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domingo, 24 de novembro de 2013

CONFIANÇA EM DEUS PARA ENFRENTAR A ANSIEDADE

24.11.2013
Do portal ULTIMATOONLINE


Texto Básico: Hebreus 11.1-2; 12.3-4
Leitura Diária

Domingo:  Hb 11.1-31 – Pela fé
Segunda:  Hb 11.32-40 – Bom testemunho de sua fé
Terça:  Hb 12.1-17 – Olhando firmemente
Quarta:  Hb 12.18-29 – Não tendes chegado ao fogo
Quinta:  Fp 4.10-19 – Ele há de suprir cada necessidade
Sexta:  Ef 6.10-18 – Usando o escudo da fé
Sábado: Fp 2.1-11 – Toda língua confesse

Introdução
George Müller tinha muito conhecimento acerca da fé – e pelo melhor meio que alguém pode conhecer qualquer coisa: colocando-a em prática. Sua vida na juventude foi de grande transgressão. Por volta dos 20 anos, quando se tornou cristão, ele já tinha passado um tempo na cadeia. Mas, a partir daí, seus interesses e atitudes mudaram radicalmente.
Depois de Müller dedicar anos preparando-se para o ministério, ele foi trabalhar como missionário entre os judeus na Inglaterra. Quando ele e sua esposa se mudaram para Bristol, uma cidade portuária, em 1832, ficaram horrorizados ao ver multidões de órfãos sem lar, vivendo e morrendo em ruas sujas e estreitas, apanhando restos de comida no lixo.
Os Müller, com uma crença inabalável na Bíblia, convenceram-se de que, se os cristãos aplicassem com seriedade as Escrituras, não haveria limites para o que poderiam conquistar para Deus. Eles então desenvolveram um trabalho para alimentar, vestir e educar crianças órfãs desamparadas. No final da sua existência, os lares que haviam estabelecido cuidavam de mais de dez mil órfãos. Diferentes de muitos hoje, que dizem “viver pela fé”, Müller e a esposa nunca disseram para qualquer pessoa, exceto para Deus, sobre sua necessidade de recursos. O Senhor sempre os proveu com abundância, por meio de suas orações de gratidão e por esperarem humildemente nele.
George Müller disse: “Onde a fé começa, a ansiedade termina; onde a ansiedade começa, a fé acaba” (George Müller de Bristol, Arthur T.Pierson). Por sua vida exemplar, podemos acreditar que ele sabia o que estava falando. Se fizéssemos um estudo abrangente do que as Escrituras dizem sobre ansiedade, precisaríamos examinar o que ela diz sobre viver pela fé.
Hebreus 11 e 12 são os capítulos da fé da Bíblia. O capítulo 11 apresenta uma definição geral da fé e muitos exemplos do Antigo Testamento. Deus nos supre com exemplos do passado, de modo que possamos ser incentivados e ter esperança ao ver como pessoas reais foram capazes de controlar a ansiedade. O capítulo 12 de Hebreus reúne os princípios da vida pela fé. Como veremos, há muito mais na fé do que a visão contemporânea que a limita ao modo como uma pessoa lida com suas finanças.
I. Ponha de lado qualquer dificuldade
O autor de Hebreus recomendou que nos desembaraçássemos “de todo peso e pecado que tenazmente nos assedia, [e] corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1). Quando você começou a aprender a correr, logo descobriu que tem de correr sem pesos. Você pode treinar com uma vestimenta grossa e com pesos amarrados, mas precisa retirá-los antes de chegar às barreiras. O verdadeiro corredor livra-se do peso e corre com o mínimo de roupa.
De modo semelhante, na corrida da fé, precisamos afastar qualquer coisa que nos mantenha atrás. Muitas coisas podem nos impedir de correr e dificultar nossa vida cristã: materialismo, imoralidade sexual e ambição excessiva são apenas algumas delas, as mais comuns em nossa sociedade. Provavelmente, uma das coisas que o escritor de Hebreus tinha em mente era a legalidade. Ele estava escrevendo para uma audiência predominantemente judia, que se debatia com esse ponto. Eles estavam tentando participar da corrida mantendo as cerimônias, rituais e ritos judaicos. Em essência, o autor disse: “Livrem-se de tudo isso e corram a corrida da fé. Vivam pela fé, não pelas obras”.
Muitos cristãos ainda vivem pelas obras. Eles creem que, se fizerem as coisas certas, Deus se verá obrigado a manter o mesmo tipo de aprovação e dirá: “Isso é magnífico: você foi a um estudo bíblico, dedicou um bom tempo à leitura e reflexão da Palavra, fez algo de bom para seu vizinho e foi à igreja”. Se essas coisas são feitas no transbordamento do amor por Jesus Cristo, como atos de devoção, é maravilhoso. Mas há muitos cristãos que pensam que vão merecer o favor de Deus dessa maneira. Em vez de legalismo judaico, trata-se de legalismo cristão.
Outro peso ou pecado que “tão facilmente nos embaraça” é a dúvida. Um crente pode afirmar com o sentimento de verdade de Filipenses 4.19: “Meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de [minhas] necessidades”, mas ficar cheio de ansiedade quando surge uma dificuldade financeira.
Outros então, inevitavelmente, dirão: Não é você aquele que andava propagando que “Deus suprirá todas as suas necessidades”? Nós ora acreditamos que ele o fará, ora não, independentemente do que dissermos. Nossas ações revelam em que realmente cremos. Quando nos angustiamos, estamos duvidando de que Deus possa manter suas promessas e isso desonra ao Senhor.
A Bíblia ainda ensina que se nos sacrificarmos pelos motivos apropriados, Deus nos recompensará (Mt 6.3-4). Afirmamos crer nesse princípio, porém, frequentemente achamos difícil pô-lo em prática. Para sermos honestos, muitos de nós deveriam admitir não crer em Deus tanto quanto afirmam.
Qual é a nossa proteção contra a dúvida? Paulo disse que, acima de tudo, tomem “sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno” (Ef 6.16). Quando Satanás lança suas tentações, nós as barraremos com o escudo da fé. Isso nos arma com uma atitude que diz: Satanás, você é um grande mentiroso. Tudo o que você diz é mentira, mas tudo o que Deus diz é verdade, por isso acredito em Deus.
Toda vez que pecamos é por acreditar em Satanás, não em Deus. Eis porque o escritor de Hebreus desejou que os crentes se livrassem de suas dúvidas e quaisquer outras coisas que os impedissem de correr essa corrida com confiança, e compreendessem que têm excelentes exemplos daqueles que viveram a mesma vida de fé, participando da mesma corrida, e triunfaram.
II. Olhe para Jesus
O autor da Carta aos Hebreus também disse que devemos estar “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb 12.2). Jesus é o mais alto exemplo de fé que viveu, porque ele tinha o máximo a perder.
Paulo explicou posteriormente: “[Cristo], subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.6-8).
Nosso Senhor despojou-se de suas prerrogativas divinas e creu em Deus, que não permitiria que seu Santo visse corrupção (Sl 16.10). Ele veio a este mundo como homem, carregou nossos pecados e morreu na confiança de que seria ressuscitado pelo Pai e exaltado novamente. Seu ato de fé permanece para sempre insuperável. Nosso Senhor Jesus Cristo suportou sofrimentos inimagináveis, mas por sua crença em Deus foi vitorioso. Eis porque devemos nos centrar nele.
A frase “fixe seus olhos em Jesus” é traduzida literalmente por “olhe para Jesus”. Ter a focalização correta é essencial para realizar qualquer meta com sucesso. Quando meu pai estava me ensinando a jogar beisebol, ele dizia: “Se você não mantiver sua vista fixa na bola, enquanto está vindo em sua direção, você não pode bater nela.” Quando jogávamos basquetebol, ele repetia: “Mantenha seus olhos fixos na cesta.”
De modo semelhante, na vida cristã, seu foco deve estar além de você. Na realidade, quanto mais cedo tiver seus olhos fora de si mesmo, melhor será. Vejo muitos danos decorrentes da atual preocupação com a psicoterapia e a introspecção intensiva. Podemos ficar tão enredados nesse autoconhecimento que comparo isso a alguém dirigindo um carro olhando para os pedais.
Quando você está participando de uma corrida, não olha para seus pés. Tampouco deveria olhar para os outros corredores – somente para Jesus. Ele é o exemplo perfeito, “o Autor e Consumador da fé”. A palavra grega traduzida por “autor” é archegos, que significa criador, pioneiro, primogenitor e líder supremo. Cristo é o Chefe, Líder da fé, maior do que qualquer exemplo em Hebreus 11 – ou outros. Ele dá um parâmetro àqueles que possam, por outro lado, tão facilmente se comparar com outros crentes e ambicionar sua fé ou experiências.
O que nos espera na linha de chegada da corrida da fé? Alegria e triunfo. Jesus suportou a cruz “em troca da alegria que lhe estava proposta” (Hb 12.2). Qualquer atleta lhe diria que não há nada igual à sensação da vitória. Não pela medalha ou pelo troféu ou qualquer outra coisa – e sim pela vitória em si, pela alegria do triunfo. Para Jesus essa alegria era estar novamente sentado “à destra do trono de Deus” (v. 2).
III. Confie em Deus de fato
Nossa verdadeira alegria e recompensa como crentes é ir para o céu, com Cristo, mas aqui e agora podemos experimentar uma grande sensação de triunfo, quando vencemos a tentação. Como você sabe, há muitas tentações a enfrentar. Aqui estão algumas vozes familiares, sendo a sua uma delas: “Não é fácil ser cristão: sou ridicularizado”. “Meu professor de filosofia contradiz em classe as minhas crenças.” “Minha esposa torna nossa convivência árdua.” “Está ficando cada vez mais difícil ser cristão em nossa sociedade, porque estamos chegando perto do fim dos tempos.”
Sobre esse último ponto, mais do que nunca ouço crentes afirmando: “Estamos preocupados a respeito do que está acontecendo no mundo. Se as coisas não mudarem bem depressa em nosso país, estaremos acabados”. Os cristãos não devem viver com essa perspectiva. Não vivemos por confiar nas notícias; vivemos pela fé em Deus.
Quando Bulstrode Whitelock se preparava para embarcar para a Suécia, como enviado de Oliver Cromwell, em 1653, ele estava angustiado com o cenário caótico de sua nação, pois a Inglaterra tinha acabado de enfrentar uma guerra civil, e – pela primeira e única vez em sua história – o próprio rei (Charles I) fora executado. O exército e o governo estavam em discórdia. Do mesmo modo se encontravam os presbiterianos e os independentes de Cromwell, dois ramos de puritanos (herdeiros espirituais dos reformadores do século anterior). Era difícil imaginar que direção a nação tomaria, ao deixá-lo como único representante desta em outro país. Na noite anterior à viagem, Whitelock caminhava nervosamente. Um empregado de confiança, notando que seu patrão não conseguia dormir, aproximou-se dele, e daí surgiu este diálogo1:

— Por favor, senhor, permiti que vosso servo vos faça uma pergunta?
— Certamente.

— “Por favor, senhor, não achais que Deus governou o mundo muito bem antes de vós nascerdes?

— Sem dúvida.

— E, por favor, senhor, não achais que ele continuará o fazendo, mesmo quando não estiverdes mais aqui?

— Certamente.

— Então, senhor, perdoai-me, por favor, mas não pensais que podeis confiar nele para que governe enquanto viverdes?

As perguntas deixaram Whitelock sem fala. Ele se dirigiu à cama e logo adormeceu. Do mesmo modo, seria bom se nos fizéssemos as mesmas perguntas, quando nos sobrevém o temor e, então, ao nos convencermos da resposta óbvia, descansássemos tranquilamente.
O autor de Hebreus estava extremamente alerta sobre muitas dessas preocupações que nos perturbariam na corrida da maratona cristã. Por isso, eis o que nos disse para fazer: “Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma. Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue” (Hb 12.3-4).
Em outras palavras, “não vejo qualquer de vocês sangrando. Pode haver um pequeno desconforto em ser ridicularizado, você pode ter uma discussão em classe e, provavelmente, não terá tratamento preferencial do governo ou de qualquer outro, porém você não foi crucificado como alguém que conheço”.
Quando pensar que é muito difícil viver a vida cristã, considere aquele que suportou tal hostilidade a ponto de chegar à morte – e lembre-se de que você nem chegou perto dessa situação. Tendo isso em mente, há um meio de colocar suas ansiedades à prova. Se ficar exausto em uma corrida, atenha-se mais e mais a Jesus.
Lembre-se de que a vida de fé do Senhor levou-o à alegria e ao triunfo, e ele fará o mesmo com a sua.
Conclusão
As dificuldades do dia a dia, que são instrumentos para nos conduzir à ansiedade, devem ser deixadas de lado. Nossa confiança em resolver problemas não deve estar firmada em nós mesmos, mas em Deus. Por isso nossos olhos devem estar firmemente postos em Cristo Jesus, nosso Salvador, nosso Mantenedor. A ansiedade se esvai quando nossa fé em Cristo é praticada de verdade. Noções racionais sobre a fé podem ser úteis, mas se não forem aplicadas, vividas, seu proveito é vão.
Aplicação
De que modo você costuma agir diante de problemas do cotidiano, a fim de que estes não deixem você ansioso? Como você pode agir para manter sempre o foco em Jesus, e se afastar da ansiedade? Sua fé em Cristo está presente de fato em sua vida? Sua confiança em Deus é verdadeira a ponto de permitir que você não se sinta ansioso, mesmo diante de grandes dificuldades?
1. Citado por Walter B. Knight, em Três mil ilustrações para serviço cristão, Grand Rapids, Eerdmans, 1947, pág. 740; cf. Antonia Fraser, Cromwell: O lord protetor, Nova York: Donald I. Fine, 1973, p. 444.
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Expressão – Vencendo a Ansiedade. Usado com permissão.
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