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terça-feira, 24 de outubro de 2017

O plantador de igrejas e a evangelização pessoal

24.10.2017
Do blog MINSTÉRIO FIEL, 16.10.17
Por Mack Stiles*

A maioria dos pastores que conheço iniciam a plantação de uma igreja com um profundo desejo de evangelizar. Em certo sentido, o que mais você poderia fazer? Dificilmente qualquer novo pastor se proponha a iniciar uma igreja através do “roubo de ovelhas”. Eles desejam uma igreja vibrante, centrada na cruz e cristocêntrica que expresse o testemunho evangélico e seja cheia de novos e entusiasmados crentes.

E eles irão evangelizar depois de descobrirem como adaptar um sistema de som em um ginásio do ensino médio, depois de resolverem onde o berçário será mantido no prédio e depois de cuidarem da criação do website.

Embora a maioria dos pastores veja a evangelização como uma chave para a saúde espiritual para a vida de um crente e para a vida da igreja, dada a quantidade surpreendente de coisas que devem ser feitas em prol de uma nova igreja — sem mencionar a pecaminosa resistência interna à evangelização — é fácil perder o nosso fervor na evangelização. Ao que parece, a evangelização está sempre sendo adiada.

Se a evangelização deve estar presente na formação da vida de uma nova igreja e de seu pastor, necessita de alguma consideração e planejamento.

Aqui estão 10 coisas que tenho aprendido e que podem ajudar.

1. O tempo para iniciar a evangelização em sua igreja é antes de iniciar a igreja.

Se você esteve tão imerso no seminário ou em um ministério de apoio que está separado de não-cristãos, então precisa pensar como pode tratar a evangelização como qualquer outra disciplina espiritual.
Certo, permita-me dar minha opinião: se você não tem se envolvido em evangelização regular, provavelmente não deveria estar iniciando uma igreja. Independentemente disso, regularmente faça tentativas de compartilhar a sua fé agora antes de iniciar a plantação de uma igreja. Se você esperar até que tenha tempo para fazê-lo, você nunca o fará.

2. Ensine, ensine, ensine.

Defina o evangelho: “A mensagem de Deus que nos leva à salvação”.

Defina essa mensagem: “Deus, homem, Cristo, resposta”, ou “criação, queda, redenção, consumação”.

Defina a evangelização: "Ensinar (ou pregar) o evangelho com o objetivo de persuadir”.

Defina a conversão bíblica bem e biblicamente. Confira o excelente novo livro de Michael Lawrence sobre o assunto.

E quando a evangelização é demonstrada ou ordenada no texto da Escritura que você está pregando, certifique-se de destacar isso para a sua congregação.

3. Dirija-se ao que está acessível.

Uma vez observei um homem que frequentava a igreja ocasionalmente com sua esposa.

Dirigi-me a ele após o culto e disse: “Tim, tenho uma curiosidade, como você está em sua vida espiritual?”. “Não sou um crente”, ele me disse. “Eu realmente só venho para agradar a Gina”. Conversamos um pouco mais. Convidei-os para um almoço e conversamos sobre a vida espiritual e o evangelho.

Nada mais aconteceu, porém Gina depois me disse que durante todos os anos em que ele estava indo à igreja, ninguém jamais perguntou sobre a sua condição espiritual. Não deixe isso ocorrer. Muitas pessoas que vão à igreja ficam surpresas quando as pessoas falam mais sobre esportes do que sobre a verdade espiritual e, ao longo do tempo, isso os convence de que estão bem. Em vez disso, pregue o seu temor do homem na cruz e pergunte às novas pessoas sobre a sua vida espiritual.

O melhor lugar para pastores e evangelistas tímidos evangelizarem é com as pessoas que vão à igreja. Afinal, elas estão na igreja!

4. Não presuma o evangelho.

Presumir o evangelho é o caminho mais rápido para matar uma igreja em algumas gerações. Recentemente estive em Portland, Oregon, e observei que a cidade estava cheia de prédios de igrejas vazios.

Mas houve um tempo quando cristãos vibrantes sacrificaram o seu dinheiro e tempo para construírem esses prédios. O que aconteceu? Eles começaram a presumir o evangelho.

Um evangelho presumido leva a um evangelho confundido, que leva a um evangelho perdido. E quando o evangelho é perdido, o sangue da vida da igreja é drenado.

Examine todos os sermões com uma pergunta: “Alguém que não é cristão poderia chegar à fé através do que preguei hoje?”.

Examine as músicas que vocês cantam. Vocês estão comunicando que as pessoas podem se aproximar de Deus, independentemente da condição de seu coração? Fazemos isso quando estimulamos as afeições com uma ótima melodia, mas cantamos letras sem a mensagem do evangelho.

Certifique-se de que a verdade do evangelho esteja nas orações congregacionais e nas leituras das Escrituras; certifique-se de que o evangelho seja claro nos sacramentos (você protege a mesa?). Peça às pessoas que deem testemunhos à igreja antes de serem batizadas, examinando-os com antecedência para garantir que o evangelho fique evidente.

Quando você faz entrevistas para membresia, caso alguém esteja confuso quanto ao evangelho, certifique-se de que ele realmente seja um crente. Faça as pessoas saberem que você gosta de falar sobre o evangelho e que alegremente separará tempo em sua agenda para fazer isso. Isso seleciona aqueles que têm interesse genuíno.

Fale sobre o evangelho muitas vezes com aqueles que o amam; mais pessoas do que você imagina estão ouvindo, especialmente as crianças.

5. Lidere na evangelização.

Suponho que isso seja óbvio, mas você precisa liderar a evangelização. Não é suficiente apenas pregar o evangelho, embora essa seja a máxima prioridade. A congregação saberá se você estiver compartilhando a sua fé pessoalmente. É claro que você está tão ocupado com os cristãos que isso torna o seu trabalho mais difícil. Sim, você tem um trabalho árduo.

Mas conte à sua congregação sobre o seu desejo de compartilhar a sua fé, faça-os orar e conte-lhes os seus sucessos e fracassos.

6. Certifique-se de que todos sejam atuantes. 

Você precisa que toda a igreja fale sobre Jesus — não apenas o pastor. É por isso que a igreja deve ser regularmente perguntada sobre as suas oportunidades evangelísticas. E não esqueça: eles podem ajudá-lo. Informe aos seus membros que, se isso puder lhes ajudar, você apreciaria conversar com os seus amigos que não são cristãos.

Talvez você considere útil obter o meu livro “Evangelism: How the Whole Church Speaks of Jesus” [Evangelização: Como Toda a Igreja Fala sobre Jesus], sobre porque uma igreja saudável é o meio mais importante de evangelização.

Ore corporativamente pelos evangelistas vitoriosos na congregação, e pergunte-lhes como estão. Se a congregação souber que essa é uma prioridade para a liderança da igreja, então os membros serão mais propensos a praticar a evangelização como uma prioridade em suas vidas.

É claro que você deseja conversar com o seu povo sobre oportunidades evangelísticas bem-sucedidas, mas não se esqueça de compartilhar histórias de fracasso. Noventa e nove por cento dos meus esforços evangelísticos não dão em nada, mas quando isso ocorre é útil apenas saber que estamos na batalha.

7. Seja prático, mas não pragmático ou programático.

Assim como você, a sua congregação precisa de ajuda para compartilhar a sua fé. Mas não crie vários programas evangelísticos. Muitas vezes digo que os programas são para a evangelização o que o açúcar é para a nutrição. Os programas podem fazer com que você sinta que evangelizou quando não o fez, assim como comer açúcar pode fazer você se sentir como se tivesse se alimentado quando não o fez.

Dito isso, ajude a sua congregação a ser atuante com alguns auxílios práticos. Aqui está um exemplo: a Covenant Hope Church em Dubai fez com que todos escrevessem o nome de cinco amigos não-cristãos em um cartão e orassem para compartilhar com os amigos dessa lista. Muito simples e prático. A igreja fez com que colocassem o cartão na bolsa ou na carteira e se referia a isso regularmente. Faça com que pensem no plano: um convite para um café, um e-mail com um convite à igreja, etc. Ajude a sua congregação a entender que se todos estiverem compartilhando a sua fé, isso será muito mais eficaz do que qualquer programa evangelístico de toda a igreja, não importa quão grande possa ser.

8. Seja ousado e claro ao compartilhar a sua fé.

Não quero dizer “seja ofensivo e agressivo ao compartilhar a sua fé”. Apenas quero dizer que você deve assumir mais riscos na evangelização. Seja honesto; deixe as pessoas saberem de onde você está vindo. Isso pode soar um pouco estranho, mas uma das grandes coisas sobre ser claro a respeito de seu desejo de falar com as pessoas sobre o evangelho é que se você for rejeitado, você poupou muito do tempo dessas pessoas e do seu próprio.

9. Conheça o evangelho, fale o evangelho e viva o evangelho.

Saiba como anunciar a mensagem do evangelho em linguagem clara e despretensiosa, e certifique-se de que os membros da congregação também saibam como anunciar o evangelho em um ou dois minutos em suas próprias palavras.

Tenho observado algo ao longo dos anos em minhas tentativas de compartilhar a minha fé: se você não refletir regularmente sobre o evangelho, orar sobre ele, aplicá-lo e falar dele, então o evangelho se tornará incerto e distante. Acho que se trata da lição espiritual de que aquilo que você tem será tirado de você — ou, para usar um clichê: use-o ou perca-o.

Ajude a congregação a saber como aplicar o evangelho às suas vidas nas áreas de pecado e arrependimento, perdão e santidade. Ajude-os a ver como o evangelho não é apenas o que nos salvou, mas um manancial no centro da vida do qual devemos fazer uso diariamente.

10. Use livros e não folhetos.

Para brindes e presentes de boas-vindas para os visitantes, priorize livros breves e de fácil compreensão em vez de folhetos. Muitas pessoas que conheci chegaram à fé através de The Cross Centered Life [A Vida Centrada na Cruz], de C.J. Mahaney, ou O que é o Evangelho?, de Greg Gilbert (Editora Fiel).

Não seja econômico. Dê livros que explicam o evangelho e treine os seus membros para estarem dispostos a examinar os livros com aqueles que os receberem.

Tradução: Camila Rebeca Teixeira
Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva

*Mack Stiles serve como presbítero naRedeemer Church of Dubai e secretário geral do Fellowship of Christian UAE Students nos Emirados...
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Fonte:http://ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/1213/O_plantador_de_igrejas_e_a_evangelizacao_pessoal

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O único fundamento da igreja

11.10.2017
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 09.10.17
Por R. C. Sproul

Há mais de quarenta anos, Los Angeles experimentou um terrível terremoto, um dos piores na história da cidade. Lembro-me do evento porque, pouco antes do terremoto, eu tinha levado um amigo ao aeroporto para pegar um vôo para Los Angeles, onde ele era pastor. O terremoto afetou a sua igreja. Depois ele me disse que no começo tudo parecia estar bem com a construção do santuário. Porém, embora não houvesse nenhum dano visível de qualquer importância, uma inspeção posterior revelou que a fundação da igreja tinha se movido a tal ponto que eles tiveram que fechar a igreja e reconstruir o santuário, porque ele já não era seguro. Para qualquer observador desatento, parecia que o santuário era estável. Entretanto, na realidade era impróprio para o uso, e precisou ser demolido e reconstruído sobre um fundamento seguro.

No Salmo 11.3, Davi faz a seguinte pergunta: “Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?”. Davi extrai uma analogia do reino físico para descrever uma preocupação espiritual particular que ele tinha. Se o fracasso de um fundamento físico de um edifício implica no fim de todo o edifício, o fracasso do povo de Deus em manter o fundamento da verdade indica um desastre para sua saúde e bem-estar espiritual.

Podemos aplicar essa ideia à igreja. Se o fundamento da igreja for abalado, a igreja pode sobreviver? Não. Mas qual é o fundamento da igreja? Responder corretamente essa pergunta nos ajudará a proteger o fundamento e a preservar a verdade de Deus.

Ensinei muitas vezes sobre esse assunto — o fundamento da igreja — em meus anos de ministério. Muitas vezes sinalizei que, embora o autor da frase “o único fundamento da igreja é Jesus Cristo, nosso Senhor” tinha o seu coração posto no lugar certo quando estava escrevendo o seu hino, o verso em si é um canal de desinformação. Com respeito ao fundamento da igreja, a Escritura, de fato, fala sobre Jesus como o fundamento: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Coríntios 3.11). No entanto, isso não é tudo o que o Novo Testamento diz sobre a fundamento da igreja. Paulo diz em Efésios 2.20 que Jesus é, na verdade, “a pedra angular”. Jesus é chamado de fundamento porque ele é o elemento-chave de todo o fundamento. Mas há outras pedras nessa fundação.

Qual é, então, o restante do fundamento? O fundamento, Paulo nos diz, consiste dos profetas e dos apóstolos (Efésios 2.18-21). Em Apocalipse 21, lemos sobre a visão magnífica da Nova Jerusalém, a cidade celestial que desce do alto. O versículo 14 nos diz que “A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”. Mesmo a Jerusalém celestial é baseada no fundamento dos apóstolos.

Historicamente, a igreja cristã é, em sua essência, apostólica. O termo apóstolo vem da palavra grega apostolos, que significa “aquele que é enviado”. Na cultura grega antiga, um apostolos era antes de tudo um mensageiro, um embaixador ou um emissário. Mas ele não era apenas um mensageiro. Ele era um emissário que estava autorizado pelo rei a representá-lo em sua ausência, e ele carregava a autoridade do rei.

O primeiro apóstolo no Novo Testamento foi, na verdade, Jesus, porque ele foi enviado por seu Pai ao mundo. Temos o quadro mais completo do que é ser um apóstolo ao olhar para o que Jesus diz no Novo Testamento sobre esta sua função. Jesus disse: “nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou” (João 8.28). Cristo disse aos seus discípulos: “Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar” (12.49). Ele disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28.18). Jesus recebeu autoridade de Deus Pai para falar em nome do Pai e anunciar a Palavra do seu Pai, de modo que o ensinamento de Jesus tinha autoridade de Deus.

Os apóstolos falaram com uma autoridade transferida de Cristo para anunciar os seus ensinamentos. Os apóstolos ensinaram com a autoridade de Jesus, que, por sua vez, ensinou com a autoridade de Deus. Portanto, como o pai da igreja Ireneu argumentou há muito tempo, rejeitar a autoridade apostólica é rejeitar a autoridade de Jesus. E, em última análise, rejeitar a autoridade de Jesus é rejeitar a autoridade de Deus.

Este conceito de autoridade apostólica é de vital importância para a fé cristã. Mas como reconhecemos a autoridade apostólica? Pela submissão à tradição apostólica. Em 1 Coríntios 15.3, Paulo nos afirma: “Eu vos entreguei antes de tudo o que também recebi”, e ele usa a palavra paradosis, que é o termo grego que traduzimos como “tradição”. Paradosis significa literalmente “uma doação, uma transferência”, e é isso que o Novo Testamento é. Trata-se da tradição apostólica que a igreja recebeu. A igreja a recebeu dos apóstolos, que a receberam de Cristo, que a recebeu de Deus. É por isso que quando rejeitamos o ensinamento dos apóstolos — a tradição apostólica do Novo Testamento — estamos rejeitando a própria autoridade de Deus.

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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/10/o-unico-fundamento-da-igreja/?utm_source=inf-resumo-diario-ve&utm_medium=inf-resumo-diario-ve&utm_campaign=inf-resumo-diario-ve