emocionalmente manobráveis (tem muitos desses pregadores que nem bíblia levam mais para o púlpito, quanto mais uma mensagem bíblica coerente, esquece). Esses primeiros não vão mudar, vão continuar com o show e manterão suas agendas lotadas – e o povão vai continuar dando glória a Deus e aleluia e sendo enganado – por esses falsificadores da palavra de Deus (2 Co 2:17; 2 Pe 2:1).

Mas, tem um segundo grupo, influenciado pela fama e glória dos primeiros; e estes estão a PAGAR PARA PREGAR em eventos de algumas sucursais daquele evento missionário que mencionei acima – ou em outros da mesma natureza. Bom, quem paga para pregar – tem segundas intenções nada cristãs – e na boa: esse “pregador” não confia em Cristo – pois se confiasse que o Senhor tem realmente uma chamada dirigida a ele para o ministério da Palavra jamais pagaria para apresenta-la dessa forma (a meu ver esse já foi reprovado aí).
E finalmente, tem um terceiro grupo de jovens sonhadores que desejam pregar a Palavra de Deus mesmo – mas nos moldes dos conferencistas internacionais – tão questionados neste artigo. A estes digo, se espelhem em outros exemplos e não nos desses comerciantes da Palavra. Pratiquem o evangelho que lhes está sendo ensinado nas classes da EBD, estudem a palavra (se possível, matriculem-se num bom curso ou faculdade teológica), orem, jejuem e sirvam a igreja local de vocês e fiquem tranquilos (esperando no Senhor), pois se o Senhor vos chamou – Ele mesmo trará grandes oportunidades até vocês!
*Silvio Costa mora na belíssima cidade de Guarapari no ES; é administrador de empresas por profissão; estudou teologia no Seminário SEET e na Faculdade FAIFA. É membro do conselho editorial da revista Seara News. Contribui como colunista em outros portais evangélicos e é palestrante em escolas bíblicas realizadas em seu Estado. Escreve também para o seu blog Cristão Capixaba e é o editor responsável pelo portal Litoral Gospel.
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Fonte:https://colunas.gospelmais.com.br/pentecostal-que-tipo-de-pregador-e-mensagem-voce-tem-ouvido-e-recebido-em-sua-igreja_32702.html

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