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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

LIÇÕES BÍBLICAS 08: Os Impérios Mundiais e o Reino do Messias

26.11.2014
Do blog EU VOU PARA A ESCOLA DOMINICAL
Por Severino Pedro da Silva*


7.1: “No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua cama, um sonho e visões da sua cabeça: escreveu logo o sonho, e relatou a suma das coisas”.

O capítulo em foco trata do mesmo tema, em outras composições, do segundo capítulo - elevação e queda do sistema gentílico mundial. No capítulo dois (2), os impérios são vistos sob o ponto de vista político, com relação à sua degeneração quanto à forma de governo. No capítulo sete, porém, são vistos sob o ponto de vista moral, com relação ao seu caráter feroz e destrutivo, como se exprime por simbolização de bestas ferozes. O profeta Daniel situa esta visão das quatro feras, como tendo sido no “primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia”. Isto indica que, Daniel teve a visão no tempo do Império Babilónico, no primeiro ano do reinado Belsazar, isto é, depois dos acontecimentos narrados no capítulo quatro e antes do capítulo cinco deste livro. Ao lermos o livro do profeta Daniel, ficamos admirados da perfeição que existe na simbologia profética nele apresentada: Os reinos deste mundo não são representados por ovelhas, mas por feras bravias. O instinto da fera, seja qual for o animal, é sempre em defesa própria; ela guarda o que tem, custe o que custar e luta para adquirir aquilo que não tem; estão sempre prontas a derramar sangue para resistir a qualquer afronta, porque, realmente, têm o instinto e natureza de fera.

7.2: “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando, na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu combatiam no mar grande”.

"... os quatro ventos do céu...” No livro de Apocalipse 7.1, encontramos uma passagem quase semelhante à do texto em foco, sendo que, ali, os ventos são da terra e não do céu como aqui. Os antigos povos pensavam que a terra fosse quadrada, e, portanto, dotada de quatro pontos cardeais (um em cada canto). Os filósofos gregos (600 a.C.) modificaram esse conceito, pensando ser a terra um disco. Na presente passagem, Daniel fala como se estivesse na praia do mar Mediterrâneo. Ele ali contempla, em sua visão futurística, “os quatro ventos do céu combatendo o mar grande”. O profeta Zacarias (520 a.C.) viu também, em sua visão apocalíptica, algo semelhante ao que neste versículo é presenciado (Zc 6.5). No livro de Apocalipse, isto significa: “os quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste”. Na simbologia profética, o mar, simboliza a humanidade num estado de inquietação e angústia. (Ver SI 18.4,16 e 124.14; Is 8.7). Durante o reinado cruel da Besta, estas águas representam o estado de depressão e confusão pelo qual passarão os habitantes da terra (Lc 21.25 e Ap 17.15). A Besta que tinha sete cabeças e dez chifres “subiu do mar” com autoridade e grande poder (Ap 13.1); isso significa que ela subirá do meio do sistema político-mundial. Em alguns lugares das Escrituras, os quatro ventos simbolizavam também os poderes celestes que põem em movimento e estado de guerra as nações do mundo. (Ver Jr 4.11; 25.32; Hc 1.11).

7.3: “E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros; subiram do mar”.

quatro animais...” O presente versículo encontra sua interpretação no versículo 17 do capítulo em foco. Ele ali é interpretado pelo anjo do Senhor da seguinte maneira: “Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra”. A história descreve estes quatro reinos como sendo: 1) Império Babilónico (Nabucodonosor, Nabonido e Belsazar). 2) Império Medo-persa (Dario, Ciro, Cambises, Esmerdis, Dario, o Persa, e Xerxes). 3) Império Greco-macedônio (Alexandre Magno e seus sucessores). 4) O Império Romano. Em Apocalipse 13, encontramos a consolidação de todas estas composições em uma só personagem: a Besta que subiu do mar. O apóstolo João, em sua visão profética futurística, descreve a continuação e consumação destes quatro animais emergidos do mar. “1) O leopardo representa o reino greco-macedônio (Dn 7.6), rápido, veloz, e conquistador incansável. O Anticristo terá essas qualidades em grau supremo (Ap 13.2). 2) Os pés do urso representam o Império Medo-persa (Dn 7.5), dando a ideia de força, estabilidade, consolidação. O Anticristo também incorpora esses aspectos em seu poder. 3) A boca de leão representa a monarquia babilónica (Dn 7.4). Subentendendo ruína ameaçadora, rugidos de blasfêmia, perseguição e matança. O Anticristo será possuidor em grau supremo dessas qualidades”. (Ver Ap 13.1 e ss.).

7.4: “o primeiro era como leão, e tinha asas de águia: eu olhei até que lhe foram arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem; e foi-lhe dado um coração de homem”.

“O primeiro era como leão”. Todos os estudiosos das profecias de Daniel concordam nesta passagem, com o mesmo simbolismo. O leão é Babilônia, compreendendo seu rei. (Ver Jr 4.7; 49.19; Hc 1.8). Podemos observar que, nas próprias composições que são empregadas para representar este reino, diz-se que seus sucessores cresceriam naquele reino sempre apontando para baixo (Dn 2.39, 40). Três composições nas visões de Daniel, que representam Babilônia e o monarca, formam um simbolismo evidentemente perfeito: 1) A cabeça de ouro. 2) O leão. 3) A águia. A cabeça é a parte mais nobre do corpo humano e, sendo de ouro, é mais evidente. O leão e a águia são dois animais nobres da fauna: o primeiro, como o rei dos animais terrestres, e a águia, como a rainha das aves do céu. Esse simbolismo sempre representou Babilônia, em várias conexões das Escrituras Sagradas. O leão, majestoso, corajoso, representa perfeitamente essa grande cidade. Babilônia, de fato, era representada em seu escudo por um leão com asas de águia. A águia é outro animal majestoso, a rainha das alturas, como o leão o é das planuras. O leão representa a brutalidade, a força e a violência. E fera de mandíbula trituradora. Na simbologia profética das Escrituras Sagradas, é o Império Babilónico “um destruidor de nações” (Jr 4.7). A águia, por sua vez, metaforiza a rapidez e a voracidade. Esse Império é considerado nas Escrituras como “uma nação feroz” que voa como a águia (Dt 28.49-50; Mq 1.6-8).

“E tinha asas de águia”. Na simbologia profética, isso bem pode, como em outras partes das Escrituras, simbolizar Nabonido e Belsazar.

“E foi levantado da terra”. A presente passagem, descreve em resumo, a humilhação, a doença, a exaltação do poderoso monarca Babilónico, o rei Nabucodonosor. No capítulo quatro deste livro, Deus o feriu de licantropia. O doutor Montagu G. Barker, a descreve também como segue: “Licantropia”, uma condição frequentemente mencionada em tempos antigos. Muitas vezes ligada à hidrofobia, em que parecia que as pessoas afetadas imitavam cães e lobos. Nabucodonosor, uma vez ferido por Deus desta doença, foi colocado junto com os animais do campo (Dn 4.33), onde passou “sete tempos”. Sete tempos (“sete anos”). A palavra “iddãnin” não denota especificamente “anos”, mas pode significar “estações”. E a mesma palavra traduzida por “tempo” em 2.8 e “momento” em 3.8, do livro em foco. A sua situação é indefinida, mas, no conceito geral, isso significa mesmo “sete anos” (Dn 7.25; 12.7; Ap 12.14. Um tempo nessas passagens significa um ano).

“E posto em pé como um homem”. O texto em foco descreve, em resumo, o estado normal e o restabelecimento do rei Nabucodonosor, e, com certeza, também o seu restabelecimento no posto e trono, como ele mesmo descreve: “Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei... no mesmo tempo me tornou a vir o meu entendimento, e, para a dignidade do meu reino, tornou a vir a minha majestade e o meu resplendor” (cap. 4.34-36).

“E foi-lhe dado um coração de homem”. O coração deste monarca estava muito endurecido no início do reinado; era realmente “um coração de leão” (Jr 4.7). Ele tornou-se um Faraó. Faraó foi um monarca, também de coração endurecido. Dez vezes lemos que ele endureceu seu coração e dez vezes lemos, também, que Deus o endureceu (Ex 7.13,14, 22; 8.15,19, 32; 9.7, 34, 35; 13.15 - Faraó). (Êx 4.22; 7.3; 9.12; 10.1, 27; 11.10; 14.4, 8, 17 - Deus). Theodoret assim explica o caso: “O sol pelo seu calor torna a cera mole e o barro duro, endurecendo um e amolecendo outro, produzindo, pela mesma ação, resultados contrários. Assim a longanimidade de Deus faz bem a alguém e mal a outros. -Por quê? - Porque alguns apresentam-se amolecidos e outros endurecidos”. O juízo de Deus caiu sobre Faraó quando se exaltou. O juízo de Deus caiu também sobre Nabucodonosor quando se exaltou. Diferença: Faraó se endureceu; Nabucodonosor se humilhou. Teve seu “coração” mudado de “leão” para “coração de homem”. Nabucodonosor morreu, e seus dois sucessores, as asas, foram arrancadas, terminando, assim, aquela dinastia Babilónica (Dn 5.30; 7.4).

7.5: “Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne”.

“...o segundo animal...” No capítulo 2 versículos 32 e 39 do livro em foco, o Império Medo-persa é representado pelo “peito e braços” de prata da estátua “terrível” do sonho do monarca Nabucodonosor. O “peito do colosso, na simbologia profética, representava a unificação dos dois reinos (Média e Pérsia) em um só. Os “braços”, porém, geograficamente falando, são seus dois monarcas: Dario e Ciro, respectivamente. 1. O braço esquerdo representava Dario. 2. O braço direito representava Ciro (Is 45.1). São eles os dois “Tufões de vento do Sul, que tudo assolam...” (Is 21.1). No capítulo 4 de Daniel, esse Império, bem pode ser visto nos “ramos” da árvore que o rei Nabucodonosor viu em sonho.

“... um urso”. O segundo animal presenciado por Daniel, nesta visão é “um urso”. E quase tão temível quanto o leão, o primeiro animal. O urso marrom da Síria pode chegar a 250 kg de peso e tem um apetite voraz. “Embora o urso não seja considerado o rei dos animais, atinge maior estatura e peso, como já ficou demonstrado, do que o leão. Diz-se que sua espécie foi encontrada na Média, país montanhoso, acidentado e frio. Seus quarenta e dois (42) dentes pontiagudos, suas garras aguçadas, sua malícia, o seu enorme peso, a sua coragem e a sua astúcia, fá-lo grandemente terrível. No que diz respeito à sua crueldade, ferocidade e sede de sangue, não tem rival”. Todos esses requisitos possuídos por essa fera, foram realmente incorporados em grau supremo ao Império Medo-persa, e mais ainda. Dele está escrito: “Levanta-te, devora muita carne”.

"... levantou-se de um lado”. O presente versículo põe em foco Dario e Ciro se “levantando do sudeste” da Babilônia; nessa região se encravavam a Média e a Pérsia; os medos predominaram antes dos persas. A frase: “levantou-se de um lado” é interpretada na maneira de haver a fera se levantado de um lado, isto é, no sentido literal, o urso levantou-se sobre duas patas, ficando as duas outras suspensas, como se quisesse andar com os pés. Esses dois reinos, após conquistarem Babilônia, cada um queria andar só. Eis a razão por que Ciro depois vence Dario e reina com grande poder.

“Tendo na boca três costelas...” O presente texto mostra algo admirável no urso faminto, como fora presenciado no majestoso leão do versículo 4. As três costelas em foco, que o urso trazia na sua boca, na simbologia profética significam as três primeiras potências conquistadas pelo Império Medo-persa. São elas: 1) Babilônia. 2) A Lídia, na Ásia Menor. 3) O Egito. Esses três reinos (costelas) fizeram uma coligação pensando suplantar as ameaças do inimigo. Mas não tiveram nenhum êxito nisso, pois a conquista por Dario e Ciro dessas nações já estava vaticinada cerca de 80 anos antes, como está descrito pelo profeta do Senhor: “O Senhor despertou o espírito dos reis da Média; porque o seu intento contra Babilônia é para a destruir. (Jr 51.11, 29). Dario e Ciro fizeram com estas três costelas (nações) o que antes já fora vaticinado. As nações aí mencionadas foram, em suma, as primeiras a caírem nas garras do urso voraz. Ele as subjugou.

"... entre os seus dentes”. O profeta Daniel, observa um detalhe importante na presente visão: as três costelas acima mencionadas, vinham presas “entre” os dentes da fera. Foi realmente o que aconteceu com as três potências aludidas: Babilônia, Lídia, e Egito. Elas foram conquistadas pelos poderosos dentes (exércitos) do urso faminto. Segundo a história natural, um urso da Média, é portador de 42 dentes pontiagudos. Nas conquistas mencionadas foram usados 42 exércitos em revezamento. As Escrituras são proféticas e se combinam em cada detalhe. (Ver Ec 7.27).

“Levanta-te, devora muita carne”. Essa voz que ordena ao “urso” que devore muita carne é a voz de Deus. Refere-se a Ciro, também chamado o “pastor” de Deus (Is 44.28) e seu “ungido”, em Is 45.1. Esses títulos lhe são dados, não por causa do seu caráter, pois ele era ignorante quanto à pessoa de Deus (Is 45.5). Ele não conhecia a Deus, e é chamado “uma ave de rapina” em Is 46.11, mas Deus o predestinou para executar a destruição de Babilônia e a obra de restauração de Israel. No texto de Is 45.1, 2, lemos a seu respeito: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, eu soltarei os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas e as portas não se fecharão. Eu irei diante de ti, e endireitarei os caminhos tortos; quebrarei as portas de bronze e despedaçarei os ferrolhos de ferro”. O leitor deve observar que os elementos apresentados nesta profecia existiam de fato em Babilônia. No cap. 8.3-22 deste livro, o poderoso Império Medo-persa ainda continua, porém, já enfraquecido: não é mais representado por um “urso voraz”, mas por um animal doméstico. Não está mais diante do mar (v. 3) mas diante do rio (8.3).

7.6: “Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas: tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio”.

"... eis aqui outro”. No texto em foco, é o Império Greco-macedônio que entra em cena. No capítulo 2, versículos 35 a 39 deste livro, esse Império é representado pelo “ventre e coxas” de cobre da estátua vista pelo monarca Nabucodonosor, em seu majestoso sonho. Como na representação anterior dos dois reis, Dario e Ciro, o mesmo acontece aqui. “O ventre” como é descrito pelo profeta do Senhor, simboliza a unificação dos reinos Grego e Macedônio em um só. As “coxas” falam de duas nações que se uniram, depois, porém se dividiram com o “andar” das coxas. O ventre e as coxas formam uma extensão maior do que a cabeça. Contudo, a cabeça é mais nobre. O Império Babilónico era de fato maior do que todos em riquezas e glórias, mas foi menor em extensão territorial do que o reino de Alexandre Magno. Na simbologia profética, esse Império Greco-macedônio pode ser visto nas “folhas” da árvore do sonho do rei Nabucodonosor (4.21). O profeta Daniel diz, na sua interpretação, que as “folhas eram formosas”. Alexandre, foi de fato o maior em sua geração: foi chamado de Magno (o Grande). Ele foi um vulto muito culto e inteligente, mas, ao mesmo tempo, era violento e traiçoeiro até para com seus generais.

“... um leopardo”. O simbolismo usado na presente passagem se coaduna com a etimologia da palavra que dá nome ao animal do texto em foco. “Leo” (leão) e “pardo” (pantera). E realmente perfeito o que foi o reino de Alexandre Magno: duas naturezas. As duas naturezas interligadas deste Império Greco-macedônio eram vistas em vários aspectos, mas tomemos como exemplo: 1) Os dois povos (gregos e macedônios) eram diferentes em temperamento: os gregos sempre foram diferentes dos macedônios; isto pode ser visto e examinado em Atos dos Apóstolos e nas Epístolas de Paulo. Esse apóstolo foi enviado por Deus a esses dois povos. (Ver At 16.9 a 40 e 17.15 a 34; 1 Co 16.5, etc.) 2) Sentido geográfico: A Grécia ficava “no sudeste da Europa, ocupando a parte Sul da península dos Balcãs e numerosas ilhas do mar Jónico e do mar Egeu, no Mediterrâneo”. 3) A Macedônia. 

A região geográfica da antiga Macedônia compreende hoje “a Iugoslávia, o Sul da Bulgária e a Turquia européia”. Vejamos onde se encravam essas três nações: a. Iugoslávia. Sua situação geográfica, Sudeste da Europa. E limitada ao norte pela Áustria e pela Hungria, a leste pela Romênia e Bulgária, ao sul pela Grécia e pela Albânia e a oeste pelo mar Adriático e pela Itália, b. A Bulgária. Sua situação geográfica, sudeste da Europa, na parte oriental da península balcânica. A Bulgária é limitada ao norte pela Romênia, a leste pelo mar Negro, ao sul pela Turquia e a Grécia, e a oeste pela Iugoslávia”, c. A Turquia Européia. E separada da parte asiática pelo estreito de Dardanelos, pelo mar de Mármara e pelo Bósforo. A parte européia é constituída de colinas próprias para a agricultura.

“E tinha quatro asas de ave nas suas costal. O profeta Daniel, em sua visão futurística, observa algo mais no “leopardo” como vira no leão e no urso, respectivamente. Ele notifica que, nas costas do animal, vinham quatro asas. Na simbologia profética e em outras representações simbólicas, asas têm sempre o sentido de insígnia militar. Verdade é que pode trazer também o sentido de rapidez. Um fato notável que deve ser observado no texto em foco é que essas asas estavam postas nas “costas” do animal. Elas representam, sem dúvida, os “quatro generais” de Alexandre que, após sua morte, fundaram quatro realezas. São eles: 1) Ptolomeu. 2) Selêuco. 3) Lísímaco. 4) Cassandro. Esses generais, de fato, estavam por “trás” de Alexandre em tudo que ele fazia. Cada um deles começou por implantar-se na região que lhe fora designada, e não ficaram somente nisso, pois a ambição de glória e de poder, levou-os a lutarem entre si, para novas conquistas.

“Tinha também este animal quatro cabeças”. O profeta do Senhor, Daniel, continua em sua descrição sobre o famoso “leopardo”. Ele observa algo mais naquela fera: ela tinha quatro cabeças. A cabeça, que é de um animal quadrúpede, está diante de si. Na simbologia profética, isso significa as quatro realezas que estavam por vir. Após a morte de Alexandre, seus quatro generais, já mencionados, fundaram quatro realezas dentro da divisão do Império. São elas: 1) Egito (Ptolomeu). 2) Síria (Selêuco). 3) Macedonia (Lisímaco). 4) Ásia Menor (Cassandro).

“E foi-lhe dado domínio”. Esse domínio, do texto em foco, dado a Alexandre, foi, sem dúvida, concedido pelo próprio Deus (Ver Rm 13.1-6). Mas em breve surgiram dissensões entre seus próprios generais, que, ao todo, eram sete (7): Ptolomeu, Selêuco, Lisímaco, Cassandro, Pérdicas, Antípatro e Polispercon. Os três últimos era os primeiros agentes do reino, mas foram afastados do poder. Enquanto que os quatro primeiros dividiram-se em quatro formas ideológicas (4 cabeças) e fundaram as 4 realezas já mencionadas. Cumpriu-se, assim o que está escrito a respeito de Alexandre, em 11.4: “O seu reino será quebrado, e repartido para os quatro ventos do céu, mas não para a sua posteridade”. O domínio que foi dado, ele não soube aproveitar, e, assim, foi-lhe tirado, mas não para seus filhos, isto é, para a sua posteridade.

7.7: “Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez pontas”.

"... eis aqui o quarto animal. O presente versículo coloca em cena o quarto Império Mundial. E o Império Romano. Esse poderoso Império, desde sua fundação, tem como capital a cidade de Roma. E cidade das mais antigas da península itálica, está edificada sobre “sete colinas” que João, o apóstolo do amor, chama de “sete montes” (Ap 17.9). Nos dias do Império, essas sete colinas eram chamadas: Aventino, Palatino, Célio, Esquilino, Vidimal, Quirinal e o Capitólio. A cidade ficava à margem esquerda do rio Tibre, a 24 quilômetros da desembocadura desse rio no mar Tirreno, na costa ocidental da península itálica. O seu fundador foi um habitante do Lácio (donde vem a palavra latino), chamado Rômulo, que, junto com seu irmão Rêmulo, foi amamentado pela loba do Capitólio. (Lenda). No capítulo 2.33, deste livro, esse Império é representado pelas “pernas de ferro” do majestoso colosso visto pelo monarca Nabucodonosor, em seu sonho escatológico. Não é contemplado com os dois Impérios (Medo-persa e o Greco-macedônio) anteriores, que eram unificados pelo “peito e ventre” da imagem; mas segue um paralelismo até sua consumação. Na simbologia profética, esse paralelismo é representado pelas pernas da estátua. (Ver notas expositivas sobre isso em 2.33). No campo simbólico, esse Império pode ter também sua representação nos “frutos” da árvore do sonho do rei Nabucodonosor (Dn 4.14). A maneira como os romanos conquistaram o Império Greco-macedônio todos conhecem. Os romanos conquistaram o Ocidente e voltaram depois suas vistas para o Oriente. Apoderaram-se da Grécia, Síria, Palestina e outros países. Tornaram-se senhores do mundo. Quando Matatias começou a lutar pela independência de seu país, os romanos eram fracos; agora, porém, eram os dominadores do mundo. O anjo deixou bem claro para Daniel quem seria o quarto animal, quando disse: “O quarto animal será o quarto reino na terra” (v. 23). Todos os estudiosos das profecias de Daniel sabem a quem esta passagem se refere. E ao Império Romano, o quarto reino mundial. Esta fera terrível não há nada a que ela se compare. A descrição salienta apenas o caráter destruidor da fera, como segue:

“Terrível...” O Império Romano foi, de fato, “terrível” em todos os seus aspectos; Jesus Cristo, o nosso Senhor, foi morto sob a força brutal deste terrível poder. Os próprios judeus sofreram muito sob esse sistema de governo desumano. O Velho Testamento deixa a Palestina como uma satrapia persa. Abrimos o Novo Testamento e ali encontramos a dominação romana no apogeu da sua força.

"... espantoso”. O texto em foco, se consolida em uma profecia de alcance muito vasto. A própria história secular diz que este Império deixou atrás de si um rastro de sangue. Ele era espantoso até mesmo para seus próprios governantes; ali havia muita traição e maldade. Só em falar na palavra “romano” todo o mundo tremia. (Ver Jo 19.12, 13; At 16.37-39).

"... muito forte”. Essa expressão e outras correlatas se coadunam muito bem com a natureza desse império, que é o ferro visto nas pernas do majestoso colosso do sonho do rei, conforme Dn 2. Esse Império desenvolveu os três emblemas consolidados nas composições anteriores: O domínio do leão, a força do urso e a rapidez do leopardo; por essa razão, tornou-se “terrível, e espantoso, e muito forte”.

"... tinha dentes grandes de ferro”. O animal tinha a mesma natureza das pernas e pés da estátua descrita em Daniel 2.33, 41. Isto é, composto de ferro e barro. O Império Romano tinha o mais poderoso arsenal militar em sua época. Seus dentes (exércitos) pontiagudos, eram adversários velozes como cavaleiros, fortes como leões, venenosos como serpentes, e lançavam elementos que cegavam e queimavam com poder mortal. É descrito, portanto, que eles eram forças mortais poderosas, maliciosas, e incansáveis. Eram, em suma, como diz a profecia divina: verdadeiros dentes grandes de ferro.

“Ele devorava...” O presente texto, fala do que fez de fato o Império Romano. Ele conquistou, em pouco tempo, o mundo civilizado; subjugou todos os reinos, dominou todos os povos, tornando-se, assim, o senhor do mundo. Ele fez mesmo, como diz o texto em foco: devorou toda a terra. Essa foi a interpretação dada pelo próprio ser angelical, no versículo 23, do presente capítulo: “O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra...”

"... fazia em pedaços”. A primeira coisa que fazia o Império Romano após conquistar uma nação, era dividir suas terras em regiões, tetrarquias, províncias e distritos. Roma, depois de conquistar o mundo, dividiu-o em regiões chamadas “províncias”. A divisão dos romanos era semelhante às satrapias dos persas. A Judéia foi anexada à Síria, e ambas, com outros pequenos países, constituíram uma província romana. Nos dias de Jesus como pessoa humana, encontramos o território da Palestina dividido em 4 ou 5 regiões, como por exemplo: Galiléia, Samaria, Judéia, Peréia e Decápolis. Os próprios judeus foram despedaçados por esses dentes (exércitos) de ferro, e, ainda hoje (1986 d.C.) encontram-se judeus em todas as partes do mundo. (Ver Mt 21.44).

“E pisava aos pés o que sobejava”. O texto em foco salienta o que já ficou demonstrado no capítulo 2.33 da estátua terrível que tinha os seus pés de ferro. O Império Romano só tinha dois objetivos consigo em suas grandes conquistas: matar e reduzir à escravidão. As Sagradas Escrituras falam com intensidade sobre esses “pés” em várias partes (Ver Dn 2.33, 34, 41,42; 7.7,19, 23; 8.10,13). Outras expressões com o mesmo sentido são vistas no Novo Testa-136

mento (Ver Lc 21.24, “pisada”, “pisarão”; Ap 11.2 “pisarão”; Ap 13.2, observe a expressão “seus pés”). As Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe! Até o “mapa geográfico” do país sede deste Império é a “figura de um pé” (mapa da península Itálica)!

“Era diferente de todos os animais”. Na interpretação feita pelo anjo a Daniel, ele lembra isso ao profeta do Senhor, dizendo: “o quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos. Realmente é o que diz a profecia de Daniel; o Império Romano, durante sua existência, de 754 a.C. a 455 d.C. (1209 anos), foi diferente de todos os reinos que já existiram no mundo. Ele era, no campo profético, o emblema expressivo do reinado cruel do Anticristo, a Besta que subiu do mar (Ver Ap 13.1 e ss.).

“E tinha dez pontas”. O animal espantoso do texto em foco tinha dez pontas como tinham dez dedos os pés da estátua do capítulo 2. Isso já tivemos a oportunidade de ver em outras notas expositivas sobre este livro, isto é, as dez pontas vistas em alinhamento na cabeça da fera simbolizam dez reis que “se levantarão” no tempo do fim. Eles não existiram nos dias do Império. Observe bem a frase: “se levantarão”. João, o vidente de Patmos, descreve a mesma coisa em Ap 13.1. O fato de estarem em alinhamento como em alinhamento estavam os dez dedos da estátua do cap. 2, quer dizer que esses reis escatológicos governarão ao mesmo tempo (Ap 17.12). Alguns deles (três) receberão poder apenas por “uma hora” mas depois cairão (Ap 17.12).

7.8: “Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nesta ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente”.

“Estando eu considerando...” A presente passagem nos dá a entender que existia um espaço de tempo para que essas pontas se mobilizassem. Os intérpretes históricos procuram encaixar essas profecias dentro da história secular. Segundo eles, nesta identificação ocorre um fato a comprovar sua exatidão perfeita, quando diz: “. diante da qual [do pequeno chifre] três das pontas primeiras foram arrancadas”. Com efeito, em prol da ascensão do “papado” foram extirpadas três nações representadas pelas dez pontas. Essas três nações, alojadas por sinal na península Itálica, são os povos Hérulos, Ostrogodos e Lombardos. Para nós, essa maneira de interpretar o texto é muito lógica, mas não se coaduna com a tese principal. Os intérpretes contemporâneos são de opinião que o Mercado Comum Europeu é o princípio de formação desta grande profecia. Para os intérpretes futuristas (o que nós aceitamos), a ponta pequena que subiu por último, é o Anticristo que, após estar tudo pronto aparecerá no cenário mundial. Ele fará uma aliança com dez monarcas escatológicos, porém com sua ascensão, três destes reis serão afastados, e apenas sete lhe apoiarão. (Ver Dn 7.8, 20, 24; Ap 17.12, 16 e ss.).
7.9: “Eu continuei olhando até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou: o seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da sua cabeça como a limpa lã: o seu trono chamas de fogo, e as rodas dele fogo ardente”.
O presente versículo, e os que seguem, encontram paralelos nos de Ap 1.13 a 16, onde cena similar está em foco. Ali o Senhor Jesus é o filho do “Ancião de dias”, e por essa razão tem a mesma natureza do Pai. E aquele que morreu com trinta e três (33) anos de idade. Depois de levar os nossos pecados na cruz e suportar uma eternidade de dores; tem cabelos brancos como a neve. Entre o povo de Deus, a “coroa de honra são as cãs” (Pv 16.31). Certamente a alvura dos cabelos na pessoa de Cristo provém, em parte, da intensidade de glória celestial, e em parte da sua sabedoria e, sobretudo, da sua idoneidade moral. No “ancião” do texto em foco, a brancura dos cabelos não significa velhice, antes sugere a eternidade, indicando também pureza e divindade.
7.10: “ Um rio de fogo manava e saía de diante dele: milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões estavam diante dele: assentou-se o juízo, e abriram-se os livros”.
“... milhões de milhões” (de anjos). O presente versículo tem seu paralelo em Ap 5.11, onde lemos que “milhões 138
de milhões e milhares de milhares” de anjos estavam ao redor do trono de Deus. Os anjos são mencionados em toda a extensão das Escrituras Sagradas, onde são vistos por mais de 273 vezes, e, no caso do texto em foco, encontramos “milhões de milhões e milhares de milhares”. A angelologia do Antigo Testamento afirma que os anjos são tão numerosos, que o seu número é incalculável para a habilidade humana. O doutor Bancroft, citando Gabelein diz que “em Hb 12.22 os anjos são indicados como uma inumerável companhia, literalmente, miríades. De acordo com Lc
2.13,      multidões de anjos apareceram na noite do nascimento de Cristo; claramente foram vistos cruzando o céu da Palestina, clamando de alegria em vista do início da nova criação, como tinham feito no princípio da primitiva criação. Quão vasto é o número deles! somente o sabe aquele cujo nome é Jeová-Sabaote, o Senhor dos Exércitos”.
7.11: “Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras que provinha da ponta: estive olhando até que o animal foi morto, e o seu corpo desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo”.
"... o seu corpo desfeito, e entregue para ser queimado...” O presente versículo tem seu cumprimento literal em Ap 19.20, onde lemos: “E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre”, O Anticristo e o seu falso profeta serão lançados vivos no ardente lago de fogo, no juízo, pois mereceram. O fato de que os dois serão lançados “vivos” no lago de fogo significa, para alguns eruditos, que não poderão ser homens ordinários, e, sim, seres demoníacos, que se apresentarão como homens. Mas a verdade é que serão homens, embora possuídos por Satanás. O texto em foco diz que o corpo da terrível fera será queimado. A besta e o falso profeta, serão os dois agentes diretos do dragão, preparados como “filhos da perdição”. Eles inaugurarão o ardente lago de fogo. Isso se coaduna realmente com sua natureza: ela (a Besta) saiu do abismo (Ap 11.7) e irá à perdição (Ap 17.8), seu destino final.
7.12: “E, quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia foi-lhes dada prolongação de vida até certo espaço de tempo”.
“Foi-lhes tirado o domínio”. O texto em foco prediz a ruína dos três primeiros impérios mundiais: Babilónico, Medo-persa e o Greco-macedônio. Mas a palavra divina dizia, ao mesmo tempo, que eles continuariam a existir, mas sem o poder de governar. A sua continuação de existência deve relacionar-se com a vinda do tempo determinado por Deus. As grandes dinastias do mundo tiveram seus períodos áureos na história, mas depois declinaram; alguns destes exemplos podemos deduzi-los, tanto das profecias como da própria história. O Egito dos Faraós, a Grande Babilônia dos caldeus e a Roma dos Césares, foram, em verdade, verdadeiros impérios de ferro que subjugaram, mataram, destruíram e reduziram nações inteiras à escravidão. Mas, com o passar do tempo, Deus, pouco a pouco, foi-lhes tirando o domínio; hoje os impérios babilónicos, Medo-persa, Greco-macedônio e Romano, não mais existem, e os países situados nos seus antigos territórios não têm projeção mundial como potências.
7.13: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do homem: e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele”.
"... um como o Filho do homem”. Filho do homem é um título que frequentemente é aplicado à pessoa de Cristo (Mt 16.13). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre nos Evangelhos, e 22 destas somente em Apocalipse. Daniel (cerca de 607 a.C.), na presente visão, faz esta referência específica sobre o “Filho do homem”. Em Ezequiel, o profeta do cativeiro, a expressão “filho do homem”, é empregada por Deus, quando fala com o profeta, cerca de 91 vezes. Em Ap 14.14, há um quadro sobre o “Filho do homem”. Jesus é o “Filho do homem”, porque, de um modo especial, é Ele o representante da humanidade perante a pessoa do Pai. Ele é declarado “Filho de Davi segundo a carne” (Rm 1.3). Ele se tornou o “Filho do homem” para que nós, humanos, nos tornássemos filhos de Deus” (Jo 1.12). 140
7.14: “E foi-lhe dado o domínio e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem: o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino o único que não será destruído”.
"... foi-lhe dado o domínio”. O presente versículo coloca em foco o Milênio de Cristo, o Ungido do Senhor. Isso acontecerá diante do toque da sétima trombeta escatológica de Apocalipse 11.15. Esse toque de trombeta assinala o tempo em que “O mistério” de Deus deve ser cumprido, “no Céu e na Terra”. Na Bíblia temos uma série de mistérios, mas o que está em foco, fala do “mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos [o Milênio], tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ver Ef 1.9 a 10). O domínio e reino do presente texto, para que todos os povos, nações e línguas o servissem, é o estabelecimento do Reino de Deus sobre a terra, que começará com o reino milenar de Cristo (Ap 20.1-6). O reino de Deus e de Cristo é um só. Em Ef 5.5, encontramos menção do “reino de Cristo e de Deus”.
7.15: “Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me espantavam”.
“O meu espírito foi abatido dentro do corpo”. O presente versículo põe em foco a constituição tríplice do homem, isto é, corpo, alma e espírito, O próprio Jesus Cristo, quando se humanizou, tomando forma humana, constituiu-se da mesma forma que nós: corpo, alma e espírito. Vejamos a seguir a tríplice constituição de Jesus: 1) O seu corpo (Mt 26.12). 2) Sua alma (Mt 26.38). 3) O espírito de Cristo (Lc 23.36). O homem também, à semelhança de Cristo, toma essa forma: O corpo do homem (“soma”, em grego). A alma do homem. O espírito do homem (1 Co 9.27; 1Ts 5.23; At 20.10). O espírito é o órgão de comunhão com Deus; a alma é a sede da personalidade; e o corpo, o tabernáculo da morada de ambos. No texto em foco, se diz que Daniel sentiu-se abatido no espírito dentro do seu próprio corpo, isso nos faz entender que, o espírito representa a natureza suprema do homem regendo. A qualidade do seu caráter e do seu ser como um todo.
7.16: “Cheguei-me a um dos que estavam perto, e pedi-lhe a verdade acerca de tudo isto. E ele me disse, e fez-me saber a interpretação das coisas”.
O presente texto nos mostra a grande humildade do profeta Daniel; ele não fez sua própria interpretação baseado em fatos anteriores, mas apelou para um ser superior, que lhe desse a interpretação de tudo aquilo. A humildade é, sem dúvida, uma das características da vida espiritual do cristão, mediante a qual ele se torna parecido com aquele que disse: "... aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”. (Mt 11.29). Quem é humilde nunca se estriba em seu próprio entendimento, mas teme ao Senhor. Daniel buscou entender aquela visão, mas não a pôde entender de uma maneira satisfatória. Buscou então o auxílio de um ser angelical. Daniel foi um servo exaltado na terra e no céu, porque soube sempre se humilhar: "... humilhai-vos pois debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte”, é o conselho divino (1 Pe 5.6).
7.17: “Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra”.
“São quatro reis”. A grande visão dada a Daniel se adapta perfeitamente com a interpretação verdadeira. Aqueles grandes impérios eram de fato discernidos quanto ao seu verdadeiro caráter de bestas ferozes. Em linhas gerais, esses grandes animais são discernidos pelo tempo e pela história, como segue: 1) O leão (tipificando o Império da Babilônia). O versículo 4 do capítulo em foco, determina essa interpretação: Numa simbologia perfeita, o monarca caldeu é ali representado. Tem também respaldo bíblico em outras partes das Escrituras Sagradas (Jr 4.7; 49.19; Hc 1.8; ver Ez 17.3). 2) O urso simbolizava o Império Medo-persa. Já tivemos a oportunidade de explicar, em outras notas, porque esta fera se “levantou de um lado”. As três costelas na sua boca representam as três primeiras potências conquistadas por Ciro (Babilônia, Lídia, na A-sia Menor, e Egito). 3) O leopardo representa o Império Greco-Macedônio. As 4 asas, significam seus 4 generais; as 4 cabeças, as quatro realezas fundadas por estes generais depois da morte de Alexandre. 4) A fera terrível representa o Império Romano.

7.18: “Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e possuirão o reino para todo o sempre, e de eternidade em eternidade”.

Este versículo e outros correlatos do livro de Daniel, apontam em sentido profético, para o Milênio de Cristo. Nessa época, todos “os reinos do mundo virão a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15), e os santos recebê-lo-ão como algo que lhes será confiado pelo “Filho do homem”, e o possuirão para sempre. O presente capítulo apresenta o “Filho do homem” como uma figura central na posse do Reino. Há uma outra possível interpretação para este capítulo, no que diz respeito ao “Filho do homem”. Os advogados da posição esboçada acima identificam a figura celestial semelhante a “um filho do homem” com o povo de Israel, “os santos do Altíssimo”. Em apoio a essa interpretação, apelam para 7.18 e 27, onde nos é dito que o reino será entregue aos santos. Essa interpretação é muito lógica, mas não coaduna com o argumento principal.

7.19: “Então tive desejo de conhecera verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível; cujos dentes eram de ferro e as suas unhas de metal; que devorava, fazia em pedaços e pisava a pés o que sobrava”.

“Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal’. O grande interesse de Daniel, na presente visão, não se prendia tanto ao futuro dos santos, pois esse ele sabia que estava controlado e já estabelecido pelo próprio Deus, mas está concentrado no “terrível” animal, cujo governo deveria perdurar por um pouco, mas precederia aquele que, apesar de ser tão glorioso, ainda se encontrava distante (comp. Mc 1.15). “Além da explicação dada pelo anjo a Daniel, os dentes dessa fera, cujo simbolismo se encontra já comentado no versículo 7 deste capítulo, correspondem a um dos elementos da estátua”.

“... as suas unhas de metal. Na visão presenciada por Daniel, logo a princípio, quando descreve o caráter destruidor da fera (v. 7) não se mencionam as “unhas” do animal espantoso, mas elas agora, aparecem na interpretação dada pelo ser celestial. Isso esclarece o que ficou demonstrado. O Império Romano não só usava seus “dentes”, isto é, seus exércitos destruidores, mas também, após conquistar todo o mundo civilizado, se ser via das pequenas “unhas” (pequenas tribos), nas fronteiras do Império, que trabalhavam na defesa contra possíveis tribos invasoras.

7.20: “E também das dez pontas que tinha na cabeça, e da outra que subia, de diante da qual caíram três, daquela ponta, digo, que tinha olhos, e uma boca que falava grandiosamente, e cujo parecer era mais firme do que os das suas companheiras”.

"... tinha olhos”. Isso também nos é dito na descrição do animal do versículo 8 deste capítulo. O Anticristo, como já ficou demonstrado, possuirá, no campo cultural, um notável saber (Ver 7.8, 20; Ap 13.5); ele será um elemento altamente inteligente, por isso será um grande orador e, sem dúvida, um filósofo notável (comp. 7.23 e 11.34), e um político habilidoso (Ap 13.4), tudo isso, e mais ainda, são características que farão dele um super-homem de Satanás; ele será possuído por forças invisíveis do mal, pois nos é dito, em Ap 13.2, que o dragão “lhe deu o seu poder, e o seu trono, e grande poderio”. Todas essas habilidades possuídas pelo homem do pecado, são verdadeiros “olhos da inteligência”.

“... uma boca que falava grandiosamente”. A presente expressão encontra seu paralelo em Ap 13.5, onde lemos: “E foi-lhe dada uma boca para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para continuar por 42 meses”. Isso é dito porque, conforme já vimos, esse homem, apesar de possuir naturalmente grande inteligência e autoridade, não poderá ser explicado somente sobre bases humanas. Por isso seis vezes (o número de homem) é dito que esse poder “lhe foi dado” (Ap 13.2, 5, 14, 15).

7.21: “Eu olhava, e eis que esta ponta fazia guerra contra os santos, e os vencia”.

O presente versículo tem seu contexto em Ap 13.7, onde lemos: “E foi-lhe permitido fazer guerra contra os santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação”. O texto em si, tem também sua base histórica na pessoa de Antíoco Epifânio, monarca seleuco que feriu e maltratou o povo de Israel (Ver Ap 11.7, onde são usadas palavras similares acerca das duas testemunhas escatológicas). Historicamente, conforme o apóstolo João encarava a questão, o Anticristo toma o lugar do “pequeno chifre”. Profeticamente falando, o Anticristo será a culminação desse poder satânico vindo do exterior. Quando o Anticristo surgir no grande cenário mundial o mundo inteiro sofrerá perseguições atrozes. Os santos serão vencidos, não no sentido espiritual, pois, nesse sentido, são “mais do que vencedores”, mas serão vencidos no sentido físico. Alguns deles morrerão à míngua, por falta de alimentos, medicamentos, etc. (comp. Ap 13.17).

7.22: “Até que veio o ancião de dias, e foi dado o juízo aos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino”.

O presente versículo, além de outros elementos escatológicos, expressa o resultado final da guerra que a “pequena ponta” fará contra o povo de Deus. Mas isso acontecerá por um tempo determinado: "... e deu-lhe poder para continuar por 42 meses”. São apenas três anos e meio, depois esse poder terminará, e justiça será feita por Deus a favor do seu povo, que, em eterna segurança, possuirá o reino eterno de Deus e de Cristo. Daniel diz que os santos sofreriam até que o “ancião de dias” viesse ao seu encontro. Essa vinda do “Ancião de dias” cronologicamente falando, terá lugar com o que Paulo descreve em 2 Ts 1.7 e 8: “E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus, desde o céu com os anjos do seu poder; como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo”. Essas palavras de Paulo, são aplicáveis a esse tempo do fim.

7.23: “Disse assim: O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços”.

“O quarto animal será o quarto reino na terra”. O presente texto descreve, com muita precisão, o que fez o Império Romano no apogeu da sua glória. Ele reduziu todos os povos à escravidão; devorou toda a terra. Os romanos conquistaram primeiro o Ocidente e voltaram depois suas vistas para o Oriente. Apoderaram-se primeiro da Grécia, Síria, Palestina, incluindo a “terra formosa” (a terra de Israel) e outras nações circunvizinhas. Tornaram-se senhores do mundo, isso já estava predito: "... o quarto reino... devorará toda a terra”. Quando Matatias começou a lutar pela independência de seu país, os romanos eram fracos em poderio político; agora, porém, eram os dominadores do mundo. Este Império fez, de fato, tudo quanto estava predito a seu respeito. Semelhantemente, num futuro próximo, o Anticristo, fará tudo, e mais ainda, do que ele (o Império Romano) realizou durante sua existência. (Ver o comentário ao versículo 7 deste capítulo, pois aqui repetimos algo, para fixar).

7.24: E, quanto ás dez pontas daquele mesmo reino, se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis”.

O presente versículo e outros correlatos mostram a ascendência e desenvolvimento, e consumação do Império Romano. Mas, a profecia diz que daquele mesmo reino, no futuro, “se levantarão dez reis”. Isso significa que durante o período sombrio da Grande Tribulação, se levantarão dez reis dentro dos limites do antigo Império Romano. São eles as dez pontas que João contemplou na cabeça da Besta que subiu do mar (Ap 13.1). Em Ap 17.12, o anjo celestial faz a interpretação para João daqueles chifres, dizendo: "... os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam ó reino, mas receberão o poder como reis, por uma hora, juntamente com a besta”. Esses dez monarcas escatológicos serão dez agentes de Satanás, que, auxiliados por ele, ajudarão o Anticristo em sua política sombria pela conquista do mundo. (Comp. Ap 17.13).

7.25: “E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos, e a lei; e eles serão entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e metade dum tempo”.

"... um tempo, e tempos, e metade dum tempo”. O texto em foco, tem seu paralelo em Dn 12.7 e 14. O famoso comentador G. H. Pember diz que o sentido é: “um ano, dois anos, e metade de um ano”. Então, porque se diz “tempo, e tempos, e metade de um tempo, em vez de três tempos e meio? Parece que não é sem razão, pois, segundo o modo judaico de calcular, três anos juntos precisariam o acréscimo de um mês. De maneira que o período seria 1.290 dias em vez de 1.260, mas referindo-se a um dos anos, separadamente, evita-se este resultado. Isto é confirmado em Ap 11.2, 3 (diz Geo Lang) quando a cidade de Jerusalém será pisada pelos gentios pelo espaço de tempo de 42 meses.

7.26: “Mas o juízo estabelecer-se-á, e eles tirarão o seu domínio, para o destruir e para o desfazer até o fim”.

O Apóstolo Paulo fala a seu filho Timóteo, na segunda carta, cap. 4.1 o que segue: “Conjuro-te pois diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda [parousia] e no seu reino [Milênio]...” O texto em foco diz, de fato, o que acontecerá na vinda de Cristo com poder e grande glória. A Besta e seus agentes serão julgados naquele grande dia da ira de Deus e do Cordeiro. (Ver 2 Ts 2.8 e Ap 19.20). 

O supremo juízo de Deus desfará todo e qualquer império do mal; o reino será estabelecido para que os santos do Altíssimo reinem e o Senhor Jesus Cristo reine sobre eles. Esses acontecimentos terão lugar sete anos após o arrebatamento da igreja, aqui na terra. Todo o domínio das trevas será aniquilado ante a face do Senhor em glória, e todo o domínio e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo.

7.27: “E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo: o seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão”.

O presente versículo terá sua consumação em Ap 11.15, onde lemos: “E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. Ali haverá, após a grande vitória de Cristo no vale do Armagedom, o estabelecimento do reino milenar, então o domínio, e a majestade dos reinos do mundo serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. Em Ap 10.7, é previsto este grande acontecimento, e em 11.15, a sua consumação. Este grande “segredo de Deus” mencionado na passagem anterior, é, sem dúvida, o estabelecimento do reino de Deus na terra, que começara com o reino milenar de Cristo, como pode ser depreendido do texto em foco, de Daniel. O reino de Deus e de Cristo é um só. Em Ef 5.5, encontramos menção do “reino de Deus e de Cristo”.

7.28: “Aqui findou a visão. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me espantavam, e mudou-se em mim o meu semblante; mas guardei estas coisas no meu coração”.

“Aqui findou a visão”. Daniel, o profeta daquela corte Babilónica, estava familiarizado com visões e sonhos misteriosos. E a expressão vista no presente texto: “Aqui findou a visão” não quer dizer que esta “fonte” de inspiração terminou, mas sim, a visão que terminou é a do capitulo 7 (sete) por ele presenciada numa “visão da noite”. Pois, a partir do capítulo 8, haveria mais visões até o capítulo 12, mas cada uma separadamente e completa em si mesma.

“Mas guardei estas coisas no meu coração”. A grande humildade de Daniel nos faz lembrar a humildade de Maria, a mãe de nosso Senhor (Lc 2.51). Maria não ficou totalmente sem compreender, mas continuava a entesourar todas essas coisas em seu coração, arquivando todos os acontecimentos que circundavam a vida de seu Filho e refletindo a respeito deles; e assim, sem dúvida, gradualmente foi obtendo um conhecimento mais profundo sobre o que significaria a vida de Jesus, no tocante à sua identidade especial. As visões de José quase que perturbavam seu velho pai, mas Jacó “guardava todas aquelas visões” esperando no tempo determinado a sua realização (Gn 37.11). Podemos ver também em Paulo, o grande apóstolo, outro exemplo de humildade e prudência: ele teve uma visão celestial e só 14 anos depois passou a relatá-la (2 Co 12.1 e ss.; G12.1 e ss.). 

Isso, para nós, é uma verdadeira advertência divina, pois alguns têm feito errar a alguém (e a eles mesmos) baseados em profecias meramente humanas.

*Autor: Severino Pedro da Silva

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AULA DE TEOLOGIA-O ESPÍRITO SANTO NA BÍBLIA, SUA PESSOA E OBRA

26.11.2014
Do portal do Youtube, 
Por Alberto Santos Produções


A Escola dos Gideões preparou para você o Curso da pregação da Palavra.

Como Servos do Senhor, precisamos estar preparados para dar a razão da nossa Fé, o Apóstolo Paulo disse: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade". (2-Timóteo 2.15)

Espero que este vídeo ajude a todos os que amam a Deus e sua palavra a tirarem suas dúvidas e a todos os interessados no assunto, que Deus abençoe a todos 

Ev. Alberto Santos.


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Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=ALYBaKqGioQ

12 horas de HARPA CRISTÃ (01 ao 250) **Coletânea de Ouro**

26.11.2014
Do portal YOUTUBE, 02.01.14

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Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=0PbE59Uc-r4

Quais as principais objeções à "teoria da evolução"?

26.11.2014
Do blog FÉ E CIÊNCIA

Objeções à "teoria da evolução" referem-se, entre outros itens:
  • à abordagem da "teoria" em si, que alega ser científica, mas apresenta inquestionáveis dificuldades de transparência, lógica e método;
  • aos mecanismos postulados para o processo "evolutivo";
  • ao seu desempenho quando testada contra experiências especiais;
  • às formulações vagas utilizadas, por exemplo, no enunciado de suas hipóteses ou quando (não) explica comoexatamente um organismo supostamente evoluiu ou mudou a um outro.
Edgar H. Andrews (Professor Emérito do Departamento de Ciência dos Materiais, Queen Mary College, Universidade de Londres) escreve em seu livro No princípio ...: "A evolução não é uma boa teoria. ... Ela não explica todos os fatos, e aqueles que explica não são explicados de modo claro. A teoria não tem um bom desempenho quando testada contra experiências especiais, porque nenhum experimento jamais mostrou que o processo de evolução acontece realmente. A teoria é frequentemente vaga e obscura, por exemplo, quando se pergunta como exatamente uma criatura supostamente evoluiu ou mudou para uma outra. Não consegue dar respostas exatas, nem mesmo boas estimativas." A análise de Andrews é compartilhada por outros cientistas de renome. Richard Smalley (Prêmio Nobel de Química de 1996), por exemplo, refere-se ao assunto ao comentar um texto recente sobre evolução e suas alternativas: "A evolução acabou de receber seu golpe mortal. Após ler Origins of life com meu conhecimento de química e física, fica claro que evolução biológica não pode ter ocorrido."
Mesmo assim, atualmente é comum que cientistas aceitem um darwinismo revisto, chamado neodarwinismo, a versão mais usual da "teoria da evolução". Outros, como foi exemplificado, veem os modelos e postulados neodarwinistas com ressalvas. E há também cientistas que desautorizam a "teoria" até mesmo como hipótese. Este é o caso de Wolfgang Smith (Professor Emérito de Matemática que lecionou no MIT, na Universidade da Califórnia Los Angeles e na Universidade do Estado de Oregon). "Oponho-me ao darwinismo, ou melhor, oponho-me à hipótese transformista como tal, não importa qual seja o mecanismo ou causa (talvez até mesmo teleológica ou teísta) dos saltos macroevolutivos postulados. Estou convencido, além disso, de que o darwinismo, independentemente do formato, de fato não é uma teoria científica, mas uma hipótese pseudo-metafísica pomposamente vestida em roupagem de ciência. Na realidade, a teoria deriva sua sustentação não dos dados empíricos ou das deduções lógicas de natureza científica, mas da circunstância de ser a única doutrina sobre as origens biológicas concebível na limitada Weltanschauung (= visão do mundo) a que a maioria dos cientistas indubitavelmente subscreve." (citado em H. Margenau; R.A. Varghese - Cosmos, bios, theos, Open Court, 1992)
O seguinte trecho de autoria do Prof. Kenneth Hsu, Professor Emérito da Escola Politécnica Federal de Zurique (ETH Zürich), concisamente expõe a dificuldade de sustentar-se a denominação ciência para o Darwinismo:
O juiz William Overton [do Arkansas, EUA, na sua decisão dos anos 80 de que o criacionismo não seria científico] adotou cinco critérios para a definição legal de ciência, a saber:
  1. É guiada pela lei natural.
  2. Deve ser explanatória com referência à lei natural.
  3. É testável contra o mundo empírico.
  4. É falsificável.
  5. Suas conclusões são tentativas, isto é, não são necessariamente palavras finais.
A teoria Darwiniana foi considerada científica porque é guiada pela "lei" da seleção natural, e é explanatória com referência a esta lei.
Mas é a seleção natural uma lei natural? Darwin emprestou a idéia da ideologia social de Malthus. Apresentou poucos fatos históricos, e durante o último século os paleontólogos não encontraram muita evidência que suporta a noção de que seleção natural é uma lei natural.
A teoria Darwiniana não é experimentalmente testável contra o mundo empírico, porque o mecanismo proposto opera num horizonte de tempo muito maior que nosso tempo de vida. Como uma teoria para explicar fatos históricos, é falsificável pelo registro fóssil. Assim, foi uma hipótese científica quando proposta inicialmente. Após mais do que um século, entretanto, percebemos que sua premissa não é suportada pelo registro paleontológico, e suas numerosas predições mostraram-se incorretas [o autor cita uma referência]. O atual estado do Darwinismo, em minha opinião, é comparável àquele da teoria geocêntrica de Ptolomeu durante a Idade Média. A teoria de Ptolomeu foi ciência durante a Antigüidade, mas transformou-se em dogma depois que suas predições foram falsificadas pelas novas observações de Galileu. Do mesmo modo, o Darwinismo foi uma hipótese científica, mas transformou-se numa ideologia durante o século XX.
O último critério do juiz Overton é uma expressão da filosofia de Popper de que "a verdade científica pode ser somente falsificada, mas não verificada". No que diz respeito a este ponto, Darwinistas ortodoxos, com sua insistência de que não há nenhuma alternativa científica à seleção natural, não se deram muito melhor do que fundamentalistas religiosos.
(Extraído de: Hsu, K.J. - "Evolution, ideology, darwinism and science", Klinische Wochenschrift, v. 67, pp. 923-928, 1989. Traduzido pelo autor desta página.)
A discussão de objeções à "teoria da evolução" e/ou de dificuldades desta teoria não é objetivo deste site. Exemplos de tal discussão encontram-se nas referências listadas a seguir. Reconheço estas publicações como merecedoras de atenção; sua citação não implica concordância irrestrita com todos os pontos de vista e argumentos nelas expostos.
  • M.N. Eberlin - Fomos planejados, um livro que está sendo escrito online pelo Prof. Marcos N. Eberlin, com ênfase em evidências e aspectos relacionados à Química. O Prof. Eberlin é membro da Academia Brasileira de Ciências e professor de Química da Unicamp.
  • W. Gitt – Did God use evolution?, 2. edição, Bielefeld: CLV, 2001. ISBN 3-89397-725-2. (Neste livro Werner Gitt discute implicações e objeções científicas e não-científicas à "teoria da evolução". Uma versão online pode ser acessada aqui. Até sua aposentadoria em 2002, Gitt foi Professor da Universidade Técnica de Braunschweig e Diretor da Physikalisch-Technische Bundesanstalt Braunschweig, PTB, a entidade técnica normativa da Alemanha.)
  • W. Heitler - "Considerações sobre a probabilidade de surgimento de um novo gene", trecho transcrito de Naturphilosophische Streifzüge, F. Vieweg und Sohn, Braunschweig, 1970.
  • K.J. Hsu - "Evolution, ideology, darwinism and science", Klinische Wochenschrift (título atual: Journal of Molecular Medicine), v. 67, número 17, pp. 923-928, 1989. (Neste artigo o Prof. K. Hsu explica porque darwinismo não é ciência.)
  • A. Locker – "Evolução e teoria da 'evolução' sob análise da teoria de sistemas e análise metateórica"Diálogo e Antítese, v. 1, número 1, pp. 69-93, 2009. (Este artigo de Alfred Locker é uma sinopse da sua crítica da "teoria da evolução". O conhecimento abrangente do autor bem como o rigor que busca na argumentação torna a leitura do artigo muito interessante, porém trabalhosa. O texto integral do artigo no idioma original - o alemão - está disponível aqui. Locker (1922-2005) foi Professor Emérito de Física Teórica da Universidade Técnica de Viena.)
  • A. Lourenço – Como tudo começou, São José dos Campos: Editora Fiel, 2007. ISBN 978-85-99145-38-8. (Este é um livro sobre origens dirigido ao público em geral. É auto contido, acessível e bem ilustrado.)
  • A.E. Wilder-Smith - The natural sciences know nothing of evolution, Master Books, 1981. ISBN 0890510628. (Este livro discute objeções empíricas à "teoria da evolução". Parte do conteúdo pode ser acessado aqui. Wilder-Smith, químico falecido em 1995, recebeu três títulos de doutorado e atuou em universidades da Europa e EUA, bem como na indústria farmacêutica.)
Referências adicionais podem ser obtidas em sites na Internet dedicados aos assuntos origemevolução e criação. Mas fica aqui um alerta para a falta de objetividade e/ou confiabilidade das informações disponibilizadas em alguns desses sites. Um exemplo de site confiável é a Internet Library, um site mantido pelo Dr. W.-E. Lönnig, geneticista do Max-Planck Institute for Plant Breeding Research, Alemanha. 
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Fonte:http://www.freewebs.com/kienitz/resp.htm#perg13